Era noite, não fazia tanto frio, já que os nossos corpos nos esquentavam. Havíamos fugido do orfanato pela décima vez somente neste mês, e já nem tínhamos mais medo, na verdade EU não tinha mais medo, pois a Malia nunca teve.

Desde que eu a apresentei aquele lugar, ela não queria mais sair de lá, parecia está hipnotizada toda vez que olhava para as luzes distantes. Deitamos no chão, abraçados e felizes.

“Eu estou bem.” Disse com um enorme sorriso, que fazia o meu coração acelerar.

“Que bom.” Falei apertando-a mais contra mim.

“Não, Stiles. Finalmente, na minha vida toda, eu estou bem. Estou bem por está aqui com você, e isso já é suficiente para me fazer sentir bem, eu amo está aqui com você, Stiles.”

“Eu também Malia, amo está aqui com você.”

Sabíamos que aquelas palavras não sairiam de outro modo, a não ser juntas com “está aqui com você”; nós tínhamos quinze anos e o que sentíamos não iria sair tão fácil assim.

“Sabe por que eu gosto de vir pra cá, Stiles?” falou, e eu amava aquela mania boba que ela tinha de colocar o meu nome no fim de cada oração.

“Não, eu não sei, Malia.”

“Porque aqui  é o único lugar que me faz esquecer os meus problemas, é o único lugar que me faz esquecer que eu fui abandonada pelos meus pais, que eu não fui suficiente para eles, que eu não merecia...”

“Shhh, não fala essas coisas!” disse pondo o meu dedo indicador em seus lábios. “Não fica pensando nas coisas ruins, eu vou sempre está aqui com você, nunca vou te abandonar, eu sempre... eu sempre vou te amar.”

Ela me encarou, com aqueles olhos castanhos penetrantes, se afastou do meu abraço, e  se sentou enquanto olhava  para as luzes.

“Eu estraguei tudo?” perguntei preocupado, e me sentei ao seu lado.

“Não.” Disse olhando para mim. “Você não estragou nada.” E descansou o pescoço no meu ombro.

“Que bom.” Falei sorrindo aliviado.

“Eu sempre vou te amar.”

O professor falava alguma coisa, todos pareciam prestar atenção, ele questionava algo e alguém levantou a mão e outro alguém saiu para ir ao banheiro, e outro alguém trocava mensagens com outro alguém. Via tudo, mas não entendia nada. Todos naquela sala pareciam alguéns, mas na verdade o alguém em questão era eu.

Eu me atrasei, acabei dormindo no banco de trás do meu Jipe, e perdi a hora. Cheguei atrasado e a coisa que eu mais temia aconteceu: todos olhavam para mim, sem exceções, todos eles me observaram como se eu fosse um manequim numa vitrine de uma loja qualquer, julgando se sou digno ou não das suas atenções. Por fim julguei que eles não queriam mais prestar atenção em mim, o que é uma coisa boa.

Quando o sinal tocou esperei para que todos saíssem, depois sai. Os corredores estavam vazios, se não me apressasse chegaria atrasado à outra aula novamente, e não suportaria ser julgado por mais ninguém. Estava quase lá, dois ou três passos de distância da sala, quando ouvi um “Ei!”, claro que continuei a andar, afinal não seria comigo, pelo menos era o que eu pensava, quando ouvi: “Stiles!”.

POV’s Lydia

Ele se sentou no fundo da sala e não falou mais nada. Nem uma palavra, nem sequer uma respiração mais alta, ele ficou estático, como se estivesse paralisado. Não que eu estivesse olhando, ou coisa assim... Uma olhadinha? Duas? Tá bom! Confesso foram três vezes! Mas ele me intrigava.

Quando o sinal tocou todos saíram, eu fiquei um pouco para ver se ele sairia com os outros alunos, mas não, ele ficou e esperou até o último aluno por o pé para fora da sala. Ele parecia atrasado, pois dava passos largos pelo corredor vazio. Eu queria saber mais sobre ele, e o porquê de ele me deixar tão curiosa. Eu nunca nem conversei com o garoto e ele já é interessante o bastante para me fazer perder a concentração? Como isso é possível?

Então fiz uma coisa maluca, uma coisa que eu me arrependi de ter feito assim que fiz.

“Ei!” gritei para que ele parasse, mas não deu muito certo, ele parecia não ter escutado. “Stiles!” Optei pelo nome e deu certo, ele parou e se virou me encarando e eu fui me aproximando.

Primeiramente ele me olhou fixamente, certamente para saber se me conhecia, quando viu que não, mudou a feição de “confuso” para “curioso”.

“Eu te conheço?” disse num tom rouco.

“Não. Me chamo Lydia... Lydia Martin”

“Como sabe o meu nome?”

“Você disse quando entrou na sala.”

“O que você quer?”

“Eu... eu queria te devolver a sua caneta, você deixou cair.” Disse esticando a minha caneta, e dando a ele.

“Não é minha.”

“Ah, não?” Fiz-me de desentendida.

“Não.” Disse e foi se virando para ir embora.

“É... você vem para a festa?”

“O que?” diz olhando para trás.

“A festa! De boas vindas do colégio, sou eu que estou organizando, você vem?”

“Não.”

“Por que não? Não gosta de festas?”

“Não é da sua conta!” falou enquanto seguia para a sala.

“Que grosseiro!”

“Foi você quem perguntou!” disse ainda de costas.

“Tá bom então, não pergunto mais nada a você” quase gritei.

“Ótimo!” disse por fim entrando na sala.

Aquele entusiasmo de conhecer o aluno novo foi embora, com a grosseria dele. Depois de ser maltratada por um mero desconhecido, resolvi ir para sala. Quem ele pensava que era para falar desse jeito comigo? Eu fui tão estupida a ponto de convida-lo para minha festa... Será que estou enlouquecendo?  Nem o conheço! Grrrr. Só posso está perdendo a sanidade.