Estudo sobre amantes escrita por Amelia


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi. Eu sou a Amelia. Sinto que vamos nos ver bastante por aqui, caso você comece a ler essa história com tanto afinco quanto eu a escrevo. Por enquanto, só posso desejar-lhe boa sorte e boa leitura. Nos vemos nas próximas notas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700499/chapter/1

Antes de começarmos essa história, você precisa saber de algumas coisas para entender porque eu decidi começar esse conto de amor dessa maneira.

É, foi isso mesmo que você acabou de ler. É uma história de amor. Se você não estiver disposto a ler mais uma dessas, pode fechar esse link e procurar outra coisa para ler. Eu não recomendaria tal ação, mas faça por sua conta e risco. Mas se você estiver procurando uma história curiosa de como dois amigos resolveram suas vidas amorosas e acabaram morando juntos com uma filha, um gato e um cachorro chamado Buddy, acho que encontrou o lugar certo.

Primeiro, lembre-se disso: Steve faria qualquer coisa por Bucky.

A relação entre os dois nunca foi a mais segura ou livre-de-valentões da vizinhança. Muito pelo contrário. Steve nunca foi o tipo de pessoa que fica calado quando vê uma injustiça, é fato. E Bucky nunca se importou de salvá-lo de quase ser espancado até a morte quando o pequeno loiro resolvia se meter e defender o lado mais fraco. Cuidar das feridas, entretanto, era trabalho da mãe de James, que se preocupava tanto com Steve quanto o filho.

Steve também nunca foi o melhor com as garotas. Pelo menos não na adolescência – e, mesmo hoje, com 27 anos, ele ainda não sabe como agir quando o sexo oposto surge em seu caminho. Bucky era alto, forte, cabelos castanhos penteados tão meticulosamente, garantindo a James Buchanan Barnes a imagem perfeita de bom moço que ele costumava portar. Costumava.

Mas isso foi antes. Antes de Steve tratar da pneumonia e finalmente conseguir domar a asma. Antes dele voltar a crescer e se tornar o homem forte e altivo que é hoje. Antes da Sra. Rogers morrer e Steve ir morar junto aos Barnes. Antes de Bucky se alistar no Exército e perder o braço durante uma das incursões do pelotão ao qual fora inserido, sendo mandado de volta para Nova York por invalidez. Antes de voltar para casa com mais traumas do que podia contar.

Bucky voltou da guerra diferente. Steve não podia esperar nada menos, mas seu peito doía e lhe faltava ar nos pulmões ao vê-lo daquela maneira. Quebrado, frágil, com medo, sempre olhando para tudo e todos – inclusive para ele, uma das únicas pessoas que jamais o machucariam – como se fosse um animal ameaçado, pronto para atacar ao primeiro sinal de investida do inimigo.

Não foi de grande ajuda para Bucky chegar em casa e realizar que sua mãe havia realmente morrido. Ele havia recebido a carta um pouco antes da ofensiva que o fez ser mandado de volta para os Estados Unidos, mas só quando abriu a porta de casa e as únicas que o esperavam era sua irmã mais nova e Steve que, obviamente, foi busca-lo na base militar logo depois que recebeu a carta com o dia e hora da chegada do amigo -, não teve outra reação a não ser abraçar a irmã com força e correr para o quarto, tentando esconder ao máximo a tristeza, as lágrimas e o luto.

Foram meses difíceis. Sem a Sra. Barnes, Rebeca – a irmã caçula - teve que começar a trabalhar para ajudar Steve a pagar as contas e colocar comida na mesa. Bucky, depois de voltar, tentou arranjar algo que ajudasse a diminuir o peso sobre o amigo e a irmã, mas aparentemente ninguém contrataria um “veterano maluco e sem braço”, de acordo com um dos chefes que Bucky teve a infelicidade de encontrar em uma das entrevistas de trabalho. Teve de se contentar com trabalhos simples e que pudessem ser feitos com apenas uma das mãos. Pagavam pouco, mas raramente perguntavam algo e só se importavam com tudo estar feito, então Bucky não podia reclamar.

Durante os primeiros seis meses nos quais Bucky estava de volta, o tópico sobre seu braço e o que havia acontecido na fatídica ofensiva eram considerados tabu entre os Barnes e o Rogers. Steve tentou tocar no assunto uma vez, durante o jantar, mas uma mera pergunta tornou-se uma discussão que fez com que Bucky saísse porta afora para tomar ar e só voltasse para dentro de casa depois do horário em que ele sabia que o amigo estaria dormindo. No fundo, Bucky sabia que havia reagido de maneira errada e provavelmente deveria pedir desculpas. Mas, que Deus o perdoasse, mas ele ainda não estava pronto para enfrentar aquilo de novo. Já lhe era suficiente acordar todos os dias e perceber que aquele tour não fora mais um sonho ruim, que ele ainda tinha o outro braço e que Winfred estava a um “mãe” de distância.

Aos poucos e com a ajuda da psicóloga a qual ele fora obrigado a ir tanto por Steve e a irmã quanto pelo coronel de seu pelotão, Bucky abriu-se sobre o assunto. As sessões inicialmente eram constituídas da doutora tentando fazê-lo falar, enquanto James apenas balançava a cabeça e, raramente, respondia com grunhidos ou monossílabos. Ele não queria falar, ele sabia que ela não o entenderia. Ninguém nunca o entenderia, eles não passaram pelo que ele passou. Pelo inferno.

Após a terceira consulta – e uma conversa séria entre ele e Rebeca, depois de ela ter recebido uma ligação da psicóloga -, a irmã o fez prometer que pararia com a indiferença e que responderia as perguntas da psicóloga de maneira correta; “como uma pessoa decente”, Rebeca acrescentou. Depois daquele dia, as nuvens de chuva pesadas e cor de chumbo que pareciam pairar sobre sua mente desapareceram gradativamente, conforme ele se abria e compartilhava seus pensamentos com Julie. Agora, parecia quase estranho chamá-la de doutora. Ela, além de ajuda-lo, tornou-se uma amiga.

Foi em uma noite chuvosa, logo depois de uma das consultas, que James reuniu Steve e Rebeca na sala após o jantar e decidiu que estava na hora de conta-los o que havia, de fato, acontecido. Mas é claro que não vou contar a vocês o que aconteceu dessa maneira, seca e sem graça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estudo sobre amantes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.