Anatomia de um amor imortal escrita por Eduardo Marais


Capítulo 18
Avançar para o desconhecido




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Os policiais saem do veículo tombado e ajudam-se mutuamente. Apanham suas armas e correm na direção da casa de Reyninna. Precisavam com urgência retirar Vladimir de dentro daquele covil, antes que fosse tarde demais.

— Aquele rapaz é Lenine! – Regina explode. Ela aponta na direção da casa. – Eu reconheci aquele olhar! Tenho certeza de que é ele!

Kane olha para o carro tombado e depois olha para o casarão de pedras. Gesticula para que seus soldados o sigam e corre na direção da residência de Reynina. Haviam perdido muito tempo na luta para saírem do veiculo e deixado Vladimir à mercê da criatura tenebrosa.

Quando a porta do casarão é aberta, o mesmo jovem que virara ao furgão surge sorridente. Abrindo espaço com o corpo, Regina entra na casa e começa a vasculhar o salão, entrando e saindo dos cômodos paralelos.

— Onde está Vlad? – ela avança na direção de Lenine e o prende contra a parede. Olha por cima do ombro e observa Killian subir a escadaria correndo e de arma em punho.

— Ele foi levado pela minha Condessa, por direito de matrimônio. Os dois se entenderam e partiram, enquanto vocês brincavam de soldados. – Lenine sorri e não se defende. Olha para Kane. – O seu menino está disposto a assumir quem ele realmente é!

— Para onde eles foram?? – Regina grita e força seu braço contra o pescoço do falso jovem. – Para onde eles foram??

Lenina gargalha e não repudia a agressão. Precisava ganhar mais tempo.

— Minha Condessa conseguiu finalmente ter o amado de volta aos seus braços! Ela venceu! – Lenine empurra Regina e a derruba no chão. É atingido por disparos da arma de Kane, mas não se abala. Toma impulso e salta contra a vidraça, quebrando-a e saindo da casa.

Furiosa, Regina se levanta e iria atrás do monstro, caso Kane não a tivesse impedido. Desesperada, ela se debate e ao ver que não conseguiria libertar-se, agarra-se ao corpo do sogro. Chora de raiva.

Killian retorna e gesticula avisando que não havia encontrado nada nos cômodos superiores.

Momentos depois, o casarão está rodeado de carros de polícia, e lá dentro, os peritos trabalhavam buscando detalhes que pudessem oferecer indícios do paradeiro de Vladimir.

Depois de algum tempo, um dos peritos retorna com um saco plástico contendo peças das roupas que Vladimir estava usando. Eram tiras rasgadas e junto delas estava o colar quebrado com o localizador. Aquilo explicava porque não enviava sinal eletrônico.

— São pessoas bem informadas. Não pararam no tempo e na nostalgia. – Kane comenta, começando a demonstrar desânimo.

— Comandante Kane! Encontramos algo! – grita uma das peritas chamando a atenção de todos.

Muito esforço físico depois, um bloco é arrastado da parede e dá espaço para a passagem a um corredor escuro, rapidamente iluminado por um spot de luz. Kane entra no corredor e é acompanhado por alguns policiais.

O local observado é um quarto com móveis protegidos por lençóis, com outros vários objetos colocados ali para armazenamento. Era um depósito de coisas que não eram expostas ou usadas nos andares superiores. O cômodo estava limpo e havia vestígios de presenças recentes ali.

Cerca de meia hora depois, uma ambulância sai em disparada da casa, sendo escoltada por vários carros. Os policiais tinha encontrado Vladimir desacordado num canto do porão, despido e ensanguentado, com marcas de violência em sua pele.

No hospital, Regina é impedida de entrar na sala para onde a maca havia sido levada. Emma se encarrega de cuidar do paciente e manter a todos informados.

— Lenine estava na casa para vigiar o prisioneiro. Como ele escapou para conseguir nos despistar, ele ainda não deve saber que resgatamos Vladimir. – ela observa as mãos sujas. – Precisamos protegê-lo agora, mais do que antes.

Uma hora da madrugada, quando Emma retorna para a sala onde Killian e Regina aguardavam notícias.

— O sangue no corpo de Vlad não pertencia a ele. – a loira fala e sorri. – Estava com uma ferida singular em seu pescoço, mas não foi dali que saiu todo aquele sangue. Ele estava com início de hipotermia e febre, foi medicado e agora está sedado.

— Por que o sangue na pele dele? – Killian pergunta e fica pensativo.

— Deduzo que o despiram para retirar a proteção que estava nas roupas e o sujaram de sangue para bloquear a proteção do corpo. – Emma opina. – Tomei a liberdade de criar uma proteção bloqueando a entrada de conhecedores da magia, no quarto. Mas eu sou aprendiz e não creio que impedirá a entrada da trupe de Reyninna.

Regina massageia as frontes e suspira.

— Não se preocupe. Já conversei com Zelena e ela virá passar a noite com Vlad, porque nós precisamos dormir ou não seremos páreo para nossos inimigos. – ela abraça Emma e sorri. – Muito obrigada por cuidar de Vlad e por querer fazer parte desta família maluca.

Longe dali, num dos subsolos do mosteiro, Reynina anda de um lado ao outro. Furiosa, ansiosa e transtornada por saber que seu amado fora resgatado pelos seus inimigos. Como eles haviam descoberto a existência da nova abertura para o porão? Como os desgraçados haviam percebido? Regina não poderia ter sentido a presença de Vladimir, porque seus poderes estavam adormecidos desde sua adolescência. Ah, mas havia a médica loira, amante do general Radu, com seus poderes infantis, mas eficazes. Sim! Ela seria o radar que captara alguma alteração naquela parede, pelos toques feitos por Lenine e Mérida. Ou haveria mais habilidosos na equipe de Kane?

— Lenine me avisou que já está dentro do hospital. Não foi percebido e informou que nosso Conde está recebendo cuidados especiais no Centro de Terapia Semi Intensiva e permanece sedado. – a ruiva de cabelos crespos sorri para acalmar sua Condessa. – Os policiais estão vigiando o quarto, mas retirar o seu marido daquele hospital, será muito fácil. Então...

— Então...

— Então, sugiro que não percamos tempo. Vamos resgatá-lo de lá e fugir para nossa casa. – Mérida acaricia um dos móveis escuros. – Outra sugestão: a senhora embarcará primeiramente, enquanto mantemos o Conde neste covil de promiscuidade. Depois, sairemos pela fronteira terrestre e embarcamos pelo país vizinho.

— Posso ser presa no aeroporto...

— Sob qual alegação? Kane e Regina não irão expor a teoria de que a senhora é uma vampira e que se apossou de seu marido retornado do limbo. Eles usarão o poderio militar contra nós, mas usaremos nossas habilidades de seres répteis.

— Quando faremos?

Mérida sorri maldosamente.

— Lenina já está dentro do hospital. Providenciarei sua passagem aérea e a senhora embarcará amanhã...e o nosso Conde será resgatado hoje antes de amanhecer.

Cerca de quatro horas depois, o alarme de incêndio soa no andar onde Vladimir estava internado. E para completar o quadro de confusão, acontece um blackout no mesmo andar, prolongando o desconforto.

Saindo na porta do quarto, Zelena observa o acendimento das lâmpadas de emergência, iluminando parcialmente o corredor para facilitar a retirada dos pacientes. Vários enfermeiros e enfermeiras coordenavam a movimentação dos pacientes para sua transferência para o andar de baixo. Ela se volta e observa o cunhado adormecido e elabora uma maneira de levá-lo sem comprometer seu estado físico.

— Vamos lá, moço! – quando ela vai retirar a mesa que poderia atrapalhar o seu movimento com o peso do homem em seus braços, recebe um golpe muito violento contra o queixo, sendo pega de surpresa e estatelando-se no chão. Desmaia.

Era manhã, quando os bombeiros saem do hospital com a informação de que não havia foco algum de incêndio, enquanto os funcionários assumem a tarefa de reorganizar os pacientes em seus quartos. O alarme tinha sido falso e além de provocar tamanha confusão, algumas pessoas acabaram feridas.

Zelena havia sido socorrida e examinada para verificar a existência de alguma sequela ao golpe desferido contra seu queixo. Além do corte na testa causado pelo impacto contra o chão, não havia mais nada que a comprometesse, exceto sua vergonha por não ter cumprido sua missão naquela batalha. Embora Regina afirmasse não ser sua culpa, a ruiva continuava sentindo-se incompetente na realização de uma simples tarefa: cuidar de um enfermo.


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