Muito Além de Mim escrita por Mi Freire


Capítulo 27
Bons amigos?




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— Eu tenho um encontro! Eu tenho um encontro! – Catarina entrou saltitante em meu quarto, pegando-me de surpresa.

Eu estava distraída, dobrando minhas roupas recém lavadas.

— Uau. Sério? E quando é? – Deixei tudo de lado para me sentar com ela como as amigas fazem quando vão conversar sobre algo muito importante que não pode esperar para ser dito depois.

— Hoje. Minha nossa! É hoje. – Ela se apavora de repente. Todo aquele sorriso desaparecendo. — Eu não posso ir!

— E porque não?

— Está muito em cima da hora!

— Deixa de ser maluca, Catarina.

— Eu nem sei porque aceitei isso...

— Olha, respira fundo. E vamos com calma. – Nós respiramos juntas calmamente. — Primeiro, você gosta dele e ele parece gostar de você, então não tem nenhum problema. E vocês são adultos!

— Mas faz muito tempo que eu não saio com ninguém.

— Essa é a sua chance. – Sorrio, animada.

— Eu não faço ideia do que vestir!

— Qualquer coisa que te deixe confortável.

Ela pensou um pouco.

— Um pijama... Talvez?

Dei uma tapinha nela.

— Não seja boba.

Ela riu.

— Tudo bem. Entendi. Acho que tive algumas ideias.

— Me mostre antes de sair.

— Combinado. – Ela saiu às pressas.

Terminei de dobrar as roupas e desci para comer algo.

Peguei meu café e fui lá para fora. O dia estava muito bonito, apesar do vento forte. Célia estava ocupada com suas flores no canteiro.

— Você conseguiu acalmar aquela garota? Parecia que ela ia ter um treco a qualquer momento. – Comentou ela rindo, quando me aproximei.

— Eu tentei, mas não é muito fácil. – Sorri.

Tomei meu café.

— Ah, lembrei de algo. – Ela levantou-se por um instante para poder ficarmos mais próximas. — Preciso conversar com você sobre algo.

— Pode falar...

— Só queria te avisar que passarei o fim de semana fora, pois vai acontecer um festival em uma cidadezinha aqui perto e achei que seria uma boa levar minhas flores para as pessoas conhecerem... E assim aumentar meus lucros...

— Poxa! Isso é muito bom. Mas você não quer ajuda?

— Não, querida. Fica tranquila. Eu estou acostumada já. Mas olhe só para você... todo esse barrigão... você merece descanso.

O fato é que ela se preocupava comigo e não queria que eu me arriscasse muito.

— Tudo bem, então. Recado dado. – Pisquei.

— Não se preocupe. Vou ficar fora só por dois dias e... Max. Catarina e Isabeli ainda estarão aqui para te fazer companhia.

— Não tem importância...

— Eu só quero que você fique bem. – Ela beijou minha bochecha.

— Obrigada. – Sorri, agradecida. — Agora volte para suas flores, elas precisam muito mais de você agora.

Lavei toda a louça e depois fui ver um pouco de TV.

— O que você acha?

Catarina desceu toda deslumbrante em um vestido vermelho soltinho e acentuado, sandálias de salto e uma make muito bem-feita que realçava bem os traços finos e delicados de seu rosto.

— Aonde você vai tão gata assim? – Max apareceu de repente e olhou para ela, admirado e surpreso. Assim como eu.

— Vou a um encontro. – Ela deu uma rodadinha. — Vocês aprovam?

— Super aprovado. – Eu digo.

— Tá uma gata. – Max emendou.

— Bom, estou um pouco atrasada. Preciso ir. Cuidem de Isabeli por mim, ta bom? Não deixem ela dormir muito tarde.

Certo.

Continuei vendo TV até Max sentar-se ao meu lado.

— O que você acha desse cara?

— Que cara? – Perguntei.

— O cara com quem ela está saindo.

— Bom, não sei. Ele parece bom para ela.

— Será? Eu preciso conhece-lo logo...

— Eu não sabia que você era do tipo protetor. – Brinquei.

— Eu não sou!

— Parece que é.

Ele faz uma careta.

— Só parece mesmo.

Célia entrou, subiu para tomar um banho e desceu na hora do jantar.

Chamei por Isabeli que estava brincando em seu quarto, nos fundos.

Sentamos todos a mesa e tivemos uma boa refeição.

Após prepara-la para dormir, subi para o meu quarto, pronta para ir dormir também. A barriga estava crescendo rápido agora e estava começando a ficar pesada e incomoda. Eu tinha medo que ela fosse explodir quando eu menos esperasse e o bebê saísse voando por aí se eu conseguir segura-lo a tempo nos braços.

— Porque você está rindo sozinha? – Max perguntou, entrando com seu colchão.

— Eu estava aqui imaginando minha barriga explodindo como uma melancia e o bebê voando e rindo feliz da vida.

— Mas isso é loucura!

— Eu sei. – Continuo rindo.

Ele permanece sério.

— Isso não acontece mesmo, não é?

— O quê?

— Explosões e bebês voando?

— O quê? Não! – Eu ri mais ainda. — Não me diga que você não sabe como os bebês nascem...

— Eu sei, é só que... não entendo muito disso.

É fofo que ele seja tão desligado em relação a isso, mas significa também que esse tipo de coisa não é interessante o bastante para ele se importar em saber como acontece.

— Você só precisa saber de uma coisa: é terrível.

Eu só disse isso para apavora-lo ainda mais e parece que funcionou.

— Pronto para escutar mais alguns capítulos? – Mudei de assunto antes que ele resolvesse fazer perguntas.

Ele ajeitou o colchão no chão.

— Vamos lá.

**

Catarina chegou muito tarde de seu encontro. Eu já estava dormindo, por isso nem tivemos chances de conversar. Mais tarde, aproveitei para pegar uma carona com Max que ia a cidade resolver uns assuntos para me encontrar com ela mais cedo.

Max sumiu para resolver suas coisas e eu fiquei esperando por Catarina na frente do prédio onde ela tinha o tal cursinho.

Cinco minutos mais tarde, lá estava ela, toda sorridente, com seu suposto professor e paquera ao lado, de gravata borboleta.

Ele é fofo. Combina com ela.

Quando ela me viu, eu acenei. Não tinha avisado que viria.

Ela se despediu dele com um beijo no rosto, o que o deixou corado e veio às pressas na minha direção, também ruborizada.

— Você viu ele?

— Ele é um fofo.

— Lindo, não é?

— Lindo mesmo.

— Tá, mas... O que você faz aqui?

— Conversar com você, ué. Falar sobre ontem.

Ela se animou ainda mais.

—  Primeiro, temos que ir buscar a Isa no colégio.

Assim que fomos pegar a Isabeli, nós fomos a uma sorveteria e depois para a praça para deixa-la brincar um pouco com as outras crianças.

— E então? Conta tudo.

— Ele me beijou!

— Como? Antes? Durante? Ou depois?

— Assim que eu cheguei no restaurante ele me deu um beijão na frente de todo mundo. Eu não esperava! Fiquei toda sem jeito. Depois disso, quase nem consegui olhar para ele. Fora isso, foi tudo tranquilo e perfeito. Ele me beijou várias outras vezes.

— Que amor...

— Ele é. – Ela suspirou, apaixonada.

E lá vinha o Max ao nosso encontro.

Ele tinha achado a gente.

— Vamos embora?

Não tínhamos outra alternativa.

— Como foi o tal encontro? – Perguntou Max, no carro.

— Normal. Nada de mais. – Respondeu ela, omitindo vários detalhes.

— Que encontro, mamãe? – Perguntou Isa, curiosa.

— Aquele que eu comentei ontem, querida. A mamãe não disse que ia sair para jantar fora com um amigo do curso?

Quando chegamos em casa já era quase hora do jantar.

Isabeli protestou, estava sem fome por causa das várias bolas de sorvete que ela experimentou na sorveteria. Catarina então a levou para o quarto, para um banho e depois prepara-la para dormir.

Passei a sexta-feira toda dando uma geral na casa para ter um final de semana mais tranquilo: limpei o chão, tirei o pó, lavei os banheiros e lavei algumas roupas que estavam no cesto de roupa suja.

No comecinho da noite, fui lá para fora me sentar um pouco para observar o céu estrelado e pensar um pouco sobre o final que eu daria para a minha história. Eu tinha várias ideias da minha cabeça, só não sabia qual delas deveria escolher.

— Você não vai acreditar.

Catarina sentou-se ao meu lado.

— Já sei: professorzinho te chamou para sair de novo...

— Não. Nada disso. É algo terrível.

Meu sorriso desapareceu.

— O quê? Ai meu Deus, Catarina. Fala logo!

— O pai da Isa me ligou.

— Mas...

— Pois é. Eu também não sei como. Eu mudei de número faz algum tempo. Como ele pode ter descoberto algo assim?

— Mas porquê? Para quê?

— Ele perdeu a esposa recentemente. Ele está arrasado e diz estar arrependido por tudo que fez, só agora com toda a perda e dor ele percebeu o erro que cometeu. Agora, ele quer conhece-la, poder vê-la, fazer parte da vida dela de certa forma.

Como eu e a minha mãe...

— Ele pediu mil perdoes. Se desculpou por tudo. E chorou. Chorou tanto que a minha raiva dele até passou na hora. E eu senti um pouco de pena, sabe? Ele é só um velho solitário. Mas, sei lá, eu não sei o que faço. Ele sumiu a vida inteira e volta só agora...

— Acho que não sou a pessoa certa para te ajudar nisso, amiga.

— Mas você foi a primeira pessoa com quem eu quis compartilhar isso logo depois que aconteceu, porque você me contou a sua história, o que aconteceu com você e a sua mãe...

— Exatamente por isso... Nossa história é complicada.

— Só que eu não sei o que fazer. Não sei! Eu disse a ele que precisava de um tempo para absorver isso e pensar um pouco.

— Quer saber? – Me virei bem para ela. — Converse com a Isa. Não se baseie em mim e nem em ninguém. Não deixe seus remorsos afeitarem isso. Apenas converse com ela. Coloque tudo sobre a mesa e veja o que ela quer... o que ela decide...

— Mas...

— Eu sei, ela é só uma criança. Mas ela é tão inteligente! E essa história é dela... dele e dela... ela deveria decidir. E independente do que ela queira, você deve aceitar e entender.

— Você tem razão, Nina. Acho que conversar com ela é uma boa coisa de se fazer antes de qualquer outra coisa.

Beijei as costas da mão dela com carinho.

— Boa sorte com isso.

Mais tarde já em meu quarto, me vi pensando em tudo aquilo. Em todas as crianças que tiveram seus pais arrancados pela vida muito cedo. Se eles morreram, se eram problemáticos, se eram fracos demais para lidar com aquilo, se queriam outro tipo de vida. Eu não sei. Essas coisas acontecem por vários motivos e não cabe a nós julgar, apenas tentar entender, mesmo que seja duro, mesmo que seja difícil. Quase tudo tem uma explicação e você decide ou não se está disposto a ouvi-la. Só você pode decidir isso.

É sua escolha.

Quando Max entrou em meu quarto mais tarde com seu colchão, eu estava aos prantos. Pensando na minha família com quem eu não tinha contato há muito tempo. Eu não sabia o que estava acontecendo na vida deles agora e nem eles sabiam da minha... do meu filhinho ou filhinha que estava por vir. E isso dói, por mais que a gente negue e tente deixar para lá. Dói muito.

A princípio, Max não soube o que fazer. Talvez a melhor opção fosse recuar, fingir que não viu nada e voltar mais tarde. Mas ao contrário disso, ele se aproximou com certo receio e me deixou chorar por um tempo, enquanto passava a mão nas minhas costas com carinho.

Ao sentir o calor do seu toque em contato com a minha pele mesmo por cima de uma fina camada de tecido, eu acabei jogando tudo para fora. Mesmo sem ele ter perguntado ou mostrado interesse, contei os problemas com a minha família para ele.

— Sabe o que eu acho? – Ele olhava bem para mim, com parte do seu cabelo comprido caindo na frente do rosto. — Você fugiu e se escondeu por muito tempo. É hora de encarar a realidade, nem que seja para dar um basta e dizer: não quero ver vocês nunca mais na minha vida, finjam que eu não existo mais e ponto. Ou quem sabe, ter aquela conversa que você evitou a vida toda, questionar o porquê de algumas coisas e procurar respostas, mas que você nunca teve por medo, por receio, por vergonha.

Acho que eu nunca achei que ele estivesse tão certo.

Quando hoje mais cedo eu disse a Catarina que decisão de reencontrar o pai era da Isabeli, eu deveria ter tomado isso para mim também. A decisão de me resolver com a minha mãe sempre foi minha, mas eu nunca tomei essa decisão e eu não tinha a obrigação de toma-la antes ou agora. Eu precisei de todo um tempo, precisei viver certas coisas, pensar e refletir. Minha vida mudou tanto desde então, ao longo dos anos, mas será que eu quero mesmo afastar o meu bebê da sua família de verdade? Por mais que eles não mereçam, acho todos nós merecemos uma chance.

Talvez seja a hora de eu dar essa chance a eles.

Eu já tive muito tempo.

— Apenas pense nisso um pouco.

**

Isabeli decidiu que queria passar um tempo com o pai para conhecê-lo e saber se ele era bonzinho ou não. Catarina partiu com ela no sábado de manhã e não sabia quando voltariam ou como as coisas seriam daqui para frente. Elas pegaram carona com Célia e suas flores, no centro elas pegariam um ônibus até outra cidade onde atualmente o pai de Isabeli mora sozinho.

 De repente tudo aqui ficou terrivelmente silencioso.

— Nossa, que tédio! – Comentou Max, pegando-me de surpresa. Ele sempre dava um jeito de aparecer do nada, como se brotasse do chão em qualquer lugar. — Você já tomou café?

— Ah, já sim. Não estou com muita fome hoje.

— É, nem eu. Talvez mais tarde. – Ele sorri um pouco. — Também está entediada? – Faço que sim. — Vamos fazer algo, então. – Sugere ele como se fôssemos grandes amigos.

Talvez nós sejamos amigos agora que passamos bastante tempo juntos compartilhando particularidade um para o outro.

— O que você tem em mente? – Perguntei.

— Não sei. Qualquer coisa...

Se nós agora éramos bons amigos, eu queria saber mais sobre ele. Tudo que ele me permitisse saber sem eu precisar forçar.

— Me mostra um pouco do que você faz no seu escritório secreto.

— Não é secreto... qualquer um pode entrar a hora que quiser.

— Bom, eu nunca entrei.

— Então, vamos lá. Vem conhecer minha caverna. Mas não espere muito, porque é um escritório bem normalzinho.

E lá fomos nós. Eu logo atrás dele.

Era um escritório bem pequeno, na verdade. Tinha um sofá de aspecto velho logo perto da entrada e mais a frente uma longa mesa com um computador, algumas papeladas e bagunças. Nas paredes brancas, muitos quadros e prateleiras com poucos livros.

— O que você fica fazendo aqui trancado o dia todo além de trabalhar? – Perguntei, enquanto circulava pelo ambiente.

Não toquei em nada. Não queria enfurecê-lo.

— Bom, normalmente eu trabalho muito. Recebo muitas coisas por e-mail. Fora isso, eu relaxo aqui longe de todo mundo. No silencio, sozinho. Ficar sozinho sem fazer absolutamente é uma coisa que eu gosto muito de fazer. E preciso fazer senão eu piro.

Isso não é tão impressionante. É a cara dele.

— Você gosta de solidão. – Observei.

— Normalmente, sim.

— Porque é mais seguro assim.

— É, mais ou menos isso.

— Certo. Entendi. Mas... é só isso, então?

— Eu falei para você não esperar muito...

— É verdade...

— Bom, então é isso. Vamos fazer alguma outra coisa mais interessante para você. Que tal a gente caminhar um pouco por aí? Sei que você tem caminhado bastante ultimamente.

— É por causa do bebê. Parece que caminhar faz a gente bem. Se dependesse de mim, eu ficaria deitada o dia inteirinho...

Ele riu suavemente.

— Não seja preguiçosa e acomodada.

— Eu tento!

Nós pegamos garrafinhas de água e adentramos a mata para caminhar um pouco. A sensação era boa. Ouvir os pássaros, os insetos, o balançar das folhas, os ruídos da natureza. Tudo isso era bastante relaxante e até um pouco inspirador para mim.

— Você conhece bem aqui?

— Eu e meu irmão brincávamos muito por aqui, então sim. Eu conheço bastante. Por causa dele... O grande explorador.

Eu sorri.

Queria ter tido a chance de vê-los juntos.

— E você, o que você fazia quando criança? – Ele quis saber.

— Bom, o que eu mais me lembro da infância é que eu sofria muito por quase tudo e mesmo sem motivos. Quase não lembro dos momentos bons. Mas quando eu cresci um pouco e conheci o Eli no colégio, foi que tudo mudou e se tornou um pouquinho melhor. Ele foi o primeiro amigo que eu fiz de verdade.

— Que bom que ele apareceu...

— É verdade. Eu nem sei como seria se ele não existisse na minha vida. Quando penso nisso, sinto um vazio. Certamente não seria a mesma coisa. Continuaria sem graça como sempre.

— É, mas não tem como a gente saber...

— Eu sei que eu odiaria.

Continuamos conversando sobre infância e amizades e quando me dei conta nós já estávamos de volta na casa, só que viemos por outro lado, lado oposto. Durante todo o tempo eu só o segui e ouvi as coisas que ele me dizia, nem prestei atenção no caminho.

— Hoje o almoço é por minha conta. – Anunciou ele quando me sentei no sofá, exausta. — Descanse um pouco enquanto isso.

— Eu não sabia que você cozinhava. – Falei um pouco alto para ele poder me escutar de onde estava.

— Eu tento. – Ele respondeu de volta.

Tentei relaxar e não me preocupar com nada. Mas pelos barulhos de panelas vindo da cozinha, parecia que ele estava um pouco perdido. Talvez eu devesse ir até lá ajudar.

— Tudo bem aí? – Perguntei após me arrastar até a cozinha, onde ele estava cortando algumas coisas sobre a bancada.

Ele estava com o cabelo preso em um coque no alto da cabeça.

— Não se preocupe. Tudo sob controle.

Sentei-me próximo.

— Qual será o cardápio de hoje?

— Strogonoff de carne.

— Hmmm.

— Espero que goste.

Ele continuou trabalhando em silencio e eu fiquei de lado só observando. Ele era um pouco atrapalhado, mas estava muito concentrado e eu não queria atrapalhar de nenhuma forma.

Era preciso ter muito cuidado com Max.

Alguns minutos mais tarde, ele desligou o fogo, acrescentou o creme de leite na panela quente e mexeu até achar que estava bom. Por fim, ele colocou tudo em uma forma de vidro e jogou por cima um bocado de batata palha.

— Posso servi-la?

— Claro! – Estendi meu prato.

Me surpreendi com o quanto estava bom, apesar da bagunça que ele tinha deixado a cozinha, com sujeita para todo lado.

— Está delicioso. Você é bom.

— Obrigado. – Ele sorriu um pouco.

Quando terminei, me levantei para começar a dar uma geral na cozinha, mas ele me impediu, me guiando até a sala.

— Não se preocupe. Daremos um jeito mais tarde.

Sentei-me no sofá e coloquei os pés para cima da mesinha de centro.

— Nossa, seus pés estão bem inchados. – Ele me olhou, intrigado. — Isso é normal?

— Ah, sim. Tem sido bem normal. Mas não dói muito.

— Mesmo? Não parece.

— Relaxe...

— Quer que eu te faça uma massagem?

Ah, sério isso? Fiquei constrangida de responder.

Delicadamente ele pegou meus pés e colocou em cima de seu colo e então começou a massagear um pé de cada vez, apertando suavemente nas partes certas de um jeito bem agradável.

— Isso é bom?

— É perfeito.

— Fico feliz em poder ajudar. – Ele sorri na minha direção, ainda com as mãos grandes e quentes nos meus pés. — Sempre que precisar de alguma coisa, não se intimide em me pedir. Sabe, eu sou muito bom em algumas coisas. Não duvide disso.

Com certeza, não.


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