High School Manual escrita por Bird


Capítulo 11
Maldito casaco


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei ♥



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Inicio segundo ano do ensino médio, 2012 

POV Thalia 

As férias de inverno não foram lá as mais emocionantes do mundo. A maior parte dos meus amigos viajou com a família, e comigo e Jay não foi diferente. Zeus e Hera voltaram de Berlim para a ceia de Ação de Graças e logo viajamos até Vancouver, ou como os moradores de lá chamam, Raincouver. Não parou de chover um segundo se quer, e isso me aborreceu. Não pelo fato da chuva, eu adoro o som de trovões. Mas ficar confinada com Hera em uma casa era a maior punição para todos os pecados que cometi. 

Sobre minhas notas, eu consegui passar com um B na maioria das matérias e meu pai fez a matricula para o segundo ano antes de viajarmos. Jason orgulhou o nome dos Grace com suas notas A+ e meu pai não parava de se gabar para meus tios e avôs. 

A ceia de natal foi mais simples do que eu esperava, com Hera sob o mesmo teto, nada costuma ser assim. Mas graças aos deuses, estávamos na casa da minha avó, que na maioria das vezes era um amor de pessoa. Note que eu disse na maioria das vezes. 

Quando voltamos, faltava apenas uma semana para começar as aulas, e foi isso que eu chamei de férias. Passar o dia de pijama e dormir até umas 14:00 era o paraíso para mim, quando Hera não estava em casa. 

No primeiro dia de aula, a divindade bovina nem precisou me acordar, eu quase não consegui dormir. Estava tão ansiosa que mal preguei o olho na noite passada. Estava ansiosa para ver todo mundo e colocar todo o papo em dia. 

Terminei de me arrumar, peguei minha mochila e desci em direção a cozinha. 

Jason já estava lá, e como sempre eu fui a última a chegar e me servir. 

— Hoje vai ser um dia cheio. – Comentou Zeus lendo o jornal e tomando café. 

— Empresa? – Sugeriu Jason mordendo sua torrada. 

— Sim, meu filho. – Ele suspirou, cansado. – Acho que hoje vou chegar mais tarde em casa, tenho uma papelada para arrumar. 

— Se quiser, posso ajudar meu amor. – Hera sugeriu e meu pai concordou. 

Papelada. Sei

— Vamos Jason? – Terminei meu café e levantamos. 

— Juízo crianças, tenham uma boa aula. – Disse Zeus. 

— Tudo be... – Jason começou a dizer. 

— Valeu pai, vamos logo Jason. – O puxei. 

[...] 

Acelerei. 

— Thalia ansiosa para o primeiro dia de aula, será que devo agradecer ao Luke? – Jason brincou. 

— Cala a boca idiota, só estou inquieta. – Batuquei os dedos no volante. 

— Eu diria que está com o coração quase saindo pela boca. – Ele tirou o cinto. 

— Deve ser isso mesmo. – Estacionei e saímos. 

— Esse Luke... Você deve mesmo gostar dele... – Jason e eu entramos na escola e ele fez uma cara de espanto. 

— É, eu gostava. – Disse vendo a cena mais ridícula desse mundo. 

Luke e Drew se beijando. B-E-I-J-A-N-D-O. Com direito a mão boba e tudo. No corredor dava para ouvir uma agulha caindo no chão do outro lado da escola devido ao silêncio, estavam todos observando a mesma cena, surpresos. 

Luke empurrou a menina que atracou no pescoço dele. Ele procurou alguma coisa no corredor até que seus olhos finalmente se encontram aos meus. 

— Thalia... – Jason segurou meu braço dando apoio. 

Arqueei a sobrancelha, ainda com os olhos fixos nos de Luke, mesmo ele tendo abaixado a cabeça e encarado o par de tênis surrados que usava como se fossem a coisa mais interessante do mundo. 

Olhei para Jason que me observava preocupado com minha reação. 

— Podemos ir para outro lugar? – Foi a única coisa que consegui dizer. 

Meu irmão assentiu, me abraçou de lado e me levou para fora da escola. 

[...] 

— Quer conversar? – Ele perguntou. 

— Se eu começar a falar eu choro. – Respirei fundo e o encarei com um sorriso tristonho. – Mas isso vai passar, não precisa se preocupar comigo, Jason. Vou esperar Zeus sair para o trabalho e vou para casa. 

— Tem certeza disso, Thalia...  

— Tenho, vai logo se não vai se atrasar. Pegue carona com o Jackson quando a escola acabar.

Ele assentiu e foi embora. 

Enxuguei as poucas lágrimas que teimavam em cair e tirei minha chave da bolsa, entrei no carro e fui para casa. Como eu pensei, não havia ninguém quando eu cheguei. Entrei e subi para meu quarto.  

Uma das poucas vezes que vi Luke nessas férias foi antes do dia de Ação de Graças. Nesse dia estava frio e ele esqueceu o casaco dele aqui. E foi esse maldito casaco com que me aqueci o tempo todo. Sentindo o cheiro amadeirado de seu perfume.  

Com esse mesmo casaco que me permiti colocar para fora de uma vez todo aquele choro preso na minha garganta. Me permiti a isso porque eu merecia. Merecia por toda a dor que eu sentia dentro do peito.

Tinha vontade de abrir um zíper no meu corpo e deixar minha alma se esvair para a dor passar. Meu peito doía, chegava a queimar. 

Traição. 

Quando deitei na cama a única coisa eu desejava era que meu corpo derretesse nas fibras do colchão. Abracei o casaco inspirando o cheiro mais uma vez. 

Pequena Grace, como sempre tão egocêntrica  Lembrei da voz arrastada de Drew – Luke vai partir seu coração. 

Ele partiu. E como partiu. Talvez o trabalho com mais êxito em sua vida era meu estado agora. Abri a última gaveta do meu criado mudo e tirei de lá um maço e um isqueiro. Passei as mãos em minhas bochechas, quase obrigando com que as lágrimas parassem de descer. Ascendi um cigarro e traguei. 

Fumei metade do maço e o joguei de novo da gaveta. Nada me inebriava daquela dor, eu finalmente aceitei. Nada a não ser a presença dele aqui.


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Notas finais do capítulo

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