Eu não passava de um menino estúpido na época. Revoltado, solitário. Nada parecia encantador para mim, até eu conhecer ela. Lembro-me perfeitamente daquele dia frio e congelante. Eu estava caminhando pelo parque e vi uma árvore seca com apenas uma flor, uma flor solitária como eu. Era uma flor feia que parecia apenas lutar para sobreviver por mais uns dias. Como se fosse um impulso minha mão estava indo arrancá-la, parecia que precisava poupa-la de tanto sofrimento, foi quando alguém segurou minha mão: 

— Pare! Essa flor tão feia vai se tornar a mais bela na primavera. – Disse uma garotinha com a face roseada como a flor, seus cabelos também eram rosas. Ela tinha um grande sorriso, olhos verdes vívidos. Talvez fosse o sorriso mais lindo que já vi. A menina apenas virou as costas e saiu correndo. A única coisa que fiz foi obedecer. Não arranquei a flor.

A face da pequena garota jamais esqueci. A única coisa que vinha na minha mente era "quero ver novamente a menina da flor do inverno, quero revê-la".

Quando chegou a primavera fui passear no mesmo parque e caminhei até aquela árvore, sorri, lá estava a flor: firme, forte e bela. Talvez fosse a flor mais linda que já vi. E agora ela já não parecia solitária, estava cheio de outras belas flores.

Foi quando eu ouvi uma voz:

— Viu, não disse!? Bela, não é mesmo!? – Reconheci a garota de imediato, era ela com aquele mesmo sorriso alegre. Novamente ela virou as costas e saiu correndo.  Só que desta vez eu gritei:

— Espero ver de novo a menina da flor do inverno!

Ela virou o rosto e sorriu naturalmente. Esse simples gesto foi o suficiente para eu perceber que ela foi o meu primeiro amor.