Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 28
Capítulo 13 - A Fuga (Continuação)


Notas iniciais do capítulo

Capítulo anterior editado...este é a continuação que sei que demorou.
PEço desculpa mas tive muitas coisas para fazer. Nova história para um concurso (que infelizmente não ganhei), tratar das sobrinhas, uma depressão que me deixou sem animo para nada...
Vou tentar ser breve...



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Ludmila acorda com o som de alguém a gemer...Angie...levanta-se rapidamente e encontra-a sentada no chão da casa de banho bastante pálida. Ludmila não sabe o que fazer, será que devia chamar alguém?

— Angie! Angie, estás bem? O que queres que eu faça, por favor estás a assustar-me...

— Desculpa Ludmila...eu estou bem. São os enjoos matinais, nada grave...a sério tem calma...

— Calma! Tu estás sentada no chão da casa de banho a deitar fora tudo o que comeste durante dias, estás mais branca do que a parede e pedes que tenha calma?

— Ludmila...respira fundo. Eu estou bem...ajuda-me só a ir para a cama.

— Tens a certeza? Não é melhor ir para o hospital? Angie tu estás com péssimo aspecto...

— Obrigada pelo elogio. Agora podes ajudar-me por favor? - Ludmila ajuda-a a levantar-se e caminham as duas até ao quarto de Angie. Assim que esta se  deita, Lu encaminha-se para a porta deixando que Angie descanse.

— Se precisares de alguma coisa chama-me. Vou para a sala...

— Ludmila...- ao ouvir Angie chamar vira-se para esta...- Porque é que não te deitas aqui comigo...por favor.

— Com uma condição?- Angie olha para ela...- Assim que estiveres melhor vamos ao médico...e vais me deixar escolher o nome dos bebes...

— Não sei...a Vilu também vai querer escolher...que tal assim: tu sugeres dois nomes um para rapaz outro para rapariga, a Vilu faz o mesmo e depois eu e o Gérmen escolhemos.

— Hum! Parece-me justo, posso dar já a minha sugestão?

— Podes, mas lembra-te, quem tem a palavra final sou eu e o Gérmen.

— Ok. As minhas sugestões são: Sofia e Martim...

— Sofia e Martin...gosto.- diz Angie sorrindo e abraçando-se a Ludmila.- Obrigada por tudo, por estares comigo, por te sacrificares e protegeres Clara...

— Não tens que me agradecer Angie, para mim a Clara é como se fosse minha irmã assim como Vilu já o é. Vocês são a minha família...

— Lembrei-me agora...temos que ir às compras, não podemos comer pizza todos os dias.

— Angie ainda agora estavas a deitar toda a comida que tinhas no estômago para fora e já estás a pensar em compras?

— E ainda não viste nada,  quando estava grávida de Clara obrigava Germen a levantar-se a meio da noite e fazer as coisas mais malucas...

— Nem penses em repetir o mesmo...não me vou levantar para satisfazer os teus desejos...

— Combinado...mas agora vamos arranjar-nos, fazer a lista do que precisamos e a seguir...compras.

— Estás a esquecer-te de uma coisa? - Angie olha para Ludmila com um ar interrogativo...- Médico? Tens que marcar uma consulta.

— Ludmila! Tudo bem, quando voltarmos das compras, prometo que trato do assunto...agora vai te vestir.

Depois de se arranjarem, e fazerem a lista do que iriam precisar, desceram o elevador. Quando chegaram ao átrio encontraram o Senhor Óscar, a quem perguntam onde ficava o supermercado mais próximo e também onde poderiam tomar o pequeno almoço. O simpático porteiro indica-lhes um café bem na esquina onde podiam comer. E deu-lhes também as indicações para o supermercado que não ficava muito longe do café. E assim as duas seguiram o seu caminho a pé, já que o carro de Angie estava guardado na garagem.

Em Sevilha, Germen decide finalmente ir ter com a filha. Violetta tinha o direito de saber a verdade, até porque essa a envolvia a ela também...tudo podia mudar se José as encontrasse. Claro que faria de tudo para o impedir, Germen não queria perder as filhas e iria lutar com a sua própria vida se chegasse a esse ponto. Quando chegou ao quarto conseguiu ouvir risos, pelo menos pensou, Vilu estava animada e feliz naquele momento. Quando entrou viu algo, que achava nunca mais na vida pudesse ver: uma Violetta com uns grandes bigodes de chocolate e as mãos todas sujas...

— Parece que andei uns anos para trás no tempo...- disse Germen sorrindo...- Nunca pensei voltar a ver essa cara...- diz Germen sorrindo para Vilu. Tatiana e Frederico viram-se e também eles estão lambuzados de chocolate...- Parece-me que andaram a fazer tudo menos a comer chocolate...já  olharam bem para a vossa cara.

— A culpa foi da Vilu...foi tua.- diz Frederico olhando para Vilu com um olhar de gozo...- Não foi Tati? Ela é que começou...

— Pois foi Tio, a Vilu começou...e depois nós também entrámos na brincadeira e...

— Vocês! Papá não acredites neles, o Frederico é que teve a ideia e...

— Eu não quero saber quem começou...-  e tirando o telemóvel do bolso rapidamente tirou uma foto dos três...- mas quero ficar com uma recordação...e vou enviá-la para a Angie.

— Não papá, por favor apaga essa foto...por favor...

— Bem acho melhor nós irmos lavar a cara Tati...até já Vilu.

— É acho melhor lavarem-se. Frederico, podes pedir ao Leon para vir ter connosco por favor? - este acente e sai... - Agora vamos lavar essa cara Dona Violetta...- Germen pega numa toalha e começa a limpar a cara de Vilu.

— Papá, vais-me contar o que é que se passa? Conheço-te e sei que me estás a esconder alguma coisa.

— Vamos só esperar que o Leon chegue, pode ser? Prometi-te que nunca mais te iria esconder nada e vou cumprir essa promessa.

— Sabia que me estavas a esconder alguma coisa? Papá, é sobre a Angie? Aconteceu alguma coisa? Papá, diz-me não aguento mais...

— Vilu tem calma...vamos esperar pelo Leon...- alguém abre a porta e para além de Leon entram Rodrigo, Luís, Luzia e Rosário...

— Desculpe Germen, tentei vir sozinho mas, NINGUÉM me deu ouvidos...

— Se lhe vais contar a verdade Germen quero estar presente.- diz uma Rosário decidida. - O Rodrigo e o Luís estão aqui como médicos...

— Eu só vim porque a mãe me pediu para estar com ela...- diz Luzia...- mas antes, Violetta queria pedir-te desculpa...fui muito dura contigo e não merecias.

— Também não fui muito simpática contigo Tia...- Luzia ficou sem palavras, Vilu tinha a finalmente aceite...e sem hesitar chegou-se perto dela e abraçou-a.

— Obrigada...Angie tinha razão, tu és especial...- E de novo se abraçaram.

— Pai, podes agora acabar com todo este suspense, e contar-me de vez o que tens a contar.

— Tudo bem, mas vais deixar-me falar até ao fim...não vais interromper e principalmente vais manter-te calma...

— É um pouco complicado estar calma, podes por favor dizer o que tens a dizer...

— Como te disse quando acordaste a Angie foi a Buenos Aires falar com a tua avó Angélica. Não sabíamos quando ou mesmo se irias acordar.

— Mas ela acordou, e se Angie não tivesse ido para Buenos Aires, não estaríamos a ter está conversa...

— Mamã se não queres ajudar, pelo menos não atrapalhes...

— Papá...podes dizer-me de uma vez o que se passa? 

— Vilu, não sei dizer-te isto, o que se passou é que a Angélica descobriu que "fugimos" e ficou zangada. Então decidiu unir-se ao teu Avô José e...conseguiram,  ganharam a vossa guarda...

— Papá, não quero...ele vai proibir-me de cantar, de tocar, não me vai deixar estar com o Leon. E a Clara?

— Vilu, ouve o teu avô não sabe onde estamos e se for preciso vou até ao fim do mundo, mas não vou deixar que ele fique contigo ou com a Clara.

— E quando é que a Angie volta? Ela vai voltar não vai?

— Não princesa, infelizmente eles ficaram a saber que a Angie fugiu connosco, por isso a tua tia não pode voltar para cá...

— Então vamos viver assim? Separados, não papá tem que haver uma solução...tem que haver.- e começam a cair-lhe as lágrimas...- Eu quero a Angie, quero...a minha mãe...papá, não posso...sem ela...

— Vilu...- abraça-a como se pudesse de alguma forma com aquele abraço a pudesse proteger de toda a dor...- Eu gostava que houvesse uma forma de ficarmos todos juntos...

— Porquê? Porquê é que o avô é assim? Ele destruiu tudo...
Germen abraçava Violetta, tinha que a tirar daquele sofrimento...tinha que a fazer sorrir, de repente lembrou-se, sabia exatamente o que lhe dizer para a fazer feliz...ou pelo menos um pouco mais feliz. Mas esta era uma conversa entre os dois, apenas eles os dois iriam ficar a saber.

— Por favor, podem deixar-me sozinho com a Vilu...- Disse Germen olhando para todos os que estavam no quarto. - Todos sem excepção saíram, até mesmo Leon a quem Germen fez sinal, como que a dizer que ela ficaria bem. Assim que saíram Germen sentou-se ao lado de  Vilu,  e deixaram-se estar assim adormecendo.

Assim que acabaram de fazer as compras, Angie e Ludmila voltaram de novo para casa. Quando chegaram junto do simpático porteiro este ajudou uma Ludmila carregada, já que esta não deixou Angie pegar em muitos pesos. Abriram a porta de casa pousaram os sacos e agradeceram mais uma vez ao Senhor Óscar. Depois de arrumarem tudo Ludmila pegou no telemóvel de Angie...

— Prometeste que depois das compras ias ligar a um médico.-disse uma Ludmila com um ar decidido mas dando um leve sorriso.

— Sim, prometi. Mas nem sei a quem ligar...pensei que podia perguntar à Paula, a minha prima, talvez ela conheça algum...

— Angie...tens que marcar uma consulta. Por ti...mas principalmente pelos bebes.

— Eu sei, e se fôssemos neste momento lá acima falar com a minha tia...

— Angie...não me vou esquecer...e muito menos deixar de te chatear...

— Acho que apanhaste a mesma doença que a Vilu, sabias...melguice aguda...- e com esta saída de Angie, ambas saíram de casa rumos ao andar de cima.

Ambas estavam nervosas, se bem que por motivos diferentes, Angie há mais de quinze anos que não via a Tia, e Ludmila tinha algum receio que está fosse contar alguma coisa a Angélica. Chegaram à porta...olham uma para a outra...Angie respira fundo e toca à campainha.  Quando abrem a porta aparece uma senhora de avental, devia ser a tal Rosa de quem o porteiro falou.

— Boa Tarde, posso ajudar? - disse Rosa, sem saber com quem estava a falar...

— Boa Tarde, nós...moramos no andar aqui debaixo...queria...gostava de falar com a Dona Milagros?

— Ah! Claro, o Óscar já me tinha dito à Senhora que viriam cá. Por favor entre. Pode esperar no escritório, por aqui. Vou chamar a Senhora...

Enquanto Rosa ia chamar Milagros, Angie e Ludmila olham para as fotos que estavam no escritório...algumas pareciam recentes, Angie conseguia reconhecer os tios, o avô Nico e Paula...olhou para uma onde estavam todos estes mais um homem, que Angie percebeu que seria o marido da prima,  e três crianças que deveriam ser filhos de Paula. A mais velha era a cara de Paula, pelo menos do que Angie se lembrava. Olhou então para uma estante onde estava uma foto de Maria e dela, e atrás da moldura um álbum, na lombada podia-se ler "Álbum Maria e Angeles", esta retirou-o e começou a vê-lo...Ludmila juntou-se a Angie, que lhe ia dizendo quem eram as pessoas nas fotos.

— Esta parece a Vilu...e esta a Clara.

— Mas ou eu e a Maria...

— Angie, do que tens mais saudades? Da Maria, do que tens mais saudades?

— Não consigo dizer-te apenas uma coisa Ludmila. A Maria era...muito mais que minha irmã, era minha amiga, minha confidente...era...olha este é o avô Nicolas e está a avó Rosa.

— Tens pena de te teres afastado...ou sentes raiva por te terem forçado a afastar...

— Era pequena quando saí daqui, mas lembro-me que todos os dias perguntava a Maria quando é que o avô e a avó nos iriam visitar...

Estavam de costas para a porta, e tão distraídas, que nem se aperceberam que a porta se tinha aberto e que Milagros estava à porta parada a olhar para Angie. Ludmila, deixou Angie a ver o álbum e virou-se...nessa altura viu alguém muito semelhante a Angélica...

— Angie...- mas Angie estava tão imersa no álbum que nem a ouviu...- Angie...Angie...

— O que foi Ludmila?- pergunta Angie olhando para Ludmila, e apenas nesse momento percebeu o porquê desta a chamar insistentemente.

— Angeles, és mesmo tu...a minha pequena Angie.- Milagros não a deixa sequer falar, vai até Angie olha-a bem nos olhos e não tem duvidas aqueles  olhos são os da sua Angie...- Continuas com o mar nos olhos...

— Tia, nunca pensei que me iria reconhecer tão depressa...- os olhos de Angie já estão marejados de lágrimas, mas desta vez são lágrimas de felicidade e não de tristeza.

— Estes olhos são únicos meu anjo...nunca poderia esquecer deles.- e abraça-a como se esta fosse desaparecer de novo...- o teu tio ele vai ficar tão feliz...e o teu avô...a tua mãe? Ela veio contigo? E está menina...não me digas que é a Violetta...

— Tia por favor tenha calma...está a fazer tantas perguntas ao mesmo tempo...está não é a Violetta, é a Ludmila...

— Prazer...sou a Ludmila.- e apresenta-se  a Milagros...- Sou uma espécie de filha do Germen...

— O Germen...Castillo, o marido da tua irmã? Mas...

— Tia...podemos sentar-nos primeiro eu explico tudo prometo.

Quando por fim se instalaram as três, Angie começou por contar tudo o que acontecerá depois da morte de Maria: a fuga de Germen, a morte de Miguel, as buscas que tanto Angie como Angélica fizeram ao longo de anos fizeram a Germen, o reencontro com Vilu, as mentiras que contou para estar junto dela, como conseguiu mudar a vida da sobrinha e em como esta finalmente encontrou a sua vocação. Depois veio talvez a parte mais complicada o seu envolvimento com Germen, mas ao contrário do que está esperava Milagros não a recriminou, e quando viu a foto de Vilu e de Clara as lágrimas caiam-lhe.

— Mas ainda não me respondeste a uma pergunta: onde está a tua mãe? Ela veio contigo?

— Não tia, a mamã não veio comigo...aliás eu vim para cá para me esconder dela...e do José, o pai do Germen.

— O José...Castillo? A tua mãe e o José...eles estão...

— Não sei tia...mas o José quando ficou a saber que eu e o Germen nos tínhamos casado ficou...

— Doido...maluco...passado da cabeça...

— Ludmila...

— O que foi Angie, não estou a dizer mentira nenhuma. Aliás não sei como é que o Germen pode ser filho daquele homem...

— Do que me lembro do José...era uma pessoa complicada...com um feitio difícil. Mas imagino que ele não tenha gostado muito, lembro-me bem que nem foi ao casamento da tua irmã com Germen.

— Ele ameaçou o Germen, colocou-o entre a espada e a parede: ou acabava como nosso casamento ou contava tudo o que sabia sobre o meu pai...

— Angie, o que é que o José sabia sobre o teu pai?

Ludmila, olhou para Angie nessa altura, e deu-lhe a mão de maneira a encoraja-la a continuar. Milagros absorviam cada palavra de Angie completamente incrédula, nunca pensara que toda aquela história um dia chegasse aos ouvidos de Angie. E não podia acreditar que José pudesse chegar tão longe, chantageando o próprio filho. Porém, o pior ainda estava para vir...ao saber que José tinha pedido e ganho a guarda de Vilu e de Clara com a ajuda da irmã. Como é que está se podia juntar àquele homem...e contra a própria filha.

— Quando soubemos que Vilu podia não acordar do coma, eu pensei que a minha mãe tinha o direito de estar junto dela...então voltei para lhe contar tudo e levá-la...

— Mas percebeste que ela já sabia de tudo...e que estava do lado de José.

— Sim, eu por um lado percebo-a...- quer a tia quer Ludmila olharam para ela...- não estejam a olhar para mim assim, nós já tínhamos ficado sem a Vilu durante anos...ela teve medo que tudo se voltasse a repetir com Clara.

— Mas...quando percebeu que tu tinhas ido com Germen não te defendeu e ainda te ameaçou em ir à polícia Angie.- diz Ludmila com um ar de desagrado e revolta mesmo.

— Ela tem razão...por muito que me doa dizer isto...Angélica é minha irmã e apesar das nossas desavenças continuei sempre a gostar dela...mas ela virou-se contra ti...contra a própria filha.

— Ela continua a ser minha mãe...e apesar de tudo...não consigo deixar de gostar dela.

— Angie...se percebi bem tu fugiste de Buenos Aires para não teres que responder a mais perguntas. Achas mesmo que este é o melhor sítio para te esconderes?

— Ninguém sabe desta casa tia...Maria comprou-a quando Vilu nasceu, está em nome dela e eu tenho usofruto. Nem o Germen sabe que Maria a comprou.

— A tua irmã...sempre te fez as vontades todas, aliás todos te mimavam, mas quem é que te conseguia dizer que não.

— O papá era o único que com apenas um  olhar me colocava na ordem.

— Almoçam cá certo...vou dizer à Rosa para colocar mais dois pratos na mesa. E vou chamar o teu tio, ele vai ficar tão feliz...e o teu avô...

— É melhor primeiro chamar o tio...depois vamos ver o avô Nico...

— Talvez tenhas razão...- e Milagros saiu do escritório com um sorriso maior que o mundo, nem queria acreditar que a sua menina estava de volta.

Quando Milagros voltou a entrar, vinha com Sebastian...que ao ver Angie não conseguiu evitar as lágrimas, e tal como a esposa ao olhar para aqueles olhos, ficou hipnotizado. Era impossível esquecer aquele azul cor do céu e do mar, como tinha tido saudades daquela menina de cabelos loiros como o sol e olhos azuis cor do céu, e ao ver o seu sorriso foi como se recuase no tempo...aquela era sem duvida a sua sobrinha traquina de sempre. Chegou perto da sobrinha colocou cada uma das suas mãos nas bochechas de Angie e fixou-se no seu olhar azul esverdeado dos seus olhos...e ao fim do que lhe pareceu a si horas abraçou-a.

— Angeles...minha menina. Meu Deus...és mesmo tu, és mesmo tu princesa.

— Tio "Bas", estás na mesma...

— Segundo a tua Tia estou mais velho e casmurro...

— E está mesmo...- diz Milagros juntando-se aos dois.

— Então, e como estás? Casaste? Tens filhos?

— Sebastian, para já com o interrogatório, credo pareces um inquisidor...- este olha para a esposa e faz-lhe uma cara feia...

— Tia...foram muitos anos e eu percebo que o tio queira saber o que me aconteceu...afinal a ultima vez que nos vimos foi...

— No dia do funeral de Maria...- diz Milagros com um ar triste.

— Sim...mas tantas coisas boas aconteceram depois disso...- e começa assim a contar tudo o que aconteceu depois desse dia até chegar ao momento em que fugira para Rosário.

— Eu nem acredito que a Angelica se uniu a José...para te tirar a tua filha...

— A mamã está com medo, ela nao quer passar pelo que passamos, quando Germen fugiu com Vilu...

— Angie...vocês nao fugiram porque quiseram, mas porque foram obrigados.- diz Ludmila que, até aquele momento se mantivera calada sem se intrometer.

— Por muito que me custe admitir, pois Angelica é minha irmã, a Ludmila tem razão. Mas e se agora fossemos ter com o teu avô.

Tinha chegado o momento de revelar a sua presença ao avô, era talvez aquele que Angie mais ansiava, mas também aquele que mais temia. O avô era e sempre fora o seu herói, e ela sempre fora a sua princesa, contudo, Angie tinha medo da sua reacção...que toda esta situação do seu retorno fosse demasiado para ele. Tinham decidido que Milagros e Sebastian entrariam primeiro na sala e que lhe diriam que tinham uma visita, alguém que ele há muito tempo queria rever...e nessa altura Angie entraria.

— Papá, olha só o que encontrei? - Milagros entrega uma foto a Nicolas, uma foto de Angeles.

A última que Milagros tinha conseguido tirar, nunca mais esquecera aquele dia: o dia após o enterro de Maria. Milagros e Sabastian tinham ido até casa de Rosário e de Miguel para se despedirem, e após mais uma discussão entre as duas, Milagros viu Angie sentada à porta, com um miudo mais ou menos da mesma idade. Contudo, antes de se despedir da sobrinha retirou uma pequena máquina fotográfica e tirou aquela foto.

— A minha Angie...a minha princesa...a tua irmã pode ter errado muito na vida, mas a única coisa que não lhe perdoou foi o me ter afastado das minhas netas.

— Papá...e se a Angeles voltasse? Se houvesse uma hipótese de a voltares a ver?

— Minha querida...nesse dia diria-te que podia ir ter com a tua mãe...- e deixando uma lagria cair...- Pensando bem, e apesar de ter muitas saudades da minha Rosa, tinha primeiro que matar as saudades da minha princesa.

E nessa altura com.um sinal de Sebastian, Angie entra, e com lagrimas nos olhos por ver o seu heroi de novo...

— E se não tivesses que esperar mais...e se pudesses matar essas saudades já? - diz Angie ajoelhando-se junto de Nico.

— Angeles! Angie, minha princesa és mesmo tu...- e mais uma vez e tal como os tios o fizeram, Nicolas perde-se naqueles olhos cor de mar...- Continuas a ter o mar nos olhos...

Não há mais o que falar, não há mais o que olhar...apenas sentir...sentir a sua princesa nos seus braços, sentir todas aquelas saudades a  desaparecer, apenas sentir-se feliz e realizado. Angie também não podia estar mais feliz naquele momento,  nunca pensara voltar a rever o avô muito menos poder abraçá-lo, sentir de novo todo aquele carinho que só ele lhe conseguia transmitir num só abraço. De repente, começa a sentir o avô soluçar...

— Espero que essas lágrimas sejam de alegria e não de tristeza, porque as minhas...- diz Angie limpando as lágrimas que lhe tinham caído dos olhos durante aquele abraço...- são de alegria...

— São de alegria minha princesa...- e recompondo-se da,surpresa de a ver...- mas conta-me como vai a tua vida? Casaste? Tens filhos? Eu tenho mais bisnetos?

— Calma, nao te chegam os três da Paula?

— Como é que tu sabes dos...a tua tia claro...

— Na verdade vi as fotos no escritório. Mas para além desses tens a Violetta...

— A filha de Maria, eu já nem me lembro dela. Mas também só a vimos uma vez. A Maria e o marido...como é que ele se chamava?

— Germen...- respondeu Angie

— É isso, eles vieram cá ver-nos, com a bebé. A tua avó ficoubtao emocionada...- Angie nunca soube desta história, porque é que a Maria não lhe dissera que tinha vindo ver os avós? Porque é que não a trouxeram também?

— Mas depois...nunca mais vimos nenhuma das duas. Tens uma foto dela, da Violetta? - ergunta Nicolau ansioso, Angie mostra-lhe uma foto onde estam as duas...- É igual...igual a Maria.

— Só na aparência e a cantar, canta tão bem como Maria. Mas o feitio, esse é igual ao de Germen.- Diz Angie dando um sorriso de orgulho.

— E tenho mais bisnetos? Ou ainda vou ter que esperar muito tempo...- e nessa altura, repara que está mais alguém na sala...- Essa menina que está ali, é tua filha? É minha bisneta?

— Para ser minha filha tinha que a ter tido muito...mas muito nova.- e Angie olhando para Ludmila que está algo acanhada, dá um leve sorriso...- Não avô, a Ludmila não é  minha filha...pelo menos de sangue, mas e uma filha do coração. Por isso acho que a podes considerar também tua bisneta.

— Então e que idade tem a minha mais nova bisneta? E o que é que fazes da vida?

— Tenho a mesma idade que a Vilu, que a Violetta e canto como ela, danço e estava até à pouco tempo a tirar um curso de italiano e um curso de Teatro em Itália.

— Já percebi que a música continua a ser parte desta família...- diz Nico...- E tu também te dedicaste à música Angie?

— Sim, mas de outra forma sou professora de canto...

— E canta tão bem como nós...aliás foi a melhor professora que um dia tivemos.- diz Ludmila abraçando-se a Angie.

— E mais alguma novidade...- Nicolas só queria mesmo saber se tinha mais bisnetos...e Angie achava tudo aquilo engraçado, a alegria que emanava de cada palavra que ele dizia, o brilho dos seus olhos...

— Papá...- Milagros já estava a ficar desesperada com todo aquele interrogatorio que Nicolas estava a fazer a Angie.

— Não há problema Tia, agora avô vai deixar-me falar até ao fim. - disse Angie virando-se para Nicolas, que apenas lhe sorri...- Para além destas duas Bisnetas crescidas, tem mais...- e olha para os tios, que não sabem ainda da sua nova gravidez...- três bisnetos...

— Três? Tenho três bisnetos?

— Bem na verdade tens uma bisneta e dois ingognitos já que ainda não sei se são meninos ou meninas.- e ao dar esta última novidade Angie coloca as suas mãos no ventre.

— Angie! Tu estás grávida? De gémeos? - pergunta uma Milagros completamente surpreendida e maravilhada.

— Sim. E antes que perguntes avô...- e tirando outra foto da carteira, mostra-lhe a foto onde está Clara...- esta é a tua bisneta Clara.

— Uma mini Angeles, se bem que com o cabelo um pouco mais escuro. E onde está ela? Quando é que a posso conhecer?

— A Clara...está com o pai. Eu decidi vir assim de repente e o...meu marido tinha algumas coisas para resolver... mas assim que possa ele vem ter connosco.

— E tu deixaste a tua filha tão pequenacom o pai? ANGIE...

— Ela está com o pai, que sabe muito bem tomar conta dela. Para além alem disso a minha sogra está com eles.

— Ah! Que bom...- todos se riem desta resposta e profundo alivio que sai e Nicolau...- agora que tal se formos almoçar, eu estou cheio de fome e a Angie também deve estar, afinal tem que comer por três.

— Comer...e deitar fora por três...- disse uma Ludmila sorrindo para Angie.

Todos se riram com aquela frase, afinal os primeiros meses da gravidez eram mesmo assim. E quer o apetite, quer os enjoos faziam parte, e apesar de ser talvez o mais desagradável, Angie não se importava de passar por tudo aquilo, pois no final dos nove meses teria nos seus braços os seus bebés, fruto do seu amor por Germen.

Durante a refeição, falaram de tudo...ou quase tudo...Angie ainda não tido coragem para dizer ao avô que ela casara com Germen, com o marido da sua irmã. Os tios tinham aceitado bem a situação...mas será que o avô Nico iria receber bem a novidade? Assim cada vez que falava dele dizia "o meu marido" ou "o pai da Clara". Ludmila e Nicolas tinham se entendido às mil maravilhas, parecia mesmo que se conheciam desde sempre...ambos com um humor sarcástico iam falando e atormentando-se reciprocamente. Milagros estava já completamente de rastos com aqueles dois, enquanto Sebastian e Angie apenas se riam das palhaçadas dos dois.

Logo depois do almoço resolveram ir para a sala e foi a vez de Milagros falar de Paula, do genro Henrique e dos netos. Falava de todos com um grande orgulho e com um brilho nos olhos...ficou a saber os nomes dos tres primos mais novos: Francisco, Mariana e Angeles. Paula era enfermeira e o marido, Henrique era médico, e coincidência ou não trabalhava com o Tio Roberto, o que fez Angie estremecer um pouco.

Passado um tempo Angie acabou por adormecer com a cabeça ao colo do avô Nico, Ludmila aproveitou para ir até à varanda enquanto Milagros foi tratar de algumas coisas na cozinha com Rosa. Sebastian depois de ter ido ao escritório tratar de alguns negócios reparou em Ludmila sozinha e foi ter com ela.

— Então, és filha do Germen? Nunca pensei que ele fosse do genero de pessoa que adoptasse...

— Não sou filha do Gérmen de sangue mas sou de coração...

— Desculpa não quis...

— O Germen não é a pessoa que vocês julgam. Ele errou sim, mas fe-lo por medo e por amor. E quando eu fiquei sem ninguém...ele acolheu-me apesar de tudo o que fiz de errado no passado...

— Eu não conheço bem o Germen. Vi-o tres vezes: no seu casamento com Maria, quando visitou Nicolau e Rosa para apresentar Violetta aos Bisavós e no dia do funeral de Maria.

— Mas julga-o pelas atitudes que ele tomou no passado?

— Sim...tens razão. Talvez não o devesse fazer, se Angeles está com ele...se ela se casou e tem uma família com ele, não deve ser muito mau...

— Bem na verdade ele era "um  carrasco"  mas mudou para melhor e essa mudança teve a mão de Angie...

— Ludmila eu não estou a acusá-lo de nada, simplesmente...como já te disse eu não o conheci assim tão bem...

— E como ouviu tantas coisas más sobre ele, julgou-o. Como disse o Germen deu-me uma família, um lar quando eu deixei de o ter...

— Gostas mesmo dele...- diz Milagros entrando na conversa...- mas sabes que nós apenas conhecemos duas versões do Germen Castillo: o que se casou com Maria e o que fugiu com a Violetta...e esse último foi muito cruel...

— Sim...mas voces não conhecem a melhor versão do Germen Castillo...- Sebastian e Milagros ficam a olhar para Ludmila...- a versão do Germen Castillo casado com Angie. Garanto-vos que é uma versão muito melhor.

— Será? Eu fico a pensar em toda esta história...será que ele ama de verdade a Angeles? Porque é que nao enfrentou o pai? Porque é que...

— Porque ele nao queria que Angie sofresse. Ele nao podia fazer nada: por um lado tinha o pai a fazer chantagem e a ameaçar a sua relação com Angie; por outro tinha Angie que não queria de jeito nenhum que a Angelica soubesse de toda esta história.

— E agora vivem longe um do outro: ele com as duas filhas mais velhas escondido e com a possibilidade de ser preso, e ela escondida, grávida e sozinha...

— Costuma-se dizer que mais vale só do que mal acompanhado. Por favor deem um voto de confiança a Germen. - Ludmila já não sabe o que lhes dizer para provar que aquele homem frio e severo de há uns anos já não existia.

— Tudo bem, até porque confio em Angeles. Conheço suficientemente bem a minha sobrinha para saber que ela só iria admitir esse amor se fosse algo verdadeiro. - disse Milagros com uma voz forte e convicta do que dizia.

— Vamos entrando, logo estaram aí os miúdos e a Paula não sabe que Angeles voltou. - acrescentou Sabastian

— Bem na verdade querido ela sabe...

— Não conseguiste aguentar pois não?

— Dona Milagros, se me recordo disse ao almoço que a sua filha era enfermeira?

— Ludmila, por favor sem o Dona. E sim Paula é enfermeira.

— A Angie, bem ela precisa de um médico, para acompanhar a gravidez. Acha que...

— Está descansada eu falo com a Paula...vamos?

E assim entraram em casa, na sala encontraram Nicolas e Angie folheando o Album de Fotografias, rindo e relembrando o passado.
Ludmila lembrou-se que tinha o espectáculo de Sevilha gravado no seu computador, e depois de dizer a Angie a sua ideia foi a casa buscar o que precisava. Montou tudo...e começaram a ver aquele que foi talvez um dos momentos mais felizes das suas vidas.


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