Como foi seu dia? escrita por Yennefer de V


Capítulo 1
Como foi seu dia?


Notas iniciais do capítulo

Essa sou eu tentando dar um novo "tom" a um dos shippers mais trabalhados da terceira geração.

Fiquei cansada das fanfics teen sobre eles e as personalidades boring. Então escrevi. Espero ter feito um bom trabalho.

PS: quem lê minhas fics está acostumado a Alvo/Escórpio, mas aqui isso nunca aconteceu, ok?



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Escórpio Malfoy a observou entrar por uma das inúmeras lareiras de um amplo saguão no Ministério da Magia. As outras lareiras ainda estavam fechadas com grades douradas pelo horário prematuro. Eram seis e alguns minutos da manhã pelo seu relógio de bolso.

Escórpio o devolveu ao bolso do sobretudo negro. Rosa Weasley não estava sozinha. O colega de trabalho lobisomem, Lorcan Scamander, a acompanhava.

Rosa estava com um copo de café descartável na mão enluvada. Ela sempre passava em uma cafeteria de trouxas antes de entrar. Falava baixinho com Lorcan, que era inquieto e respondia com acenos e monossílabos.

— Bom dia Malfoy. – cumprimentou Rosa quando os dois passaram por ele parado próximo a fonte no meio do saguão.

— ‘dia. – resmungou Lorcan sem olhar diretamente para a figura de Escórpio.

A fonte era circular e dentro dela havia água tão cristalina que era possível ver os sicles e nuques jogados lá dentro. Havia estatuas de ouro de tamanhos naturais, de um bruxo com chapéu bicudo com a varinha apontada para o teto, uma veela de vestido curto cujos cabelos esvoaçavam como se tivessem atingidos por vento, um centauro com as duas patas da frente levantadas, um lobisomem transformado em lobo de olhar feroz, um duende de porte sábio e uma sereiana cuja cauda terminava dentro da água.

Escórpio Malfoy sabia que a transformação da fonte, que antes indicava os bruxos como seres superiores, se devia ao departamento de Rosa, a Cúpula dos Guardiões.

— Bom dia Rosa. – despejou Escórpio e percebeu quando ela virou levemente a cabeça, estranhando ele ter usado seu primeiro nome. – Bom dia Scamander. – desejou para o colega dela.

Os cabelos encaracolados e ruivos claros dela estavam enfiados em uma touca. Ela usava um blazer não abotoado cor de creme.

Escórpio esperou seus passos de salto baixo chegarem à fileira de portões dourados de entrada dos funcionários. Apenas os passos delicados dela, os passos energizados de Lorcan e a respiração de Escórpio poluíam o ar do saguão.

O interior dele se debateu em um conflito. Suas pernas queriam segui-la. Falar algo mais que “bom dia” e “até amanhã”.

Vamos lá, seu covarde. Faça-o de uma vez, sua mente o repreendeu.

Escórpio deu passos largos. Seu sobretudo se colou ao corpo, agora tenso. Seu rosto estava inexpressivo. Encontrou os dois em uma conversa animada depois dos portões, num saguão menor, com no mínimo vinte elevadores por trás de grades douradas ornamentadas. Scamander e Rosa esperavam na frente de um deles.

— Rosa? – Escórpio a chamou, tocando de leve seu cotovelo agasalhado. Rosa parou de conversar com Scamander, que mirou Escórpio de forma curiosa. Escórpio desejou que ele não estivesse ali. Apesar de saber que Rosa e Scamander não tinham nada um com o outro – na verdade Lorcan Scamander tinha acabado de ser pai da filha de Molly Weasley, a prima de Rosa, que Escórpio conheceu quando tentou fazer residência no St. Mungus após a morte prematura de sua mãe, - Escórpio já estava nervoso demais para ter platéia.

— Olá Escórpio. – Rosa usou seu primeiro nome também e algo em seu estomago deu uma cambalhota. – Dia cheio também? – perguntou pelo horário que Escórpio estava no Ministério.

— Sim. – mentiu ele. Ele sabia da reunião de Rosa com os guardiões e decidiu tomar uma atitude. – Tem algum plano para o almoço hoje? – perguntou de forma direta.

Scamander teve a decência de prestar atenção num elevador que tinha chegado, deixando-os a sós. Escórpio sentiu uma súbita simpatia pelo lobisomem como já tinha por Molly.

— Vou descer. – Lorcan informou, sumindo elevador afora, que desceu.

Rosa se viu subitamente sozinha com Escórpio no saguão dos elevadores. Ela fitou o inexpressivo Malfoy, cujo rosto era indecifrável. Escórpio tinha os cabelos loiros muito claros, penteados de forma formal para trás. Ele usava luvas pretas e sobretudo negro totalmente abotoado.

— Eu vou para a Grécia. – Rosa sorriu para ele. – Preciso averiguar com Nereiada se o recente sumiço de cardumes de dilátex no Lago Melissani é de procedência bruxa, como pesca proibida, ou são os sereianos matando-os novamente. Eles consideram esses peixes uma espécie de praga. Nereiada é nossa guardiã sereiana. – Rosa percebeu que a expressão de Escórpio não se alterou. – Me desculpe, são histórias de guardiões, estou tagalerando assuntos que não te interessam.

Escórpio percebeu que estava fitando-a de modo negativo.

— Não, não. Eu estou interessado. É exatamente por isso que vim te convidar para almoçar. – ele tentou relaxar o corpo e a expressão.

— Oh. – Rosa percebeu a intenção dele. – Dificilmente estou aqui no horário de almoço normal. Meus horários são malucos, cheios de fusos e culturas diferentes com os outros guardiões. Apenas a veela Angelique e Lorcan compartilham hábitos alimentares parecidos com os nossos, de bruxos. – explicou Rosa.

Escórpio estava sentindo uma rejeição próxima. Talvez de uma forma delicada, não proposital, mas Rosa começou a enrolar um de seus cachos fora da touca com as mãos, pensativa.

— Podemos tomar um café. – ela sugeriu, mostrando seu copo descartável e vazio com um logo verde. – É uma cafeteria de trouxas, se você não se importar. Se não acontecer nenhuma emergência chegarei nesse horário amanhã também.

— Podemos. – Escórpio concordou com relativa rapidez. – Não me importo. Eu sempre almoçava em restaurantes trouxas quando tentei ser medibruxo. Os arredores do St. Mungus é de população trouxa. – falou, sem graça.

Rosa sorriu timidamente para ele.

— Molly comentou alguma coisa sobre você ter sido interno dela. Não deve ter sido fácil.

Pela primeira vez Escórpio se permitiu um leve sorriso, antes de desaparecer novamente no rosto inexpressivo e na voz rouca.

— Não foi.

Rosa se remexeu levemente.

— Preciso descer. Tenho reunião na Cúpula. Já estou atrasada. – olhou para um relógio de pulso que ela mantinha.

Eles chamaram o elevador. Um deles apareceu e Escórpio fez um gesto para que ela entrasse antes dele. Ele sabia que iam para o mesmo andar.

Rosa pegou do bolso do blazer um pergaminho violeta-claro em forma de aviãozinho com os dizeres Ministério da Magia estampados em suas asas. Ela falou para o papel:

— Por favor, Joshua, acione o Elo.

O pergaminho ganhou vida e flutuou para cima, voando em torno de suas cabeças.

Escórpio estava fitando-a com muita indiscrição, porque Rosa explicou:

— O Elo da Harmonia cria uma atmosfera de paz na Cúpula e impede que os guardiões tomem decisões egoístas. Não conseguimos entrar em conflitos pessoais ou pelo bem apenas de nossa própria raça. Só tomamos decisões racionais pelo bem estar de todos os seres. – explicou Rosa. – Mas é claro que você sabe disso, você é um Inominável.

Escórpio já sabia daquilo. Ele e Joshua eram colegas de trabalho, apesar de pesquisarem fenômenos diferentes. Joshua acionava o Elo da Harmonia para Rosa, porque ela não era autorizada a entrar na sala de pesquisa dele.

O que Escórpio mais notou, no entanto, foi Rosa tê-lo chamado de “Joshua”. Escórpio sabia que ela e o Inominável tinham mantido um romance discreto por uns anos. Porém, ainda pareciam íntimos. Ou Escórpio estava delirando.

O elevador parou e uma voz feminina anunciou:

— Departamento de Mistérios e a Cúpula dos Guardiões.

As grades de ouro se abriram. O memorando interdepartamental disparou afora antes deles, para avisar ao Joshua de sua tarefa.

Rosa não soube se saia do elevador. Se duas pessoas de departamentos diferentes tentassem entrar na sala circular a seguir, ela não indicaria nem a porta da Cúpula nem o ambiente de trabalho de Escórpio.

Ele percebeu a hesitação dela.

— Você pode ir. – ele fez um gesto com a mão.

— Obrigada. – Rosa agradeceu, dando um passo para fora.

Ela encontrou a sala circular, cheia de portas pretas idênticas e sem letreiros, separadas apenas por candelabros de velas com chamas azuis. As grades douradas do elevador se fecharam antes da sala começar a girar em torno de Rosa, para por fim, parar e indicar numa das portas: Cúpula dos Guardiões.

[...]

Escórpio deu um discreto bocejo pelo segundo dia consecutivo acordado tão cedo.

A cafeteria tinha um logo verde e se chamava Starbucks. Mesmo àquela hora já estava apinhada de trouxas numa fila, que pareciam conhecer de cor sua preferência de café diante das muitas possibilidades que o lugar oferecia, pedindo sem pestanejar. Alguns comiam cookies e carregavam mais de um copo de plástico quente nas mãos. Havia trouxas sentados em sofás e cadeiras com aparelhos de telas finas que exalavam um brilho de luz, batendo em pequenos botões alucinadamente, enquanto observavam a tela sem prestar atenção em mais nada.

— Pronto. – Rosa estendeu um daqueles copos para ele, quente, com o nome dela escrito de forma torta e errada.

Rose.

Ela também estava com um copo maior nas mãos. Sentou ao lado dele na mesa de quatro cadeiras, que Escórpio conseguiu com muita dificuldade.

— Espero que goste de capuccino.— falou Rosa. – Tentei não exagerar porque sei que você não está acostumado.

Rosa tirou a tampa de seu copo e ficou assoprando a fumaça que subia em seu nariz. Escórpio a imitou, visivelmente sem experiência.

— Como foi ontem na Grécia? – perguntou ele, satisfeito por ela não ter levado o Scamander. Ou talvez Lorcan tivesse percebido sua intenção.

Rosa deu um suspiro cansado.

— Era culpa dos bruxos, claro. Sempre achamos que pode ser culpa de terceiros, mas nós sempre causamos os maiores estragos.

Escórpio pensou no pai e no avô. Concordou com ela.

— Você está certa.

— E como foi... Seu dia? – perguntou Rosa.

Escórpio tentou beber o café, mas ainda estava quente demais. Queimou a língua. Tentou não praguejar na frente dela. Rosa percebeu.

— Cuidado. – ela pegou o copo da mão dele. Escórpio desejou que ela não estivesse de luva. Podia ter sentido sua pele.

Com o rosto impassível, ele ficou passando a língua pelo teto da boca.

— Estou melhor. Obrigado.

Ela empurrou o capuccino de volta para ele na mesa. Escórpio resolveu deixá-lo de lado por um tempo.

— Meu dia foi interessante. – ele concluiu de forma resumida.

Rosa sorriu.

— Eu sei que vocês não podem falar sobre o que trabalham, mas eu tenho uma noção. Joshua pesquisa algo relacionado ao amor, por isso o Elo da Harmonia é acionado por ele. A união harmoniosa é o que resulta no bem estar da socialização dos seres. Você pesquisa o quê?

Os olhos acinzentados de Escórpio, que já eram aparentemente frios num primeiro contato, ficaram sombrios. Ele percebeu novamente que Rosa chamou o ex-companheiro pelo primeiro nome.

— Eu estudo a Morte.

Rosa não se surpreendeu com a informação.

— E o que você estava fazendo no St. Mungus? – perguntou interessada, a boca tomando mais um gole de café.

— Tentando evitar a morte. Aprendendo como evitá-la. – respondeu Escórpio olhando para uma janela de vitral, onde os trouxas em suas roupas formais passavam pela calçada, apressados.

A mão enluvada de Rosa encontrou a dele, pousada na mesa, e Escórpio se tencionou por um segundo.

— Sinto muito pela morte de sua mãe.

Ela estava olhando diretamente para ele, com os olhos curiosos, firmes e castanhos. Os cachos ao redor da touca tentavam se libertar, deixando-a com uma aparência desleixada apesar do cargo importante.

— Eu sinto muito também. – respondeu Escórpio de maneira quase ríspida. Aquele assunto era uma ferida muito maior do que o passado dos pais e do avô, da criação solitária, do julgamento juvenil em Hogwarts.

Rosa percebeu sua súbita mudança de humor e ficou quieta. Ele pegou o copo de café só para ter o que fazer e ficaram bebendo, sem falar mais nada.

[...]

Era quase dez da noite pelo seu relógio de bolso. Estava nevando lá fora. Ele não queria voltar para a mansão. Odiava comemorar o natal com o pai e os avós. Ficou encarando a única lareira aberta no Ministério. A iluminação no saguão já estava mais amena, criando uma atmosfera fantasmagórica. Havia enfeites de natal acima das lareiras e um grande pinheiro festivo perto da fonte. Escórpio evitou olhar para ele.

Ele a reconheceu pelos passos. Os passos apressados, de saltos baixos, correndo em direção à lareira como se estivesse atrasada.

— Escórpio. – ela o saudou, tentando recuperar o fôlego. – Tive uma emergência com os duendes... Eles não festejam o natal. Criaturas mal humoradas. – terminou Rosa.

Escórpio procurou Lorcan com o olhar. Se Rosa estivera numa reunião, o lobisomem também a acompanhou. Rosa pareceu ter lido seus pensamentos.

— Lorcan foi para A Toca. Estou indo para lá agora. Só fui terminar o relatório.

Escórpio deu dois passos para o lado, dando espaço para que Rosa utilizasse a Rede de Flu.

Rosa pegou um punhado de pó de flu que ficava num recipiente preso à parede ao lado da lareira. Depois virou o corpo de volta para ele.

— Feliz natal.

— Feliz natal. – ele respondeu rouco, sem indícios de que tinha intenção de sair dali.

Rosa tirou a touca da cabeça, revelando seus cachos que cresciam para cima, armados.

— Escórpio? – perguntou ela.

— Hm?

— Onde você vai passar o natal?

— Vou deixar que ele passe por mim sem que eu perceba. – respondeu Escórpio sem olhar diretamente para ela. Estava estranhamente interessado no enorme pinheiro, escurecido pela falta de iluminação do saguão.

— Escórpio? – Rosa tornou a chamar.

— Rosa. – tentou ele.

— Isso é deprimente.

Escórpio soltou um riso triste.

— Estou decidindo se durmo aqui no saguão ou ando pelas ruas até de manhã. Isso com certeza ganharia uma disputa de deprimência.

Rosa pareceu pensativa por um momento.

— Você quer conhecer a Cúpula?

— Você não tem que ir visitar sua família?

— Sempre tem muita gente lá. Posso chegar atrasada. Estou sempre atrasada. – riu levemente Rosa.

Escórpio sentiu um formigamento no corpo, uma dormência na cabeça, uma sensação esquisita na barriga, mas não definiu o que era.

— Sendo assim, quero conhecer a Cúpula.

Eles fizeram o caminho até os elevadores e desceram por um. A mão enluvada dela ficou encostando-se à mão livre dele durante todo o trajeto, mas não falaram nada.

Depois de Rosa permitir a entrada dele na Cúpula, até mesmo seu espírito apático se surpreendeu.

A Cúpula parecia uma catedral. A atmosfera era leve. Tinha cheiro de floresta, flores diversas e água em movimento. Havia arvores com grandes raízes que cresciam para cima, musgo no chão, pedras. O barulho de uma pequena cachoeira dava a impressão de se estar em um banho. Havia a parte rasa de um lago, no qual a guardiã sereiana se instalava para as reuniões. Na sala havia dois túneis – um submerso no lago, logo depois da quebra da cachoeira que ia bem mais além, até o Lago Ness, onde habitava a sereiana. Ao lado raso do lago, havia outra passagem encoberta por galhos e arbustos – era por onde chegava o centauro.

Lá no alto, para o teto, onde as arvores maiores chegavam, abria-se (magicamente) um céu vasto e limpo, sempre claro, com o sol que os recebia em todas as reuniões.

Escórpio se esqueceu que era natal. Rosa tirou os sapatos e os pés pisaram na rama do chão. Tirou o casaco de frio, a touca e o cachecol. Escórpio percebeu que a temperatura ali era a de um sol esquentando suas cabeças. Também tirou seu sobretudo, embora tenha ficado com os sapatos.

Rosa deitou no chão e ficou olhando o céu amanhecido lá de cima, tão alto que parecia ser o céu de verdade. Escórpio sentou ao lado dela, admirando como ela parecia estar em casa dentro da Cúpula. Soube que era um daqueles momentos raros que tinha que guardar na memória porque ela não compartilhava com muitas pessoas. Sentiu inveja de cada um daqueles guardiões.

— As datas festivas não são fáceis na minha família. – desabafou ele, num impulso.

— Eu sei. – retrucou Rosa, com as mãos apoiando a cabeça, deitada no chão, sem olhar para ele.

— A mansão é fria e desconfortável. O comportamento do meu pai e dos meus avós também. – continuou Escórpio.

— Essa parte só imagino. – respondeu Rosa.

Escórpio chegou mais perto dela, cruzando as pernas no chão de terra e grama, se sentindo cada vez mais confortável.

— Meu pai era melhor, quando minha mãe estava viva.

— E agora? – Rosa virou a cabeça para ele.

— Está só existindo.

— É uma pena. A vida é tão bonita. – ela indicou o céu ensolarado com a cabeça.

Ele olhou para o céu. Sentiu os raios solares mágicos atingirem seu rosto e seu corpo. Tudo ao redor da Cúpula era maravilhosamente cheio de vida.

— É realmente bonita. – concordou ele, mas não estava olhando para a Cúpula. Estava olhando para Rosa.

Ela sorriu, um riso tímido, como quem quisesse virar o rosto. Ele se abaixou. Pousou os lábios nos dela como se fosse uma borboleta roçando levemente, depois a mordiscou. Rosa levantou o corpo, sentando, e Escórpio pousou a mão na nuca dela. Rosa retribuiu o beijo docemente, enquanto a água da cachoeira respingava neles, o sol os atingia de modo suave.

Nenhum deles viu quando deu meia-noite.

[...]

Ele a observou entrar por uma das inúmeras lareiras no amplo saguão no Ministério da Magia. Não tinha intenção de ir até ela, que parecia tão feliz junto do colega de trabalho. Eles tinham reunião apenas à noite.

Rosa estava com os cachos soltos e o homem ao seu lado sorria de modo discreto, mas interessado no que ela falava animadamente. Eles seguravam as mãos de maneira recatada, mas o suficiente para ele perceber que estavam felizes.

Eles trocavam olhares carregados de atração durante a conversa. Rosa estava com um copo descartável na mão livre, bebendo goles longos.

Eram sete horas da manhã. O Ministério já estava cheio. Uma multidão ia do saguão das lareiras para o espaço menor em que ficavam as portas dos elevadores. Vários bruxos liam O Profeta Diário mesmo andando, outros carregavam pergaminhos, maletas, acionavam memorandos interdepartamentais, mas não Rosa.

Rosa olhava para ele de maneira animada, como se a conversa estivesse a entretendo demais. Ela e o homem o perceberam observando na fila para a mesa que indicava Segurança, com apenas três pessoas à sua frente. Os olhos de Rosa sorriram. Os do homem ao seu lado também pareceram simpáticos.

— Bom dia Lorcan. – desejou Rosa. – Trouxe a Pan para conhecer seu trabalho?

— Aproveitei que tivemos uma manhã livre. – respondeu Lorcan Scamander.

Lorcan, que estava com a filha nos braços, uma menina de um ano de olhos azuis, cabelos ruivos e cacheados, andou mais um passo na fila. Lorcan passou Pandora para o colo de Rosa.

— Bom dia Lorcan. – falou formalmente Escórpio, à vontade para usar o primeiro nome do colega.

— ‘dia. – respondeu Lorcan com um aceno de cabeça.

Escórpio ficou observando Rosa brincar com a pequena Pandora. Ele passava os olhos por ambas como se desejasse uma filha dos dois, uma realidade daquelas para ele. Ele só pegou desajeitadamente a mão de Pandora quando Rosa “apresentou” os dois.

Rosa devolveu Pandora para o colo do pai. Ela já estava com as mãozinhas esticadas, esperando o colo paterno.

— Eu também aproveitei para dormir mais hoje. – respondeu Rosa. – Nossos horários são uma loucura. Te vejo à noite? – perguntou.

— Claro. – Lorcan confirmou, impedindo a filha de puxar os cabelos de Rosa.

Quando eles estavam se afastando, as mãos de ambos se tocando discretamente de novo, Lorcan a ouviu perguntar para Escórpio, baixinho:

— Como vai ser o seu dia?

Todo o corpo de Escórpio parecia relaxado e o de Rosa cheio de energia para uma manhã de segunda-feira.


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Notas finais do capítulo

E então? Consegui fazer algo "diferente" pro shipper ou ficou muito inspirado no que já li? o/

Desculpem pelo final quis dar uma agonia temporária, foi proposital.



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