Na manhã seguinte, acordo com alguém mechendo em minha mão. A enfermeira de pele escura e cabelos encaracolados armados sorri para mim enquanto tira a agulha da minha mão.
–Está livre do soro, querida.
Sorrio para ela me sentando e olho em volta procurando Kyle.
–Seu namorado teve que sair para ir no banco. Saiu faz alguns minutos, logo ele deve estar de volta.
–Ah. - digo. - Tudo bem. Obrigada.
Ela sorri para mim.
–Gostaria do seu café da manhã agora?
Meu estômago ronca no mesmo instante.
–Acho que sim. - digo encostando as costas no travesseiro.
A enfermeira boazinha, cujo o nome bordado no avental era Aileen, colocou uma bandeja branca em cima das minhas pernas e logo franzi o cenho.
–Pediram para colocar esse bolo de morango na sua bandeja.
Meu coração dispara e eu olho para seu rosto.
–Quem pediu?
–Não sei. Eu estava preparando a bandeja e minha colega que cuida da lanchonete disse que esse pedaço de bolo estava guardado pra você e que pediram pra colocar na sua bandeja de café da manhã.
Sinto um sentimento estranho quanto a isso. Apenas agradeço a Aileen e ela me deseja boa sorte. Também diz que se eu quiser tomar banho, há toalhas penduradas no banheiro.
Fico encarando a bandeja de café da manhã, mais precisamente o bolo. Ash e Matt estavam se olhando de um jeito demasiado esquisito ontem á noite. Aquela situação toda era esquisita.
Olho para a bandeja tentando decidir por onde começar. Há um potinho de gelatina de abacaxi, um mini pão francês com presunto e queijo, uma caixinha de suco de maçã e uma maçã vermelha que não cogito comer porque só gosto de maçãs verdes.
Como primeiro o mini pão francês enquanto assisto ao jornal local. A previsão do tempo diz que estamos em um outono precoce e o frio não dará trégua pelos próximos meses, já que a tendência será só esfriar.
Após comer o pão e tomar o suco de maçã, pego o pratinho de bolo e corto um pedaço com o garfo que estava enrolado em um guardanapo pequeno. Levo o pedaço até a boca e fecho meus olhos ao sentir o sabor leve e gostoso do bolo. Ele está gelado e muito bom.
A porta do quarto se abre e Kyle entra sorrindo para mim com um buquê de rosas vermelhas na mão. Quase engasgo com o bolo na minha boca.
–Bom dia boneca.
Sorrio para ele sentindo meu coração disparado.
–Bom dia, Ky.
É estranho chamá-lo de Ky, porque eu nunca chamei ele assim. Mas era um apelido carinhoso.
–Como está se sentindo? - ele pergunta se aproximando com o buquê nas mãos.
–Melhor agora. - sorrio e passo o braço ao redor de seus ombros, puxando-o para mais perto para eu beijá-lo. Sua boca está macia e quente como sempre, o que faz com que todo meu corpo se arrepie. Nos separamos e ele olha dentro dos meus olhos.
–Pronta para ir para casa?
Dou de ombros.
–Acho que sim. Só falta o médico me dar alta.
Pego o buquê de flores da mão de Kyle e sorrio e enquanto olho para as rosas vermelhas. Olho para seu rosto, Kyle está me olhando com um sorrisinho nos lábios, o que me faz rir.
–Obrigada. - digo e me curvo para frente para lhe dar mais um beijo.
Ouvimos a porta se abrir e um pigarrear. Sinto meu rosto esquentar ao ver Sean entrando no quarto.
–Desculpa interromper os pombinhos.
Dou risada e Sean se aproxima da maca.
–Acho que você está se sentindo melhor, não é?
Sean e eu damos risada enquanto Kyle dá um passo pra trás para que Sean possa me dar um abraço.
Abraço meu irmão, um abraço apertado e ele se volta para Kyle.
–Kyle, posso falar com a Ally por um instante?
–Claro. - Kyle assente e diz olhando pra mim - Volto depois.
Sorrio para ele e vejo ele se afastar até a porta do quarto.
Eu e Sean nos entreolhamos.
–Como você está?
Respiro fundo.
–Não sei bem. É complicado. Estou confusa e... estressada, mas de certa forma estou bem.
–Entendo. Você realmente ficou nervosa com a mamãe ontem,não é?
Concordo com a cabeça.
–Mas ela foi tão injusta, Sean. Eu...
–Eu sei, eu sei. - ele me interrompe e balança a cabeça negativamente. -Você sabe que eu convivo com ela mais anos que você.
Sorrio amareladamente.
–Eu vou ter que voltar para Chicago.
Dou de ombros.
–Acho que já esperava isso. Que horas você vai?
Ele olha para o relógio de pulso e responde:
–A passagem é para ás dez.
Olho para o relógio analógico branco na parede acima da porta. São oito e quarenta.
–Então você deve ir.
Sean passa o braço ao redor dos meus ombros e eu encosto minha cabeça em seu braço, já que ele é alto demais para que eu alcance seu ombro.
–Te amo, obrigada por vir. Isso não vai te atrapalhar na faculdade?
Ele dá de ombros.
–Ah eu devo ter perdido uns 10 pontos, mas acho que vou conseguir me formar do mesmo jeito.
Dou risada.
–Se você não conseguir, eu te sustento, tudo bem?
–Okay. - ele diz e nós rimos.
–Mande um beijo para a líder de torcida, sim?
Sean se levanta da cama sorrindo e diz que sim.
Dou um outro abraço apertado nele.
–Vai com Deus e quando chegar, mande uma mensagem.
– Pode deixar.
Vejo meu irmão se afastar e então ele para na porta e olha para mim:
–Só para você saber, eu joguei as camisinhas fora.
Coloco as duas mãos em minhas bochechas e solto uma gargalhada.
–Bom, lembre-se de usar as suas.
Ele ri.
–Pode deixar.
Trocamos um olhar antes de ele sair do quarto.
Me sento na maca e fico encarando meus pés cobertos com meias brancas.
Não preciso me virar para saber que é Kyle entrando no quarto.
–Você está bem?
Sorrio sem mostrar os dentes.
–Estou sim.
–Que bom que Sean não dormiu lá em casa.
–Por causa do seu estoque de camisinhas?
Ele ri.
–É.
No mesmo instante a porta do quarto se abre novamente e o médico entra com um prontuário na mão.