I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 102
102 — Fiz alguma coisa errada?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, não pretendia demorar tanto, mas aconteceram muitas coisas que me impediram de vir antes. Vou tentar postar o maior número de capítulos nos próximos dias.

Aproveitem ♥



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KATE.

Trocar fralda.

Dar banho.

Amamentar.

Basicamente essa é minha rotina nos últimos sete dias, desde que os meus filhos estão em casa. Cansativo? Sim. Intenso demais? Sim. Mas extremamente gratificante? Com certeza sim. Eu amo cada minuto que eu passo ao lado deles, seja apenas velando o sono ou trocando uma fralda suja. Eu simplesmente amo.

Sempre sonhei que, se um dia eu tivesse filhos, eu seria a melhor mãe possível. E eu venho tentando isso desde que Alexis me escolheu para ser sua mãe, mas definitivamente as experiências são outras. Mas eu nunca deixarei de tentar.

Durante a semana que se passou eu vinha seguindo a mesma rotina com eles. Acordava cedo para amamentar, dava um banho nos dois e depois eles voltavam a dormir pelo resto da manhã até sentir fome novamente. Enquanto isso eu os deixava no carrinho, próximo a mim enquanto eu trabalhava um pouco no computador.

Mas hoje eu acordei querendo mudar essa rotina. Hoje eu dei um banho com a ajuda de Castle e amamentei os dois, para depois descer até o jardim e aproveitar o sol lindo que estava lá fora. Um banho de sol faria bem aos pequenos. Os deixei apenas de fralda deitados no carrinho virado parcialmente para o sol e me sentei.

— Fazia tempo que eu não acordava tão cedo assim. – a voz de Castle próxima me assustou, mas logo eu sorri. Era pouco mais de cinco e meia da manhã e Castle já estava com sua xícara de café nas mãos.

Como não sentir o cheiro gosto do café?

Fechei meus olhos e me permiti saborear aquele cheiro que inundava todo o ambiente.

— Isso é tortura. – falei olhando para sua xícara fumegante.

Uma risada gostosa e contida foi dada por ele, e só então eu realmente notei que Castle estava sem camisa. Consegue imaginar? Richard Castle perto de você, sem camisa e com uma xícara de café nas mãos? Mesmo eu estando casada com ele, ainda acho que isso tudo é um sonho.

— Amor, você pode tomar café! Sua médica liberou, lembra?

— Eu quero esperar mais alguns dias... – disse tentando não deixa-lo perceber que ainda mexe comigo como quando nos conhecemos.

— Só um gole não vai te fazer mal... – ele estendeu o braço, o oferecendo a xícara. Respirei fundo, tentando ser forte, mas não resisti.

Sentir a porcelana quente da xícara branca em minhas mãos foi inexplicável. Senti uma energia tomar conta do meu corpo. Inspirei o cheiro profundamente, tentando me lembrar da última vez que tomei café, mas não consegui.

Faz muito tempo.

— Amor, você está parecendo uma viciada que não se droga a muito tempo. – Rick zomba.

— Mais essa é realmente minha droga. – não esperei mais e bebi um grande gole de café. – acho melhor você pegar outro, porque esse já é meu.

Pisquei e ele concordou sorrindo.

— Trouxe para você mesmo.

Rick sentou ao meu lado olhando os meninos dormindo quietinhos no carrinho.

— Ainda bem que eles estão dormindo mais durante a noite, não é?

— Sim... eu acho que nossa primeira experiência como pais de recém-nascidos tem sido boa. – sorri orgulhosa por estar me saindo bem. – hoje eles estão completando um mês de vida.

Rick sorriu de volta, deixando seus olhos pequenininhos. O sorriso mais lindo que ele tinha.

— Eu me lembrei quando vi a data. Pensei que você não iria lembrar.

— Eu lembro de tudo, Rick.

— Nós deveríamos comemorar...

— Eu adoraria, mas hoje é a noite das meninas. – ele me olhou confuso. – Lanie disse que queria vir visitar os meninos e Jenny propôs que nós fizemos uma noite só de mulheres.

— Isso quer dizer que eu estou fora?

— Os únicos homens permitidos nessa noite são Jack, Reece e Theo. – disse me referindo ao bebês de Lanie.

— Então eu estou sendo expulso, é isso?

— Não. Bom, sim. Mas só até a casa da Jenny. Ryan disse que ia organizar um jogo de pôquer ou algo assim.

— Acho que posso sobreviver algumas horas longe de vocês. – eu ri vendo o bico que ele fazia.

— Qual é, Castle. Você tem sua noite toda semana, eu só estou pedindo uma.

Ele deu os ombros e se inclinou para pegar Reece no colo.

— Amor, eles estão dormindo...

— E vão continuar assim, só me ajuda com o Jack... – ele deitou Reece em seu peito e apontou Jack para que o pegasse e o ajudasse a deita-lo ali também. Fiz com todo o cuidado para os meninos não acordarem e quando os dois finalmente estavam devidamente acomodados nos braços aconchegantes do pai, eu suspirei.

Era uma cena bonita de se ver.

Quando menos esperei vi os cabelos ruivos de Alexis brilharem no sol. Olhei bem na sua direção e a vi andando sonolenta em nossa direção enquanto coçava os olhos. Abri os braços quando ela se aproximou e se aconchegou em meu colo.

— O que a minha princesa está fazendo acordada tão cedo?

— Meu quarto estava muito frio então fui para o seu, mas estava vazio. Aí eu saí procurando pela casa. – ela abriu a boca em um bocejo longo que me fez sorrir. – eu ainda estou com sono.

— Eu imagino, não são nem seis horas da manhã meu bem. – apertei meus braços em torno dela. – fica aqui com a mamãe, vamos curtir um pouco esse sol...

Ficamos em silencio, curtindo o nosso momento em família.

— Pai, quando você vai viajar? – Castle abriu rapidamente os olhos e eu o encarei confusa. Ele não tinha falado nada sobre viagem comigo. – eu ouvi o senhor no celular ontem, combinando uma viagem.

— Viagem?

— É sobre a editora, depois eu te explico melhor, mas eu vou ter que viajar amanhã.

— Amanhã?! – falei um pouco mais alto, surpresa.

— É uma viagem rápida, apenas um dia.

— Porque não me falou sobre essa viagem?

— Kate é trabalho, e eu iria falar hoje com você.

— Hoje ou quando você estivesse prestes a viajar? – pergunto irritada e ele respira fundo.

— Eu não quero que vocês briguem. – Alexis disse triste e se agarrou mais em meus braços. Respirei fundo, tentando controlar a mistura de sentimentos que começava a surgir em mim. Depois de uns segundos em silencio ela inclinou a cabeça para me olhar. – falei o que não devia, não é?

— Não, meu amor. – beijei seu rosto. – você não fez nada errado, e nós não estamos brigando.

— Alexis porque você não vai tomar um banho enquanto sua mãe me ajuda com os meninos. Hoje o café da manhã é por minha conta. – Castle consegue animar a filha que adora suas panquecas com recheio de chocolate no café da manhã.

— Minha preferia? – Castle assente. – então tem que ser em dobro, porque hoje eu começo minhas aulas de futebol.

Mais uma vez Castle concordou e eu sorri vendo minha menina sair correndo animada com as panquecas e sua primeira aula na escolinha de futebol feminino. Quando meu olhar encontrou o de Castle novamente, o sorriso em meu rosto foi diminuindo. Respirei fundo e levantei.

— Acho que já está na hora dos meninos entrarem, já ficaram muito tempo no sol.

Ele concorda em silencio e colocamos os dois de volta aos seus carrinhos. Assim que me pus de pé novamente fui surpreendida pelos braços de Castle possessivos em minha cintura e seus lábios sugando os meus com vontade. Tentei resistir no começo, mas confesso que não consegui por muito tempo.

Subi minhas mãos por seus braços fortes até seus cabeços macios e me deixei levar por seu beijo. Sua língua acariciando a minha com paixão. Suas mãos descendo e subindo por minhas costas me deixando cada vez mais envolvida.

Tinha como ficar brava com esse homem por muito tempo?

Claro que não!

— Amor não fica brava comigo... eu fiquei sabendo ontem e não sabia como te contar. – ele falou quando nosso beijou acabou. Mas não nos separamos, Castle colou nossas testas e nos permaneceu assim, grudados um no outro.

— Eu não estou brava. Só fiquei surpresa e chateada por não saber por você.

— Você não quer que eu vá? – ele se afasta para me olhar.

— Claro que não! É seu trabalho, eu sei que é preciso viajar muitas vezes, mas eu pensei que agora que acabamos de receber nossos filhos em casa você fosse ficar e me ajudar, sabe? Eu tenho que dar atenção a Alexis também, mas esses dois minis Castle tomam toda a minha energia.

Ele rir e rouba um beijo rápido.

— Eu sei disso, mas vai ser só um dia. Eu vou amanhã de manhã e no dia seguinte cedinho eu estou aqui.

— E o que você vai fazer lá exatamente?

— É a última sessão de autógrafos do meu livro, a editora organizou tudo de última hora porque querem lançar o meu novo livro em breve.

— Então é uma festa?

— Não. Acho que não. Vai ser no começo da noite, coisa de uma ou duas horas. Fica tranquila, às nove horas estarei no hotel e de manhã cedo estarei te acordando com beijos deliciosos bem aqui... – ele beijou meu pescoço lentamente.

— Isso se seus filhos resolverem me deixar dormir um pouco mais de manhã, né?

Senti quando ele sorriu contra minha pele e me arrepiei toda.

— Quando eu chegar vou ser a babá oficial deles, ok? Você tem o dia livre.

— Ótimo, vou ao salão. – brinquei o fazendo rir.

— E quando você chegar vou te receber com uma bela surpresa. – piscou e se afastou empurrando o carrinho dos bebês para dentro de casa. – agora vamos, tenho que fazer minha mágica na cozinha.

Sorri balançando a cabeça negativamente enquanto via ele caminhar enquanto conversava algo que eu não conseguia entender com os meninos. Quando entrei em casa tratei de colocar os meus dois bebês no berço enquanto ele começava a preparar o café da manhã, quando desci já tinha algumas panquecas feitas, mas levei uma bronca quando ousei beliscar.

Uma Alexis saltitante e cantora surgiu na cozinha me fazendo sorrir. Ela dançou e cantou enquanto terminava de cantar Delicate, da Taylor Swift.

— Nossa, mas minha bebê é mesmo uma artista. – a puxei para meus braços e enchi de beijos.

— Não só bebê mãe. – reclamou, mas sorriu com meu carinho. – nem acredito que eu vou no show dela.

— No show de quem? – Castle se interessa pela conversa e percebo que ainda não tinha tocado no assunto com ele.

— No show da Taylor Swift. A minha mãe disse que eu posso ir. – a ruiva falou com um sorriso de orelha a orelha.

Castle me olhou com interesse, sua sobrancelha erguida.

— Bom, para ser justa eu disse que ia falar com você, mas não vejo problema algum. Vai ser um show pequeno aqui na cidade, não vai ser tarde da noite, um de nós dois vai com ela... não vejo o porquê de ela não ir.

— Ela tem nove anos, Kate.

— E é fã da Taylor Swift! Minha mãe me levou à shows da minha banda favorita quando eu tinha a idade dela.

— Por favor, pai. Eu quero muito ir. – ela juntou as mãos e usou o seu olhar mais doce e penoso. Como dizer não?

Encarei Castle e sou o exato momento em que ele se rendeu aos encantos da filha.

— Ok, eu não vou impedir. Mas sua mãe vai levar você.

Ele jogou a bola para mim e eu concordei.

— Levo sem problema. Mas isso quer dizer que vai ser a sua noite de babá. – pisquei e ri de sua cara. – então, estou com fome. Essas panquecas vão sair hoje ou não?

— Já estão saindo meninas.

 

***

 

O dia passou voando. Quando menos esperei Alexis chegou em casa de volta da escola de futebol mais suja do que se tivesse rolado na lama. Porém feliz por ter curtido muito essa nova experiência. A mandei para o banho e quando fui olhar porque ela estava demorando tanto, vi minha ruivinha adormecida na cama com os cabelos molhados. Não quis acorda-la, correr e se exercitar bastante num sábado de manhã deve ter acabado com suas energias.

Encostei a porta do quarto e fui olhar meus pequenos príncipes. Jack estava acordado olhando os brinquedos pendurados no acima dele e balançava os bracinhos, como se quisesse mesmo pegar. Posso até apostar que ouvi um pequeno resmungo, por não ter conseguido o que ele queria. Reece dormia tranquilo, resolvi deixa-los ali enquanto tomava meu banho.

Depois do almoço Castle preparou um pequeno cinema na sala, mas nossos planos foram interrompidos quando um Reece furioso começou a chorar. Era como se alguém estivesse batendo sem parar nele, mas eu conhecia bem aquele choro de quem estava apenas com a fralda suja. Me levantei correndo e fui até eles, Jack não ficou atrás e logo começou a chorar também, e não importa o quanto eu conversasse com eles para distrai-los, só pararam quando estavam limpos e alimentados.

A voz de Castle os animou. Totalmente alertas, Jack e Reece se recusaram a voltarem a dormir, então nós o levamos para o nosso cinema improvisado, Castle os deixou encostados em uma almofada grande enquanto conversava com eles. Alexis Acordou no meio da tarde, sonolenta e cheia de fome. Preparei seu prato e fiz companhia enquanto ela comia.

Agora as meninas estavam na minha sala. Jenny e Lanie conversavam animadas sobre a última saída das duas que eu não pude estar presente, mas que elas faziam questão de me contar cada detalhe. Jenny com uma taça de vinha na mão e Lanie e eu apenas com água em nossos copos.

— Kate, não está na hora de você me entregar um desses pequenos esfomeados, não? – Lanie se aproximou e eu sorri olhando os meus dois meninos quase dormindo enquanto mamavam com vontade.

Normalmente gosto de fazer esse momento único, sempre em um local sossegado que eu possa dar inteira atenção aos dois. Mas hoje eu não podia, tinha que me dividir entre eles e minhas visitas.

— Eles são todos seus, minha amiga. – brinquei e ela pegou Jack em seus braços, já que ele tinha parado de mamar para prestar atenção na morena que se aproximava.

Jack era curioso, e qualquer coisinha tirava sua atenção. Lanie o pegou e o menino foi logo abrindo um sorriso ao estilo Castle. Dúvidas que ele seria um conquistador? Reece continuou em meus braços, mamando e ao mesmo tempo procurando o irmão com seus olhos curiosos.

— Eu não vejo a hora de estar com o meu nos braços, sabia? – ela fala divertida com Jack que solta uma risadinha.

— Quero ver essa animação toda quando você tiver que passar a noite acordada com ele.

— Já conversei com o Espo, nós vamos revezar. De jeito nenhum eu ficarei com olheiras. – eu ri da cara dramática que ela fez.

— Está certo então. Até porque o Espo vai ser totalmente capacitado para amamentar, não é?

Lanie fez uma careta que nos fez rir ainda mais.

— Ok, eu acordo todas as noites. Mas se eu ficarei acordada, ele também ficará. Não vou ser a única cansada dentro daquela casa.

Mãe, olha. Estamos conseguindo montar o nosso Castelo de Legos. — Ana chama a atenção da mãe e eu também olho. Alexis brincava com as gêmeas no espaço de brinquedos no canto da sala. Nesses momentos eu vejo o quanto de criança ainda tem nela.  Sorri para as três que logo voltaram para sua diversão.

— Sabe do que eu estou com saudade? – as duas me olham. – de vinho. Beber muito vinho.

— Ah, também sinto falta. – Jenny riu e levantou a taça.

— Então eu posso fazer inveja a vocês.

— Dê uma tapa nela por mim, por favor. – pedi a Lanie que estava mais próximo a ela.

— Tudo bem, tudo bem, não precisa bater. Me desculpem. – ela pede rindo e bebe mais um gole do vinho tinto que eu tinha servido. – bom, eu tenho uma novidade.

Olho curiosa para Jenny.

— Fala mulher! – peço diante do suspense da loira.

— Como vocês sabem quando eu fiquei grávida das meninas eu tive que parar a minha faculdade de enfermagem...

— Sim, eu sei. Foi bem difícil para você.

— Sim, foi. Mas eu estava conversando com o Ryan e... bom, nós achamos que já está na hora de eu voltar a estudar. Faltava pouco para eu terminar, e creio que possa aproveitar muita coisa ainda.

— Jenny isso é maravilhoso. – estendi meu braço e segurei forte sua mão, dando meu total apoio para essa nova fase.

— Estou feliz por você, amiga. – Lanie a abraçou com cuidado, pois Jack ainda estava em seus braços.

— Eu sei que vai ficar complicado os meus horários, mas eu pretendo continuar aqui, Kate. Pelo menos até terminar a faculdade.

— Não se preocupe com isso. Você tem nosso total apoio.

Sorri e decidi que deveríamos brindar, mesmo que com água para duas de nós.

— Vamos brindar também para a nossa primeira noite oficial das meninas. Sem maridos para tirar nosso juízo, mas com os filhos porque nós não vivemos sem.

— Eu apoio. – arrumei Reece em seu carrinho e peguei novamente meu copo. – Que essa noite se repita várias vezes, com nossos filhos e algumas vezes sem eles também, certo?

— Isso mesmo.

— Um brinde.

— Já podemos marcar a nossa nova noite? Porque amanhã eu estarei sozinha com minhas crias e quero a companhia das minhas amigas.

— Castle vai viajar?

— Vai. Ele precisa encerrar a turnê do livro que foi interrompida quando eu estava grávida, então a noite vai ser nossa.

— Eu topo. – Jenny é a primeira a se manifestar.

— Bom, apesar de saber que o verdadeiro motivo pelo qual você está nos convidado é te ajudar a cuidar desses dois aqui... – ela aponto para os meninos que já dormiam no carrinho. – eu topo também.

— Pelo visto eu não soube engar você, né? – ela balançou a cabeça e eu ri. – esse é um dos motivos, mas eu ofereço o jantar.

— Já disse que topo, Kate. Não precisa aumentar a oferta.

— Ah, precisa sim. Quero um jantar bem bacana do restaurante do seu marido. – Lanie avisa.

— Para sua informação, eu estava pensando em pedir de lá mesmo, já que não estou nenhum pouco a fim cozinhar.

— Bom, então marcado. Amanhã aqui às sete, nossa segunda noite de meninas.

 

CASTLE.

 

A nossa típica noite dos meninos estava acontecendo na casa do Ryan. Pôquer, cervejas, música, charutos e apostas. Nada além disso fazia parte da nossa noite. Nossas conversas iam de jogos até livros numa boa. Não falávamos de trabalho e muito menos de mulheres. Só assuntos de homens era permitido. Confesso que eu adoro a noite dos meninos. Ter duas mulheres em casa pode ser bem mentalmente cansativo, mas quando meus dois meninos crescerem, elas vão ter que aprender a lidar com a maioria masculina na casa.

— Venci. – Espo expõe suas cartas e eu bufo. Essa noite não é a minha noite.

— Desisto. – apago meu charuto e bebo o resto da minha cerveja.

— O que foi, Castle? Vai chorar igual um bebê agora? – eles riem. Hoje eu não ganhei nenhuma partida.

— Vocês estão roubando, isso sim.

— Ninguém está roubando, vamos lá Castle. Só mais uma? – Josh insiste.

— Valeu gente, mas eu não posso. Amanhã acordo cedo para viajar.

— Ah, é. Ele tem a festa do livro dele e nem sequer convidou os amigos. – Esposito provoca enquanto junta as cartas.

Reviro os olhos. Porque eles insistem que isso vai ser uma festa?

— Não fala besteira, Esposito. É apenas uma última sessão de autógrafos antes do lançamento de meu próximo livro.

— Aquele que a Kate é sua musa inspiradora?

— Isso. – sorrio orgulhoso por ter minha mulher como minha inspiração. – Viajo cedo amanhã, então a noite acabou para mim.

— Bom, a noite acaba aqui para mim também. Vou com você Castle, minha mulher está em sua casa.

Nos despedimos rapidamente dos rapazes que começaram uma nova partida. Segundo eles, seria a última. Caminhamos conversando até chegar na minha casa. Podia ouvir as risadas das mulheres mesmo antes de entrar. Me alegrei com isso. Fazia tempo que eu não via Kate se divertir só com as amigas. Desde que começamos nossa família, ela entrou de cabeça no papel de mãe.

— Olá, meninas. – cumprimentei e as três mulheres sorridentes olharam para nós. – como foi a noite de vocês?

— Maravilhosa, e a de vocês? – Kate pergunta quando me aproximo e lhe roubo um beijo. Apenas algumas horas e eu já estava com saudade dessa mulher. Ela é o meu fim.

— Como você acha Beckett? Seu marido perdeu e agiu como um bebezinho acabando nosso jogo. – me sentei junto dela, que me olhou de lado.

— Não faça essa cara de ofendido, meu amor. Eu te conheço e sei que você é sempre assim quando perde.

— Mas eu fui roubado. Aquilo lá foi um complô! – Kate rir e aperta minha mão que estava parada em sua coxa descoberta pelo short curto que vestia.

— Amor, você precisa aprender a perder.

Reviro os olhos e me levanto indo até o carrinho onde os meninos dormiam tranquilamente. Totalmente dispersos a conversa que estava acontecendo na sala.

— Rick, não. – Kate segura meu braço quando faço menção de pega-los. – eles estão dormindo, quando acordarem gritando no meio da noite eu deixo você segurar eles o quanto quiser.

— Mas no meio da noite não tem graça. – resmungo e voltou para o meu lugar.

Kate sorrir e puxa meu braço para cobrir seus ombros enquanto ela se aconchegava ali.

— Então, já acabou a noite dos meninos ou foi só Castle que desistiu? – Lanie pergunta.

— Bom, acabou para nós dois. Vim, saber se você já quer ir.

— Sim, só vou ao banheiro. – Lanie levanta e sai.

Então uma loirinha com cara de sono e manhosa praticamente se joga nos braços da Jenny.

— Mamãe, eu quero dormir. – Ana boceja e Jenny beija sua cabeça.

— Bom, acho que minha noite acaba aqui também.

— Vai sonhando. Você vai ter trabalho para expulsar o Josh de sua casa. – ela rir e concorda.

— Pai, vem ver o que a gente fez. – Alexis segura minha mão e praticamente arrasta para a parte cheia de brinquedos no canto da sala para mostrar o Castle de lego que elas tinham feito.

Alexis e Jolie me fizeram ajudar a terminar os detalhes até Jenny insistir com a filha de que já estava na hora de ir embora. Nos despedimos de nossos amigos e Kate subiu levando os meninos para o quarto.

— Filha, vamos subir e tomar um banho antes de dormir. Amanhã você arruma tudo isso.

— Mas a mamãe falou que era para arrumar antes de dormir.

— Mas já está tarde. Eu falo com sua mãe, vem. – estendi o braço e a ruiva veio ao meu encontro. Subimos as escadas abraçados até chegar em seu quarto, onde ela foi direto para o banho.

Passei pelo quarto dos meninos e tudo estava em silencio. A luz do abajur acesa apenas para nos nortear durante a noite quanto tivéssemos que acordar. Jack e Reece não estavam acordando muitas vezes durante a noite, então Kate achou melhor deixa-los dormindo no quarto. O berço era bem mais confortável que o Moisés que tínhamos no quarto.

— Alexis já está tomando banho. Disse que poderia arrumar os brinquedos amanhã, ok?

— Você sabe que ela vai enrolar e não vai arrumar, certo? – Kate me olha rapidamente e depois continua passando creme no corpo.

— Ela vai arrumar, amor. – abracei seu corpo por trás e beijei a parte exposta de seu cabelo. – eu amo o cheiro desse creme, sabia?

Kate sorrir e deita ainda mais a cabeça para o lado, deixando o pescoço mais exposto.

— E eu amo quando você me beija exatamente aí. – sorrio e beijo mais uma vez seu ponto de pulso.

— Eu sei... eu sei tudo sobre você. Onde você gosta de ser beijada. Onde uma pequena mordida faz seu corpo inteiro arrepiar. – passo os dentes devagar em sua orelha. – eu sei onde minhas mãos tem que passar para te excitar. – subo uma mão lentamente até sentir seu seio entre ela e um suspiro pesado de Kate. – eu sei tudo sobre você, Kate. – murmuro em seu ouvido e me afasto.

— Isso é covardia! – ela protesta e eu rio.

— Eu sei. E você faz isso comigo muitas vezes, sabendo que estamos proibidos.

— Porque eu adoro te provocar.

— Eu estou começando a gostar também. – pisco e ela revira os olhos saindo do banheiro e me deixando tomar banho. Um longo banho por sinal, até eu conseguir acalmar meu corpo inteiro que gritava por aquela mulher.

Quando finamente saí do banho, encontrei Kate deitada na cama lendo um livro. Seu olhar encontrou o meu rapidamente e sorriu.

— O banho foi divertido, amor?

— Nenhum pouco. – resmunguei fazendo ela rir e largar o livro. Segui até o outro lado do quarto onde estava a minha calça de moletom que eu adorava para dormir. Tirei a toalha da cintura e sequei rapidamente meus cabelos, e só então vesti a calça. Quando me virei, notei o olhar de Kate virado em mim. – o que foi?

— Já disse que você tem uma bunda linda? – eu sorrio, me controlando para não rir.

— Tem um tempo que você não diz isso. – me aproximo.

— Porque tem um tempo que eu não tenho o privilégio de ver sua bunda nua e molhada. – ela me puxa pelo braço para mais perto e dá um tapa em minha bunda.

— Nossa, você sabe que isso dói?

— Você gosta de me bater as vezes. Acho que devemos trocar de papel algum dia... – dessa vez eu rio.

— O quê? Quer bater em mim durante o sexo agora.

— Eu adoraria. – ela pisca e morde o lábio me provocando.

— Safada. – me aproximo para beija-la, mas somos interrompido pela porta abrindo.

Eu não vi nada.— vejo Alexis com os olhos tampados de frente a porta e sorrio, me sentando na cama.

— O que nós falamos sobre bater na porta antes de entrar? – Kate deixa o livro na mesinha ao lado. – Pode abrir os olhos, Alexis.

— Vocês estavam namorando, não é? – ela pergunta com um sorriso no rosto enquanto de joga na cama.

— Estávamos e você atrapalhou.

— Castle! – Kate me olha brava.

— Eu estou sem sono. Escutei vocês conversando, então vim ficar aqui também.

— Você dormiu a tarde quase toda, normal você está sem sono.

— Então eu posso ficar?

— Pode. – Kate se adianta e puxa a filha para seu colo. – seu pai e eu queremos conversar com você.

— Queremos? – pergunto confuso.

— Sim. Sobre aquele assunto... – penso um pouco e acabo me lembrando, confirmando com a cabeça para que ela prosseguisse a conversa.

— Fiz alguma coisa errada?

— Não, você não fez nada amor. – Kate trata de tranquilizar a menina.

— Então o que é?

Kate me olha e respira fundo.

— A gente não queria tocar nesse assunto, acho que você ainda não está preparada, mas é preciso.

Alexis me olha e eu resolvo continuar.

— Você sabe que a Meredith te ama muito, certo? – ela balança a cabeça concordando. – e por te amar muito, ela sempre soube que o melhor para você era que você ficasse aqui com a gente.

— Sim, eu sei. Ela só não gostava que eu chamasse a minha mãe de mãe. – Kate sorriu e acariciou os cabelos da ruiva.

— Bom, isso não é totalmente verdade. Antes dela partir, ela deixou um documento assinado, dizendo que se eu quiser, e você também é claro, eu posso ser sua mãe.

— Mas você já é minha mãe. – ela aponta olhando firme para Kate.

— Sim, eu sei meu bem. Eu sou sua mãe e nada muda isso. Eu sou sua mãe de coração e ninguém pode dizer que não.

— Então o que é isso que ela deixou.

Segurei a mão da ruiva e ela me olhou.

— Nesse papel, ela diz que Kate pode ser reconhecido como sua mãe legalmente, assim como ela. Você não deixa de ser filha da Meredith, mas nos seus documentos você passa a ter duas mães. Meredith e Kate.

— Então eu vou me chamar Beckett também? – seus olhos brilham quando Kate confirma com a cabeça. – que máximo!!

A ruiva abraça Kate que acaba sorrindo com os olhos cheios de lágrimas.

— Isso vai além de algumas questões que você não pode entender agora, mas com certeza vai entender no futuro. Você quer isso? Quer ser minha filha de coração e no papel também?

— Sim, eu quero muito. Eu vou ter duas mães e um pai.

— Isso, apenas um pai é de bom tamanho para você. – digo chamando a atenção das duas.

— Seu pai tem ciúmes, ele gosta de ser o único em tudo.

— Tudo bem pai, você é o melhor do mundo. Eu posso me contentar em ter só um pai.

Eu ri e me aproximei para beijar minhas duas meninas.

— Bom, então nesse caso Alexis Beckett-Castle, por favor vá apagar a luz para a gente dormir.

— E eu vou poder dormir aqui com vocês?

— Sim, pode. Mas só hoje, ok?

A menina concorda e desce da cama rápido para apagar a luz. Assim que volta ela se joga no nosso meio.

— Pai, eu ainda estou sem sono. Pode contar uma história?

— Claro. De terror ou normal.

— Terror! – ela diz animada.

— Não. – Kate a corta. – você tem pesadelos, Alexis. Terror nem pensar.

— Poxa, mãe.

— Nem adianta fazer essa vozinha, vem cá. – Kate abraça a menina. – porque o papai não conta uma história linda de super-herói? Você não gosta da mulher maravilha?

— Tudo bem, pai?

— Ok. Vamos lá...

Não cheguei até a metade da minha história inventada naquele momento e a ruiva já estava dormindo agarrada em Kate. Desliguei o abajur do meu lado e deitei, passando o braço protetoramente sobre as duas e caí no sono.

Escutei um resmungo baixinho e me recusei a abrir os olhos. Mas fui vencido pela insistência. Abri os olhos com dificuldade e vi a luz do corredor acena iluminando parcialmente nosso quarto. Alexis dormia espalhada na cama, ocupando praticamente o todo o lugar de Kate, que estava vazio.

Cocei os olhos e escutei mais uma vez os resmungos, seguidos da voz macia de Kate enquanto catava uma canção. Só então percebi que a babá eletrônica estava ligada em nosso quarto. Levantei e fui até o meu destino durante as madrugadas.

— Oi... – sussurrei entrando devagar no quarto. Automaticamente Jack parou de mamar e ficou procurando minha voz. Sorri e me aproximei.

— Não precisava se levantar, amor. Você acorda cedo... – Kate estava na cadeira de amamentação, com Jack em seus braços.

— Não faz mal. Eu gosto de acordar e ficar com você cuidando deles.

— Mesmo tento que viajar e trabalhar amanhã?

— Mesmo assim. – confirmo e beijo a cabecinha do meu filho que logo voltou a sugar seu leite, mas seus olhos sempre atentos em mim. – e Reece? Não acordou?

— Sim, estava com a fralda suja, então eu troquei e peguei essa pequena fera antes que ele acordasse a casa inteira. Reece voltou a dormir na mesma hora, mas ainda vou alimenta-lo.

— É preguiçoso até para comer, não é filho? – falei com mesmo com ele dormindo.

— A quem será que ele puxou, Rick?

— Não faço ideia. – jogo os ombros e Kate revira os olhos. Nós sabíamos a quem ele tinha puxado. Única e inteiramente a mim.

Não demorou e Jack dormiu. Então chegou a vez de Reece mamar, ele reclamou por ser incomodado, mas logo parou quando começou a mamar desesperadamente. Ele estava realmente com fome. Vinte minutos depois os dois já estavam de volta aos seus berços, e então era a nossa hora de sair. Como vinha acontecendo nos últimos dias, eles só acordariam ao amanhecer para mais uma mamada.

Saímos do quarto e Kate bocejou. Vi em seu semblante o quanto ela estava cansada de acordar a noite para cuidar deles. Eu também estava, mas eu sou mais acostumado a virar noites e mais noites escrevendo, então para mim dormir pouco não era um sacrifício, mesmo que eu ame dormir e ficar sem fazer nada.

Assim que deitamos pude escutar o choro de Jack. Sim, eu sabia identificar o choro desesperado dele mesmo em uma multidão. Kate suspirou e eu a impedi de levantar. Segui até o quarto e peguei o meu garoto no colo, que logo parou de chorar.

— O que você tem hoje, filho? Isso já é saudade do papai?

Aconcheguei ele em meus braços e fiquei um tempo andando pelo quarto. Mesmo com sono, Jack lutava para não dormir. Sempre que eu ousava deita-lo, ele voltava a resmungar. Então resolvi deitar no sofá que tinha no quarto, que poderia servir perfeitamente como uma cama de tão confortável. Me encostei nas almofadas e adormeci com Jack sobre meu peito.

— Rick... – escutei a voz baixinha de Kate e sua mão em meu ombro. – amor, acorda.

Abri os olhos rápido e me assustei quando não senti Jack em cima de mim. Sentei rápido e olhei para o chão. Meu único medo era ter derrubado meu filho.

— Ei, calma. Eu acordei e vim aqui, encontrei você dormindo com Jack em seu peito. Sabe o perigo disso? Ele poderia ter caído, amor!

— Onde ele está?

— Eu o coloquei na cama.

— Nossa Kate, agora você me assustou. – finalmente suspiro aliviado. – eu não tive culpa. Ele não queria deitar, então eu fiquei aqui até que ele dormisse, mas parece que eu dormi primeiro.

— Ok, não tem problema. Agora vem para o quarto. – ela estendeu a mão e eu segurei, a seguindo. – dorme um pouco, ainda está cedo.

Ela não precisou dizer duas vezes, deitei na cama e adormeci em seguida.


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