Happy Feet escrita por raexgar001


Capítulo 7
Confusão


Notas iniciais do capítulo

Hellooow! Mais um cap saindo do forno '-'

Boa leitura ~



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A notícia sobre a competição entre Bryan e Mano se espalhou mais rápido que fogo em tempo de seca, apostas logo foram sendo feitas por todos os cursos da Faculdade Imperador, não sobre quem iria ganhar já que a vitória de Bryan era certa, as apostas eram para saber qual nível de vergonha Mano passaria, quantas pessoas ele conseguiria “matar” com  seu péssimo canto ou se ele chegaria ou não a realmente subir no palco.

A notícia de que os pais de Mano foram cantores fantásticos no passado também correu a solta o que fez com que todos se perguntassem qual o erro de Mano por terem pais com vozes maravilhosas e ele não ter herdado nada disto. Gloria tinha ficado surpresa ao descobrir que havia conversado com Norma Jean e Memphis, ela tinha a grande impressão de que já havia visto os dois em algum lugar – os pôsteres colados na parede de seu quarto com a foto dos dois e os CDs, além de um documentário em vídeo cassete – porém estava tão pensativa com a revelação de que Memphis era bastante severo e contra a dança obrigando o filho a fazer algo que ele não gosta que nem havia conseguido raciocinar que eles eram seus ídolos.

Gloria notava cada vez mais nos seus encontros isolados com Mano que ele não estava bem, a chacota na faculdade estava cada vez mais pesada, porém Mano continuava forte mesmo que quando estivesse ao seu lado ele deixasse de lado um pouco a pose de forte, ela sabia que quando sozinho Mano deveria chorar até não poder mais.

— Vocês souberam que aqueles latinos arrumaram uma grande confusão na quadra de esportes? – Carmen uma garota alta de cabelos pretos, lábios vermelhos seios fartos e cintura fina (definição de corpo de dar inveja) comentou na roda de amigos de Gloria – Eles são idiotas aqueles baixinhos.

Gloria achou engraçado Carmen dizer isso já que ela também tinha sangue latino por parte de pai e ainda falava a língua.

— Qual o motivo dessa vez? – Seymour perguntou, ele era gordo e usava roupas que mostravam o rapper que ele era.

— Aparentemente foram defender aquele albino metido a dançarino – Carmen respondeu chamando atenção de Gloria que até então estava distraída com a letra de uma música que ela e os amigos estavam compondo para a próxima aula da professora Viola, se Gloria fosse um animal suas orelhas estariam em pé prestando total atenção na conversa.

— Os alunos estão acabando com ele, me pergunto como esse cara ainda consegue continuar aqui – Seymour analisou a situação – E ainda tem esses amigos, devem ser mais idiotas que o cantorzinho para se envolverem em brigas nesta altura do campeonato, o diretor Amoroso não tolera brigas, imagina se são expulsos faltam só dois meses para o fim deste ano letivo, não gostaria de estar na pele deles.

— Eu no lugar deles cortava laços na hora, estão sendo alvos assim como o albino – Carmen deu sua opinião antes de um colega do grupo chamar sua atenção de volta ao instrumento que ela tinha nas mãos para tentar compor a melodia da música, todos voltaram sua concentração à tarefa passada para ser feita em conjunto esquecendo-se de Mano e seus amigos.

Gloria olhava para a folha com rabiscos de sua letra fingindo uma concentração que não existia, sua mente agora lhe castigava dizendo que ela também deveria estar ao lado de Mano neste momento tão difícil, porém logo o medo lhe invadia, ela era muito popular na faculdade sendo chamada para festas o tempo todo e tendo todos os homens literalmente brigando por sua atenção, o que aconteceria se ela dissesse que estava gostando do albino? Primeiro seus amigos se afastariam e depois todos lhe ignorariam tratando-a como uma pessoa inexistente, logo sua carreira de cantora não iria alavancar pela má fama que ganharia, todos seus sonhos seriam arruinados e a promessa que fizera a Maurice - seu falecido pai - de ser uma grande cantora não poderia ser realizada.

Por mais que doesse Gloria nunca teria coragem de acabar com todos seus sonhos, pessoas vinham e iam, era o que pensava então desta forma torcia para que um dia conseguisse parar de sentir coisas por Mano. No momento apenas aproveitava sua companhia e amizade às escondidas, não tinha certeza de que era uma coisa boa fazer isso, mas atualmente não conseguia ficar longe dele e se alguém os encontrasse e ela começasse a ser também alvo da faculdade ela se afastaria, só esperava que não doesse tanto se isto realmente tivesse que acontecer.

[...]

— Eu já disse que não deveriam se meter em problemas por minha causa – Mano repreendeu os amigos, todos estavam reunidos no quarto que Mano e Ramon compartilhavam para tratarem os ferimentos da recente briga que tiveram e que por sorte conseguiram escapar antes do diretor Amoroso chegar para provavelmente expulsa-los.

— Todos lomerecían – Ramon resmungou enquanto na frente do espelho limpava com um pedaço de papel higiênico o corte que ele havia ganhado no canto da boca, falar muito agora chegava a doer e o baixinho se perguntou como faria para apresentar seu trabalho no dia seguinte.

— Faríamos tudo de novo grandão – Rinaldo respondeu suas mãos ocupadas com uma gaze que ele passava na testa cortada de Lombardo.

Mano parou o curativo que fazia em Raul para encarar os amigos, todos sorriram para ele afirmando que fariam tudo de novo caso precisasse. Mano quis chorar, nunca pensará que encontraria amigos assim, ignorando os olhos que ardiam voltou seu curativo em Raul, Mano tinha que admitir que o amigo em sua frente estava engraçado, pois na confusão havia perdido uma lente do óculos escuro, porém mesmo assim usava a armação quebrada o que fazia Mano achar engraçado, pois só conseguia visualizar um dos olhos castanhos. 

— Mudando de assunto... – Nestor chamou a atenção de todos, ele segurava nas mãos os restos de seu óculos que havia sido cruelmente pisoteado durante a briga, por sorte foram só os óculos, ele havia saído ileso da confusão por só enxergar borrões e acabar parando em outro cômodo enquanto procurava um alvo – Já sabe o que fazer em relação a competição?

Mano sentiu-se exausto de repente, odiava tocar no assunto isso sempre o deixava frustrado lhe impossibilitando de encontrar alguma resposta para que ele conseguisse escapar da obrigação que seus pais puseram em si.

— Seria bom procurar alguém que entendesse do assunto, tipo a professora Viola – Lombardo sugeriu e todos fizeram uma expressão de desgosto – Então o que sugerem seus cabeções?!

— Gloria – Raul disse o obvio e todos concordaram, ela era a melhor opção sendo próxima a Mano e também sendo uma incrível cantora com certeza que lhe ajudaria.

Mano sentiu-se envergonhado em ir pedir algo assim a Gloria, mas estava sem muitas opções. Puxou o celular e mandou mensagem para ela pedindo para se encontrarem no lugar de sempre, segundos depois ela respondeu que estava ocupada com um trabalho que professora Viola havia passado e perguntou se o que tinha a dizer era muito importante.

Gloria: É algo importante? Posso arrumar uma brecha para sair.

Você: Eu posso esperar, não tenha pressa.

— Ela está ocupada com um trabalho do curso – Mano comunicou os colegas que pareceram decepcionados.

— Bem... Sempre tem a nós! – Rinaldo sorriu quando o albino fez cara de confusão.

— Vocês cantam?

— Se nós cantamos? Rapazes!  - Rinaldo levantou a mão mostrando os três dedos, todos limparam a garganta e quando Rinaldo abaixou o ultimo dedo que restará todos começaram um coral com a música Hallelujah.

I've heard there was a secret chord
That David played and it pleased the lord
But you don't really care for music, do you?
It goes like this: the fourth, the fifth
The minor fall, the major lift
The baffled king composing Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Rinaldo começou puxando a letra surpreendendo Mano com sua voz. Os demais acompanhavam em coro. Em seguida Lombardo entrou na canção deixando sua voz tomar conta do local enquanto seus amigos faziam um coro logo atrás.

Your faith was strong, but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you to a kitchen chair
And she broke your throne and she cut your hair
And from your lips she drew the Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Quando Raul entrou com sua voz na canção todos no corredor já faziam silêncio para tentar escutar que som maravilhoso era aquele que estava preenchendo o dormitório masculino. Os rapazes na frente de Mano abitam os pés, as mãos e estalavam os dedos, tudo no ritmo da música fazendo-a ficar mais harmoniosa com suas vozes.

Now, maybe there's a god above
As for me, all I ever learned from love
Is how to shoot at someone who outdrew you
But it's not a crime that you're here tonight
It's not some pilgrim who claims to have seen the light, no
It's a cold and it's a very broken Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Eles fizeram uma versão diferente da canção para não a deixar tão longa e também evitarem que Ramon cantasse muito para que seu corte nos lábios – que todos sabiam que estava doendo muito e que ele não deveria se esforçar – piorasse. Por fim Nestor finalizou a canção com todos os amigos o acompanhando em um perfeito coral.

Now, maybe there's a god above
As for me, all I ever learned from love
Is how to shoot at someone who outdrew you
But it's not a crime that you're here tonight

It's not some pilgrim who claims to have seen the light, no
It's a cold and it's a very broken Hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah

Mano não teve outra reação se não os aplaudir encantado com suas belas vozes, segundos depois o quarto foi preenchido pelo som dos aplausos vindos do corredor e todos sorriram satisfeitos.

[...]

Embora os amigos soubessem cantar Mano ainda se sentia mal por necessitar da ajuda, achava que os latinos já faziam muito por ele neste caso não teria o direito de pedir mais um favor como o de lhe ensinar a cantar, mesmo assimtodos os dias ele comparecia religiosamente no anfiteatro da Faculdade em um horário que ninguém estaria, cada dia na semana um dos rapazes lhe acompanhavam e ensinavam – ou ao menos tentavam visto que Mano parecia realmente não ter sucesso naquilo – algo sobre canções.

No final daquela semana Ramon chegou com a notícia de que eles haviam sido convidados para uma festa, o que era surpreendente sendo que desde o vazamento do vídeo de Mano eles não haviam mais sido bem-vindos em nem um outro lugar. Todos se arrumaram empolgados com a festa, Mano se sentia estranho, com um mau pressentimento sobre o dia de hoje mesmo assim acompanhou os amigos, com sorte ele veria Gloria que andará extremamente ocupada nos últimos dias.

Chegando a festa não se separaram como faziam de costume, ainda eram alvos das pessoas então era bom ficarem juntos para evitarem serem pegos desprevenidos, Mano acompanhou os amigos até a cozinha para pegarem bebidas seus olhos sempre à procura de Gloria eles não haviam conseguido conversar ainda desde a mensagem. No fim Gloria foi que o encontrou chamando-o para um lugar menos lotado, os latinos reclamaram dizendo que não deveriam se separar, porém Mano assegurou que ficaria bem sendo assim deixaram-no ir.

Menos de dez minutos depois da partida do albino os latinos notaram o som que havia parado de repente na sala de estar – aonde o maior número de pessoas se concentrava – em seguida a voz de Mano preencheu todo o ambiente e os amigos se entreolharam apavorados cientes de que aquele era o áudio do vídeo que Bryan havia feito de Mano.

Aos tropeços todos saíram em disparada até o local, o grupo se espantou ao ver Mano coberto de algo pegajoso e verde enquanto todos riam, apontavam e tiravam fotos, Bryan ao lado da caixa de som fazia uma live com o áudio que ele colocará e quem não pode ir à festa, mas o seguia na rede social aproveitava para ver o dançarino humilhado. Mano sentia uma imensa vontade de sumir, de nunca ter nascido, uma vontade de... Morrer. Tentou sair às pressas, porém foi empurrado por um dos garotos que havia jogado o liquido nele para voltar ao centro, Gloria olhava tudo espantada as amigas ao seu lado chorando de rir e falando para ela sorrir também, a mente da cantora dava um nó, não achava correto o que estavam fazendo, mas também não tinha coragem de ir contra todos era capaz de jogarem o restante do liquido estranho nela. Quando Mano se aproximou pedindo ajuda Gloria recuou por puro impulso, as pessoas rindo ainda mais por ele procurar ajuda de alguém que claramente estava querendo distância.

Os olhos de Mano perderam o brilho no instante seguinte, sua expressão ficou vazia, ele se sentiu pior do que lixo e a vontade de morrer só aumentou. Instantes depois Rinaldo apareceu subitamente dando um soco no rapaz que havia empurrado Mano, o soco foi tão forte que ele sentiu seu punho doer enquanto via o garoto voar longe.

— DESGRAÇADOS! FODIDOS FILHOS DA PUTA! – Rinaldo berrava agora com a sala em completo silêncio, todos espantados com o crescente ódio que o pequeno Rinaldo explanava.

Um outro rapaz fui ajudar o amigo e acabou levanto um chute, logo mais de dez homens estavam indo para cima de Rinaldo tentando dar uma surra  nele, os amigos não perderam tempo e se juntaram tomados pelo ódio, Nestor agora com uma armação reserva enchia de socos o rosto de Gaivo um valentão do time de futebol que estava surpreso pela velocidade que o pequeno usava, se quer conseguia desviar direito dos golpes de Nestor. Lombardo foi empurrado por três caras que o socavam, mas logo recebeu ajuda de Ramon que dava uma voadora com os dois pés bem no peito de cada um dos homens deixando sobrar um em pé.

A luta demorou quase quinze minutos, as garotas saíram correndo com medo quando um dos caras quebrou uma garrafa para tentar acertar Raul que surpreendentemente estava sem os óculos escuros e que havia conseguido derrubar a garrafa da mão do agressor. Gloria olhou tudo aquilo com horror, tentava a todo custo segurar as lágrimas, Mano estava no chão sentado, olhava a briga sem expressão alguma parecia que nem alma mais havia em seu corpo, em certo momento ele simplesmente levantou-se e abriu a porta de saída, deparou-se com o diretor Amoroso que estava ali acompanhado de duas garotas que pareciam desesperadas, provavelmente haviam contado sobre o ocorrido. Mano deu espaço para ele entrar e sem nem ao menos olhar para trás, partiu pela noite sem rumo, sem se importar com nada.


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Notas finais do capítulo

Para quem não percebeu, Carmen é aquela pinguim do segundo filme, no caso a futura namorado/esposa do Ramon.

MUSICA: https://www.youtube.com/watch?v=LRP8d7hhpoQ&list=FLBdlbtbHfEOsE_vhl85Tung&index=43&t=0s



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