POV’s Stiles

Hoje fazia exatamente 4 anos que o meu pai morreu, e tia Melissa combinou de nos levar ao cemitério para eu deixar uma rosa no túmulo dos meus pais. Malia iria conosco, ela nunca permitia que eu fosse lá todos os anos sem sua companhia.

Eu definitivamente não gostava de cemitérios, ou túmulos, ou funerais. Odiava a sensação de estar rodeado por pessoas mortas, ou de pessoas vivas que choravam pelas pessoas mortas. Esse ano eu comprei, com o dinheiro que tia Melissa me deu, duas rosas brancas, era a flor preferida da minha mãe, pelo menos era o que o meu pai dizia.

Quando chegamos aos túmulos, brancos e gastos por conta do tempo, vi as suas fotos nas lápides, tudo parecia tão estranho. Eu tinha apenas nove anos, mas eu sabia lidar com a dor muito bem, não choraria na frente das pessoas mais importantes pra mim, talvez choraria mais tarde quando estivesse sozinho em meu quarto, mas agora não.

Me abaixei e pus as flores, uma em cada túmulo, Malia se aproximou de mim, talvez estivesse chorando, não vi. Malia era a única que sentia a mesma coisa que eu, não na mesma proporção, talvez.

“Eu sempre estarei aqui, Stiles.”

“Eu sei.” Falei ainda olhando para as fotos. “Eu também. Sempre estarei aqui, não importa o que aconteça.”

***

Eu estou aqui, mas e você?

Acordei um pouco tonto, hoje completaria 13 anos desde que o meu pai morreu; Agradeci diversas vezes por ser final de semana, não aguentaria ir para aquele maldito colégio. Mais tarde irei ao cemitério, dessa vez sem Malia.

POV's Lydia

Hoje acordei mais animada. Teria um almoço na casa do Scott, com a Allison e a mãe dele; eu não sei por que diabos fui convidada, mas não poderia rejeitar um pedido da minha melhor amiga.

A Tia Melissa é super legal, uma pessoa maravilhosa eu diria, e hoje ela disse que iria preparar a sua especialidade: Arroz à piamontese, um dos meus pratos prediletos. Me arrumei, e peguei o carro da minha mãe emprestado.

Cheguei lá bem na hora, a Allison já estava lá, a minha espera.

"Nervosa?" perguntei com um sorriso malicioso.

"O que você acha?" disse irritada. "Você já almoçou com a sua sogra?"

"Na verdade nem sogra eu tenho, Allison."

Entramos e fomos muito bem recebidas, almoçamos enquanto riamos das histórias que Tia Melissa contava do Scott quando pequeno, ela queria mostrar o álbum de fotografias, mas o Scott interviu afirmando que já bastava de vergonha por um dia.

Estávamos engatando numa conversa sobre como o Scott havia conseguido aquele arranhão na bochecha esquerda, quando o celular da Tia Melissa tocou e ela teve que atender.

"Desculpa, coisas do orfanato." disse e se levantou, indo para a sala.

"Sua mãe trabalha no orfanato? Eu pensei que ela fosse enfermeira." Allison perguntou curiosa.

"Ela ajuda no orfanato Eichen. Ela cuida de um garoto da nossa idade, só que eu não lembro o nome dele..."

"Nossa! Que interessante, eu nem lembrava da existência desse orfanato." Allison disse interessada.

Melissa voltou.

"Desculpem, foi o orfanato perguntando sobre um morador."

"Mãe, como é mesmo o nome daquele garoto que perdeu o pai? Que você me levava para vê-lo algumas vezes, se lembra?"

"O nome dele é Stiles." Disse e eu quase pus o arroz à piamontese para fora.

"Foi por causa dele mesmo que me ligaram, hoje completa 13 anos que o Stilinski faleceu, e o Stiles precisava autorizar a saída, ele foi para o cemitério."

O meu estomago revirou duplamente depois de ouvir ela dizer: Stiles e Stilinski na mesma frase. O que só pode significar uma coisa, o Stiles que me ignora é o mesmo Stiles de quem a Tia Melissa cuidou.

"Lydia, você está bem?" Allison perguntou preocupada.

"Eu estou bem." falei atordoada. "Desculpa mais eu preciso ir."

"Aconteceu alguma coisa querida?" Tia Melissa perguntou.

"Não, é que a minha mãe disse que precisava de mim para alguma coisa, e não quero me atrasar." menti descaradamente.

"Ah, entendo."

Me despedi de todos eles, agradeci pelo almoço, e fui de carro até uma floricultura, comprei duas rosas amarelas, por impulso. Fui até o cemitério.
Eu não sei o que deu na minha cabeça, para fazer uma loucura dessas, mas fui até lá, e procurei por um garoto pálido, de camisa xadrez, com os cabelos desgrenhados. Depois de um tempo, eu o vi ajoelhado na frente de dois túmulos lado a lado, os pais dele, pensei.

Fui me aproximando devagar e me ajoelhei ao seu lado. Ele pareceu não me notar, a cabeça dele estava baixa, e eu vi pequenas gotas de lágrimas molharem o seu queixo. Quando ele olhou pra mim, levou um susto.

"O que você está fazendo aqui?" disse assustado.

"Eu não sei por que você se afastou de mim." comecei. "Mas você já me ajudou quando eu estava precisando, está na hora de eu retribuir o favor."