Meu Amor (I)mortal escrita por Rosecchi


Capítulo 6
A Amiga


Notas iniciais do capítulo

Hellooo!!! Dessa vez foi mais rápido, e é mais longo!! Nem vou dizer nada.
Boa leitura!!



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Na manhã, seguinte, Viviane, que ainda pensava nas lojas, e no passeio em geral pela cidade parisiense, viu o bilhete misterioso, que sempre tinha a terminação “E.D.”. Ela considerou aquela pequena frase como uma ameaça, como se não quisesse deixá-la em paz! Parecia atormentá-la, mentalmente. Não! Não deixaria que isso acontecesse! Não hoje, quando começaria a fazer os ensaios gerais, faltando apenas duas semanas para se apresentar, como uma dançarina profissional. Ela balançou a cabeça para os lados, ignorando o bilhete — que foi dobrado e jogado no criado-mudo —, e passou a mão no rosto, antes de olhar para seu relógio de parede. Puxa! Só faltava quinze minutos para os ensaios começarem! Viviane abriu o guarda-roupa, pegou, rapidamente, sua roupa de bailarina, e correu para o banheiro. Logo, fez suas higienes diárias, e pegou uma fruta, comendo com rapidez. Assim que terminara, viu que os bailarinos já haviam entrado nas suas salas. Ela correu para a sua, rezando mentalmente para não ter chegado muito tarde. Para sua sorte, Edward repassava algumas orientações de onde os alunos ficariam, e não notou a presença da garota.

Mas ao contrário de Edward, Emilly percebeu, e sussurrou para não chamar atenção dos outros que ouviam as orientações do professor, e sorrindo, disse:

— Está 7 minutos atrasada. O que houve com a garota pontual?

— Engraçadinha. — Viviane falou no mesmo tom que a outra. — Só fiquei um tempo a mais no celular. A Vitória queria saber de mais detalhes das fotos que mandei.

— Ah, sim. Acredito nisso... — Emilly rolou os olhos. — Mas, me diz, como eu faço pra ganhar essa sorte de não levar uma bronca do meu irmão por chegar atrasada!

Viviane riu, antes de responder a colega.

— Eu te digo depois.

Emilly fingiu a zanga, por ter que esperar, mas não aguentou e riu no volume que não chamasse a atenção do irmão.

Quando o ensaio deu início, Viviane pouco se concentrava nas instruções, ritmos, tempos e, tampouco nos passos que Edward dizia. Ainda não entendia o porquê daquele bilhete a intrigar tanto. Mas o que a fez ganhar mais atenção, foi na hora de um giro, em que ela esticou demais a perna, fazendo a bailarina ao seu lado se desequilibrar e cair; e consequentemente, empurrou outra dançarina, que também foi ao chão. Ambas as meninas caídas disseram que estavam bem, o que aliviou os demais e os arrancou algumas risadas. E uma delas foi ajudada a se levantar por Viviane, que sentia muito pelo o que aconteceu. Edward coçou as pálpebras, sem paciência.

— Bom. Todas estão bem. Agora vamos continuar com isso? Só faltam duas semanas! E não pensem que será fácil como da última vez!

Todos voltaram a se concentrar nos passos, outra vez. E para não cometer o mesmo erro duas vezes, Viviane afastou-se um pouco da bailarina ao seu lado, e como estava na ponta, só precisava se preocupar com o lado direito — sua posição era na segunda de três filas, na ponta direita, em relação ao professor. Ela jurava que numa sombra, projetada de uma prateleira atrás de Edward e próximo à porta, tinha um par de olhos dourados a observando. Tentou focar no que o professor dizia, mas parecia uma missão impossível. E quando ele disse para todos ficarem na ponta de um pé só, Viviane não conseguiu ficar nem 3 segundos na posição, e ela se desequilibrou, mas pousou o outro pé, antes de ir ao chão. Sabia que iria ter outra conversa com Edward, daqui a pouco, e engoliu em seco ao pensar nisso.

O tempo passou, e uma vez que a aula tinha chegado ao fim, o pressentimento de Viviane estava certo: Edward a chamou para outra conversa. Sabendo da encrenca que a amiga poderia ficar, Emilly fingiu que procurava seus sapatos. Só com a melhor amiga de Viviane na sala, além da própria, Edward não notou nada demais, afinal, era sua irmã, e a Viviane lhe contava tudo, e vice-versa.

— E então? Ainda vai me dizer que não está acontecendo nada de errado? — Edward cruzou os braços, e olhou para a garota com raiva, fuzilando-a com os olhos.

— Ela só está cansada por causa de ontem. Não pegue tão pesado com ela...

— Não se meta nisso, Emilly! — Edward viu que sua irmã estava pronta para contraria-lo, então resolveu ser mais rápido; virou em direção à irmã, e falou quase por cima dela. — Além do mais, vejo que você já achou seus sapatos. Não tem mais motivos para ficar ainda por aqui.

— Desculpe? Mas eu sou sua irmã, não sua filha! E mesmo que fosse, não vejo porque precisaria obedecer você! Acha mesmo que eu vou sair daqui?

— Sim, você é minha irmã! Disso eu sei, desde que você nasceu! Mas esqueceu que, além de eu ser mais velho, sou seu professor!

— Eu sou sua irmã, em primeiro lugar! E já não tenho mais oito anos de idade! — Apesar de estar vermelha de raiva, Emilly andou em direção ao irmão, calmamente. — Mas isso não interessa, para de pegar no pé da Viviane. Até parece que ela é a única aluna na sala!

— Sei da grande amizade de vocês. — Edward cruza, novamente os braços, porém com mais força.— Como todos já sabem. Mas é o desempenho dela que está em jogo, não o fim da amizade de ambas! Agora faça-me o favor de sair daqui! Você está interferindo demais!

— Ainda não! Prefiro ficar mais um pouco. — As maçãs do rosto de Emilly já doíam de tanta raiva que estava com o irmão.

— Eu. Não. Estou pedindo!

— E você já pediu, alguma vez na vida? — Virou o olhar para a amiga, que não sabia o que dizer diante a discussão que estava ocorrendo, sorrindo ironicamente. — Escuta isso, Vivi. Se quer conhecer alguém que nunca pede “por favor”, meu irmão é o cara certo!

— Não a meta nisso! — Edward levantou o tom de voz, mais alto que o normal.

A essa altura, Viviane temia que alguém escutasse a briga, e culpasse a pessoa que estava no meio dela, ou seja ela própria, como a causa da briga. Isso geraria maus bocados sobre ela.

— Eu estou só comentando com ela, senhor “Pavio Curto”.

Viviane abria a boca, mas as palavras simplesmente sumiam de sua mente, sem contar que sua voz ficava, fina e inaudível. Não que ela não tenha visto e ouvido brigas físicas e verbais, porém não sabia como reagir, e raramente estava envolvida em uma. Logo, optou por ficar calada, até que percebeu que Emilly parecia pronta para acertar uma palmada no rosto de Edward. Viviane correu para perto da amiga e a puxou, tentando acalmá-la. O que conseguiu depois de longos minutos.

— Tudo bem, Em. Já ajudou, mas... Agora, acho que consigo me virar.

— Nada feito! Não vou te deixar na mão! — Emilly cruzou os braços com muita força.

— Não se preocupa com isso. Me espera na saída. Pode ser?

Emilly entortou os lábios, pensando se deixaria a amiga sozinha com o irmão, ou não.

— Tá, pode... Mas se eu o escutar gritando com você, nem pense em ficar perto da porta!

— Fechado!

Emilly enfim saiu da sala e ficou parada no outro lado da porta. A sala ficou quieta por poucos minutos para Edward estar mais calmo.

— Bom, Viviane, notei que está pior do que as outras vezes. Tem certeza que NINGUÉM está te humilhando, ou...

— Sim! Eu notaria se eu fosse vítima de alguma brincadeira de mau gosto.

— Tem algo te perturbando, então?

“Sim!” Ela pensou.

— Não, sério. Eu estou bem.

— Tem certeza, por que...

— Eu disse que estou bem! — Viviane falou alto e claro, demonstrando que estava certa. Bastou alguns segundos de silêncio para tentar convencer Edward de que não havia nada errado. Sabia o que iria falar, mas esperou outra insistência do professor para agir, e não levantar suspeita. O que ocorreu logo.

— Ainda não me convenceu de que está bem. Desde sua primeira semana veio se destacando entre os demais novatos, e agora...

— Tá. Você venceu! A verdade é que... — Ela respirou fundo, e viu que o professor só virou a cabeça, um pouco para o lado, sem parar de encará-la. — Eu estou mais nervosa. Sei que já me apresentei mas, por causa do acidente com a Lorraine e o John... — O garoto que machucara a mão quando flertou com ela. — Não sei... Pode acontecer qualquer coisa!

Viviane andava para os lados, tentando não encará-lo, para evitar que descobrisse que não era esse, realmente, o problema que a incomodava.

— Entendi. Mas, como eu disse antes, precisa separar os pensamentos da vida pessoal e da profissional. E só uma dica, se pensar que vai se machucar, a cada passo da dança, pode estar certa que seu “desejo” vai se realizar, e a dor deve ser pior do que imagina.

— Tudo bem. Eu... Posso ir agora? — Falou do modo mais natural possível.

— Claro. Só espero não ter que falar com você em todas as aulas. Sabe quantos compromissos eu tenho? — Viviane ia falar que não fazia a menor ideia, mas Edward a interrompeu. — Não precisa dizer. É lógico que não pode saber. E aliás, tenho um agora mesmo.

Viviane anuiu com a cabeça e saiu da sala para encontrar Emilly na porta, ainda a esperando. E elas conversavam como de costume, andando pelo corredor das salas de ballet, e se misturando do meio dos estudantes e professores que iam e vinham. Chegaram no corredor dos dormitórios, e no meio do caminho, Lorraine cruzou o caminho das duas, com um sorriso nada simpático para Viviane, que estranhou o semblante da mais velha.

— Outra “bronca” do Edward, não é? — Perguntou Lorraine, num tom malicioso, que pareceu, por um momento, intimidar Viviane.

— Pelo menos, agradeça que não foi você. — Brincou Viviane, a fim de não provocar outro clima tenso, como o que fora criado pelos irmãos Drick. Mas Lorraine manteu o sorriso antipático e amargo.

— Você não acha, Emilly, meio duvidoso que ela esteja conversando com o seu irmão, depois das aulas, com muita frequência?

— Como se fosse diferente com você. Fica quase todos os dias depois das aulas. — Emilly sorriu, ironicamente. — Sorte que não pode ensaiar por causa da perna.

— Bem, ótima conversa, mas temos que ir. — Viviane não queria criar, muito menos ficar no meio de outra confusão, então puxou o braço da amiga e saiu de perto de Lorraine.

— Não vai dar para esconder por muito tempo, Viviane. As pessoas vão começar a desconfiar. — Lorraine disse, enquanto Viviane e Emilly saíam de perto dela.

— Nossa. Achei que a pancada só atingisse o joelho dela. — Viviane comentou, uma vez que estavam afastadas o suficiente da Lorraine, e Emilly completou a frase da amiga.

— Na verdade, atingiu todo o cérebro. Apesar dela ser assim mesmo, sabe?

— Claro que sei. Ela pega no pé de qualquer um. Já entendi isso.

As meninas continuaram conversando, até que no meio do caminho, encontraram Matt, e a conversa foi se expandindo. Quando já tinham falado de tudo, resolveram sair mais uma vez. Agora, para o restaurante mais próximo. No meio do passeio, Emilly sugeriu ajudar Viviane com os passos que ela estava com mais dificuldade de executar, afinal, todos do coro dançarão a mesma coreografia.

As duas semanas que passaram foram mais tranquilas para a brasileira, uma vez que o vulto não apareceu, nem nos espelhos, nem escondido nas sombras. O que a fez, finalmente, voltar a se concentrar tanto nas aulas de Edward, como no reforço que Emilly marcara, após o almoço, no período em que as salas ficavam vazias.

Enfim, chega a noite da sua apresentação. Viviane sente um frio na barriga, mas jurou para si mesma que não desmaiaria. Estava no seu quarto, dando os últimos toques na maquiagem, e viu que faltava cinco minutos para se apresentar. Falaria com Vitória, mas a garota estava na aula, naquela hora. Uma pontada de nervosismo a invade. Viviane leva a mão à testa, e fecha os olhos, sentada no banco, em frente à penteadeira

— Parece bastante nervosa. — Ecoou uma voz atrás dela. Uma voz grave, fria, e trêmula, porém, um tanto sedutora.

— Nem me fale... — Respondeu à voz, sem tirar a mão da testa, até se dar conta que não era uma voz conhecida. E que estava com a porta do seu quarto trancada! — Espera! Quem está aí! — A voz riu, simpática, mas por conta de ser grave, soou um pouco assustadora para Viviane, que se virou para tentar achar quem estava ali.

— Perdão se a amedronto. Quero apenas lhe acalmar. Afinal, você precisa estar aqui.

— Quem... Quem é você? — Viviane tentava achar, ao menos onde estava a tal voz, que agora, parecia vir de todos os lugares.

— Como não quero deixá-la nervosa na sua apresentação, lhe direi apenas que está ouvindo a voz de quem escreveu os bilhetes, e lhe presenteou com aquela rosa. — Viviane olhou para a rosa que recebera; estava num vaso com água, perto da janela, e começava a murchar. — Aconselho a não se deixar levar pelas emoções. Pode atrapalhar sua performance.

— O-olha... E-e-eu...

Viviane não sabia o que dizer. Quando, enfim, formou as palavras em sua mente, e preparou para usá-las, algumas batidas na porta tiraram seu raciocínio — era impressão sua, ou o quarto ficou mais claro, de repente? —. Ela se virou para atender a porta, onde Emilly estava parada.

— Vamos! Só falta 2 minutos!

Emilly não esperou Viviane dizer nada, e a puxou para fora do quarto. E assim, as duas foram para as coxias, esperando a hora de entrarem no palco. Viviane seguiu os conselhos da voz e se concentrou total na peça. Estava satisfeita por ter enfim ouvido o remetente, mas queria, mesmo era ver o seu rosto. E duvidava se o vulto escondido nas sombras era o dono da voz, ou algum rival deste. Fora isso, sua apresentação foi menos ruim do que tinha imaginado; na verdade, foi até melhor do que a última vez. E outra testemunha que viu seu ótimo desempenho estava camuflado, na sombra de uma das coxias.


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Notas finais do capítulo

Prontinho! Pra sua alegria, nosso Fantasma apareceu!! Uhuuu!! Pra quê eu vou disfarçar, né? Você já sacou quem é.
Espero ver sua review por aqui. Me diz o que você achou desse encontro!! (Mesmo eu sabendo que vai dizer que amou. Eu sei disso. Hahaha.)
Beijos!!!



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