Capítulo Seis

— Edward? O que é que você está fazendo aqui? — eu tentei gritar, parecer ameaçadora, mas olhar seu rosto e perceber o tom da sua vez criou um grande nó na minha garganta, e minha voz não passou de um sussurro.

— Posso entrar?

— Claro — eu deixei a porta livre, me afastando sonolenta para a direita, e gesticulei para o sofá. — Por favor.

Ele se sentou, ainda inquieto.

— Bella, eu vim até aqui porque eu estou muito, muito preocupado. Alice viu seu futuro desaparecer algumas semanas atrás. Eu quis vir para cá imediatamente, mas Carlisle me fez não vir. Só que eu não conseguiria ficar longe por muito mais tempo...

— Alice me viu... morrer? — eu o cortei, paralisada.

— Não, não. Ela só não pode mais ver você.

Pensativa, eu me sentei ao lado de Edward no sofá, mas ele ficou rígido, então eu me afastei um pouco dele, embaraçada.

— Seu cheiro é apenas forte para mim. Eu estou bem.

— Tudo bem... — eu disse. — Edward, eu acho que sei por que meu futuro desapareceu. — Ele olhou para mim, uma sobrancelha perfeita arqueada. — Jacob e eu vamos nos casar.

Todo o corpo de Edward enrijeceu, ele não estava respirando. Ele não estava nem piscando. Agora havia nada se não uma estátua de mármore ao meu lado. Uma estátua incrivelmente bonita, porém. Eras se passaram antes dele falar outra vez.

— Parabéns. — Foi duro, doloroso, quase como um rosnado, não a linda voz aveludada que eu costumava ouvir. Senti lágrimas ardendo nos meus olhos.

— Edward, por favor, você não pode ao menos ficar feliz por mim — Eu chorei.

Ele bufou.

— Sim, Bella, eu vou ficar extremamente feliz por você. Não se preocupe com a minha máscara. É apenas o meu medo. Ele é perigoso para você.

Desta vez, eu funguei. Isso sempre acabou comigo e sempre acabaria. Era como um soco forte no estômago.

— Edward, você é um vampiro maldito. Seu objetivo é apenas matar pessoas. O objetivo de Jacob é as proteger!

A raiva e a dor brilharam nos seus olhos quando ele se levantou e apareceu do outro lado da sala. Eu rapidamente tropecei nas minhas palavras quando percebi o que tinha dito.

— E-Edward, eu sinto muito. Desculpe. Eu não quis dizer isso. Eu não... eu não.. eu apenas... apenas... — mordi meu lábio quando vi que era inútil. Ele continuava rígido longe de mim. Lágrimas desciam nervosas pela minha face. Levantei do sofá e caminhei, hesitando por um momento, depois indo até ele e o envolvendo com meus braços. — Edward, eu sinto muito. Você não é um assassino. Desculpe.

Seu peito continuou rígido, e ele tirou meus braços de si.

— Sim, eu sou, Bella. Isso é exatamente o que eu sou. E não importa o quanto eu te ame, sempre que eu estou com você, sempre que eu respiro você, sinto você, escuto o seu coração e vejo o sangue pulsar no seu pescoço, eu quero te matar. Nada nunca poderá mudar isso.

Eu andei para trás, indo ao sofá. Engoli em seco, alto, e passaram dez minutos, acho eu, antes que ele falasse outra vez. Quando falou, sua voz me dava calafrios.

— Você me ama, Bella? Porque o amor que nós compartilhamos foi épico, interminável. Eu entendo que você esta com Jacob agora, e que vai se casar com ele, mas eu preciso saber. Você ainda me ama, também?

Suas palavras me fizeram suar frio. É claro que eu o amava. Uma parte de mim sempre amaria. Mas isso não mudava o fato de que eu tinha Jacob como pensamento constante e sentia, a todo segundo, que era com ele que devia estar.

— Edward, eu... eu... e-eu... — eu engasguei. Minha língua estava seca e a garganta inchada. Eu não conseguia falar. Não queria. Não queria admitir que tinha trazido de volta a vida um estúpido triângulo amoroso. Dizer as palavras em voz alta traria tudo de volta à realidade. Eu não queria isso. Eu queria que minha vida fosse como num conto de fadas. Sem complicações. Eu queria fugir com Jacob e nunca mais voltar ao mesmo tempo em que queria fugir com Edward, ter ele em meus braços e beija-lo, estar com ele para sempre.

— Tudo bem. Eu entendo — A voz de veludo me trouxe de volta à realidade. Edward caminhou lentamente até a porta, mas antes, beijou minha mão. — Eu vou ficar bem. Seja feliz, Bella.

Antes que eu pudesse piscar, ele tinha sumido. Novamente, senti meu peito doer, senti como se não pudesse respirar. O buraco estava de volta. Edward tinha desaparecido, outra vez.

Minhas mãos tremiam quando peguei o telefone. Jacob atendeu como sempre fazia (“Ei, Bella!”), e quando eu tentei falar, minha voz falhou.

— Jacob? — eu sussurrei entre soluços. — Eu preciso de você nesse instante. Preciso falar com você.