Daydreaming escrita por Tisbe


Capítulo 1
Capítulo 1 - Sonhando acordada


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, já pedindo desculpas pelo eventuais erros.



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A hipnotizante luz alaranjada e quente que saltava da grande lareira do quarto, fazia com que os pensamentos da menina ficassem ainda mais confusos e perigosos. Sansa sentia o calor do fogo próximo à modesta cama em que estava. Não era muito confortável, mas mesmo sabendo que o dia já havia nascido, a garota não queria deixar o leito que antes pertencia a seu meio-irmão. Nem tanto pela preguiça, mas principalmente pelas lembranças da noite anterior e pelo que significava estar ali, no local em que Jon passava suas noites.

Antes que pudesse voltar a si e obrigar-se a sair da cama, Sansa ouviu leves batidas na porta de madeira.

— Sansa, posso entrar? - Perguntou a voz grave, a qual ela logo reconheceu.

— Um momento Jon, não estou em trajes decentes.

Assim que ouviu a voz do rapaz, sentiu um sorriso cruzar sua face e logo pulou da cama para buscar um pesado casaco para proteger-se do frio e principalmente esconder suas formas, que se revelavam pelo leve tecido de sua camisola.

— Entre, por favor. - Seu coração disparou assim que viu a figura masculina vestida de negro entrar e parar diante de si.

— Sansa, desculpe-me por perturba-la novamente, mas hoje partiremos de CastleBlack e precisamos nos aprontar para sairmos antes do entardecer. Ontem, vim até aqui com a missão de retirar o restante das minhas coisas desse quarto, mas, bem... você sabe... - Rindo, o rapaz concluiu sua frase. - Falhei miseravelmente.

A menina também não pôde controlar o riso. - Sim, sinto que a maior culpada por isso fui eu. Não sei o que me deu, me perdoe.

Na noite anterior, assim como agora, Jon havia entrado em seu antigo quarto para buscar seus pertences para que pudessem partir em busca de apoio das casas aliadas para retomarem Winterfell, mas se deparou com Sansa sentada em sua cama, bastante compenetrada e cantarolando algo que não consegui decifrar.

Pediu licença, se aproximando dela, para logo começar a se explicar. - Sansa, desculpe incomoda-la, mas preciso transferir o resto de minhas roupas que estão aqui para meu novo quarto.

— Ah sim! Mas Jon, me sinto culpada por este transtorno. Eu não me importo em ocupar o outro quarto menor, ou mesmo dividir o que foi destinado a Brienne. Aprendi a duras penas que um local modesto e seguro é muito melhor do que o conforto e o luxo de um castelo comandado por pessoas monstruosas.

Aquelas palavras o atingiram com imensa tristeza. Jon engoliu uma bola de ar ao se lembrar de toda a história de sofrimento que a garota havia lhe contado nos dias posteriores a sua chegada. A raiva tomava conta de todo seu corpo quando vinha a sua cabeça a imagem dos Lanisters e dos Boltons a torturando por tanto tempo.

Sorrindo timidamente quis mudar logo de assunto para afastar a aura escura daqueles pensamentos. – Não se preocupe comigo, quero que você fique aqui, pois estou muito bem acomodado no quarto ao lado.  

Enquanto falava, Jon reparou que a menina estava bordando algo, aparentemente, um vestido, num tecido de cor verde, tão escuro que parecia negro. Sem tirar os olhos das habilidosas e delicadas mãos que bordavam, Jon sentou-se na beirada da cama para melhor observa-la.

— E então, o que está fazendo? - Perguntou de forma gentil.

— É uma surpresa, algo especial para lembrar a mim mesma e a todos de que sou uma Stark e que logo voltaremos ao lar. Mas ainda não está pronto. Sei que se eu continuar a trabalhar rápido, logo o terei terminado. A propósito, fiz algo para você também, espero que goste e que te traga boa sorte. Já está pronto, mas só lhe darei amanhã, no momento de nossa partida.

Surpreso com o que acabava de escutar, Jon sentiu-se querido pela jovem diante de si. Algo que jamais pensou ser possível anos atrás. De forma tímida, agradeceu o misterioso presente que estaria por ganhar.

Bordando distraidamente, com o olhar fixado aos olhos negros à sua frente, a garota não se deu conta de que a agulha que segurava atravessou o tecido e cravou-se em seu polegar esquerdo. Arqueou as costas para trás, afastando as mãos do tecido e da agulha. Instintivamente, levou o dedo ferido à boca.

— Sansa!  - Jon falou num tom grave cheio de preocupação. - Você se feriu?  - Questionou o rapaz, tomando a mão da jovem para si para melhor visualizar o corte e a pequena gota de sangue que se formava no topo de seu dedo.

— Estou bem, foi apenas um susto, não se preocupe com isso. – Disse com um doce sorriso. – Obrigada por sua preocupação, mas nem posso dizer que isto é um ferimento. – Enquanto falava, Sansa levou sua mão direita ao rosto de Jon e correu seu indicador pela cicatriz avermelhada que ia do canto inferior de seu olho direito até sua alva testa. – Queria poder ter cuidado de você, assim como você está fazendo comigo agora.

Jon sentiu toda a sinceridade em suas palavras, principalmente no suave toque de seus dedos em sua pele. Dentro de si, o rapaz experimentava uma nova sensação, um novo sentimento. Enquanto estava em Winterfell, diferente das outras crianças Stark, Jon nunca viu Sansa como sua irmã, apenas a via como uma Lady mimada e cheia de melindres. Raramente dirigiam a palavra um ao outro. Mas, naquele momento, o jovem sentiu uma conexão inexplicável com a garota de longos cabelos vermelhos. Ela realmente havia mudado. Não era mais aquela criança sonhadora e fútil. Tinha a aparência de uma jovem mulher e sua personalidade também havia se transformado e amadurecido.

Jon ainda refletia sobre aquelas mudanças em sua meia-irmã, quando percebeu que ainda segurava sua mão, não a soltou pois naquele momento, tudo o que desejava era mantê-la perto de si e protege-la para todo o sempre.

Da mesma forma em que Jon perdia-se em seus pensamentos, Sansa também divagava internamente sobre seus sentimentos a respeito do rapaz. Ela sempre soube que ele não era seu irmão. Não de verdade. Achava que alguma meretriz havia enganado seu pai para fazê-lo criar um bastardo qualquer. Apesar ter certeza de que sua desconfiança era real, ela nunca mencionou isso a ninguém, para não contradizer o que seu pai havia dito a todos do Norte. Durante a infância em Winterfell, ela apenas ignorava a presença do garoto e fazia questão de chama-lo de meio-irmão. Agora, percebia que tal comportamento era influenciado por sua mãe, que jamais aceitou o bastardo Jon Snow.

Tomada por uma mistura de sentimentos, Sansa aproximou seu tronco ao corpo a sua frente e com as duas mãos segurou sua face de forma gentil. – Obrigada. - Disse num tom baixo, quase um sussurro. Levando em seguida seus lábios à boca de Jon. Um beijo puro de agradecimento. Não pelo episódio da agulha furando seu dedo, mas por tudo aquilo que ele enfrentaria a partir dali para protege-la e leva-la de volta para sua casa.

Instintivamente, Jon fechou seus olhos no momento em que os lábios de Sansa tocaram os seus. Sua primeira reação foi de estática surpresa. Logo em seguida, afastou-se alguns centímetros para observar a imensidão azul que saltava dos olhos da garota.

Trocaram um acanhado sorriso e então Sansa ajeitou-se e deitou sua cabeça no peito de Jon, que imediatamente passou o braço por suas costas e a acolheu junto a si. Ela podia ouvir seu coração bater em compassos acelerados, quase tão rápidos quanto os seus.

Daquele momento em diante, os dois passaram a conversar sobre como seria o futuro; a volta ao lar, os planos para reencontrar os irmãos. Falando sobre o passado, Sansa se lamentou e desculpou-se diversas vezes pelo comportamento mesquinho e maldoso que tinha enquanto vivam em Winterfell.

Durante a conversa, Jon esticou suas pernas na cama e os dois se deitaram do mesmo modo em que estavam antes; Sansa ainda aninhada em seu peito. Aquela proximidade não parecia errada e nem estranha aos dois. Era um momento reconfortante para ambos.

Jon acariciava os cabelos de Sansa enquanto a menina falava. Podia sentir o cheiro doce de baunilha vindo de seus longos fios cor de cobre. Jon riu consigo mesmo e pensou que em uma outra ocasião perguntaria para a garota como ela tinha a proeza de manter-se tão cheirosa no meio do árido ambiente de CastleBlack. Por enquanto ele apenas aproveitaria aquele momento tão bom.

Lutando contra o sono, Sansa queria aproveitar ao máximo a presença de Jon, não se importava com o que pensariam se soubessem que estava dividindo a cama com ele; um homem que não era seu marido e principalmente, um que todos acreditavam ser seu irmão. Não se importava com regras, pois já havia sofrido demais. Queria apenas estar ali, segura e aquecida.

Jon estava quase dormindo, mas ainda tinha um emaranhado de pensamentos pairando sobre sua cabeça. Percebeu que aquela era a segunda vez em que se deitava ao lado de uma mulher. A primeira, foi sua arrebatadora selvagem Ygritte. Ponderou sobre o fato de ambas serem ruivas e belas. Mas concluiu que Sansa era a mais bonita. Tinha um ar de inocência e Jon a comparou com uma lamina de aço Valiriano, era delicada por fora, mas se fazia forte quando necessário.

— Jon, está dormindo? - Sansa falou baixo quando percebeu que o rapaz respirava pesadamente e que havia parado de mexer em seus cabelos. Riu consigo mesma e aninhou-se ainda mais em seus braços. Ela então passou a encarar o fogo vindo da lareira e a observar a delicada dança que as chamas reproduziam, nelas conseguiu decifrar o que seu coração tentava lhe dizer a noite toda; Amor... era isso o que sentia pelo bastardo Snow.

Fechou seus olhos e dormiu tranquilamente.

No meio da noite Jon acordou, mas demorou alguns instantes até perceber aonde estava e com quem estava. Delicadamente desvencilhou seu corpo do de Sansa, que dormia profundamente. Sentou-se na beirada da cama e contemplou a imagem da jovem diante de si. Antes de sair do quarto Jon decidiu acorda-la, para que ela pudesse colocar roupas mais confortáveis e cobrir-se com suas mantas.  

— Sansa, acorde... – Disse num tom suave. – Ei... lady Stark, acorde, você não pode dormir assim, ou me odiará por tê-la deixado ficar com essas roupas apertadas durante o sono!

Sansa abriu seus olhos e percebeu que Jon já não estava mais deitado ao seu lado, estava sentado à sua frente, olhando-a com um sorriso no rosto.

— Você não sabe o quanto fica belo quando sorri. – Disse com uma voz sonolenta. – Muito bonito. - Concluiu.

Jon a puxou delicadamente pelos braços até que ela se sentou. - Acorde! Você precisa descansar! Mas não assim... vou para meu quarto e quero que você coloque suas roupas de dormir, deite-se novamente e durma direito.

Sansa anuiu com a cabeça, pois sabia que o dia seguinte seria muito cansativo e que realmente precisaria de uma boa noite de sono.

Antes ir, Jon beijo-lhe a testa e desejou bons sonhos a garota.

Sansa o viu sair pela pesada porta, levantou-se e vestiu sua leve camisola. Instantes antes de ir para a cama e deitar-se novamente, a garota se lembrou que ainda não tinha terminado o bordado de seu novo vestido. Estava quase terminado, então ela continuou de onde havia parado e em pouco tempo viu formado o símbolo de sua família; o lobo imponente que representava sua casa.

Sorriu satisfeita e finalmente se deitou, mas não conseguiu dormir. Seus pensamentos sempre iam ao encontro da imagem de Jon Snow. Queria que o amanhecer logo chegasse para poder estar a seu lado novamente.

Fechou seus olhos, e como o sono não vinha, passou então a fantasiar um futuro em que toda a verdade sobre o passado de Jon seria revelado, todos saberiam que eles não eram realmente irmãos e então poderiam se casar e viver em paz em Winterfell. Pois tudo o que Sansa queria era amar alguém valente e honrado, e ela sabia que Jon era muito mais que isso. Idealizou então como seria seu casamento invernal, ficou ruborizada quando desenhou mentalmente sua primeira noite de núpcias com o amado, ficando levemente envergonhada por imaginar seu corpo nu colado ao dele e os beijos quentes que trocariam. Depois viriam os muitos filhos, uns de cabelos negros, outros ruivos, duas meninas, dois meninos, ou mais...  E alguns filhotes de lobo para suas crianças.

Enquanto criava seu futuro perfeito, Sansa sentia a agradável luz da lareira em seu rosto e logo percebeu que o dia já havia amanhecido.

Estava imersa em suas visões, quando foi interrompida por leves batidas na porta e uma voz tão conhecida a chamou pelo nome.

Então, um sorriso cruzou seu rosto...


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que gastaram um tempinho para ler! Caso tenham interesse continuarei a história.



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