Sons escrita por SobPoesia


Capítulo 14
Respeito.




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—Eu preciso recapitular isso tudo... – Steve se ajeitou na cama, se sentando. – Você voltou a conversar com Mandy, que é a garota de Brad? Você e o Chip são um casal? E, somando a tudo isso, você é uma boa garota? – Suas sobrancelhas se ergueram juntas.

—Essa é a essência. – Sorri.

Algo aconteceu.

Steve era a representação de dois extremos. Um garoto carinhoso e amoroso, mas podia se transformar radicalmente. Qualquer um dos garotos já havia visto ele estourar, ficar com o rosto vermelho e sucumbir a uma raiva incontrolável, se transmutando em um touro de cinco metros de altura.

Os sinais para aquela mudança eram claros e, sempre, me deixavam absurdamente assustada, quase que em um estado de submissão.

Alguns deles começaram a se mostrar a seguir.

—É muita coisa para digerir... – Ele engoliu a seco, então abaixou a cabeça. – Porque Chip? – Sua rouca voz foi intensificada, uma veia começou a pular em sua testa.

—Eu não sei Steve. Essa não é a reação que eu esperava. – Senti-me encolher.

Saí da cama, me prevenindo de ataques e sentei-me na cadeira ao seu lado.

Porque Chip? Aquela frase ecoou em minha mente. Eu também não sabia. Gostava dele, das suas brincadeiras infantis, da sua beleza e dos seus carinhos. Mas não era algo específico ou especial, nada relativo a ele ou a amor.

Não havia uma explicação. Fora uma janela de oportunidade muito bem aproveitada.

—Isso é tão esquisito. – Ele respirou fundo.

—O que você quer dizer com isso?

Steve parecia querer se acalmar. Afundou a cabeça no travesseiro e olhou para cima.

—Frankie... – Sua voz voltou a ser delicada – Você sabe sobre meus sentimentos, não sabe?

—Não.

Ele socou a mesa ao seu lado, com os punhos fechados, fazendo um estrondoso barulho que me assustou.

—Você é a única cega! Qualquer um consegue enxergar. Toda aquela história de te acolher quando era pequena, de cuidar de você e estar sempre ao seu lado... São todas provas do quanto te amo e você não sabe. Então, você larga tudo isso quando eu preciso de você, porque algum idiota não está preso a essa cama. Eu te amo! – Steve olhava para suas próprias mãos, cabisbaixo.

Sua voz era grossa e baixa, triste como seus olhos.

—Steve! – gritei.

Nunca fui uma pessoa muito paciente, principalmente quando sentimentos eram envolvidos – o que vocês já devem ter notado.

Emoções me deixavam nervosa, me faziam tremer e querer fugir. A cada segundo, ele jogada mais coisas para fora de sua boca, que me faziam querer atacar a sua garganta.

Explodi, mas, logo em seguida, me contive. O silêncio da hierarquia barata do nosso grupo de amigos, acabou me calando.

—Eu não amo ele, mas também não amo você! – Respirei fundo – Nem ao menos me amo, como quer que eu nutra sentimentos por qualquer que seja a pessoa?

—Então porque está com ele? – Sua voz aumentou novamente.

Senti que estávamos em um jogo, a cada hora alguém tinha a bola de nervosismo e estresse, repassando, rebatendo, tentando não ser queimado por ele, mas, acabando, por fim, sempre atingidos.

—Nós nos conhecemos há sete anos! Se me ama, porque está com outras garotas? Você dormiu com elas, namorou com elas! E eu não posso beijar uma pessoa?

O controle saiu de minhas mãos, se escondendo, como um rato, em um canto fora da minha vista no quarto. Já a bola, havia explodido em meu colo.

—É diferente! – Ele voltou a gritar.

—Porque, Steve?!

—Porque você é minha!

Os gritos cessaram. Ele respirou fundo.

Por segundos, fiquei o observando abaixar a sua cabeça e fazer que não, mas não adiantaria. Nada que ele falasse adiantaria.

Foi um choque, para mim, um daqueles bem drásticos.

Conhecia Steve desde minha infância, cresci com ele. Todas as suas ideias malucas e libertas, seus desejos, suas histórias, a adrenalina... Tudo se resumia naquilo, em eu ser seu animal de estimação.

Respirei fundo.

Nunca precisei me impor, mas, para tudo, existe uma primeira vez na vida.

—Eu não sou sua. Não sou de ninguém. – Pausei, tendo em mente nossas lembranças.

Acabaria tudo mesmo ali?

Continuei:

—Você vai arranjar uma maneira de se desculpar, se redimir por isso. Além de parar de agir como um cachorro atrás de seu osso quando os garotos vierem amanhã. Eu confio em você, Steve. Mas agora, acabo de descobrir que Chip tem me respeitado mais do que você, por todo esse tempo. Não há como fazer esse quadro virar sem a sua ajuda.

Todos os pensamentos pularam para fora da minha boca, meio que sem serem reavaliados. Não me senti como eu mesma ao dizer tudo aquilo, me senti melhor.

—Está me dando uma chance? – Ele suspirou.

—Não. Estou te dando a opção de não sair da minha vida por completo. Eu não quero te abandonar, mas, estou fazendo mudanças na minha vida e esse é o tipo de coisa que não vou aceitar, não me interessa de onde venha.

Steve se remexeu na cama, então me sentei ao seu lado. Ele segurou minha mão carinhosamente.


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