— Sério isso? 

— Não é incrível? – Luke me encarou. 

O encarei e pensei um pouco. A probabilidade de uma aluna ser escolhida entre milhares para estudar em Oxford como intercambio é uma em um milhão, mas por que diabos eles me escolheram? Oxford fica na Europa, mas especificadamente, na Alemanha. Quase do outro lado do mundo, e a sede em que me convidaram foi na cidade de Berlim. Berlim. Isso me cheira a Zeus, mas antes de qualquer coisa, eu preciso confirmar minha teoria. 

— Isso não é nem um pouco incrível. – Respondi para Luke e peguei meu celular discando o número de Jason. 

— Alô? 

— Oi Jay, me responde uma coisa. 

— THALIA! Eu ia te ligar agora, você não faz ideia do que aconteceu... 

— Na verdade, eu sei sim. Para onde você recebeu a proposta para intercambio? 

Luke me olhou confuso e eu tinha quase certeza que Jason fazia a mesma cara. 

— Berlim. Mas como você sabe que eu recebi uma proposta? 

Sorri com a informação. 

— Eu sei porque eu também recebi. E antes de se entusiasmar, quero que saiba que não foi Oxford que nos escolheu. Zeus está expandindo a empresa para a Europa, não acha que é muita coincidência os dois filhos dele receberem a mesma proposta para uma faculdade onde a nova sede de seu pai acabou de abrir? 

— Com certeza não foi coincidência. – Ele se desanimou um pouco.  

— É, não foi. Nos vemos depois. Jogue essa carta fora, vamos falar com papai quando ele chegar de sua viagem hoje. – Desliguei. 

— Então... Foi Zeus, né? – Luke parecia meio envergonhado por sua animação depois de descobrir a verdade. 

— Foi ele. E depois da aula vamos descobrir porque ele quer uma universidade tão longe de onde moramos para seus filhos. – Disse determinada. 

Luke pensou um pouco. 

— Mas depois da aula temos a reunião do último ano. 

Droga. 

— Eu preciso perguntar isso a ele hoje, amanhã ele vai voltar para Berlim. 

Meu celular vibrou no bolso e eu revirei os olhos. 

— Alô? 

— Olá, esse é o telefone de Thalia Grace?— Fiz uma careta para o sotaque. 

— Sim, quem fala? 

— É o Nico. 

Desliguei o telefone e olhei para Luke com uma cara de poucos amigos. 

— Quem era? 

— Adivinha. 

— Seu pai? – Perguntou e me observou com uma carinha inocente. 

Eu ri. 

— Era  o Nico. 

— Aquele que deu em cima de você no jantar? 

— Ele mesmo. 

— Mas como o cretino conseguiu teu telefone?! – Ele perguntou rindo também. 

— Eu não faço ideia, e quer saber de uma coisa? – Aproximei minha boca da sua. – Eu não dou a mínima para ele. 

Luke puxou minha cintura e me beijou. Nossas línguas dançaram em sincronia, e sua mão apertava minha pele, por baixo da camiseta. Ele desceu os beijos para meu pescoço e eu ri. 

— Uau, se me beijar assim todo dia, vou querer passar o dia inteiro te beijando e não fazendo mais nada da vida. 

— Não parece uma má ideia. – Mordeu o lóbulo na minha orelha. – É que faz tempo que a gente não fica sozinho né? 

— Mas eu dormi na sua casa hoje. – Ele riu de novo no meu pescoço, fazendo minha pele se arrepiar. – E nós passamos quase as férias inteiras juntos. 

— Mesmo assim, sinto que você fica distante as vezes... – O sinal tocou e ele bufou, se afastou segurando minhas mãos. – A gente se encontra na reunião? 

Assenti sorrindo e caminhei até meu armário pegando os livros da próxima aula. 

[...] 

O resto do dia passou se arrastando. Fiquei boa parte do tempo pensando no que Luke disse, sobre eu parecer distante na maioria do tempo, e ele tem razão. Não consigo parar de pensar no meu futuro, no nosso futuro e isso tem clareado minhas noites, e já estava mais do que na hora de conversar sobre isso com ele e chegar a um acordo. 

O sinal indicando o final das aulas tocou. Saí da sala e guardei meus livros no armário. 

— Você parece tão triste hoje. – Comentou Silena, que guardava seus livros também. 

Sorri para ela e fomos caminhando juntas até o ginásio. 

— Não sei o que tem acontecido comigo, Si. Realmente não sei. – Suspirei. 

— Fique tranquila, todos estão tensos. Afinal, é nosso último ano aqui, daqui para frente é um mundo desconhecido, e normalmente todos nós temos medo de um futuro incerto. 

Sorri para ela. Silena sempre sabia o que falar. 

Quando chegamos no Ginásio, vimos um pequeno palco montado em frente a arquibancada, onde os alunos do último ano se aglomeravam. E logo eu e Silena estávamos lá também. Quando Luke chegou, sentou-se perto de mim depois de um beijo casto. 

— Atenção alunos. – Disse Dionísio no microfone, e nos calamos. – Como poucos sabem, durante o último ano, ocorrem modificações na rotina de estudo de vocês. Algumas aulas serão substituídas por simulados de vestibulares, outras serão prolongadas para que haja mais aproveitamento. A principal mudança é a exclusão de atividades extracurriculares. Sem provas, exceto os simulados, sem confraternizações e sem bailes. Os alunos Silena e Christopher terão de entregar a coroa para o próximo rei e rainha do baile de primavera e poderão escolher levar no máximo cinco amigos. Eles são a única exceção. 

A Galera se entreolhou sorrindo e Sr D continuou. 

— No fim do ano ocorrerá a cerimônia de formatura onde vocês serão apresentados pelo nome e pela faculdade em que irão se graduar. Quem não conseguir interesse de alguma universidade ou passar no vestibular da faculdade, não será apresentado no evento... Será que estou esquecendo de alguma coisa? Ah sim, e as regras da escola continuam as mesmas, não achem que por serem alunos pré-universitários terão algum privilégio. Isso é tudo. 

Os alunos começaram a sair devagar, alguns ainda em choque pelas novidades, mas eu não fiquei surpresa. Não havia nada que eu já não soubesse. Peguei meu celular e disquei o número do Zeus com rapidez. 

— Pai? Já chegou em casa? Nós precisamos conversar.