A Princesa e a Sombra escrita por Odd Ellie


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700175/chapter/1

Kendra

Quando perguntei ao nosso cocheiro quanto tempo demoraria até que cruzássemos a fronteira ele respondeu que isso já tinha acontecido há meia hora. Isso me pegou um tanto de surpresa, apesar de saber que isso não era racional eu secretamente esperava que o ar sentisse diferente quando passássemos da linha entre Prina e Elora, mas esse óbviamente não tinha sido o caso; o país cujo nome causara tensão durante toda a minha vida não tinha nenhum ar de visível maldade, eu levei minha mão até a cortina de veludo da janela da carruagem e observei o lugar, eu duvidava que pudesse distinguir qualquer diferença entre uma vila tipica de Prina e aquela que eu tinha diante dos meus olhos.

— Princesa por favor se afaste da janela – Anika disse.

— Nós ainda estamos no campo, em movimento e em plena luz do dia eu duvido que potenciais assassinos escolheriam essa oportunidade para atacar.

— Príncipe Osric também estava em plena luz do dia e em um lugar considerado completamente seguro quando ele foi morto.

Com essa menção ao meu irmão Anika consegue me calar e faz com que eu feche a cortina da carruagem.

— Obrigada – ela diz e volta seus olhos novamente para o livro em suas mãos.

Mais uma vez eu me encontrei ligeiramente irritada pelas circunstâncias que forçaram ela a ser a única acompanhante para a corte de Elora. Mas tinha que ser dessa maneira, como um sinal de boa fé meu pai não mandara comigo soldados para ficarem comigo na cortê a minha proteção, exceto é claro pela parte que ele não fez isso. Meu pai diz que é um costume comum na maioria dos reinos embora isso não seja conhecimento público, que quando se nota que uma criança tem uma certa semelhança física com alguém da família real tal pessoa é treinada ao longo dos anos para servirem de guarda-costas e sósias em situações perigosas, privadamente nós chamamos essas pessoas de Sombras. E embora essas pessoas se vestissem e na maior parte do tempo se comportassem como membros normais da cortê, no caso de Anika como minha dama de companhia , debaixo havia sempre o guerreiro avaliando, esperando e guardando.

Na cortê Prinali eu tinha três outras Sombras além de Anika que poderiam ter sido minhas acompanhantes para essa viagem, Elya acabou ficando consideravelmente mais baixa que eu nos últimos anos, Belina deixou o serviço para se casar, mas talvez minha querida Karya poderia ter sido a minha acompanhante se não fosse pelos eventos da celebração da Reconquista, nesse dia eu fingi uma dor de cabeça e instrui Anika a colocar um leve véu e se passar por mim durante a cerimônia e disse para Elya acompanha-la para que eu pudesse ficar sozinha com Kayra, e naquelas horas fora de meu quarto minha vida mudara, assim como a de muitos no reino, meu irmão mais velho foi morto e o mesmo poderia ser dito sobre minha irmã caso Anika não tivesse intervido e tomado uma facada na barriga em seu lugar. Esse ato de bravura dela foi atribuído a mim. Meu pai e seus conselheiros mais próximos julgaram que outros achariam suspeito eu ter mandado uma sósia em meu lugar em um evento onde houveram atentados a vida dos dois herdeiros na minha frente na linha de sucessão, então nos registros oficiais é dito que eu me joguei na frente e levei a facada pela minha irmã, pelo reino. E com isso eu parei de ser simplesmente princesa Kendra a terceira criança do Rei Adric e da Rainha Olinda para ser Princesa Kendra a corajosa. Sempre que alguém se referia a mim daquela maneira eu sorria e agradecia enquanto dentro de mim algo se retorcia, e muitas vezes eu me encontrei olhando para Anika para ver se havia em seu rosto algum sinal de ressentimento mas eu nunca encontrei nenhum, mas o mesmo podia ser dito sobre afeição ou amizade, meu pai provavelmente veria isso como algo positivo alguém que morreria para defender a coroa se importando ou não com a pessoa que a estava usando, a pessoa ideal para me acompanhar sua filha terra hostil pelo menos até que ela se casasse com o filho de um homem com quem ele passara a maior parte de sua vida adulta guerreando.

Eu abri o medalhão com a foto do meu prometido, ele tinha olhos gentis, eu esperava que aquilo não tivesse sido uma liberdade tomada pelo pintor mas algo que eu encontraria quando chegasse na capital do reino, eu sabia há muito tempo que eu não tinha em mim a capacidade de me apaixonar por ele, mas eu não julgava que isso fosse impedimento para que o nosso casamento fosse bom. Quando eu disse isso para Kayra alguns poucos dias antes da minha partida ela chorou e gritou e me acusou de não ama-la do jeito que ela me amava, e talvez ela estivesse certa. Mas se ela não estivesse, que se eu a amasse mais, as minhas ações não diferenciariam nem um pouco afinal minha vida não pertence apenas a mim e as minhas responsabilidades com o meu reino e minha família são maiores do que aquelas com o meu próprio coração.

 

 

 

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, comentários são sempre apreciados.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Princesa e a Sombra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.