Dois meses depois do primeiro capítulo.
Escola Undertale, 200x.

S A N S

Aqui estávamos de novo. Nós 3. Papyrus. Sans. Frisk. Onde? Na diretoria. O diretor parece nos odiar muito, levamos pelo menos três advertências por semana. Ele disse que desta vez ia conversar sério com a gente, e Frisk estava tremendo. Estava com medo de ser suspensa.
Ah, sim. Eu estava enganado. Eu me apaixonei por ela, e muito. Ela jogou uma espécie de magia em mim apenas com sua gentileza. Não só com a gentileza, Papyrus estava certo, ela é como uma segunda eu. Gosta das mesmas coisas, tem o mesmo jeito quieto e ao mesmo tempo brincalhão, e conta piadas muito sem graça.
Mas, ela parece não gostar de mim. E sim de um aluno que eu nunca havia ouvido falar da terceira série. Eu não ligo. Tá bom, um pouquinho.

— Ehh...gente, só querendo lembrar...o que a gente fez dessa vez? - Perguntou Frisk, tremendo e nervosa, depois de ter ficado muito tempo calada e com uma expressão séria.

— NÓS ENROLAMOS FLOWEY NUMA CORDA E O APERTAMOS POR QUÊ ELE TAVA SENDO UM CARA NÃO LEGAL! - Gritou Papyrus.

Frisk parou de tremer um segundo e abriu um sorriso enorme.

— Oh, então ele estava numa situação apertada.

Dei um facepalm e começamos todos rir em seguida. É disso que estou falando. Quieta, e brincalhona.

— Calada, baixinha. - Disse, fazendo um cafuné nela que bagunça seu cabelo levemente.

— EI! NÃO FIQUEM DESANIMADOS! VAMOS SER SUSPENSOS!! - Disse Papyrus, comemorando.

— E onde isso seria bom? - Perguntei, o encarando seriamente.

— Ah, é, verdade...isso é ruim. - Papyrus disse, pensando em algo para nos tranquilizar. - A GAROTA VIRÁ PARA NOSSA CASA! VAMOS FAZER UMA FESTA DO PIJAMA?!

Corei. Eu me lembro da última vez que demos uma festa do pijama, eu acabei tendo problemas em vê-la de pijama e senti vontades estranhas. Eu sou um idiotão mesmo, e o pior de tudo é ter que se conter. Torci para Frisk dizer que ia, mas ao mesmo tempo torci que não. As festas só comigo e com o Papyrus sempre foram divertidas, mas agora que temos Frisk, fazer qualquer coisa sem ela deixa tudo incompleto.
As aulas se tornam mais divertidas com ela, o recreio, tudo. Não só ela, nós três realmente viramos um trio.

— Ehh.. - Disse Frisk, olhando para os lados. - Eu não poderei ir hoje.

— O QUÊ?! - Eu e Papyrus gritamos ao mesmo tempo.

— Mas Frisk, hoje é o nosso dia! - Disse, logo em seguida percebendo o que disse. - Do trio!

— Mas é que...meu cabelo está longo demais, e sabe, minha avó me deu dinheiro para cortá-lo quando eu disse que eu não tinha gostado. - Frisk disse, mexendo nos cabelos. - O cabeleleiro só abre as sextas...

— Vá sexta que vem! Dunh! - Disse Papyrus, cruzando os braços.

Fiz sim com a cabeça, concordando, cruzando os braços que nem Papyrus.

— E seu cabelo não está feio assim, pra quê cortar? - Perguntei.

Ela abaixou a cabeça e abriu um sorrisinho.

— Minha avó diz que quando meu cabelo fica curto lembra muito minha mãe. - Respondeu ela, com uma lágrima saindo de seus olhos.

Oh. Céus. Eu só faço merda. Não sabia o que dizer, fiquei calado, e Papyrus me deu um tapão nas costas. Nem reclamei, eu merecia. De vez em quando dizia essas merdas que faziam ela ficar assim tenho certeza que ela me odeia. Bem, não me odeia, e sim as vezes não gosta de mim. Eu sou péssimo com essas coisas, ugh. É a primeira vez que gosto de uma garota e trato ela desta maneira...Apesar de eu saber que ela sempre vai preferir Napstablok.
Ficamos em silêncio depois do ocorrido e vi que Frisk estava chorando e muito, parecendo escutar uma música. Lembrei daquele desenho que ela havia me dado, que era uma faca com dois lados, mas eu não conseguia entender seu significado.
O diretor Asgore havia chegado e Frisk limpou suas lágrimas.

— Não é a primeira vez que estão aqui essa semana, e sabem disso. - Disse ele, olhando seriamente para nós.

Depois, ele jogou o olhar para Frisk.

— Só não irei suspender vocês por quê Frisk está fazendo provas no momento. - Disse ele, aliviando todos. - Mas peço por favor mais atenção no que fazem.

//

Saímos da sala do diretor e teríamos que esperar até a próxima aula, que seria de física - um saco - porém Papyrus e Frisk sempre deixam isso mais legal. Depois poderíamos ir para casa. Frisk continuava triste e não queria falar com nenhum de nós dois, acho que ela está com raiva de mim. Queria poder pedir desculpas mas sou trouxa demais para isso.
Papyrus me puxou pelo braço, assustando-me e gritou para Frisk:

— VÁ LÁ PARA FORA, HUMANA! PRECISO FALAR COM O SANS.

Ela fez sim com a cabeça e foi andando até lá.
Me assustei com o ocorrido. Ele havia me levado para uma pequena sala onde somente funcionários podiam entrar, mas pelo jeito, ninguém estava lá.

— Posso saber o motivo disso? - Eu disse, apertando meu braço, que estava dolorido.

— Você gosta da Frisk? - Perguntou ele, diretamente, com um sorriso enorme.

Não pensei duas vezes antes de responder, é meu irmão, eu preciso ser sincero. Ele sempre fala tudo para mim, mas o problema que ele costuma dizer as coisas que eu falo para ele pro meu pai, o que eu não gosto muito.

— Eu não sei. - Fui sincero, já que era meu irmão. - Mais ou menos.

Ele abriu um sorriso maior do que ele já estava.

— Sabia que você gostava dela. - Afirmou ele.

Dei um facepalm. Ele não me escutava.

— Não.

— Seguinte, Sans irmãozinho, você tem sido um cara mal com ela ultimamente. Ela me perguntou recentemente se você gostava dela, mas não da maneira que você está pensando, ela pensa que você odeia ela. - Ele disse, entre risos. - Ela me disse que a amizade de vocês mudou e você não manda mais mensagens para ela nem chama ela para jogar.

Corei. Isso é muito confuso para mim.

— Irmão...eu sou novo nessas coisas. Eu tento falar algo mas sempre sai errado, eu sempre travo, ou acabo falando besteira. - Disse, com o rosto mais vermelho que um tomate.

— ENTÃO VOCÊ ADMITE QUE GOSTA DELA!! - Gritou. Eu coloquei a palma da mão em sua boca.

— Fala mais baixo, Papyrus!

Ele deu um sorriso "sério" quando tirei a palma da minha mão de sua boca.

— Irei te ajudar nisso, não se preocupe. - Ele fez um sinal de "toque aqui" para mim.

Eu toquei e sorri.

//

Frisk estava sentada, chorando no banco. Olhando para o céu. Aquela cena era triste de se ver, principalmente de o responsável por isso ter sido ele. Mas Papyrus já disse o que eu devia fazer, ele nem está aqui, para garantir que tudo dê certo. Me aproximei dela e sentei ao seu lado, eu estava curioso para saber se ela estava feliz ou achando minha presença desagradável.
Ela tirou os fones.

— Me desculpe. - Eu disse, encarando o chão. Eu não conseguia olhar ela nos olhos.

— Sem problemas, Sans.

Permanecemos em silêncio. Eu queria falar algo mas não saía. Meu rosto estava completamente vermelho e meu coração extremamente acelerado. Acho que se eu abrisse a boca agora, eu iria gaguejar tanto que ela ia rir da minha cara.

— Sans... - Ouvi ela dizer. - Eu fiz algo de errado? Você quase não me manda mais mensagens...nem me convida para jogar...Antes nós fazíamos tudo juntos, lembra? Brincávamos que éramos a mesma pessoa.

— Sinto muito, Frisk. Eu ando meio estranho esses dias e não sei por quê, acho que é por causa de uns problemas que estou tendo com meu pai.

Ela pareceu pensar um pouco.

— Seguinte, hoje eu não vou para o cabeleleiro. Vou ir para sua casa para fazermos uma festa do pijama.

Olhei para ela sorrindo.

— Mas quando Papyrus dormir, iremos jogar juntos, ok? - Continuou ela, fazendo-me corar bastante.

— Sim, é claro! Preciso te mostrar um novo jogo que eu comprei, eu achei ele a sua cara! - Disse, agora conseguindo falar melhor com ela.

Entendi como se gosta de alguém.
É só agir normalmente com ela.
Todos os momentos bons que vocês tem juntos nunca serão esquecidos.
Por mais que a pessoa nunca vá gostar de você.

Não é?