O Comediante escrita por Srta Leah
Risos;
Risos saudosos, risos quebrados, risos escandalosos e risos disfarçados.
O comediante presenciava todos os tipos de sorrisos e sabia diferenciar exatamente cada sentimento por de trás deles.
A sua função era alegrar o dia daquelas pessoas de aparência tão triste.
À cada fim de tarde, enquanto no céu acontecia o mais maravilhoso dos espetáculos, que era quando as mais lindas cores da aquarela se mesclavam entre si, formando um formidável crepúsculo, o comediante arrancava risos do pequeno aglomerado que já se formava diante o palco, enquanto admirava aquela verdadeira obra de arte reproduzida pelas mãos invisíveis do mais incrível artista.
Não entendia o motivo dos olhos daquelas pessoas serem tão vazios e sem brilho. Diante delas acontecia maravilhas, mas a cegueira acarretada pelo estresse do dia a dia não lhes permitia que vissem.
O comediante, ao fim de mais um dia de trabalho, juntou suas coisas foi embora.
Já em casa, ele afundava a cabeça na almofada do sofá e se colocava a pensar na vida.
O comediante, que sempre arrancava as gargalhadas das pessoas, no fundo era um ser solitário. Se escondia no vazio de seu apartamento e não se permitia ver a luz do dia.
Seu hábito notívago sempre chamava a atenção de sua única amiga, que volta e meia fazia sempre a mesma pergunta:
—- Por que você sempre faz as pessoas sorrirem, sendo que, nem mesmo é feliz?
O comediante, que nunca respondia à essa pergunta, hoje lhe deu uma resposta que, mesmo ele, sempre buscara:
—- Porque apesar do grande espetáculo que acontece diante de nossos olhos, precisamos que outra pessoa nos fale sobre isso. E diante de toda essa dor, sempre precisamos de alguém para nos fazer sorrir.
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