Desejos do Dragão escrita por Mia


Capítulo 1
Deveria ser nós dois — Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Leiam isso, meus queridos :)
Nunca escrevi nada que não fosse original e nunca consegui escrever romances (Não tenho essa veia e acho que fica ridículo tudo que eu escrevo com essa temática). Mas esperar GoT é praticamente impossível e continuar lendo Fics JonxSansa usando tradutor não tá sendo fácil.


Tenho que dizer que essa história se passa um tempo após Jon descobrir sua identidade e segue os rumos onde ele foi Rei do Norte, assim como na série (Embora eu não ache justo). Não houve um aprofundamento dentro dessas histórias porque na minha cabeça os dramas referentes a tudo isso já aconteceram e eu só queria mostrar aqui a relação entre esses dois lindos.


Tenho problemas com vírgulas, mas você vão aguentar, prometo!




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Sansa sempre soube que no coração de sua mãe pesava o fato de que praticamente nenhum dos filhos de Ned se parecesse realmente com ele, eram todos cria de peixe e não de lobo. O fato piorava quando Jon Snow e toda sua herança nortenha vagavam por Winterfell.

— Mas Arya era parecida, a única filha de Catelyn Stark que lembrava mais o pai que a mãe. — Disse Sansa para os fantasmas que assombravam o local. — A mais repreendida e a mais Nortenha. Oh, mamãe, no fim você conseguiu dar uma criança do norte ao meu pai.

Enquanto se esquentava em frente à lareira de seu quarto, ela se lembrava de toda a neve que corria em seu sangue. “Os Starks são do norte e o norte é minha casa. Posso parecer mais Sulista do que alguém que tenha o sangue dos antigos Reis do Inverno, mas este é meu lar e eu sou uma deles, mesmo que não pareça. Mesmo que meus cabelos sejam símbolo do Fogo, é o frio que corre em mim.”

Sansa deu-se conta de que aquele mantra estava servindo a uma necessidade de se sentir importante para aquele mundo. Há muito tempo havia desdenhado de tudo aquilo, desejado ser uma Sulista e ter os filhos dourados de Joffrey. Ninguém poderia imaginar o quanto se arrependia por carregar aqueles sonhos infantis. 

— Com licença. — A porta do aposento havia sido aberta e uma voz doce preencheu o vazio do escuro quarto, o que fez Sansa se arrepiar. — Eu vim saber como você está. Não apareceu para comer hoje. — A voz agora carregava um tom de preocupação. — Fizeram tortinhas de limão, suas preferidas. — A fato de ele ter se lembrado desse detalhe encheu a garota de ternura.

A ruiva olhou para trás, encontrando olhos cinza que pareciam lhe examinar, olhos que lembravam os de seu pai e os de sua irmã. O Rei do Norte estava ali, de pé a alguns centímetros perto de si. A garota deixou escapar um meio sorriso quando se lembrou da ajudinha que deu para que Jon conseguisse o Norte. “Tudo para escapar de Mindinho, tudo”. Mas Mindinho agora estava longe e ela não precisava mais se preocupar com aquele homem manipulador.

— Estou bem, Jon. — A expressão de alivio no rosto atualmente severo dele fez com que o coração dela se aquecesse. — Sente-se aqui. — Disse apontando para uma cadeira que estava do lado da sua.

Lembrava-se que às vezes, muito raramente, seus pais iam até seu quarto e se sentavam nas belas cadeiras, um do lado do outro, geralmente ficavam com as mãos entrelaçadas. “Achava isso tão romântico e doce. Sonhei um sonho doce de primavera onde Joffrey e eu fazíamos o mesmo. Naquele dia senti toda doçura no ar, hoje só sinto um gosto amargo em minha boca”. Mas mesmo que atos como os de seus pais não a impressionassem mais, assim que Jon sentou Sansa ofereceu sua mão para que ele a segurasse, um impulso que ela nem mesmo havia percebido, foi como se seu corpo pedisse aquilo. Mesmo timidamente o homem segurou a mão fina dela e um estremecimento passou por seus corpos quando a pela quente dele tocou na gelada carne da jovem. “Agora ele é quente como um dragão.”

— Eu fico feliz, Sansa. — Ele exclamou com a voz baixa, quase um sussurro. — Por sermos primos. — O belo rosto estava voltado para baixo, olhando para qualquer coisa que havia no chão, como se quisesse escapar das consequências daquela afirmação.

“Somos primos agora, não mais meio-irmãos”. Jon era quente como dragão porque seu pai foi um dragão, agora eles sabiam. Howland Reed contará toda a verdade algumas semanas atrás. Um tempo após a aclamação de Jon e o pequeno cranogmano havia sentido a profunda necessidade de revelar um segredo tão delicado.

Jon Snow era na verdade um Stark e um Targaryen, “Um bastardo, mas um bastardo importante” refletiu a garota que estava presente no momento da revelação e que havia também brincado dizendo que seu ex-irmão era filho de uma Canção de Gelo e Fogo. Jon, que a muito tempo não ria, havia soltado uma extensa gargalhada e em seu olhar podia-se ver um tanto de doçura pela lembrança da Sansa inocente e principalmente feliz que ainda parecia viver dentro daquela menina tão machucada, que havia sido de porcelana, amado canções e tortinhas de limão. Jon resolveu não mergulhar nessas lembranças.

Filho de Lyanna e Rhaegar, descendente daqueles com sangue de Dragão. No fundo isso não importava tanto para ele, o que Jon sempre quis realmente era ser um Stark e o que importava naquele momento era que Sansa passava de irmã para prima. “Primos casam entre si” ele pensou, mas logo depois afastou os pensamentos com o coração pesado.

Jon não sabia, mas Sansa havia pensado a mesma coisa. Também pensou em sua Tia Lyanna e em como uma mulher tão selvagem como ela havia se deixado encantar pelo Príncipe de Porto Real. Lembrava-se de como a comparavam com Arya, tão diferente dela mesma. “Certamente não gostava de tortinhas de limão. Será que gostaria de mim?” Logo após esse pensamento, Sansa se irritou novamente consigo mesma por procurar a aprovação de alguém que nem havia conhecido. “É porque ela é mãe do seu amado primo, bobinha” o pensamento lhe escapou em um rompante e ela rapidamente resolveu se esquecer dele.

— Isso também me alegra. — A sombra de um sorriso tímido passou pelo rosto da Stark e Jon novamente sentiu que via a menina de treze anos que deixava Winterfell rumo a uma vida de Rainha. Uma vida que nunca chegou a acontecer. “Mas ela merecia, merecia ser rainha”. — Sabe Jon, parece que foi ontem que sai daqui, achando que voltaria a ver minha família algum dia. Parece que foi ontem que fui idiota e estupida. — Completou com a voz chorosa.

— Você era só uma criança. — Jon soltou de sua mão e virou-se. Percebendo o rosto virado da garota, ele o tocou docemente, fazendo com que ela o encarasse. — Era uma menina que estava apaixonada por um Leão dourado. Quem pode lhe culpar?

— Um leão dourado e fajuto. — Disse ela dando uma leve risada. — Oh, Jon, tenho um gosto péssimo para homens. — Os dois riram com essa afirmação e Sansa percebeu que estavam mais próximos do que antes. — Acho que não quero mais Leões e nem filhos dourados.

— Então você está dispensando o Rei da Selva, Sansa Stark? — Os olhos de Jon brilhavam e o tom de uma malicia inocente fez Sansa se arrepiar. — Não descarte ele assim, de forma tão rápida, é um animal poderoso e bom e você merece o melhor. Talvez encontremos um Leão que não seja como os que conhecemos. — “Embora eu não queira que você encontre outro que não seja eu. Deveria ser nós dois. Só nós”, o súbito pensamento fez o rosto de Jon se contrair.

— Para mim os melhores são os lobos. — Sansa exclamou enquanto se aconchegava nas peles que a vestia e sentia os olhos de Jon passar por seu corpo, por algum motivo a garota sentiu que não era um dos olhares inocentes que ele lhe jogava. — Hoje eu sou uma loba e não há nada melhor do que isso.

— Não é igual Arya, Sansa. — Disse seu primo de repente, já com um semblante sério. — É mais Sulista e tem uma aparência desconcertantemente Tully. — A imagem de Catelyn passou pela cabeça do homem. “Catelyn não fora boa para ele, mas havia sido uma mulher linda e Sansa era mais ainda. Entendia agora o fascínio de Petyr pelas duas”. — Mas eu sempre vi sangue de lobo em você e após tudo que aconteceu eu acho que esse sangue floresceu em suas veias. — O rosto dele estava muito perto do da ruiva, não havia percebido aquilo e embora gostasse da sensação, Jon ponderou que era melhor deixar o assunto mais leve, talvez a tensão que sentia passasse um pouco. Sansa poderia estar incomodada — Então acha que merece um lobo, prima? 

Jon se deu conta, naquele momento, como foi fácil passar a chamar sua meia irmã de prima. Dentro de si remexia uma certeza de que nunca veria Arya, Bran, Rickon ou Robb como primos, agora e sempre imaginava e chamava os meninos Starks de irmãos, mas com Sansa era diferente, mesmo com toda a aproximação entre os dois, começara a chamar e a imaginar ela como sua prima no exato instante em que soube a verdade. Em seu intimo ele queria que aquilo significasse uma dolorida verdade, que ele e Sansa nunca foram próximos e nunca seriam. Ela que sempre foi a única em que pouco pensava e que nunca havia sentido uma ligação de irmãos. Mas o Jovem Dragão, o Lobo Branco, sabia que na verdade essa repentina mudança de tratamento era porque ser primo de Sansa e aceitar isso, ter consciência disso, significava estar mais perto do modo como ele realmente a queria. Não a desejava como irmã, como prima ou com inocência, naquele instante uma repentina consciência, dura e seca e sem nenhuma dúvida, encheu seu peito. “Você a deseja como mulher”, sussurrou uma voz travessa em sua cabeça. Mas Jon acreditava que ela o via como um simples irmão. “Você não sabe nada, Jon Snow” a voz sussurrou novamente, parecendo ganhar vida dento de sua mente.

— Talvez. — A voz doce dela interrompeu seus pensamentos, mas foi pior do que se não o fizesse, porque Jon sentia as pontadas da revelação que fizera a si mesmo e ouvir a melodiosa voz da ruiva só o deixava mais consciente ainda de sua situação. — Mas eu gosto de misturas. — Ela falou com tom de diversão. — E não quero mais Leões, ainda bem que para minha sorte existem animais mais fortes.

O rosto dos dois continuava perto, embora às vezes olhassem para baixo ou para os lados, as duas faces estavam voltadas uma para o outro e as mãos novamente entrelaçadas, fogo no gelo e gelo no fogo. Cada vez mais eles conseguiam sustentar o olhar do outro por mais tempo, como se um segredo fosse revelado entre eles e agora sabiam que esse segredo não era tão grave assim. O ex-comandante da Patrulha da Noite teve medo de estar interpretando sinais errados.

— Quais? — Indagou Jon com uma curiosidade infantil. “Nem parece o Rei do Norte. Não parece filho de uma Stark e um Targaryen. Não parece o homem destemido que é” Concluiu Sansa em seus pensamentos. Nesse instante Jon parecia um menino de catorze anos, tímido em frente à garota que sempre desejará. E ela gostou, como gostou, de sentir que esse poder era dela, somente dela.

— Dragões por exemplo. — Sansa se sentiu repentinamente atrevida e movida por essa sensação teve coragem de segurar o rosto de seu primo com as duas mãos. — Não quero mais filhos dourados, mas não me importaria com filhos de um dragão. — Quando proferiu está última frase ela entendeu o caminho que havia traçado e o perigo que rondava. Quase se retraiu, mas havia ido longe demais para voltar.

“Filhos de Dragão. Filhos de Dragão. Filhos de Dragão.” Eu sou o único Dragão aqui e se ela quer filhotes de Dragão, então ela quer os meus filhos, foi a primeira coisa que passou pela cabeça de Jon. Tinha medo de ter entendido errado. “Será que ela também sente o que não deveria sentir?” a dúvida começou a confundir sua cabeça. “Você não sabe nada, Jon Snow”, um sussurro de mulher ecoou pelos cantos do quarto.

Há muito tempo atrás ele havia sonhado com uma Lady que não podia ter, agora ele lembrava. Havia sonhado com Sansa quando a virá em um belo vestido azul e com tortinhas de limão em suas mãos, mas era sua irmã e o odiava, por isso sufocou qualquer um daqueles sentimos e nunca ousou admiti-los. Sonhou uma noite que tinha uma família com ela, pequenos lobinhos com seus olhos e os cabelos de fogo da mãe. Quando acordou lembrou-se de que isso era quase um paralelo com seu pai, Ned e a senhora sua esposa, Catelyn, mas daquela vez se deu conta de que isso nunca aconteceria. Depois havia ido para a muralha e esquecido de todos esses pensamentos com sua irmã. Desejou ter um filho e lhe chamar de Robb, com qualquer mulher que fosse, mas não podia desejar mais isso, não depois de ter feito um juramento. Só que ele fora traído e agora era Rei do Norte, poderia ter quantos filhos quisesse e lhes dar o nome que sentisse vontade. “Eu sei que não se importaria de ter os filhos de uma loba. Igual seu pai o fez” A voz travessa lhe voltava a sua mente. Só pela indireta de Sansa ele já imaginava como fariam essa criança, imaginava sua semente dentro dela. Jon fechou os olhos enquanto sentia todo o seu corpo estremecer.

Agora, o Rei do Norte, ex-comandante da Patrulha da Noite, filho do Gelo e Fogo, da Loba e do Dragão, realmente voltava a ser o jovem garoto que desejava e sonhava com uma Lady que gostava de cantar e pentear os pelos de sua loba. Todos os desejos de seu coração se dirigiam a ele e a vontade de realmente não estar interpretando erradamente os sinais que ela dava. Só desejava conhecer o sabor de seus lábios, assim como havia desejado anos antes em seu quarto em Winterfell, quando era só um menino. “Quais são os desejos do Dragão?” alguém lhe perguntou.

— Não diga coisas assim. — Disse com um tom duro demais. Ele entendia que aquilo poderia ser perigoso. — Eu posso entender de uma maneira errada. “Tenho medo de ter entendido de uma maneira errada”. — De repente Jon não era mais a fria criança do Norte, mas podia sentir as palavras da casa de seu pai biológico, Fogo e Sangue, principalmente o fogo.

Sansa se aproximou mais ainda de seu rosto, enquanto ainda o segurava com as mãos. Estava se esticando pelas cadeiras e Jon sentia a respiração gélida dela em seu rosto quente. “A Canção de Gelo e Fogo” ele lembrou-se.

— Não entendeu errado. — Ela lhe depositou um suave beijo na bochecha direita. — Não ligaria de carregar um filho seu. — Lhe deu mais um beijo, agora perto de sua boca. — Você não entende nada, meu querido Jon. — Nesse instante Sansa realmente entendia que era tudo ou nada, já tinha seguido o caminho que desejava.  

Nunca achou que ouviria isso, nunca acreditou que alguém gostaria de ser mãe do filho de um bastardo, mas agora uma Stark legitima lhe dizia aquilo, a mesma que o desprezara no passado, a mesma que ele desejará em uma noite gelada onde uma cascata de cabelos vermelhos caia em cima de um vestido azul como a noite.

E ele sabia, sentia, que Sansa lhe diria aquilo mesmo que fosse ainda um Snow qualquer, mesmo que sua mãe fosse de qualquer casa pequena. Ele sabia que já fazia tempos que a tensão entre ele e Sansa Stark era mais do que eles poderiam admitir. “Mas agora não sou filho de Ned, agora não sou irmão dela” ele pensou alegremente. Jon nunca imaginou que ficaria tão feliz em não ser de Ned Stark. Ao contrário do que todos imaginavam, ele nunca se sentiu melhor ou qualquer coisa em relação ao fato de agora ser um Dragão, mas naquele instante Jon sentiu felicidade por esse detalhe pela primeira vez. Poderia dar crias de Dragão para a mulher que desejava, poderia dar as crianças de cabelos escuros como as asas de um corvo ou vermelhos como o fogo que ironicamente era um dos símbolos da casa Targaryen.

“Ela sempre quis crianças douradas, mas não as quer mais. Ela quer as suas crianças, a sua semente. Ela quer você como você a quer.” Foi a ultima coisa que ele pensou antes de entrelaçar suas mãos pelos cabelos de Sansa, gelados como seu corpo, enquanto ele entendia que o gelo queima mais que o fogo e que os lábios de sua prima tinham gosto de tortinhas doces de limão.

Sansa Stark era o desejo do Dragão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)


E se gostou, deixe um comentário.