Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 30
Capítulo 14 - Surpresas e Descobertas (Continuação)


Notas iniciais do capítulo

Finalmente a conclusão...

ATENÇÃO - LEIAM O CAPÍTULO ANTERIOR, FOI MODIFICADO...



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Quando finalmente Violetta acordou, ao seu lado esta Gérmen, que adormecera junto da filha. Olhando para o pai, percebeu que dos seus olhos caíam lágrimas isoladas, ela nunca tinha visto o pai chorar...ou será que sim? Talvez quando a mãe morrera, mas Vilu era tão pequena que não se lembrava...Gérmen estava a sofrer, e isso doía a Vilu que nada podia fazer, tudo porque o avô tinha aquele ódio, toda aquela raiva doentia contra o avô Miguel.

Gérmen começou a despertar, e assim que abriu os olhos viu o sorriso lindo que Vilu lhe dava. Nada o fazia mais feliz que olhar para a sua filha mais velha e ver aquele sorriso na sua face...bem havia algo que o faria ainda mais feliz: estarem os seis todos juntos, mas isso era algo que não dependia inteiramente dele, porém Gérmen tinha alguma esperança que conseguiria juntar de novo a sua família e seriam felizes...

— Boa Noite papá, acabaste por adormecer aqui comigo?

— Parece-me que sim...e tu como estás? Mais calma?

— Não sei, acho que sim.- Depois de ficar algum tempo em silêncio e abraçar o pai de novo, Vilu finalmente ganha coragem para dizer o que lhe estava dentro do seu coração...- Tenho medo...medo do que será a nossa vida a partir de agora.

— Vilu...- Gérmen afasta-se um pouco e colocando as duas mãos sobre a face da filha...- Eu vou fazer tudo para que o avô não vos leve, eu não vou deixar-vos ir para longe de mim.

— Papá, ele ganhou. E assim que ele descobrir onde estamos ele vem-nos buscar...tu sabes que ele vem.

— Se for preciso nós fugimos, escondemo-nos se for necessário no fim do mundo. Eu prometi à Angie que não vos deixaria, e não vou deixar de cumprir esta promessa.

— Papá...o que é que tu me querias contar? Tu disseste que me ias contar uma coisa quando eu me acalmasse.

— Sim, tens razão. Mas para isso temos que ligar a alguém...- e pegando no seu telemóvel liga a alguém que Vilu não percebe quem é.

"- Gérmen. Passa-se alguma coisa?"

"- Não está tudo bem. Acho que chegou à altura de dar a notícia a Vilu."

"— Estás com ela? Estão sozinhos?"

"— Sim, estamos os dois sozinhos. Vou colocar em alta voz..."

"— Vilu. Estás aí­?"

"— Angie, és mesmo tu? Estou com tantas saudades tia."

"— Eu também meu amor. E a Clara?"

"— Está bem, a receber os mimos da avó, dos tios, primos...vai ficar muito mimada..."

"— Gérmen! Ela é pequena, precisa mesmo de mimo."

"— O papá diz isto, mas ele é o pior de todos, ela faz tudo o que quer quando está com ele..."

"— A Clara é a minha princesinha...ela..."

"— Então e eu...bem mas vamos deixar de falar da Clara, por muito que eu goste de falar da minha irmã, quero saber...o papá diz que vocês têm uma coisa para me contar, posso saber o que é?"

"— Digo eu, ou dizes tu Angie?"

"— Eu digo...Vilu, eu descobri uma coisa depois de sair daí­. Algo que nenhum de nós estava à espera.

"— O que descobriste Angie? Estás doente?"

"— Não, não estou doente, mas se eu soubesse disto antes eu nunca teria saído de perto de vocês..."

"— Angie queres dizer logo, por favor...já me estás a pôr nervosa..."

"— Vilu, eu descobri que estou grávida...vais ter..."

"— Vou ter mais uma irmã? Estás a falar a sério Angie...claro que estás, tu nunca irias, eu estou tão feliz, tão feliz..."

"- Vilu, ouve as notí­cias ainda não acabaram. Posso continuar por favor."

"— Como assim não acabaram. Angeles escondeste-me alguma coisa? É alguma coisa com o bebé?"

"- Podem-se aclamar um pouco os dois. Eu não escondi nada amor, simplesmente ainda não tinha tido a hipótese de te contar..."

"- Já sabes se vou ter um irmão ou uma irmã? É isso não é Angie..."

"— Não, ainda é cedo para isso. Posso dizer sem me interromperem?"

"- Sim.- Disseram os dois ao mesmo tempo."

"— Bom antes de sair de Buenos Aires eu fui á médica, fazer a primeira consulta, ver se estava tudo bem. Bom e nessa altura descobri que...vamos ter mais dois bebés na famí­lia..."

"— Angie...eu...ouvi...bem...eu...tu...nós...vamos...ter..."

"— Acho que o papá ficou gago.- Diz Vilu rindo-se da cara do pai...- Angie devias ver a cara dele, está mais branco que a parede deste quarto."

"— Gérmen. Gérmen, tu estás bem? Vilu, o que é que se passa?"

"— Amor, é mesmo verdade? Nós vamos ter dois bebés? Gêmeos?"

"- Sim. Eu também fiquei em choque no início, mas agora...estou a adorar a ideia."

"- Eu...eu estou muito, mas muito feliz. Amo-te...e a esses pequenos também..."

"- Dois de uma vez! Vocês não fizeram a coisa por menos...podiam ter feito um de cada vez...- Vilu não aguenta e ri-se com vontade."

"— Violetta Castillo! Que modos são estes. Esta rapariga acordou com menos uns parafusos e porcas."

"- Desculpa papá, mas Angie tu estás bem, e os meus manos estão bons? Já foste ao médico de novo? Vais querer saber o sexo, certo?"

"- Ei! Calma. Eu estou bem sim, com muitos enjoos, mas segundo a médica é normal. Ainda não fui ao médico de novo, mas já tenho uma consulta marcada. E em relação ao sexo, não sei...é uma conversa que eu e o teu pai temos que ter."

"— Posso contar ao Leon. Por favor...por favor..."

"— Gérmen?"

"- Podes, porque sei que se te dizer que não...me vais moer o juízo até eu te dizer que sim."

"— Era mais ou menos isso que iria acontecer sim. Mas e a avó, não lhe vão contar? E o Frederico?"

"- Angie. Só tu podes decidir, eu por mim só saberíamos nós..."

"— Eu sei, mas talvez...talvez a Violetta tenha razão, seria uma boa notícia no meio de tantas coisas más que nos têm acontecido."

"- Por favor Angie, deixa-me contar à avó...podemos não contar a mais ninguém."

"— Tudo bem. Conta à tua mãe Gérmen, afinal ela vai ser avó de novo, acho que merece saber da novidade."

"— Tudo bem, contamos amanhã. Quando eles vierem ver a Vilu."

"— Não. Contamos quando chegarmos a casa, afinal o Tio Luí­s disse que eu iria ter alta."

"— Já vais para casa, que bom. Gostava tanto de estar aí...tenho tantas saudades vossas e da minha Clarinha."

"— Nós também temos muitas...- e de repente abre-se a porta, e entra uma enfermeira com um tabuleiro...- Amor o jantar da Vilu chegou. Vamos desligar, amanhã ligamos de novo.

"— Tudo bem, eu também tenho que ir. Amo-vos muito aos três."

"— Nós também...a vocês os quatro...beijos."

Assim que desligam a chamada, Vilu sorri para o pai que retribui com um sorriso maior que o dela se fosse possí­vel. Apesar de toda a felicidade que sentiam pela chegada de mais dois bebés, havia um lado deles que emanava uma certa tristeza por estarem tão longe uns dos outros.

— Papá...- Vilu não precisou de dizer mais nada, Gérmen sabia perfeitamente o que ela estava a pensar, tinham que de alguma forma voltar a ser uma família, mas como? Será que ganhariam o último dos recursos que os seus advogados estavam a preparar? Será que José iria desistir?

— Eu sei Vilu...e nós vamos encontrar uma solução. Nós vamos voltar a ser uma famí­lia, prometo-te.

— Gostava tanto de acompanhar a gravidez de Angie, perdi a de Clara...e agora...

— Ei! O importante é que eles nasçam com saúde, independentemente de nós estarmos ou não perto deles.

— Eu sei papá...mas...- e as lágrimas de novo começaram a cair dos seus olhos, era inevitável, era algo que ela não conseguia evitar. Era uma mescla de sentimentos que lhe iam na alma: tristeza, mágoa, raiva, dor, alegria, entusiasmo, excitação...e tantas outras que se agregavam entre elas e que Violetta não sabia como as desagregar umas das outras.

— Não quero mais lágrimas...vamos jantar. E amanhã contamos a novidade à tua avó, ao Leon e ao Frederico.

— Sim, a avó vai ficar feliz, eu sei que sim...

— Também acho, mas agora vamos é comer, porque se a enfermeira chega e ainda não comeste ainda te obrigam a ficar mais uns dias e não é amanhã que vais para casa...e eu sei que é o que mais queres.

E assim acabaram por jantar os dois, falando dos dois mais novos membros da famí­lia, discutindo e apostando se seriam meninos ou meninas, disputando os nomes mais originais, se sairiam a Gérmen com os olhos castanhos ou a Angie com os seus olhos azuis. Riram, gargalharam, gracejaram, gozaram com os nomes que foram escolhendo uns mais hilariantes que outros. E ao fim de um tempo de muita risota, e adormeceram os dois abraçados um no outro, e sonharam: com a vida que poderiam ter tido e que tanto desejavam ainda ter.

No avião, José, contava os minutos para ter as netas consigo. Sim ele tinha conseguido comprar o juiz, ninguém era incorruptí­vel, e com a ajuda dos seus detectives tinha conseguido descobrir alguns segredos do Merití­ssimo que estava encarregue do caso da custódia de Violetta e de Clara. Tinha sido assim tão fácil ganhar, e com a pequena fortuna que tinha pago sabia que não corria o risco de o homem dar com a língua nos dentes.

Ainda estava a decorrer o último recurso por parte de Gérmen, mas José estava confiante que nenhum outro juiz iria modificar a decisão, e se fosse imprescindí­vel este já estava a tratar de investigar o seguinte Digní­ssimo Juiz, caso fosse necessário dar uma ajuda na sua decisão.

Ao seu lado ia o seu advogado, homem tão falso como José, e que sabia bem como ganhar as suas causas com a ajuda de artimanhas, ciladas e trapaças. O Exmo. Sr. Dr. Ramiro Rodriguez fora colega de José e de Miguel, sempre fora considerado o terceiro mosqueteiro, contudo sempre colocado de parte por Miguel. Quando soube de toda a história de amor entre este e Angélica, viu a oportunidade de virar José contra o outro. E assim o fez, foi Ramiro que contou a José sobre o namoro entre os outros dois, e tal como esperava, a relação entre os dois nunca mais foi a mesma. E a partir dessa altura tornou-se o único a ficar do lado de José, apoiando-o em tudo: quer nos negócios, quer nas decisões familiares.

Foi Ramiro que aconselhou José a não ir ao casamento do filho com Maria, foi ele que o convenceu a afastar Gérmen e Violetta da família de Maria e foi ele que o persuadiu a pedir a guarda das netas e a ganhar de novo a confiança de Angélica, uma vez que com esta do seu lado seria muito mais fácil ganhar.

— Estás ansioso? Tem calma tudo correu como esperávamos, não há como aquele homem dizer alguma coisa, ele está acorrentado à nossa vontade.

— Eu sei, não estou preocupado com ele. Estou preocupado com as minhas netas...a Violetta...

— A Violetta não vai ser problema, ela nunca irá deixar a irmãzinha sozinha contigo. Sabes bem o que a fizeste passar, ela não vai querer que a irmã passe por tudo isso sozinha...

— Talvez. Mas vai ser difícil fazê-la obedecer, ela já não tem 5 anos...

— Basta encontrares o ponto fraco dela, talvez possas usar a prisão de Gérmen como moeda de troca?

— Sim talvez isso ajude. Posso sempre garantir que caso ela se comporte eu ajudarei a tirar o pai da prisão.

— Tenho a certeza que ela não vai querer ver o pai na prisão por muito tempo, por isso vai fazer tudo o que queiras.

— Sim, e se por acaso ela achar que depois pode fazer o que quer podemos sempre ter uma segunda ordem de prisão por nova tentativa de rapto, totalmente falsificada...

— Sim, posso providenciar isso...e a Angélica?

— A Angélica não é ameaça, eu sei de algo que ela nunca há-de querer que a filhinha saiba. E por falar disso, algum sinal daquela mulherzinha?

— Não. Parece que sumiu do mapa, sabemos que não saiu da Argentina de avião. Mas infelizmente não se tem a certeza se ainda estará no paí­s.

— Dobra o valor que pagamos se for necessário, quero saber onde anda essa...

— Tudo bem, não é preciso ficares nervoso. Assim que aterrarmos, eu ligo aos detectives para ver como estão as investigações e dar mais algumas indicações.

Ambos ficaram imersos nos seus pensamentos depois desde diálogo: um pensando em como forjar uma nova tentativa de rapto e o outro pensando onde poderia estar Angie escondida. José tinha que ter Angélica na mão, para que ela não voltasse atrás na decisão de se juntar a ele no pedido da guarda das netas, e a única forma de fazer com que ela cedesse à  sua vontade fora ameaçar de contar o segredo mais bem guardado da sua vida. Ela morreria se algum dia houvesse a possibilidade de Angeles ficar a saber do segredo que envolvia toda a sua vida. A única que sabia deste segredo era Milagros e fora por este segredo que estas se tinham zangado, José soubera por um mero acaso, daqueles acasos que a vida por vezes nos dá.

Nunca pensara usa-lo, principalmente porque iria prejudicar a mulher que mais amou na vida, porém não podia deixar que Gérmen e Angie ganhassem o processo assim quando o seu advogado e amigo Ramiro lhe disse que se tivessem Angélica do seu lado seria quase impossí­vel não ganharem José não hesitou nem por um segundo. Todavia, e apesar ter conseguido ter Angélica a seu lado, o juiz ainda assim queria dar a vitória a Gérmen, assim José jogou o outro triunfo que tinha e subornou o merití­ssimo.

Quando por fim chegaram a Madrid, teriam que esperar pelo voo de ligação até Sevilha que demoraria cerca de uma hora e meia. Chegariam a Sevilha na melhor das hipóteses à hora de almoço, assim que chegasse iriam à polí­cia apresentar a carta do tribunal da Argentina, onde tinham a sentença do mesmo no qual a custódia quer de Violetta quer de Clara era de José e de Angélica. Apresentariam também a ordem de prisão contra Gérmen, por rapto de uma menor.

Angie, mexe e remexe-se na cama, tudo era sombrio, estará a sonhar, sim ela tem a certeza que sim:

"Olha à volta, está tudo a preto e branco, não há cor, não há vida...tudo está sem luz. De repente surgem três silhuetas à sua frente, mesmo longe ela distingue bem quem são: Gérmen, Violetta e Clara. Mas por mais que tente correr não os consegue alcançar. Rapidamente as três figuras desaparecem e aparece apenas uma...Gérmen a chorar, agarrado aos joelhos balbuciando algo que esta não percebe. Ela tenta chegar-se mais perto, e quanto mais perto mais se apercebe do seu choro compulsivo...quando se consegue chegar bem perto do seu amor, este levanta a cabeça e diz: "Desculpa...eu não cumpri o que te prometi...desculpa-me, perdoa-me." Angie não sabia o que responder, ficou estática sem qualquer tipo de reacção."

Ela levanta-se assustada e grita por Gérmen, Ludmila que já se levantara, corre até ela, e ao vê-la tão assustada e a chorar, corre e abraça-a de alguma forma pensou que ao fazê-lo poderia acalma-la.

— Angie, calma por favor. Foi só um pesadelo, olha os bebés.

— Lu...eu sonhei com o Gérmen. Aconteceu alguma coisa, eu sei que sim. Eu sinto aqui...- e coloca a sua mão por cima do seu coração...- Eu senti o mesmo quando a Vilu foi parar ao hospital.

— Falaste com eles há umas horas atrás e estava tudo bem, foi só um pesadelo, tenho a certeza que não aconteceu nada.

— Eu sei que aconteceu alguma coisa, eu sei...eu sinto.

— Angie por favor, não podes estar assim...olha os bebés...

— Ludmila, liga para o Gérmen agora...eu sei que aconteceu alguma coisa, eu sinto...- da face de Angie já não caí­a uma ou outra lágrima...eram várias.

— Angie são cinco da manhã em Sevilha, não lhes vou ligar a esta hora. Devem estar todos a dormir.

Porém ela nem por nada se aclamava, e Ludmila estava a ficar preocupada uma vez que a respiração de Angie estava cada vez mais acelerada e de certeza toda aquela ansiedade não era bom para os bebés. De súbito, Angie dá um grito e agarra-se à barriga, o que faz Ludmila ficar mais nervosa.

— Não...os meus bebés não...eu não posso perder os meus bebés...

— Eu vou...eu vou chamar a Paula e o Henrique...Angie...eu já volto...- e assim de pijama e tudo Ludmila sai de casa sem fechar a porta, sobe as escadas e começa a bater como uma louca à campainha...quando Rosa lhe abre a porta ela entra e começa a gritar por Paula...

— Paula...Paula...por favor...Paula...

— Menina...ela ainda está a dormir. Ainda vai acordar a casa toda dessa forma...

Mas ela não podia desistir, Angie podia estar a perder os bebés, ela precisava de ajuda, precisava de ir para o hospital e depressa...tudo dependia dela, Gérmen não estava ali com elas. Como ela gostaria de o ter ali naquele momento, tudo seria diferente, nada daquilo estaria a acontecer. Tudo estaria como devia: todos em casa em Buenos Aires, juntos e felizes. Mas tudo estava ao contrário, parecia até que o mundo se tinha virado do avesso, como se tivesse dado uma volta de 180º e não de 360º como deveria acontecer para que tudo continuasse da mesma forma.

— Paula...Henrique...- começou de novo a gritar, desta vez pelos dois...- Paula...Henrique.

Nesta altura já Paula tinha acordado com todo aquele alvoroço, Milagros também se levantou com o burburinho que vinha da porta. Quando se encontraram no corredor ficaram a olhar uma para a outra não sabendo o que se passava, mas logo identificaram a voz de Rosa e de mais alguém muito exaltada.

— Já lhe disse que estão todos a dormir...

— E eu já lhe disse que não quero saber...Paula...Henrique...

— Mas que confusão é esta Rosa...- e ao ver Ludmila...- És tu que estás a fazer toda esta confusão?

— Por favor, Paula...a Angie, os bebés, eles precisam de ti e o Henrique. Onde está o Henrique?

— Podes-te acalmar um pouco, não percebi nada...- disse Paula já junto de Ludmila tentando que ela se acalmasse...

— A Angie está a sentir-se mal...os bebés...acho que os vai perder...

— Meus Deus! Paula...

— Calma as duas. Mãe vai acordar o Henrique, diz-lhe o que se passa e ele que ligue para o hospital, ele sabe o que fazer. Ludmila vamos...

E assim enquanto Milagros vai acordar Henrique e lhe passa o recado de Paula, o que ele faz de imediato, esta segue Ludmila até ao apartamento de Angie, onde assim que entra percebe o que se passa...ao entrar no quarto de Angie tenta acalmar a prima, o que é difícil mas necessário.

— Angie, acalma-te e ouve-me sim? Sei que estás assustada...

— Paula, os meus bebés...está a doer...muito...eu não posso perdê-los...não posso...

— Eu prometo-te que vai ficar tudo bem...mas tens que te acalmar...por favor...

Apesar de todo o seu esforço para se manter minimamente calma, Angie começou a sentir-se cada vez mais fraca, estava a sentir-se entontecida, e cada vez mais lhe era mais difí­cil manter-se com os olhos abertos, Paula começou a apercebeu-se disso, afinal não era a primeira vez que presenciava tudo aquilo.

— Angie...Angeles...tens que te manter acordada, estás a ouvir-me tens que manter os olhos abertos...- mas era lhe muito, mas muito difí­cil fazer o que a Paula lhe dizia, até que finalmente desistiu e fechou os olhos deixando-se levar, para onde Angie não sabia...e foi nessa altura que Henrique apareceu com dois enfermeiros, ele tinha ligado à emergência médica antes de descer até ao apartamento de Angie.

— Ela acabou de perder a consciência, está grávida de cerca de 8 semanas, não sei se será ou não um aborto, teremos que fazer o exame no hospital...

— Não...- grita Ludmila, que até àquele momento se mantivera calada e hirta...- Não...ela não pode...não pode perder os bebés...Paula por favor...ela não vai aguentar...- Ludmila, tem calma ninguém sabe o que se passa, só depois de fazermos todos os exames no Hospital podemos ter a certeza...

— Paula, liguei para o Hospital, quem está de serviço é a Martina...e o Roberto está lá também.

— Que seja, neste momento o mais importante é a Angie e os bebés, tudo o resto resolveremos mais tarde.

E assim seguiram todos para o hospital, Paula foi com Angie na ambulância, e Henrique seguiu de carro com Ludmila atrás da mesma. Estavam todos ansiosos, e Paula estava ainda mais, ela não sabia se Martina iria reconhecer Angie, afinal já se tinham passado mais de 20 anos que elas não se viam, ela sabia que a prima iria ficar irritada com ela porém no momento o que mais passava na cabeça de Paula era o facto de Angie poder estar a ter um aborto, e era tudo o que ela não podia enfrentar naquela circunstância. E Roberto, bem seria mais uma contrariedade que mais tarde teria que solucionar, ela sabia que Angie não queria que aquele lado da famí­lia soubesse da sua estadia em Rosário, não sabia qual a razão, qual era o seu medo talvez pensar que José ficasse a saber onde ela estava, só que ela esquecera-se que Roberto nunca contaria se ela lho pedisse.

Quando chegaram ao Hospital, Martina estava à entrada do mesmo esperando pela emergência que Henrique lhe falara, não fazia ideia de quem seria. Assim que viu Paula sair da ambulância correu ao seu encontro.

— Um possível aborto, tens que me prometer que vais fazer tudo para que ela não os perca, ela não iria suportar perdê-los também.

— Estás a falar de quem? Tu conhece-la?- e desviando o seu olhar para Angie teve a sensação de já a ter visto, mas de onde é que ela a conheceria?

— Promete-me só que vais fazer o possí­vel e o impossível para salvares os bebés...

— Vou entrar já te chamo...- e assim seguiu a maca onde Angie ia desacordada.

Henrique chegou um pouco depois com uma Ludmila ainda bastante nervosa, assim que viu Paula juntou-se a ela. E apenas com um olhar que perguntava onde estava Angeles, Paula indicou-lhe o lado de lá de uma porta. Henrique deu-lhe um abraço e seguiu pela mesma porta que Martina seguira com Angie.

— Porque é que não podemos entrar, eu quero estar perto de Angie...

— Nós não podemos...

— Ela não os pode perder, ela não vai suportar...

— Ludmila, sei que está a ser difí­cil, que gostas muito da Angeles, porém tens que ser forte. Se o pior acontecer, tens que ser forte por ti e por ela.

Na sala onde estava Angie, Martina fazia uma ecografia uma vez que a hemorragia já tinha sido controlada, quando Henrique entrou esta ficou admirada: Paula preocupar-se era estranho mas normal, era mulher e um aborto era algo complicado para todas as mulheres; contudo Henrique interessar-se por aquela mulher era no mí­nimo algo peculiar.

— Desculpa, posso assistir?- Pergunta Henrique algo temeroso, pois não queria dar muitas explicações.

— Sim, mas ainda gostava de saber quem é ela para que tu e a tua mulher tenham tantas preocupações com ela.

— Martina, depois mais tarde eu explico. Neste momento só quero saber como ela está.

— Ia começar a fazer agora a fazer a Eco...- e enquanto vão dando iní­cio ao exame alguém mais entra no quarto, sem que eles deem conta...- Parece que foi apenas um pequeno deslocamento da placenta, provavelmente originado por um momento de mais ansiedade...

— E os bebés estão bem? Não há perigo de aborto?

— Não. Eles estão óptimos...mas ela vai precisar de muito descanso, a tensão dela também não estava muito boa. E agora que já sabemos que está tudo bem com ela posso saber a razão para toda esta loucura?

— Eu não posso dizer-te, não me compete a mim...

— Pois a mim vais-me dizer. Porque eu gostava muito de saber o que faz a minha sobrinha em Rosário? No meu Hospital? E Grávida?

— Pai! Como assim sobrinha...

— Estou à espera Henrique. O que é que Angeles está a fazer aqui? Porque é que eu não soube de nada...

— Roberto, eu não posso, não é a mim que me compete dizer...e depois  nem eu sei da história toda. Ela simplesmente apareceu lá em casa.

— Pai...esta é Angeles...como é que eu não a reconheci. Meu Deus...

— Tu eras relativamente nova quando eles se foram embora para Buenos Aires.

— Eu sabia que a conhecia de algum lado, mas...não me lembrava de onde...

— Martina, trata da tua prima por favor, eu vou ter uma conversa com o Henrique e com a Paula. Onde é que ela está?

— Lá fora, com a Ludmila.

— Quem é...esquece, vai busca-la e leva-a ao meu gabinete. Vamos deixar Angie descansar.- E virando-se para a filha...- Quando acabares vai ter connosco ao meu consultório.

E enquanto Henrique se dirigiu até a recepção, Roberto encaminhou-se até ao seu consultório, não sabia o que se passava porém de uma coisa ele sabia tinha que falar com Cristina. Apesar de tudo o que se passou entre ela e Miguel, Angeles era sua sobrinha.

"- Estou Casa Castillo."

"- Soledad, sou eu. A minha esposa está em casa?"

"- Dr. Roberto, sim ela está no jardim com a menina Marisol, vou chamá-la."

"— Obrigado Soledad...- e ficou um tempo á espera até que a esposa atendesse."

"— Roberto. Passa-se alguma coisa? Acabaste de sair de casa?"

"- Preciso que venhas até cá, mas não digas a ninguém que vens ao hospital."

"— Roberto Castillo! O que é que se passa? Eu conheço-te e estás a esconder-me alguma coisa..."

"— Prometo que não te estou a esconder nada, apenas não te quero contar por telefone, e não quero que mais ninguém aí de casa saiba."

"— Tudo bem, eu vou já...e espero que não me estejas a enganar. Amo-te."

"- Também te amo, até já"

Assim que acaba o telefonema batem à porta, ele já sabe quem é, e logo entram Henrique, Paula e uma rapariga, provavelmente a tal Ludmila. Roberto olha para ela e não a reconhece, quem será que é? Uma amiga de Angie? Não parece muito nova para ser amiga da sua sobrinha.

— Bom Dia Paula, gostava de perceber porque é que eu tive que saber das novidades desta forma.

— Dr. Castillo...eu...

— Roberto, afinal estamos a falar da minha sobrinha que também é tua prima, vamos deixar as formalidades para depois.

— Sobrinha...- diz Ludmila que até aí­ se mantinha silenciosa...- Paula, a Angie ela não te vai perdoar...tu quebraste a promessa que lhe fizeste...tu traíste-a.

— Eu não sei quem tu és, mas a Angeles é minha sobrinha e eu tinha todo o direito de saber que ela estava tão perto de mim.

Ludmila estava pronta para lhe responder, afinal ele era irmão de José, quem lhe garantia que ele não fosse telefonar àquele homem, àquele monstro e dizer-lhe onde elas estavam escondidas...contudo Paula interveio antes...

— Tem calma. Roberto esta é a Ludmila, ela é filha adoptiva do Gérmen...

— Do meu sobrinho Gérmen...mas ele também está cá? Onde é que ele está?

— Não, o Gérmen está...

— Não interessa onde ele está...-interrompe Ludmila...- Não interessa...não podes contar nada, não podes...- e as lágrimas começam a descer compulsivamente...- ele vai estragar tudo, não podes...

— Tem calma Ludmila. Roberto, eu vou tentar explicar...mas não me interrompa por favor...- e nessa altura entra no consultório Martina seguida da sua mãe Cristina.

— Roberto podes-me explicar o que se passa, encontrei a nossa filha que pelos vistos já sabe o que se passa e que não me quis dizer nada.

— Cristina...não era para mais ninguém saber...- diz Paula já algo assustada ao perceber que tudo estava a sair do seu controle

— Saber o quê? Porque eu ainda não percebi o que me estão a esconder.

— Cristina, a Angeles está aqui no hospital...

— A Angeles? Tu queres dizer a minha sobrinha Angie está em Rosário, aqui no hospital...não, meu Deus! Não pode ser...mas como? Quando? Ela está doente...

— Ela está bem dentro dos possíveis. Em relação ao restante a Paula ia começar a contar...se fizeres o favor.

— Não.- Grita uma Ludmila completamente descontrolada...- Tu não vais contar nada, não vais...a Angie não ia querer...e ele...ele vai descobrir...e vai tirar os bebés...ele leva-os...tu não podes...não podes...

— Quem é esta miúda? Ele quem? E vai levar que bebés?

— Henrique podes levar a Ludmila até ao teu consultório, dá-lhe qualquer coisa, ela está muito nervosa...- diz Paula ao marido e olhando bem fundo para Ludmila...- O que estou a fazer é para o bem de Angie...talvez possamos todos juntos resolver toda esta confusão, por favor confia em mim.

Embora relutante Ludmila acabou por seguir Henrique e confiar em Paula, talvez ela tivesse razão, talvez todos juntos eles conseguissem uma solução para toda aquela história. Afinal aquele tal de Dr. Roberto mesmo sendo irmão daquele homem, daquele "monstro"...mostrava-se verdadeiramente preocupado com Angie. Talvez ele as ajudasse e conseguissem voltar a estar todos juntos, ou talvez não...contudo naquele momento decidiu confiar em Paula, ela conhecia-os melhor e se ela confiava neles por muito que lhe custasse naquele momento não tinha como argumentar.

Depois de Ludmila sair, ficaram só os 4: Paula, Cristina, Martina e Roberto. Paula começou por contar toda a história que Angie lhe tinha contado desde o início, desde o dia em que saí­ram de Rosário. Cada palavra que Paula dizia era um corte no coração daquelas três pessoas: de dor, mágoa, tristeza, compaixão. Mas quando Paula chegou à última parte da história em que José conseguira ficar com a custódia de Violetta e de Clara. Roberto deu um murro na mesa. Ele não podia acreditar no que o irmão se tornara, no que toda aquela raiva, todo aquele rancor transformara o coração daquele que um dia ele chamara de irmão.

— Eu não sei...não sei o que pensar. Estou...estou sem palavras.- Disse uma Cristina completamente desnorteada com o que acabara de ouvir.

— Pois eu sei o que dizer, sei o que pensar e sei o que fazer. Se o meu irmão pensa que isto vai ficar assim, ele está muito enganado. Chega de ódio, chega de tanta maldade.

— Roberto, ele não pode saber que a Angie está aqui. Se ele sonha que a Angie está grávida ele tira-lhe estes bebés, assim como lhe tirou Clara.

— Eu não vou fazer nada sem falar com Gérmen e com Angeles, mas isto não vai ficar assim, não vai mesmo chega o que ele fez sofrer Gérmen e Maria...ele não vai estragar de novo a felicidade do meu sobrinho, não vai mesmo.

— Pai, a Angie não pode sofrer mais nenhum surto de ansiedade...a tensão dela não está boa, pode haver o perigo de pré-eclampsia, e sendo uma gravidez de gêmeos o risco aumenta.

— Amor, porque não ligas ao Gérmen, tenta com ele encontrar uma solução, sei lá contratar novos advogados...

— Sim, eu vou fazer isso, ainda hoje. Tens o contacto do Gérmen, Paula?

— Não, mas a Ludmila tem de certeza, mas duvido que ela lhe dê...ela é muito protectiva em relação a Angie.

— Eu posso tentar falar com ela...- nessa altura entra Henrique com Ludmila, aparentemente um pouco mais serena.

— Querem falar comigo sobre o quê?- Pergunta Ludmila entrando e sentando-se junto de Paula...

— O Roberto, ele quer o número de telemóvel do Gérmen...

— Para quê?- e virando-se para o tal de Roberto pergunta-lhe de novo...- Para que quer o número do Gérmen?

— Ludmila, certo?- esta assente se bem que continua desconfiada sobre o porquê de todo o interesse que o tal Dr. Roberto Castillo mostra em falar com o sobrinho...- Sei que não me conheces, e sei que apenas os queres defender a Gérmen e a Angie, mas acredita a única coisa que quero fazer é ajudar-vos...

— Ludmila o meu nome é Cristina, sou tia da Angie, sou irmã do pai dela...

— Que foi a origem de todo este drama, esse e o José, que deve ser o quê seu...

— O José é meu irmão...e deves estar a achar tudo isto estranho, mas quer eu quer a Cristina tínhamos e temos uma relação algo especial com os nossos irmãos.

— E o facto de terem essa relação especial...vai-me fazer confiar em vocês. Não é assim...

— Nós sabemos minha querida...- diz Cristina bastante calma mas visivelmente abalada com tudo o que descobriu...- Mas por favor acredita, não é fácil ficar a saber tudo o que a minha sobrinha sofreu sem que soubéssemos...

— Não, isso não é verdade...- e virando-se para Roberto...- ele sabia o que Angie sofreu com a morte do pai, ele esteve lá, ele ajudou Angélica.

— Sim, é verdade nós soubemos da morte do Miguel, que foi Angie que o descobriu...mas nunca poderíamos se quer imaginar que ela escondeu o que se tinha passado na realidade, que o Miguel se tinha...se tinha...

— Se tinha matado...que morreu à frente da própria filha, dizendo-lhe que ela nunca deveria ter nascido, que ela tinha sido um erro na sua vida.

— Ludmila, a única coisa que os meus pais querem fazer é ajudar-vos, a vocês os seis...para poderem ser de novo uma família...-disse Martina olhando bem fundo nos olhos de Ludmila...- Não é isso que tu queres também?

Ludmila fica a pensar no que ouviu, em todos os prós e em todos os contras...para ganhar a José toda a ajuda era preciosa. Angie nunca quisera que o Tio soubesse que ela estava na mesma cidade, mas o primeiro plano dela tinha passado por aí­, ela mesma tinha tido a Gérmen que viria para Rosário procurar o Tio Roberto, que tinha a certeza que ele os poderia ajudar. Ela não sabia o porquê da mudança de planos, mas se ela colocara essa hipótese então talvez não fosse uma má ideia ter a sua ajuda, e eles pareciam bastante preocupados e empenhados em ajudar.

— Tudo bem eu vou dar-vos o contacto do telemóvel do Gérmen, mas têm que me prometer que Angie não vai ficar a saber de nada disto. Ela não pode perder estes bebés...e eu farei tudo para que isso não aconteça...

— Podes contar connosco...

— E em relação a todos vocês, ela vai perceber que está no hospital e que vos vai poder reencontrar...

—Não te preocupes, no iní­cio vou só estar lá eu e a Paula.- Diz Martina...- Depois aos poucos vamos ambientando-a aos restantes membros da família.

— Não.- Diz Cristina, parecendo desesperada...- Eu não vou conseguir aguentar ficar á espera para ver a minha sobrinha de novo...foram mais de 20 anos sem a ver, sem ter nenhum contacto. Nem ao enterro de Maria pude ir, porque o meu irmão nos proibiu...

— Cristina é para o bem de Angie. Por favor, ninguém te está a proibir de a ver, apenas a pedir que esperes mais uns dias.

Se bem que contrariada, Cristina cedeu, afinal o que seriam mais alguns dias depois de mais de 20 anos à espera deste reencontro. Ludmila por sua vez pela primeira vez depois de semanas acalentava uma certa esperança: de poderem voltar a ser uma famí­lia como sempre foram...não, não como sempre foram...maior, uma famí­lia bem maior, com avós, tios, primos...tudo o que sempre sonhara.


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Notas finais do capítulo

Corrigido...
O Próximo capitulo está a ser escrito...Como será que Angie irá reagir? O que fará Gérmen quando vir o seu pai? E Vilu irá com o avô?



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