Darkness escrita por Cárla


Capítulo 2
Capítulo 2 (Apenas o começo da tortura)


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoassss, queria agradecer a quem está acompanhando, e quem está lendo também. Boa leitura ♥



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Eu estava usada e totalmente descartada em cima daquela cama, meu corpo estava nu e minhas partes sangravam como nunca antes. Estava me sentindo exausta, mas algo me pedia para que eu tivesse coragem em continuar. Meus olhos estavam abertos com muita dificuldade, ameaçavam fechar novamente a qualquer momento. Meu corpo estava amolecido e dolorido, aquele ser repugnante nem se preocupou em me cobrir após ter me agredido.

—Jacob... Onde você está...

Meu cãozinho parecia ter sido levado por aqueles demônios. Eu pensava no pior, se eles estavam machucando meu animalzinho, pagariam muito caro por isso.

Não havia mais dúvidas, meus pais estavam mortos, e eu tinha quase certeza absoluta que foram meus tios os assassinos, Victoria cobriu o crime e seu marido cometeu o genocídio, sendo rápido e silencioso como a víbora havia mencionado.

        —Vocês irão pagar...

        Era inútil, eu estava basicamente ameaçando o vento, ninguém estava naquele quarto, apenas meu corpo semi-morto e alguns insetos que se debatiam na luz intensa do teto. Percebi que já havia anoitecido, e me perguntei por quanto tempo eu deveria ter permanecido desacordada.

        Minha mente era meu anestésico natural, tentava inutilmente pensar em coisas positivas, e isso de alguma maneira amenizava a intensa dor que eu deveria estar sentido, mas eu previa que não conseguiria aguentar por muito tempo, em algum momento, eu iria desabar, como uma construção velha que fora desgastada com o tempo.

        Percebi tardiamente que meus pulsos e pernas estavam acorrentados na cama, então mesmo que eu tentasse, não conseguiria fugir. Minha tentativa de permanecer forte logo desmoronou, e desabei em lágrimas, enquanto pensava em meus pais e no meu querido cãozinho.

        Aquele demônio não havia se contentado em apenas me abusar, meu corpo também possuía vários arranhões, marcas roxas e queimaduras, mostrando que eu fui devidamente tratada como um pedaço de carne, ou como um brinquedo sem sentimentos. Eu estava exposta, meu interior ardia como nunca, mas apesar da forte dor física, o que mais doía era minha alma, esta que eu duvidava muito que permaneceria no meu corpo por muito tempo.

        Sem poder lutar com aquela dor intensa, adormeci, e a escuridão novamente me dominou.

—Nos dê sua alma Bella.

—Você não será capaz de continuar.

—Você será atormentada para sempre.

—Todos desejam seu mal. Todos te matarão lentamente.

—Sua alma é o que esta te aprisionando nesse sofrimento, nos dê ela e você se libertará.

—Queremos apenas seu bem, Bella.

Fogo e enxofre queimavam ao meu redor. Eu estava em uma espécie de inferno, correntes me prendiam, meu corpo estava repleto de ataduras, estas me cobriam toda, menos meus olhos e ouvido, para que eu pudesse ouvir e ver aquelas criaturas negras interagindo comigo. Elas faziam uma espécie de circulo ao meu redor, enquanto revezavam entre si qual falaria algo para mim. Por mais desesperador que fosse, eu não sentia nada, era como se aquilo fizesse parte do meu ser, ou como se eu já estivesse acostumada com a situação. As ataduras que me cobriam pareciam impedir que o sangue jorrasse de meu corpo, já que elas possuíam uma coloração avermelhada e estavam húmidas.

—Somos seus melhores amigos.

—Confie em nós.

—Podemos te livrar de toda essa dor.

—Eles irão te destruir se você não der sua alma para nós.

—Olhe para você, eles te machucaram, eles não te amam. Nós te amamos, nós queremos seu bem.

        Por mais assustadores que aqueles espectros fossem, eu queria confiar neles, meus pais estavam mortos, meus únicos amigos estavam mortos, e a culpa era daqueles demônios que sempre estavam me machucando. Não havia outra opção, eu tinha que confiar naquelas criaturas, senão eu morreria lentamente enquanto minha alma apenas consome as forças do meu corpo.

—Olhe em volta Bella, essa é a sua alma, ela está em chamas, pois está sofrendo, liberte-a, você merece ser livre desse peso.

        Pela primeira vez naquele pesadelo eu tive alguma reação, senti meus olhos se encherem de lágrimas, em consequência de um misto de sentimentos confusos, não sabia o que estava acontecendo, não sabia se confiava, se ouvia, se me entregava para aqueles seres estranhos, só sabia que queria apagar minha existência o mais rápido que pudesse. Eu queria poder me libertar daquelas correntes e fugir para o mais longe possível, mas minha inutilidade não permitia que eu fosse forme o bastante para me soltar.

—Podemos te ajudar a se libertar daquelas correntes para que assim fuja, mas terá que prometer que sua alma após a morte será nossa.

        Um dos espectros negros pareceu ler meus pensamentos, então eu apenas me concentrei em pensar que aceitava seu acordo, por mais prejudicial que poderia ser para mim no futuro.

—Que assim seja, amiga.

        Senti uma sensação de que eu estava caindo, então acordei assustada naquela mesma cama, meu corpo já não estava mais nu, e as correntes estavam estilhaçadas como se tivessem sido quebradas com uma forte força sobrenatural. Pensei nas criaturas, se elas haviam me ajudado então mereciam minha confiança.

        Percebi também que minha dor havia sumido, por algum motivo senti alguns arrepios em decorrer disso, pois me lembrei do pesadelo, se eu havia prometido minha alma para aquelas criaturas em troca da minha liberdade, logo que morresse o que aconteceria comigo? Sendo uma criança, eu não entendi muito bem aquele acordo, nem mesmo compreendia o que era uma alma, apenas falava dela como se fosse alguma parte de mim que fazia com que eu vivesse, e com aquele sofrimento, levar aquilo que me mantinha viva era um belo acordo para mim.

        —Será que serei livre dos meus tios também? Será que aqueles seres os mataram?

        Eu sussurrava para mim mesma, enquanto negava meu próprio pensamento. Não, por mais ruins que eles fossem, não mereciam a morte, eu poderia sofrer novamente na mão deles, mas não aceitaria perder os únicos que me restaram, por mais que me machucassem.

        Levantei-me com cuidado, checando se meu corpo havia mesmo sido restaurado, e pelo que vi, os espectros limparam até as marcas roxas que antes estavam em todo o meu corpo. Com isso, senti-me aliviada, mas por mais que a dor física houvesse sumido, a dor emocional e psíquica eu levaria para o resto da minha existência.

        Caminhei até a porta e para a minha surpresa ela não estava trancada, pude abri-la sem muito esforço e coloquei a cabeça para fora apenas para checar de não havia ninguém no corredor, assim que vi que não tinha perigo, sai do quarto e fui andando até chegar ás escadas que me levariam até o primeiro andar.

        Algo que estava me assustando um pouco era a presença de alguns daqueles seres do meu pesadelo em minha própria casa, havia alguns pendurados no teto, e outros na porta de cada cômodo, pareciam proteger o local... De alguma coisa?

        Assim que desci as escadas pude ouvir meus tios discutindo sobre algo, me escondi atrás de um velho sofá para poder ouvir melhor a conversa sem que eles me vissem. Enfim as criaturas não haviam matado meus tios, isso me aliviava de uma maneira macabra.

(Victoria)—Você faz ideia do que fez? Se aquela criança nos denunciar ela vai ter provas no próprio corpo que você a estuprou!

(Laurent)—Acha que tenho medo daquela pirralha estranha? Ela nem mesmo conseguirá sair daqui, poderei me divertir com ela por muitos anos.

—Você é nojento!

—Eu? Nojento? Desde quando a senhorita é algum exemplo? Esqueceu que foi você quem mandou que eu matasse os pais dela?

        Meus pais... Foram eles...

—Tudo para ficar com a fortuna da família, faça-me o favor,Victoria.

—Como meu marido você também se aproveitou da situação, já que repudia tanto o que fiz, que tal me devolver o dinheiro que te dei?

        Eles acabaram com a minha vida em troca de dinheiro. Em toda minha vida, nunca entendi toda aquela ambição por dinheiro e poder que os adultos possuíam, e talvez eu nunca entenderia, pois duvidava muito que eu conseguisse sequer chegar a vida adulta. Já não me reconhecia mais, quem era Bella? Uma criança talvez? Mas porque eu não me sentia como uma?

—Não temos tempo para isso, vamos nos livrar dos corpos.

(Victoria)—É assim que eu gosto.

        Tive que tapar meus olhos para não ver aquela cena repudiante, os dois estavam se beijando de forma repulsiva, e parecia que se eu continuasse ali, seria obrigada a ver algumas obscenidades, então apenas me retirei, indo em direção ao segundo andar, tendo o máximo de cuidado possível para que não me vissem, mas falhei, infelizmente falhei.

(Victoria)—Olha quem se soltou das correntes. Querido, por acaso elas estavam soltas?

—Eram feitas do melhor material... Não sei o que aconteceu.

        Tentei correr com todas as forças que ainda me restavam, mas o demônio era muito rápido, e logo me alcançou. Dei um grito estridente e rezei para que algum vizinho ouvisse, mas ninguém veio. Quem eu queria enganar? Eu estava sozinha na toca do capeta, e era o alimento da maldade.

—Vocês verão! As criaturas negras irão me ajudar, elas irão atrás de vocês!

        Os dois se entreolharam e deram uma risada sinistra, agora eles pensavam que eu era louca, e talvez eu tivesse que pagar por ter abrido a boca.

(Victoria)—Ora, além de estranha é louca também?

—Eu vou castigá-la querida, não precisa se estressar.

(Victoria)—Eu não estou estressada, e pare de ser esse pedófilo nojento.

—Confesse que você gosta disso.

        Tudo de mais nojento podia ser resumido naqueles dois, não sei se eu teria alguma piedade inútil por eles por muito tempo, meu ódio estava crescendo. Por ser uma criança, eu era naturalmente gentil e piedosa, mas eles passaram dos limites, exacerbaram na maldade, e estavam me corrompendo.

—Vamos até o quarto gracinha.

        Fui puxada à força até o quarto, nem tentei lutar, por mais determinada que eu estivesse em me livrar do inferno, ele era bem mais forte que eu. Apenas chorei em silencio, e perguntei para mim mesma quando tudo aquilo iria acabar.

        Foi bem mais doloroso do que a primeira vez que fui abusada, pois dessa vez, eu estava totalmente acordada e lúcida, e senti toda a crueldade que aquele ser poderia causar em alguém. Se havia algo que eu queria naquele momento, era poder morrer e me livrar de todas aquelas memórias e momentos ruins.


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Notas finais do capítulo

Por favor comentem e me digam o que acham, isso me incentiva a continuar. Até o proximo capitulo ♥



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