cho que fora o banho mais relaxante que eu já tomara na vida. Era evidente que meu humor havia melhorado uns noventa e nove por cento.
Decidi descer para a cozinha enquanto Kyle estava no banho.
Meus chinelos faziam um som abafado e baixo contra o carpete e quando apareci na cozinha, Danny ficou surpreso mas sorriu. Ele e Tom estavam sentados em cadeiras próximas ao redor de uma mesa quadrada pequena no centro da cozinha equipada com armários embutidos de madeira. Quando me sentei em uma cadeira vazia, percebi que havia uma televisão pequena onde estava sendo transmitido um jogo de futebol estrangeiro.
—Querida você parece melhor agora. Nada do que um bom banho, não é?
Sorrio sentindo-me corar. Isso era bom sinal. Eles não tinham ouvido nada.
—Sim. - suspiro. - estamos super cansados. É ótimo tomar um banho.
—Está com fome, imagino.
Danny abre a panela de inox que está no centro da mesa junto se uma pilha de pratos e talheres. O ravioli com champingnon parece maravilhoso e cheira divinamente.
—Ah com certeza. Espero que Kyle saia logo do banheiro.
—E como estão seus pais?
Meu sorriso se esvai lentamente do rosto e logo o forço para que Danny não tenha que ouvir que minha mãe humilhou seu filho.
—Estão bem, obrigada.
—Que bom querida. Estou muito feliz que tenha vindo para cá! Enfim poderei mostrar minha coleção de moedas para você.
Sorrio radiante.
—E tem um em especial!
—O florentin?
Danny sorri e por debaixo de seus óculos, as rugas aparecem. Ele dá uma piscada para mim e se vira para a televisão quando ouve o comentarista do jogo gritar gol.
—Isso aí seu bando de perna de pau! Tomem esse gol!
Franzo o cenho mas sorrio ao ver aquela reação. Tom olha para mim e ergue as sobrancelhas balançando a cabeça quase que imperceptivelmente.
—O que é isso pai? Vai assustar a Alice.
Viro-me na cadeira para olhar para Kyle. Sorrio de lado ao vê-lo com uma calça de moletom da adidas preta, uma camiseta cinza e seus cabelos vermelhos molhados. Sua pele está um pouco corada por causa do banho. Kyle olha para mim e eu desvio o olhar sentindo-me extremamente constrangida por ser pega admirando-o descaradamente. Nem ouço o que Danny respondeu bem humorado para Kyle. Este se senta do meu lado e passa o braço ao redor do meus ombros. O cheiro de sabonete e shampoo vem de sua pele me faz sorrir de lado. Olho para seus olhos verdes que me fitam de volta. Ele parece extremamente mais relaxado e a vontade.
—Vamos comer então? - ouço Danny dizer e olho para ele que nos olha com um sorrisinho.
Sorrio um pouco tímida e espero ele distribuir os pratos com porções de ravioli com champingnon.
O cheiro está divino e o gosto também. Quando levo o garfo até a boca, gemo de puro prazer.
—Isso está tão bom! - elogio.
Danny sorri e bate no ombro de Tom.
—Foi esse cara aqui que cozinhou. Ele podia entrar para um reality show você não acha?
Concordo com a cabeça e levo outra garfada até a boca.
— Essa chuva vai nos render pistas escorregadias amanhã. - Danny comenta. - Mas o cheiro bom de terra molhada é impagável. O que está achando daqui até agora, querida? - ele se dirige a mim.
—Aqui é ótimo! - apresso-me a dizer. - Digo, quero conhecer a cidade, mas aqui é ótimo, a casa é tão... acolhedora.
Ele sorri para Kyle.
—Eu adoro essa garota.
Kyle dá risada, uma risada sincera que acho que nunca ouvira antes e eu admiro isso. Admiro o jeito como olha para seu pai e como parece feliz de estar ali. Aquilo me toca muito.
***
Eu comera tanto que quando Danny colocara uma fornada de cookies quentinhos em cima da mesa como sobremesa, achei que não aguentaria. Mas, não quis fazer desfeita, os cookies, ele havia feito. Estavam ótimos, mas comi apenas um. Eu estava realmente muito cheia. Observei Kyle comer sete cookies um atrás do outro com grande pavor.
—O quê? - ele perguntou com divertimento na voz quando viu minha cara de espanto.
—Como você é guloso, pelo amor de Deus!
Danny dá risada.
—Isso porque você não sabe da história do chocolate.
Olho para Danny que está retirando os pratos sujos da mesa junto de Tom.
—História do chocolate? - pergunto sorrindo e olhando para Kyle. - Então tem mais uma história embaraçosa sua que eu não sei?
Kyle revira os olhos e Danny solta uma gargalhada profunda que faz com que eu dê risada.
—Quando ele e Chloé eram pequenos, eles comeram tanto chocolate que tiveram dor de barriga. Chloé foi parar no hospital e Kyle ficou de cama por um dia. A mãe dele quis bater nele de tanta raiva que ficou. - ele dá risada. - Raiva claro porque ficou preocupada.
Sorrio.
—Kyle me contou essa história. - olho para o garoto de cabelos vermelhos ao meu lado que me olha com a sombra de um sorriso nos lábios. - Mas deixou de fora a parte que ele passou mal.
Todos nós rimos e eu me levanto da cadeira.
—Deixe-me ajudar com a louça. Vocês já prepararam o ravioli e esses cookies deliciosos para nós...
—Não, não senhora! - Danny me interrompe e me afasta da pia com as mãos nos meus ombros. - Nada disso! Vocês têm que descansar, viajaram quase o dia inteiro. Subam e vão descansar.
Tom concorda com a cabeça e murmura um sim.
Sorrio de lado.
—Tudo bem. Mas amanhã nós ajudaremos.
Danny ri.
—Se você gosta de lavar a louça, não vamos impedi-la amanhã.
Dou risada e sinto os braços de Kyle ao redor da minha cintura. Ele apoia seu queixo em meu ombro.
—Vamos subir então. - ele diz. - Boa noite pra vocês, até amanhã.
—Até amanhã. - Tom e Danny dizem sorrindo para nós.
Deixo Kyle me levar para cima, mas me sinto culpada de deixá-los com a louça enquanto subo as escadas com Kyle com as mãos no meu quadril.
Entramos no quarto e Kyle tranca a porta. Vou para a minha mala e vejo que ela está vazia.
—Coloquei suas roupas no guarda-roupa junto com as minhas. - ele diz apontando para o armário de madeira de duas portas próximo ao quadro abstrato de sua mãe.
Sorrio e vou até o armário enquanto Kyle tira a camisa e se deita na cama que range um pouco com o seu peso.
—Seu pai é ótimo, Kyle. - digo pegando minha escova de dente encima de uma blusa vermelha minha. - Ele parece muito feliz aqui.
—É, pelo jeito ele está realmente feliz.
Sorrio de lado com a escova de dente na mão e fecho a porta do guarda-roupa de madeira. A chuva lá fora continua caindo descontroladamente. Saio do quarto e vou para o banheiro escovar os dentes. Quando volto, me surpreendo ao ver Kyle de olhos fechados, um braço por cima de sua testa e outro por trás de sua cabeça. Ele deve estar realmente exausto. Não o culpo. Viajara muito nos últimos três dias sem um descanso digno. Deito-me ao seu lado e me debruço em cima dele para apagar o abajur que está aceso ao lado da cama. Um clarão rápido envolve o quarto e um estrondoso trovão se manifesta. Observo Kyle adormecido, sua respiração tranquila,lenta e suave. Sua boca ligeiramente entreaberta. Não me controlo e lhe dou um selinho rápido na boca. Ele acorda piscando lentamente desorientado e eu me deito ao seu lado, nos cobrindo com o edredom branco.