Uma Tarde escrita por Sunshine


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores! É minha primeira estória aqui, espero que gostem e aceito críticas construtivas. É capítulo único, mas estou pensando em uma continuação, vocês decidem! Bem, boa leitura!



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Era outono. As folhas das árvores começavam a se amarelar e a cair. Os parques ficavam ainda mais bonitos; famílias reunidas em piqueniques, donos passeando com seus cães, pássaros fazendo sua algazarra, crianças correndo por todo lugar e principalmente a parte que deixava Louise mais encantada: os preparativos para o Halloween. Nunca havia comemorado essa data, afinal, não era uma cultura de sua terra natal: “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, era apenas uma música, mas era isso que a maior parte dos americanos de Richmond pensavam quando se falava em Brasil.

O clima estava fresco, aproximadamente 20 graus, o que lhe permitiu usar roupas mais leves. Não gostava muito do frio, quer dizer, gostava de frio, mas a definição de frio nos Estados Unidos era bem diferente de sua região, o que lhe fazia adorar as estações que proporcionavam um clima mais quente.

Não havia muito tempo que se mudou. Fazia um mês que havia deixado sua terra para fazer sua pós em Psicologia e morar na casa de uma família americana cadastrada no programa para estrangeiros. No começo foi difícil: sua família não aprovou a ideia de morar na casa de estranhos, a adaptação com o fuso horário, clima e com a língua, sabia falar fluentemente, mas existe uma grande diferença entre falar inglês em um grupo e falar inglês todo tempo, mas no final tudo deu certo. Os donos da casa que morava, Elizabeth e Thomas, eram um casal por volta dos 60, eram adoráveis e lhe tratavam como uma filha.

Com pouco tempo já havia uma rotina: Pela manhã ajudava Elizabeth e Thomas com a casa. Os filhos moravam longe e quase não os visitava o que lhe fazia se perguntar a que ponto um filho abandonaria seus pais. Não era obrigada a fazer nada, mas gostava de ajudar. Arrumava a casa e fazia o almoço para o casal, muitas vezes fazia comidas brasileiras, o que eles adoravam muito. Há duas semanas, uma das vizinhas do casal, precisava de uma babá para seus filhos. Rapidamente foi indicada e suas tardes passaram a ser na companhia de Henry de 8 e Michael de alguns meses, filhos de JJ, uma agente federal e de Will, um detetive. A noite, quando eles chegavam do trabalho, ela ia para a faculdade.

— Já fez suas tarefas? – Perguntou para Henry após ele aparecer na sala enquanto alimentava Michael.

— Sim! – Ele dizia com animação. – Agora você tem que cumprir o prometido! – Ele já estava caracterizado.

— Está bem garotão! – Ela riu. – Agora você é o mestre Yoda. – Ela disse para Michael o colocando em uma cadeira na frente do espaço da sala.

Os sofás estavam afastados dando um enorme espaço. Havia grandes almofadas em cada lado simulando um forte. De um lado estava Louise e Henry e do outro vários bonecos: Batman, Homem Aranha e Capitão América. A história seria a seguinte: Os super-heróis haviam sido corrompidos pelo Snoke, sinistro Líder Supremo, por alguma magia do mal e, cabia as forças do bem (Rey, representada por Louise, Luke Skywalker, representado por Henry, e Mestre Yoda representado pelo Michael com alguns Jedi imaginários) acabar com a terrível força.

— Você precisa trocar de roupa, Rey não se veste assim. – Henry disse para Louise, que vestia um vestido.

— Eu sei. Não tenho uma roupa tão idêntica como a sua, mas tenho uma parecida. Espere aqui que vou me trocar, não quebre nada está bem? – Ele assentiu enquanto ela subia as escadas indo para o banheiro.

Vestiu um moletom que era quase um vestido, um jeans que ia até seus joelhos, uma bota preta, um cinto marrom que dava várias voltas e fez um coque. Quando voltou, Henry já estava com seu Sabre de Luz, dando um para a garota logo em seguida. Michael estava quieto, atento a tudo, ela sabia que ele ia gostar de assistir tudo, ele adorava quando ela dançava com ele ou dava vários pulos em sua frente. Ria muito.

— Está bem, vamos começar. Mas primeiro quais são as 3 regras? – Ela havia dito para o garoto quando prometeu fazer a brincadeira.

— Não subir no sofá, não brincar próximo aos vidros e Michael e não quebrar nada. – Ele falava enquanto enumerava nos dedos.

— Exatamente! – Ela riu. – Então vamos acabar com as forças do mal Luke!

— Vamos Rey! – Ele disse quase em um grito. Então começaram a brincadeira.

***

— O que está fazendo? – Spencer perguntou para JJ quando a viu rindo assistindo algo em seu celular enquanto estava em sua mesa.

— Louise... – Ela disse entre risos e mostrou o celular para ele enquanto ele havia se sentado a seu lado.

— “Acho que não consigo derrotar Snoke, Luke!” - Ela estava com um Sabre de Luz mexendo no ar simulado que estava lutando com alguém. Podia-se ver gargalhadas que provavelmente eram de Michael, fazendo que Spencer começasse a sorrir com JJ.

— Estou indo lhe ajudar Rey. Mas preciso derrotar o Homem Aranha! Os Jedi já estão aprisionando os outros! — Henry exclamava enquanto lutava com o boneco de seu super-herói.

— Ah! Fui atingida! – Ela simulava que estava com a perna ferida. – Mestre Yoda, preciso de sua ajuda! – Foi mancando até Michael que não parava de rir e deu uma miniatura de Sabre o fazendo mexer no ar alegremente. – “Mestre Yoda conseguiu atingi-lo!” – Gritou.

— Havia colocado câmeras? – Spencer perguntou entre risos entregando o celular para JJ.

— Sim. – Ela desligou o celular. – Queria ter certeza que ela é confiável.

— Ela parece ser uma boa pessoa.

— Sim! Tive sorte. A pouco tempo está com os garotos, mas eles já se apegaram a ela... Ei, falta uma semana para o aniversário de Henry, eu e Will estamos pensando em dar uma pequena festa. Nada muito grande, apenas uma tarde, chamar os amigos dele de escola e vocês. Pode ir?

— Acha que eu iria perder a festa de meu afilhado? Isso é improvável, tal como uma gravata em provocar a morte, o que é muito visto em filmes. Sabe, uma gravata bem aplicada apenas interrompe instantaneamente o fluxo sanguíneo para o cérebro através da compressão da artéria carótida que passa pelo pescoço. O que pode provocar no máximo é apenas uma lesão.

— Spencer! Eu queria apenas saber se poderia ir ou não. – Ela riu o deixando sem jeito. – Bem, dia 28 às 14 horas está bem?

— Claro!

***

Henry e seus amigos corriam pelo quintal e por parte da casa. Um tempo depois foram para seu quarto brincar com seus bonecos. De adultos estavam somente os agentes da BAU e sua família: Garcia, Morgan e Savannah com seu filho, Dra. Tara, Rossi e Hayden, Hoch e Jack, que já estava brincando. Spencer apareceu um tempo depois indo para o quarto brincar um pouco com os garotos. Estavam todos em uma enorme mesa no meio do quintal coberto com grama. JJ estava preparando algumas comidas enquanto Will trazia para a mesa.

— Onde está a nova babá? – Garcia perguntou após entrar na cozinha.

— Ela está chegando. Estava aqui ajudando na decoração e foi tomar um banho, mora aqui perto. – A campainha tocou. – É ela, pode abrir para mim?

— Claro! Estou ansiosa para conhece-la. – Ela foi até a porta e abriu. Louise estava usando um vestido de alças florido com sapatilhas. – Olá! Você deve ser Louise. JJ fala muito bem de você! – Garcia disse com um enorme sorriso dando espaço para a garota entrar.

— Oi, prazer e você é a Garcia, certo? – Ela entrou.

— Como sabe? – Garcia fechou a porta.

— Ela também fala muito de você. – A garota tinha associado a descrição de JJ: Loira que usa sempre roupas coloridas e com um sorriso contagiante.

— O chocolate esfriou? – Louise perguntou para JJ após chegar na cozinha.

— Sim, se quiser pode começar.

— O que vai fazer? – Garcia perguntou.

— Brigadeiros, já comeu? – Ela abriu um largo sorriso.

— Sim! Uma vez e é delicioso! Quer ajuda?

— Claro! – Então começaram a fazer o doce.

***

 - Pessoal, essa é a Louise, a babá de Henry e Michael. Louise esses são: Morgan, Savannah, Dra. Tara, Rossi, Hayden e Hoch. – JJ disse após chegarmos no quintal com uma bandeja de brigadeiros. Todos deram um “bem vinda” e “prazer”.

— Prazer. Pai do Jack não é? – Perguntou para Hoch que assentiu. Jack já havia ido passar a tarde com ela e os meninos várias vezes. – Espero que gostem do brigadeiro. – Falou por fim. – E os meninos? – Perguntou para JJ enquanto servia.

— Estão no quarto de Henry, Michael está dormindo.

— Vou levar os brigadeiros.

— Está bem.

Louise passou pela cozinha e separou vários em uma bandeja. Subiu as escadas devagar para não deixar cair, apesar do tempo, ela sempre será desastrada. A porta do quarto de Henry, estava meio aberta a possibilitando ver vários garotos sentados na frente de um rapaz, estavam muito entretidos então decidiu apenas assistir.

— Robert, escolha uma carta. – Ele dizia para um dos amigos de Henry que fez o que pediu. – Olhe a carta e a memorize. Agora vou pegar a carta sem olhar e vou juntar com as outras. – Ele começou a embaralhar até que tirou a primeira carta. – É essa? – Ele mostrou a carta para Robert que balançou a cabeça negativamente. Ele fez uma careta e tirou novamente outra que não era. – Já sei onde está. – Foi até Henry e tirou uma carta de traz de sua orelha. Os garotos ficaram espantados. – É essa Robert? – Ele exclamou um sim e todos começaram a bater palmas freneticamente. Louise deu duas batidas na porta e empurrou devagar.

— Brigadeiros! – Disse e todos foram pegar um, um não, vários.

— Louise esse é o meu padrinho Spencer. – Henry disse após puxar a garota para perto do rapaz.

— Prazer. – Ela decidiu não estender a mão, Henry já havia falado do: “patógenos múltiplos transmitidos por um aperto de mão”.— Henry fala muito de você.

— Ele também fala muito de você. – Ele disse meio nervoso, deixando um silêncio no ar.

— Brigadeiros? – Ela estendeu a bandeja em sua mão para Spencer, que pegou um e provou logo em seguida soltando um sorriso de satisfação.

— Isso é muito bom. - Disse após comê-lo.

— Podemos fazer uma das nossas brincadeiras Louise! – Henry deu a sugestão.

— As forças do mal corromperam os super-heróis novamente? – Perguntou com um sorriso. Spencer automaticamente riu lembrando da cena do vídeo.

— Não! – Ele riu. – Pique-esconde.

— Pra mim tudo bem. Podemos ver quem procura usando o sorteio. – Assentiram. Henry chamou todos os amigos e após colocarem o nome em um dos seus bonés saiu o primeiro nome: Spencer.

Todos desceram. Spencer iria contar em uma das paredes do quintal. Podia se esconder em qualquer lugar da casa, exceto o quarto de Michael e de JJ e Will. Se alguém não fosse encontrado e tocasse na parede em que ele contou, ela ganharia.

Os agentes estavam na mesa rindo da cena. O rapaz começou a contar e todos se esconderam. Louise foi para atrás dos armário de Henry enquanto todos os meninos se espalharam. Então começou a procura. Spencer olhou primeiro na cozinha encontrando dois garotos: um debaixo da pia e outro atrás da porta, seguiu para a sala e encontrou um atrás do sofá, e outro atrás do armário. Subiu as escadas e foi encontrando um de cada vez, agora só restava Louise. Os garotos estavam no quintal esperando. Spencer estava no banheiro, então essa seria a oportunidade. A garota saiu do armário e foi descendo as escadas devagar, porém acabou pisando em um dos patos do banho de Michael que acabou fazendo um barulho típico. Spencer correu e ela também.

Desceu as escadas de dois em dois com medo de cair, agradecendo mentalmente quando chegou inteira no final. Teria que atravessar o quintal para chegar no muro, já via os meninos gritando para ela correr e todos na mesa rindo, olhou para trás e viu Spencer correndo em grandes passadas, ele era mais rápido, era maior. Ela teve que se esforçar ainda mais. Foi então que quando estava chegando ouviu apenas um: “Pula garoto!” que deduziu ser de Morgan. Não deu tempo de racionar, apenas sentiu dois braços lhe puxando para baixo: Spencer havia lhe derrubado, mas havia sido rápido o suficiente de se virar a deixando cair por cima. Todos começaram a rir.

— Eu... Me desculpe. – Spencer dizia nervoso com a garota encima dele. – Você... – Ele olhou para a garota que já havia levantado a cabeça olhando para ele. Estava gargalhando. Ele não aguentou e riu junto.

— Foi... divertido! – Ela se levantou entre risos e estendeu a mão para ajudá-lo a levantar. Podiam ver os outros ainda rindo.

— Se machucou?

— Não e você? – Ela se limpava tirando a grama.

— Não. – Ele fazia o mesmo.

— Tem grama aqui. – Ele tentou limpar, mas ela tirou primeiro, estava em sua bochecha. Spencer automaticamente ficou envergonhado. Ela estava mais perto e suas mãos tocavam seu rosto tirando a grama.

— Vamos brincar de outra coisa! – Henry veio correndo até eles com os amigos. Seria uma longa tarde.

***

Era final de tarde, já começava a escurecer. Os garotos haviam ido embora um por um, inclusive os agentes, exceto Spencer que havia ficado para arrumar a bagunça. JJ, Will e Henry estavam no quintal enquanto Louise e Spencer estavam na cozinha: ela lavava a louça enquanto ele enxugava.

— É sério? – Ela perguntava entre risos após Spencer ter dito que Henry havia dado a ele o seu perfil.

— Sim. – Ele estava encostado no balcão enxugado alguns pratos.

— E o que ele disse?

— Ah... Bem, que você tem medo de sapos mas diz que tem apenas nojo para disfarçar, que você gosta de tomar chá no final da tarde, gosta de ler, estuda Psicologia algumas vezes por áudios quando não tempo para pegar em livros e que você ama The Big Bang Theory.

— Está certo! Menos na parte dos sapos, eu tenho nojo não medo. – Ele riu. – Sério! – Ela jogou um pouco de água nele.

— Ei! Não estou fazendo nada. – Eles riam.

— O que é tão engraçado? – JJ apareceu na cozinha com Will e Henry.

— A fobia de Louise por sapos. – Spencer disse e ela o encarou.

— Mas isso não é novidade. Ela tem mesmo é medo, não nojo. – Todos riram.

— JJ! Até você?

— Mas é a verdade Louise. – Will disse entre risos. – Já está na hora de você ir, tem a faculdade. Spencer poderia acompanha-la? Está de noite e pode ser perigoso. – Na verdade queriam que os dois ficassem mais sozinhos, por isso os deixaram na cozinha, impedindo Henry de todas as vezes ir.

— Claro. – Eles saíram da casa de JJ.

A casa da garota ficava a duas quadras. Os dois caminhavam sem dizer nenhuma palavra, Spencer mantinha suas mãos em seu bolso mantendo seu olhar no chão.

— Henry também falou de você. – Ela disse quebrando o silêncio. A rua estava vazia.

— O que ele disse? – Ele levantou a cabeça para olha-la.

— Memória fotográfica, doutorado em Matemática, Química e Engenharia e Bacharel em Psicologia e Sociologia, trabalha como perfilador e gosta principalmente de Doctor Who e café.

— Acho que quando ele crescer, vai conseguir meu lugar. – Eles riram.

— Bem, é aqui. – Pararam em frente à casa. – Obrigada.

— Tudo bem. – Ele ia se virando.

— Spencer! – Ele a olhou. Ela foi até ele e beijou sua bochecha, o deixando sem reação e a olhando quando se afastou. – O número de patógenos passados por um simples aperto de mão é múltiplo, seria mais seguro beijar. – Ela disse por fim. Os dois abaixaram a cabeça com um sorriso bobo. – Boa noite. – Ela se afastou e entrou em casa, mas foi até a janela e ficou o olhando sem perceber. Ele pegou em sua bochecha e riu, saindo logo em seguida com suas mãos e seu bolso.

— Namorado? – Perguntou Elizabeth quando viu a cena.

— Não... Mas quem sabe. – Disse abobada. – Tenho que me arrumar para ir para a faculdade.

Quem sabe...

Fim


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