Amor à segunda vista! escrita por Yasmin, Yasmin


Capítulo 5
Capitulo 05 — Mau-caráter


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
Sei que vcs devem estar querendo me matar...e jogar meus restos mortais para os urubus do meu rei. rsrsr
Gente, tenho motivos pela minha ausência.
Primeiro, eu tive um bloqueio criativo, depois uma tpm que me deixava insatisfeita com cada palavra - meu emocional estava péssimo. E quando passei a ficar mais animada. Houve um blackout no meu not, isso mesmo , meu mar não estava para peixe. Só estava conseguindo acessar pelo celular e não sei publicar pelo celular. Ontem meu not saiu do conserto e como chego bem tarde da aula, estava exausta, não consegui publicar.
Enfim esses foram os motivos que me deixaram longe de vocês.
E agora falando sobre a história.
Bom, por onde começar?
Já sei. Pela linda - Lidyane Valdez – que é uma leitora nova, e que chegou causando amores no meu coração. Lidy, querida. Não sabe como sua recomendação foi importante e bem recebida na minha cabecinha maluca. Obrigada, de coração!! Dedico esse capitulo a você. Quer, dizer você terá de dividir as dedicatórias deste capitulo com a querida DM. DM, que também me deu um presentaço - Uma linda recomendação.
Flor, obrigada por recomendar essa história também, e obrigada por me acompanhar desde sempre. Grata por você ser uma leitora fiel..Dedico este capitulo a vc também!
Bom acho que não estou esquecendo de nada, é isso, bora ler!!!
Estarei nas notas finais.
Bjs!!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/699954/chapter/5

Aquela manhã de sábado havia começado bem, muito bem para Katniss quando se viu acordando nos braços de Peeta. Ao vislumbrar seu rosto, sentiu algo diferente acalentar seu coração, mesmo sendo errado, ter ficado com ele, pareceu lhe mostrar novos parâmetros para sua vida.

Ela até ficou minutos e minutos antes de dormir, maquinando uma forma de estender o final de semana na capital do país ao lado dele. Longe de tudo. Longe de Gale. Ela queria descobrir mais um pouco dele, desfrutar das sensações que ele a fazia sentir.  Queria também, descobrir o que ele estava sentindo.

 Peeta é de longe o cara mais bonito pelo qual ela já havia se interessado. Mas, também era de longe o mais fora da linha. Pelo menos, era o que parecia, e embora o jeito “ relaxado” que ele exibia, ela não queria julga-lo por sua aparência. Não, pelo fato dele andar com uma arma na cintura e gostar de tatuagens, pois daqui a alguns dias ela própria teria a sua arma e, — até poderia vir a ter uma tatuagem — mesmo ainda não tendo coragem de fazê-la.

        Além de bonito ele é diferente. É aquele tipo de cara que toda mulher sonha em ter. Por mais que a maioria das mulheres negue, é fato que elas geralmente se sintam atraídas por homens do tipo dele — pegador e cafajeste —,   ela mesmo quase não sentiu os batimentos em sua caixa torácica quando o viu na sua frente. E mesmo com sua aparente fama de conquistador ele parece cuja espécie de homem que é impossível de se apaixonar ou de se prender a uma mulher.Mas, quando acontece é eterno, é para sempre!

Toda via, no momento que ela ousou em falar, viu que Peeta já havia dormido, porque assim como ela. Ele estava cansado de toda a aquela conjunção estelar pelo qual passaram. Havia sido um momento intenso que jamais poderia imaginar que viveria. Ela tinha feito amor ou qualquer que seja denominação correta. Com alguém que ela mal conhecia. Ao luar. Divagando nas estrelas. De fato ela viu estrelas.  

Suspirou inalando seu cheiro e aninhou-se em seu peito, decida a fazer a proposta no dia seguinte.

Dia seguinte, que não amanheceu como ela planejara, porque antes mesmo dela dar o primeiro bocejo do dia. Tudo foi por água abaixo. Alterando completamente o curso dos seus planos. E agora ela estava a caminho do aeroporto, sendo escoltada por nada mais, nada menos que o diretor da divisão antiterrorismo do FBI. A divisão mais disputada pelos novatos  e veteranos com anciã de justiça. Ela mesmo namorava uma vaga. Porém, seu futuro chefe que a encarava interrogativamente e ranzinzamente estava trabalhando para ela, por ordens tácitas de algum superior que devia favores ao ilustríssimo procurador.  Famoso pela ilustre atuação no departamento de justiça da cidade de Chicago, cuja família tinha planos mais ambiciosos para o único herdeiro.

  Ela estava fula de raiva. Se Gale aparecesse em sua frente, com certeza ela o partiria em dois. Katniss já havia deixado expressamente claro que ele não podia trata-la dessa maneira, como se ela fosse sua propriedade privada. Mas, parecia que ele fazia de propósito.  Já havia gastado litros de saliva pedindo que o relacionamento voltasse a ser como  era antes dele assumir a procuradoria. Estava cansada de ser uma namorada vitrine, que o acompanhava nos eventos sociais e sorria para as câmera, e  no dia seguinte via sua foto estampada nas páginas de alguma revista de fofoca onde sempre destacava como a gata borralheira.

A gata borralheira que cresceu na rua sem saída, mas que conquistou o coração do filho prodigo do senador.

— Está entregue. — Haymitch falou assim que Jared, um outro policial estacionou na passarela do aeroporto. — Só preciso coloca-la dentro de um avião...antes que o seu digníssimo peça por minha cabeça. — Haymitch estava irritado. Saiu do carro batendo a porta com força.

Nunca gostou de políticos ou peixes grandes. Aliás, ele odiava peixes. E para ele, assim como para a maioria, Gale Hawthorne fazia parte do cardume de sardinha mais inoportuna da face da terra.

E não foi um espanto para ele quando a ficha de Katniss fora parar em sua mesa juntamente com o pedido de reprovação imediata sancionada por Plutarck, por exigência do próprio procurador.

 Mas, ele não atendeu as ordens, imaginando que Katniss conseguiria se reprovar sozinha. Até uma aposta interna rolou quando ela e Johanna Mason iniciaram o curso. Para ele as duas princesas não aguentariam.

No entanto, elas foram subjugadas, e ele se enganou, porque a cada etapa do treinamento elas se sobressaíam. Tanto ela quanto Katniss foram surpreendentes. E mesmo quando ele as testavam além do limite, elas não desistiram.

Então, ele observou Katniss todo o tempo. Havia ficado admirado com sua agilidade, esperteza e com seu poder de persuasão. Ela era ideal para fazer parte de sua equipe. Seria uma perfeita negociadora. Sabia se impor e conseguia manipular a qualquer um. Pelo menos era essa a personalidade que havia demostrado. Bem diferente dessa mulher de agora. Submissa, que para ele, já não servia.

Katniss desceu do carro apanhando suas malas e caminhou entrando pelas portas automáticas. Sentiu Haymitch logo atrás de si. Se virou tirando os óculos de sol.

— Eu posso prosseguir daqui. — Isso estava humilhante demais.

Ele riu, e continuou andando. Katniss não saiu do lugar. Quando ele entendeu que ela continuaria ali, cessou seus passos também.

— Por favor queridinha, facilite meu trabalho. Hoje é sábado. — Ele falou sarcástico.

— Eu não preciso de escolta.

— Então, diga isso ao procurador. — Haymitch explodiu — Pois não é isso que ele pensa. Já pensou se você erra o rumo e vai parar no estado do Alabama? O que eu direi para ele? Que sou uma péssima babá? —Ele estava zombando dela. Katniss já conhecia esse ar sarcástico de Haymitch e isso a fez sentir mais raiva ainda do namorado.

Respirou fundo.

— Com todo respeito, senhor. — Ela disse — Eu não me importo com o que ele pensa ou deixa de pensar e qualquer coisa você pode dizer que eu mandei ele... ir a Merda. Pois, então — ela lhe estendeu a mão, e ele pegou — Passar bem e até a próxima. — caminhou até o guichê de embarque, sem nem esperar resposta.

— Petulante — Ele resmungou, vendo ela seguir e depois gritou dizendo que passaria o recado. Aliás, seria um prazer, manda-lo a merda.

 

***

 

Como planejado, assim que conseguiu desembarcar e pegar um táxi entre dezenas na fila de espera, ela seguiu para a casa dos pais. 

Atravessou o canteiro de flores composta por Gardênias, tulipas, e inúmeras roseiras que exalavam um aroma gostoso, um frescor familiar que a fazia lembrar da infância. Se sentiu melhor por estar ali, naquele lugar que foi por muito tempo seu porto seguro.

Pela janela da sala, ela avistou o senhor Everdeen dependurado em uma escada, possivelmente fazendo algum reparo em sua charmosa e aconchegante casa vitoriana. De onde estava, ele vislumbrou a chegada da filha. Desceu os degraus com cuidado e, se apressou abrindo a porta.

— Oi, pai. — Ela pendeu a bolsa no chão e derramou seu carinho sobre ele, que a levantou num forte abraço.

— Minha princesa...que saudades. — Correspondeu, ele.

O senhor Everdeen era louco por sua primogênita.

— Também estava com muita saudades. — disse, com brilho nos olhos. — Onde está a mamãe? — Pegou sua bolsa do chão e o pai se prontificou a empurrar a mala de viagem.

— Está lá dentro, cuidando dos nervos e da menopausa.

— Menopausa? — Katniss, perguntou rindo.

— Shiuu!! — o pai fala piscando para ela, ao ver a esposa se aproximar.

— Filha!! — A estrondosa Clara Everdeen recepcionou a filha com um caloroso abraço e como sempre reclama de sua magreza infundada, porque ela estava longe de ser magra demais. Na verdade ela estava em sua melhor forma.

— Fiquei somente uma semana fora. — Falou tentando escapar do abraço.

— O que me pareceu uma eternidade. — Ela se separou da filha, fitando a demoradamente — Você está diferente! Mais bonita, corada. O que você, fez? — observou ela, atentamente.

— Que eu me lembre nada.

— Eu acho que fez sim. Está com fome? — respondeu sim, sentindo um buraco negro no estomago. Eles caminharam rumo a cozinha. — Onde estava que não conseguia atender o celular. Nem a mim, nem a Gale. Ele estava desesperado, filha.

Ela fala enquanto que rapidamente refazia a mesa do café, era sempre assim, em todas as visitas teimava a empanturrar a filha de comida.

— Eu...estava com Johanna... — disse, alcançando geleia de amendoim e em seguida passando uma camada generosa na torrada —, num lugar que a música era alta, o que me impediu de escutar o telefone. E não sei porque do exagero, fiquei somente algumas horas sem dar sinal de fumaça. — Ela sentou- se no banco em frente o balcão americano da cozinha, enquanto o pai lhe servia uma xícara de chá.

— O Gale... — Ele sussurrou em seu ouvido — O Gale ligou dizendo que você estava desaparecida. Deixou ela louca.

— Hum... — ela apenas sibilou sem querer conversar sobre Gale. Esperaria a hora certa.

Depois de se fartar com as delicias preparadas pela mãe ela passou o restante da manhã e parte da tarde relatando os últimos acontecimentos relacionados a sua carreira e, que agora em diante, ela era uma agente do FBI. Quando contou de sua provável mudança de cidade ela precisou consolar a mãe por três ou quatro vezes e ao mencionar que teria uma arma precisou acalma-la com um copo de água com açúcar.

— O que foi com a mamãe? — Perguntou caminhando na direção da piscina. Tirou os chinelos de dedo e afundou os pés na água. Automaticamente seus músculos relaxaram. O pai a acompanhou, mas quando se sentou, sentiu a dor costumeira na coluna, obrigando ele a fazer uma careta de dor.

— Menopausa. — ela o olhou descrente. — É sério, ela está me deixando louco.

Katniss riu.

— É por isso que ela me expulsou da cozinha? — Katniss havia se oferecido para ajudá-la com o jantar, mas tanto ela quando o esposo foram expulsos.

— Ela me expulsa sempre. Então para mim está normal.

— Eu acho que vocês precisam de férias. E aquele cruzeiro que iam fazer para comemorar o aniversário de casamento. Está tudo, ok?

— Esta sim, mas estou pensando em algo mais urgente. Preciso deixar essa mulher feliz.

Sorriu com a tamanha preocupação que seu pai tem com a felicidade da esposa. Será que algum dia teria algo parecido. Alguém que se preocuparia com sua felicidade? Ela olhou para o rosto envelhecido do pai, e pensou em perguntar como ele sabia que a mãe era a mulher da sua vida. Abriu a boca algumas vezes, mas desistiu, imaginando que ele falaria sobre Gale. Alguém de quem ela fugia assim como o santíssimo fugiu da cruz. Queria protelar o quanto ela pudesse o inevitável reencontro, mesmo sabendo que ela não poderia fugir dele para sempre.

— E você? Como anda o namoro com o engomadinho?

— Há dias que não o vejo! — respondeu ela, saindo pela tangente. John não quis comentar.

Ela olhou para céu, onde o humilde sol se punha e deixava a lua brilhar. Brilhava grande e intensamente, fazendo sua memória mais recente a viajar. Fechou os olhos e naquele instante, por apenas um instante as lembranças da noite anterior inundaram seus sentidos. “Peeta”

— Pai. — disse ela.

— Oi.

— Porque você me convenceu a acreditar que o homem nunca foi a lua?

— Ainda pensa nisso?

 — Ontem eu pensei. — Olhou para ele e depois para a lua novamente. — Anda, diga:

— Por que eles nunca foram, querida.

— Como sabe?

— Você acha mesmo que se eles tivessem descoberto uma forma de chegar até a lua eles não estariam comercializando essa atração. Quem não quer ir à lua?  Eu quero ir à lua.

— Talvez... porque eles queriam preservar a lua.

John riu.

— O ser humano não preserva a própria casa. Imagina a lua.

— Porque eles mentiriam?

— Minha mãe contava que, quando a família dela se reuniu ao redor da TV para assistir à chegada do homem à Lua, o tio Matt, irmão do meu avô de família irlandesa, dizia que aquilo tudo foi invenção de americano...

— Invenção de americano? — ela interrompeu.

— Sim, de americano.

— Você fala como se não fosse americano.

— Eu sou americano, só não acredito nos americanos mentirosos.

Ela riu.

— Certo, continue:

Seus olhos brilhavam de curiosidade se seu pai prosseguiu.

—... Lembro-me de ter visto pela primeira vez as imagens criticadas pelo tio Matt durante a comemoração dos 20 anos da chegada à Lua, em 1989, quando eu tinha 25 anos – e já com o senso crítico suficiente para concordar com o tio Matt. Já mais velho, li que a chegada à Lua foi forjada para animar o povo americano, cujos soldados estavam sendo chacinados no Vietnã.

— Então, eles não foram?

— Eu acredito que não e você, em que acredita?

Katniss hesitou por um instante, apenas um instante.

— Que eles não foram. — sorriu em cumplicidade e certa do que diria a Peeta com quem ela desejava se reencontrar.

Algum tempo depois, o jantar fora anunciado e eles se reuniram como não faziam a muito tempo. Enquanto degustavam os camarões recheados com carne de caranguejo que Clara havia preparado, John abriu um Cabernet Sauvignon para acompanhamento.

 Eles brindaram pela nova fase da filha. A atualizaram sobre o fim do namoro de Prim (que lhe pegou de surpresa) e de como o a filha do novo namorado de Madge, sua irmã do meio, era encantadora.

Distraída e sem pressa, tempos depois Katniss já havia bebido praticamente metade da garrafa sozinha, mas, quando sua mãe lhe detalhou o motivo do termino do relacionamento de Prim quase engasgou e bebeu mais ainda para manter a boca ocupada e se esquivar de opinar sobre o assunto.

— Ele foi um cachorro! — Clara sussurrou baixinho, olhando de soslaio para porta, querendo ter certeza que o marido estava longe o suficiente para não escutar a conversa. Porque se ele soubesse o que Carter, primeiro e único namorado de sua caçula havia aprontado, sem sombras de dúvidas, ele o castraria.

— Como ela está?

— Arrasada! — sua mãe suspirou— Carter, foi um mau caráter .

Katniss podia sentir as engrenagens do seu cérebro funcionando como as engrenagens de um trem em movimento. Poderia ver os mesmos juris que ela havia convencido a condenar Michael Papper o gangster da região de South Side, culpado pelo assassinato das três prostitutas que ele havia estrangulado. E agora neste momento ela poderia ver cada um deles a culpando por sua infidelidade e pela primeira vez desde o acontecido, sentiu remorso. Remorso por não ter terminado o relacionamento na semana anterior. Remorso por ter deixado Gale ditar as regras de sua vida. Remorso por ter entrado no avião e ter deixado Peeta. Remorso por não sentir culpa, porque apesar de errado, ter estado com ele não foi algo que ela havia premeditado, não entrou naquele bar intencionada a ficar com alguém, só queria colocar  a cabeça para pensar. Mas, aconteceu, talvez porque deveria ter acontecido. E se aconteceu com ela, talvez tenha acontecido com Carter. Eles eram vizinhos de fraudas, pegavam o ônibus escolar juntos, sabia que o rapaz deveria ter um motivo para ter trocado sua irmã assim, do nada. “Talvez ele se apaixonou pela garota.” Pensou alto.

— Quem se apaixonou pela garota?

— O que?

— Você disse que “Talvez ele se apaixonou pela garota”, de quem falava?

Nem percebeu que tinha dito aquilo em voz alta. Limpou a garganta e temerosa respondeu:

— Eu disse que ele pode ter se apaixonado pela tal Donna. — Levou a taça na boca querendo demonstrar o quanto o assunto é banal. — Por isso ele agiu assim. Carter não é mau caráter, você o viu crescer.

— Eu vi sim e estou decepcionada com ele.— disse, Clara — O senhor e a senhora Perry, estão envergonhados.

— Imagino, mas como eu disse: Ele pode ter se apaixonado por essa mulher.

— Esta justificando a atitude dele?

— De modo algum.

— Então, você está querendo dizer, que é natural seu namorado aparecer do nada e dizer que quer terminar o namoro.

— É e, não é. Talvez ele quisesse fazer isso a mais tempo, mas não tinha coragem, porém, ter conhecido Donna foi o que o encorajou.

— Claro que isso o encorajou. Ela estava gravida. Mas, se ele fosse um homem de verdade teria sido sincero e, Prim não teria descoberto quando ele entrou no hospital de mãos dadas com uma mulher gravida de quatro meses, concluindo que ele a traía a meses.

— Eu... — ela não sabia o que dizer, mas pelo mesmo não estava gravida. Mas, não queria escutar mais nada daquilo. Era muito julgamento pra pouco réu.— Estou cansada...acho que preciso de uma cama. Posso passar à noite aqui? —

— Claro!!— Sua mãe respondeu confusa.

Ela subiu como fazia quando criança, agarrada ao corrimão da escada até alcançar a porta do seu antigo quarto no final do corredor. Seu pai já havia subido com a mala. Então, procurou uma camisola e foi direto para o banheiro. Tomou um banho rápido suficiente para dispersar a bebida, fazendo em seguida, uma anotação mental de não beber álcool por um determinado tempo.

Ao colocar a cabeça no travesseiro ela fechou os olhos com intenção de dormir de imediato. Ficou assim. Dez, vinte, trinta minutos rolando de um lado para o outro na cama. Sentou-se inquieta, ligando o abajur e viu no criado mudo o medalhão de Peeta. Esticou o braço e o pegou em suas mãos, deslizando o dedo freneticamente pela circunferência amassada.

Pensou em quê e com quem ele estaria agora. Com alguma outra garota, talvez?   Rindo de suas piadas sem graças que chegavam a ser engraçadas.

 Sem pensar duas vezes procurou o smartphone decida lhe enviar uma mensagem. “Uma simples mensagem”, ela pensou.

 Com quem ele estivesse. Ela atrapalharia.

“Boa noite!

Estou passando para avisar que seu amuleto está em segurança e... Posso saber que horas futricou no meu celular? Por um acaso você é o James Bond?”

Ficou impaciente aguardando uma resposta. Quanto mais tempo ele demorava a responder, mais ela tinha certeza que ele estava ocupado. Quando sentiu o aparelho vibrar em suas mãos, pode relaxar.

“Boa noite!

Até que enfim, já estava acessando o banco de dados da agencia em busca de seu endereço. Bom saber, que está bem. Quando mexi no seu celular? Só posso dizer que foi quando você estava distraída olhando para meu corpo.”

Ela gargalhou, pensando em como ele era bom nisso. Como ele a fazia rir. De como se sentiu bem recebendo essa simples mensagem. Toda a angustia que sentia agora pouco pela situação indefinida, parecia não existir.

Ela lhe enviou mais um mensagem de boa noite e se ajeitou na cama assim que recebeu outra onde ele disse estar ansioso pela formatura.

Antes de seus olhos se fecharem ela ficou observando seu quarto de adolescente que ainda estava intacto. Com certeza se algum colega da polícia o visse, passaria vergonha, pois seus pôsteres do Backstreet boys e da Britney Spears estavam espalhados pelas paredes. Ela se perguntava como pode ter feito isso na adolescência? Como ela poderia ser obcecada por eles?  Tudo bem que o grupo masculino musical, tinha ícones lindos. E que garota nos anos noventa não gostava do Nick Carter ou... O Brian?Ela não era a única maluca, até sua irmã do meio que era um pouco mais nova que ela, curtia do mesmo vespeiro. Mas, Britney Spears? Como ela pode ser tão...melhor deixar pra lá. Todos temos fases obscuras na vida. Ela não poderia ser diferente.

Deixou o celular no criado mudo e bocejou. O Cansaço e as poucas horas de sono dormidas na noite anterior já estavam se mostrando presentes. Logo ela caiu no sono e só foi acordada no dia seguinte e de passagem bem cedo.

— Mãe... O que está fazendo? — Era domingo, o vinho, dor de cabeça. Queria permanecer por mais tempo na cama.

         — Me deitando com minha cria, não posso? — A senhora Everdeen se deitou ao lado da filha e em seguida entrou debaixo das cobertas. — E que mal humor é esse? Sempre acorda assim?

Ela riu.

      — Só quando estão me esmagando as seis da manhã. — falou bocejando — E você sempre acorda cedo assim? Ou é a menopausa?

         — Menopausa? Eu não estou na menopausa. — ela levou um tapa.

         — Ai— massageou — O papai disse que está.

         — Ele falou isso?

       — Não com essas palavras. Mas, foi o que entendi. — mentiu tentando amenizar o lado do pai.

         — Seu pai é um idiota...ele vai ver quem está na menopausa. Nunca estive mais jovem. — Clara, passou a mão pela camisola de algodão, evidenciando as suas próteses de silicone e Katniss riu de sua desenvoltura. Havia alguns meses que a mãe encasquetou que precisava urgentemente de seios novos. Parecidos com de Hazelle, mãe de Gale.

— É, eu acho que o papai está enganado. Você está ótima.

— Obrigada! — falou com um simples mexer de lábios. Katniss voltou a dormir.

Como uma boa medica e mãe zelosa, Clara observava cada centímetro da filha. Passou a mão pelos cabelos, alisou seu rosto admirando a beleza da filha.

 Suspendeu sua pálpebra, com a intenção de verificar se a anemia que Katniss havia contraído tempos atrás não tinha voltado, devido as dietas malucas que ela se submeteu nos últimos tempos. Ela não entendia porque sua princesa escolheu entrar nesse mundo perigoso de policiais.

— Dá pra parar? — Katniss, sentou-se na cama incomodada com os toques, fez um coque no cabelo e esfregou os olhos, sabia que a mãe não a deixaria voltar a dormir novamente. — É sério, eu não sei como posso ser sua filha.

— Sabe sim eu sou uma ótima mãe.

— Mas, não deixa de ser maluca.

Clara riu, observando a filha atentamente. Notou algo em seu pescoço.

         — O Gale foi até Washington, esta semana?

         — Não. — Katniss respondeu sem saber o porquê da pergunta.

— Então... quem fez isso em você? — Clara questionou curiosa pressionando o dedo de leve em cima da marca arroxeada no pescoço da filha. Atrapalhada, katniss deu um pulo na pequena cama e esborrachou ao chão.

— Ai! — gemeu de dor, passando a mão nas costelas. — Obrigada por mais um hematoma mãe. — respondeu confiante. Não podia dizer quem de fato deixou essa marca nela. — Consegui vários hematomas nesse último treinamento.

— É sério que você está querendo enganar uma médica. — Clara observou. — Isso, no seu pescoço é um chupão. — ela falou com certeza. — É um chupão sim, Katniss, e se não foi seu namorado, quem foi?

Katniss gargalhou de nervoso.

— Enganar? Não, mãe do que está falando? É um colete...um novo colete a provas de balas. — Pensou rápido.

Clara riu.

— Colete? — disse ela arqueando as sobrancelhas — Então, como é esse colete?  Louro, moreno, ruivo? Diga ou eu descubro — ela apanhou o celular da filha.

— Me dê isso aqui — Katniss se apressou pegando celular. — Euu..não tenho porque mentir— ralhou ela.

— Porque está nervosa?

Clara encarou a filha, enquanto sua mente começou a recordar o estranho comportamento dela tentando justificar a infidelidade de Carter. O Sumiço. “Ela esteve com alguém”, concluiu mentalmente. Conhecia a filha como conhecia o corpo humano.

— Quem é ele? — Perguntou a Katniss que desviou o olhar, envergonhada. Como ela diria para a mãe que não era diferente de Carter. — Seria bom você conversar comigo. — Insistiu, lhe estendendo a mão.

Amuada, a filha acatou o pedido e sentou de frente para ela.

— Eu nem sei por onde começar. — disse, envergonhada.

— O começo é uma ótima ideia. — Sua voz era como de uma mãe dando bronca na filha adolescente. — Você está tendo um caso?

Katniss a olhou duramente, porque... ela nem era casada. Então,  não. Ela  não estava tendo um caso.

— Não, eu não estou tendo um caso.

— Como não?

— Foi só uma... Que dizer, ontem, foi somente ontem! E não vai mais acontecer, quer dizer... não enquanto eu... não conversar com Gale.

Sentiu os olhos de Clara queimando sobre sua pele. O que será que ela estava pensando? — Por favor, não conta pro papai! — pediu isso sabendo que entre os pais não haviam segredo, e morreria se seu pai a olhasse diferente do que ele vê.

— Tem certeza que é isso que quer.

Ela esticou as pernas e caminhou até a janela. — Sim.

— Por esse rapaz?

— Não! — negou, abraçando o corpo — Por mim. — Completou, sentando- se de frente para mãe, fechou os olhos e suspirou querendo se expressar. Dizer o que sentia de verdade. — Eu...não estou feliz.

— Mas você desistiu da sua vaga na promotoria...por ele. Lembro até hoje. Não se precipite.

— Aquilo não tinha nada a ver com amor, mãe. Era mais por gratidão. Se eu não tivesse recusado ele teria perdido o cargo na procuradoria e...naquela época eu ainda estava acomodada. Mas, agora estou em uma nova fase e Gale não tem muito espaço na minha vida.

— E quando vai conversar com ele?

— Assim que possível.  Mas, por que não mudamos de assunto e nos levantamos para preparar nosso domingo. — ela disse empolgada. — Pensei que poderíamos aproveitar a piscina e o papai assar uns hambúrgueres na chapa.

Clara sorriu com a sugestão, mas sua mente ainda estava maquinando as últimas atualizações. Katniss colocou suas pantufas e foi rumo ao banheiro.

O domingo dos três Everdens iniciou alegre com direito a panquecas e cheiro de bacon frito. E enquanto as mulheres arrumavam os aperitivos para o almoço o senhor Everdeen se encarregou da carne e das cervejas. O dia seria típico, uma pena que as irmãs estavam longe.

Perto do meio dia, depois de colocar o biquíni ela viu a tela do celular se iluminar. Tirou os óculos de sol e viu que não era uma mensagem. Era uma ligação e não era de Gale.  Era Peeta, suas pernas ficaram bambas, quase não as sentia, mas fez um esforço descomunal e afastou-se dos pais, caminhando até o jardim lateral.

— Achei que você me ignorar! — Peeta, disse quando finalmente ela atendeu.

— Eu es -tava... —gaguejou com a boca completamente seca.

— Me desculpa. — disse ele — Você está ocupada, não é...— ela sentiu que havia um duplo sentido na palavra. É como se ele afirmasse “Você está com seu namorado? Me desculpe, posso ligar em outro momento”.

— Não... — ela se apressou a falar — Eu só não esperava sua ligação e no momento eu também estava no meio do fogo cruzado. – Ela olhou para a mãe exaltada. — Meus pais nesse minuto estão discutindo o ponto certo do pão de alho e bem... quando essas discussões iniciam, alguém tem que ser o arbitro e decidir quem está certo e errado. E como sou a única filha em casa o árbitro sou eu. Mas, nao quero tomar partido...pensando bem...acho que mamãe irá ganhar essa... — falou isso quando o pai de Katniss seguiu atrás da irritada Everdeen.

— Vocês mulheres sempre ganham. — respondeu mais relaxado. — E como você está?

Ela escutou a voz dele, tão sexy, que penetrava sua alma. E nesse instante, apenas nesse instante pensou ... ou melhor...não queria pensar.

— Bem. — respondeu — E como está seu domingo? — ela perguntou sem ter a mínima ideia do que ele fazia aos domingos.

— Bem parecido com o seu.

Silencio.

— O que você fez ontem? — ela perguntou curiosa. Será que ele esteve em algum outro bar parecido com Madam`s Organs, rodeado de mulheres atraentes e com inúmeras tatuagens?

— Em casa.

— Em casa? — a desconfiança ficou subintendida.

— Sim. — ele riu — Repassando uns relatórios. Ainda tenho que encerrar uns casos do departamento de polícia senão, sem salário.

— Entendo. — ela sentiu que ele disse a verdade.

Outro silencio.

— E foi tudo bem quando chegou em casa?

Claramente que ele pergunta de Gale

— Sim, fui bem recebida pelos meus pais e até agora não consegui chegar no meu apartamento. Acho que eles estavam carente da cria. — Trocou o celular de orelha enquanto caminhava pelo enorme jardim, havia mais roseiras que em uma própria floricultura.

— Eu acho que eles não são os únicos.

— Como assim?

— Que estão carentes, porque eu pensei que conseguiria ficar longe do meu cordão até a formatura. — disse sério. — Mas, será impossível, então, eu liguei por esse motivo. Único motivo. Acha que consegue se encontrar comigo hoje? Quer dizer, me entregar ele hoje ou ao menos deixar eu vê-lo hoje?

Sua fala era esperançosa e havia um pingo de desespero.

— Se está com tanta saudades assim, posso lhe enviar uma foto.

Decidiu brincar.

— Não!! — Ele rebateu. — Uma foto não irá acalentar a saudade que sinto do Valentin.

— Valentin...sei.

— Sim, Valentin. — pausou. Ela escutou sua respiração pesada. — Você acha que estou sentindo sua falta?  Uma mulher: linda, inteligente, franca e que não acredita que o homem foi a lua?

— É, eu acho! Se a situação fosse inversa eu sentiria saudades de mim. Uma mulher: linda, inteligente, franca e que não acredita que o homem foi a lua. — Imitou a voz dele, entrando na brincadeira.

Ele gargalhou.

— Tá, que horas posso vê-la? — exigiu, fazendo ela gargalhar. Mas, logo sua exigência começou a conflitar na cabeça. De um lado ela queria, correr para onde quer que ele estivesse, mas a voz da consciência dizia que ela devia sucumbir este momento por respeito a Gale. Gale. Gale. Até quando ela se privaria por Gale?

— Te encontro — olhou para o sol, querendo ter noção do tempo. Era meio dia. — Te encontro ás 17h, no píer.

Decidida, estava irreconhecivelmente decidida. Até que:

— Katniss! — Alguém tocou seu ombro. Quando, se virou viu Gale, bem atrás dela.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gentem, escrevi muito por esses dias e a finalização dessa fase deu mais e 10 mil palavras. Muito comprido. Ja agendei a publicação para amanhã e ja adianto que terá muita emoção... não percam por nada...
bjsss



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor à segunda vista!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.