A Última Peça escrita por jinhao


Capítulo 1
Antes que as cortinas se fechem


Notas iniciais do capítulo

Olá, como estão? Essa é minha segunda história publicada aqui. A mesma foi feita para um concurso do facebook, para a época do Natal no ano passado, mas não vejo problema algum em compartilha-lá aqui e agora.
Essa fanfic foi postada originalmente em outro site, em minha outra conta. Logo não existe plágio algum. A história é minha.

Sendo assim, desejo à você caro leitor, uma excelente leitura ♥



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“E agora o fim está próximo, então eu encaro a cortina final.”

Frank Sinatra- My Way

O teatro faz parte de mim desde muito criança, afinal, as artes sempre me atraíram. Meus pais me levavam ao teatro sempre que podiam e quando viajávamos para alguma cidade, nós fazíamos questão de procurar por um.

Essa paixão era tão intensa, que aos 13 anos peguei uma lista telefônica e procurei por um bom curso de teatro, onde minha mãe fez a matrícula o mais rápido que pode e hoje com 16 anos eu descubro quem eu sou ...

Sendo um pouco do outro.

✧*:・゚*

25 de Janeiro de 2015

Eu era a personificação do cansaço, estávamos a onze meses do natal, mas ensaiávamos incessantemente.  Cada oficina era responsável por apresentar algo relacionado a sua matéria, um espetáculo musical, corporal ou teatral, a oficina em que eu faço parte adaptou um filme dirigido por Henry Selick, chamado “O Estranho Mundo de Jack” para o teatro.

É um filme muito conhecido. Conta a história de Jack Skellington, um ser fantástico que vive na Cidade do Halloween, um local cercado por criaturas fantásticas. Lá todos passam o ano organizando o Halloween do ano seguinte mas, após mais um Halloween, Jack se mostra cansado de fazer aquilo todos os anos. Assim ele deixa os limites da Cidade do Halloween e vagueia pela floresta. Por acaso acha alguns portais, sendo que cada um leva até um tipo festividade. Jack acaba atravessando o portal do Natal, onde vê demonstrações do espírito natalino. Ao retornar para a Cidade do Halloween, sem ter compreendido o que viu, ele começa a convencer os cidadãos a sequestrarem o Papai Noel e fazerem seu próprio Natal. Apesar de argumentos fortes de sua leal namorada Sally contra o projeto, o Papai Noel é capturado. Mas os fatos mostrarão que Sally estava totalmente certa.

A peça seria realmente incrível, sempre achei lindas as produções natalinas que realizávamos, não só pelas escolhas das obras, mas também porque Natal era a minha época do ano favorita e a mais importante também.

O teatro possibilitava levar a magia natalina que encontrávamos em filmes, em livros e nas ruas, para os palcos, além de  trazê-las para as vida das pessoas.

O professor havia nos dado alguns minutos de descanso e se ele quisesse atores vivos para a apresentação de Natal, teria que fazer isso com mais frequência... Porque independente de amarmos imensamente a arte de atuar, muitas vezes ela tirava muito de nós, coisas que não poderiam ser repostas.

Aproveitando o que me foi concedido de descanso, comecei a andar pela escola, parando no mesmo instante ao ouvir as vozes dos alunos da oficinal de canto, eles também ensaiavam arduamente e mesmo não sabendo todas as músicas que iriam apresentar, tenho certeza que se sairiam bem.

Eles estavam cantando “You’ll Never Walk Alone”, do Elvis Presley, uma de suas canções mais bonitas ao meu ver e céus, quando chegou no refrão, eu pude sentir meu coração vacilar algumas batidas.

Todos os alunos voltaram a atenção a única voz que se podia ouvir ali, um aluno de cabelos ruivos e estatura baixa cantava, eu não sabia seu nome e nem a quanto tempo frequentava as aulas de canto, mas poderia afirmar a qualquer um, que queria passar o resto da minha ouvindo­­­-o cantar.

✧*:・゚*

Desde o dia em que ouvi aquele rapaz cantar, passei a reservar alguns minutos da minha aula para ir a oficina de canto, ia quando podíamos descansar ou quando conseguia sair ás escondidas. Sempre ficava em um cantinho perto da porta, para me certificar de não chamar a atenção, mas infelizmente nunca ficava por muito tempo, apenas o suficiente para ouvi-lo cantar mais que uma música, mas esses poucos minutos eram o ponto alto do meu dia.

Quando estava voltando para minha sala, ouvi uma voz conhecida me chamando e me virei, encontrando Kyungsoo, um grande amigo meu.

”Chanyeol? ”Kyungsoo parecia surpreso ao me ver ali. “O que está fazendo aqui?”

“Oh, Soo! Meu professor nos deu um descanso dos ensaios, então enquanto caminhava vi que estavam cantando e resolvi assistir.” Respondi sorrindo.

“Ah entendo ... Então, gostou do que ouviu?”

“Sim! Vocês são realmente ótimos.”

“Obrigado, Chanyeol.”  Kyungsoo agradeceu com um sorriso.

“Mas o menino que cantou o refrão da música, me deixou realmente impressionado. Tem uma voz incrivelmente linda.” Disse, me lembrando daquela bela voz.

“Baekhyun-sshi é realmente incrível cantando, não é à toa que ele é um dos vocais principais da Oficina.”

“Baekhyun?”

“Sim, ele se chama BaekHyun. Bem, tenho que voltar Chanyeol. Você sabe, estamos ensaiando duro para que tudo dê certo na apresentação, até mais.” Se despediu com um aceno, enquanto caminhava em direção a sala.

 Baekhyun, talvez um dia eu possa cantar para você.

✧*:・゚*

11 de Julho de 2015

Seis meses já haviam se passado, faltavam apenas cinco para o natal. BaekHyun e eu já havíamos nos tornado próximos e devo ressaltar que essa aproximação só se tornou possível, graças a Kyungsoo, que nos apresentou, depois de muita insistência de minha parte. E desde então construímos um laço afetivo muito bonito, diga-se de passagem.

BaekHyun vivia implicando comigo, com o fato de tropeçar e cair o tempo todo.

”Chanyeol, quantas vezes eu já lhe pedi para prestar atenção por onde anda?” Baekhyun pontuava, enquanto ria escandalosamente, tendo consciência sobre o quanto aquela implicância referente a minha altura e meus tropeços me chateavam.

“Aigoo, BaekHyun hyung. Você sabe muito bem o quanto eu sou desastrado!”  Expliquei pela milésima vez chateado com tanta implicância.

“Esqueceram de lhe avisar para não crescer demais, não foi?  Eu sabia que ele estava zombando de mim, mas estava decido a não ceder ainda mais as implicâncias do meu hyung.

 “Não vou perder meu tempo discutindo com você, vá para sua aula antes que se atrase.” Pedi, pois a ideia de um de nós nos atrasarmos, não era realmente agradável. “E mesmo que eu fosse baixo, acredito que teria esses problemas também.”

“Está bem, omma Chanyeol, até mais.” Ele disse rindo, conseguindo fugir antes que eu lhe acertasse um tapa, mais outra implicância e ele não iria escapar.

Hyung malvado!

*:・゚*

Natal. Finalmente o dia das apresentações havia chegado e todos estavam nervosos, sem exceções. O que era compreensível, muitos estariam se apresentando pela primeira vez, como era o caso de BaekHyun, e para nós, alunos mais antigos da Seoul Arts, não importava quantas vezes subíssemos ao palco, sempre sentiríamos a mesma emoção da primeira vez.

As pessoas receberam muito bem as apresentações. A casa estava cheia e os aplausos estavam presentes em todos os espetáculos da noite.

Além da música do Elvis, eles também cantaram “Love Of My Life” do Queen, o que arrancou muitas lágrimas da plateia, não só pela música em si, mas por causa de uma das vozes que emitia as letras dessa canção.

A voz de BaekHyun.

Ele sem dúvidas era a atração mais bonita da noite e eu pensei comigo mesmo que sem ele, a apresentação não seria tão boa.

Todas as oficinas se juntaram para o agradecimento final, e nem as luzes, nem os flashs, nada brilhava mais como o sorriso de BaekHyun, muito pelo contrário ... Nada jamais seria capaz de tirar alguém da escuridão, como aquele sorrisoera.

*:・゚*

“Chanyeol! Você atuou de forma tão divina, era sem dúvidas a estrela mais bonita da noite.” Baekhyun dizia, vindo em minha direção e me abraçando de forma afobada. “Você é incrível, Yeollie.”, completou.

“Não tanto quanto você, Baek hyung. Eu queria poder passar o resto da minha vida lhe ouvindo cantar.” Retribui o abraço imaginando o quanto seria maravilhoso acordar ouvindo aquela voz todos os dias.

”Você realmente deseja isso, Chanyeol?” Baekhyun perguntou, enquanto aproximava mais nossos corpos, o que me deixou estupidamente nervoso.

“S-sim.” Naquela altura eu não era capaz de dizer alguma coisa mais elaborada como um “Sim Baekhyun, é o que eu mais desejo desde que ouvi sua voz.”

“Reste aos seu lábios, eu compartilho da minha voz. Deixe-me ser a sua melodia favorita, Chanyeol.” BaekHyun me beijou.

E eu correspondi. Ele sabia que aquilo era um sim.

✧*:・゚*

 Todas as oficinais estavam reunidas no grande pátio da Seoul Arts , esperando os professores se pronunciarem sobre o por que, de estarmos ali.

Depois do grande sucesso que as apresentações do ano passado tinham sido, começamos 2016, sendo avisados sobre algo grande que estava por vim e era humanamente impossível controlar os ânimos e coração, enquanto esperávamos.

“Agradeço a todos por estarem aqui e por terem aguardado pacientemente pelo comunicado.” O professor de canto iniciou.” Bem, depois de uma reunião com todos os professores e os diretores da nossa escola, decidimos que o próximo espetáculo de fim de ano, vai ser feito em conjunto.” Ele sorria alegremente, era visível o quanto aquela notícia lhe deixava feliz.

“Para ser mais exato, vamos fazer um Teatro Musical, que é uma forma de teatro que combina música, canções, dança, e diálogos falados.” Completou meu professor.

“E o que iremos apresentar?” Perguntou uma aluna loira, de cabelo encaracolado. Não a conhecia, mas provavelmente era da turma de dança, quase nunca víamos o pessoal dessa oficina.

"Depois de algumas pesquisas e conversas, decidimos s por encenar “O Expresso Polar”, um filme dirigido por Joseph L.Mankiewicz. “Explicou o professor de dança.

“Trata-se de um filme americano, onde um garoto, após descobrir que o papai Noel “não existe” ao encontrar a fantasia do famoso personagem nas coisas de seu pai, passa a encarar o natal com desconfiança e tristeza.  É, dessa forma, com grande surpresa que se depara diante do gigantesco trem negro que aparece em frente à sua casa, após todos já terem ido dormir, com o destino ao Pólo Norte; mais especificamente, a casa do Papai Noel. Não vai ser uma tarefa fácil, precisamos da dedicação e comprometimento de todos ... Acham que seriam capazes de realizar algo dessa proporção?” Perguntou o professor de canto, arqueando uma das sobrancelhas, como se estivesse nos desafiando.

Respondemos um “sim” em uníssono, felizes por podermos participar de um espetáculo grande e por termos sido confiados para realizar esse projeto, BaekHyun estava radiante, acho que nunca o vi tão feliz daquela forma nesses poucos meses de relacionamento.

“Baekhyun hyung, qual o motivo de tanta alegria?” Perguntei risonho.

“Chanyeol, você é realmente muito lerdo.” Disse, como se o motivo de sua felicidade repentina fosse óbvio.

“Diga, por quê está tão feliz?” Continuei insistindo.

” Nós vamos dividir o mesmo palco ChanYeol, não irei vê-lo brilhar ... Irei brilhar com você.” Sorriu de forma sincera, e eu o acompanhei.

“Dizem que o amor é como uma navalha, que faz sua alma sangrar... Mas eu vejo o amor como uma flor, onde você é a única semente.” Nos abraçamos e não foi preciso dizer mais nada... 

O sentimento era mútuo.

✧*:・゚*

8 de Fevereiro de 2016

Se o ano passado eu reclamava de cansaço, a situação agora estava ainda pior. Já haviam se passado dois meses desde o comunicado sobre o espetáculo, estávamos a mil, os ensaios começaram a se prolongar e geralmente voltávamos para casa quando já estava de noite.

Não sei se é devido a isso, mas não me sentia bem. Tenho caído e tropeçado com mais frequência, caminhado com mais dificuldade, além das terríveis dores que tenho sentido em minha perna. Meus pais e BaekHyun diziam que eu devia ir ao médico, já meu professor afirmava que isso era consequência do esforço que eu estava depositando para o espetáculo e que não era nada demais.

Foi com o pensamento de estar saudável e disposto para Dezembro que permiti que minha mãe marcasse –ou pelo menos tentasse- uma consulta em algum Hospital. Ela conseguiu e a consulta seria daqui a dez dias. Não era nada de mais, eu dizia a mim mesmo...

Ou pelo menos era o que eu me forçava a acreditar.

✧*:・゚*

Meus pais e BaekHyun me acompanharam na consulta, estávamos sentados na sala de espera do hospital Asan Medical Center, era uma construção simples, tanto por dentro quanto por fora, não era um lugar tão renomado quanto os outros hospitais, mas tinha profissionais excelentes segundo a minha mãe, de qualquer modo, esse fato não me incomodava de nenhuma maneira. Preferia estar ali, a ter que esperar quase um mês para ser atendido. BaekHyun e eu brincávamos de pedra, papel e tesoura, quando meu nome foi chamado.

” Park Chanyeol, a Dr. Hea-Jung está a sua espera.” Disse a secretária, encaminhando a minha família e a mim, até o consultório.

Faz um bom tempo que não venho a um hospital, se não me falha a memória, a última vez que eu vim foi para visitar meu avô que estava morrendo, então eu estava especialmente nervoso hoje ... Não daquela maneira que nos faz transpirar e tremer as mãos, mas sim daquela que nos diz que algo não vai bem.

“Olá Chanyeol, bem-vindo ao meu consultório. Presumo que esses sejam seus pais, certo?”  Ela sorria amigavelmente em direção a nós, enquanto aguardava uma resposta.

“Sim, doutora. – Respondi vendo meus pais a cumprimentarem. ” E esse é meu namorado, Byun BaekHyun.

“Então estamos namorando, Park Chanyeol?” Perguntou BaekHyun com a sobrancelha arqueada e um sorriso de canto.

“Se isso não é um namoro, eu não sei o que é.” Respondi sendo retribuído com um belo tapa na cabeça.

“Vocês jovens são tão modernos.” A doutora disse rindo.

Ela parecia simpática, se fosse qualquer outra pessoa já estaria nos olhando de forma reprovadora. Quando contei para os meus pais sobre BaekHyun, eles inicialmente ficaram assustados, mas disseram que um amor que nos faz felizes, não é um amor errado, e eu realmente agradecia por termos o apoio deles, pois na maioria das vezes não é assim que acontece. A realidade pode ser realmente cruel.

“Bem Chanyeol, antes de fazer os exames, preparei alguns testes para realizar com você. Sente-se aqui por favor.”

“Certo.”

“Feche seus olhos por favor e tente colocar o dedo indicador direito, em cima de seu nariz.”

Eu falhei.

“Repita o processo, mas tente o colocar o dedo indicar esquerdo em cima de seu nariz.”

Eu falhei de novo.

Eu era realmente descordenado aquele ponto? Um teste tão simples e eu não fui capaz de realizar com êxito.

“Não fique frustrado ChanYeol, vamos tentar outra coisa, sim? Levante-se por favor e se mantenha em pé com uma perna só.”

Eu me desequilibrei.

“Fazer isso dói, Chanyeol?” A doutora Hea-Jung perguntou visivelmente preocupada.

“Sim, doutora.” Respondi levemente chateado por não conseguir realizar mais esse teste.

“Certo. Agora nós iremos fazer uma Tomografia Computadorizada.”

“Tomografia Computadorizada?” Não hesitei em perguntar.

“Não se preocupe, querido. Não vai doer. Com esse exame é possível analisar seu cérebro por sessões.” Minha mãe disse tentando me consolar.

“Está bem.” Assenti entrando na máquina.

Depois de meia hora, a doutora   Hea-Jung já estava com os exames em mãos e pronta para analisa-los junto com a gente, eu estava aflito. Mais do que quando estava a caminho do hospital, BaekHyun apertava minha mão na esperança que eu me acalmasse e me olhava como se dissesse “Vai ficar tudo bem, Chanyeol.”

“Este é o cerebelo, vocês conseguem perceber o quanto ele diminuiu? O equilíbrio, reflexo e coordenação são controlados pelo cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal. A doença do Chanyeol se chama Atrofia Espinocerebelar. É uma doença nos neurônios do cérebro, que porventura serão destruídos aos poucos.”

“O que irá acontecer com Chanyeol?” Minha mãe estava tão aflita quanto todos ali naquele consultório.

“Chanyeol já está desajeitado agora e com dificuldades para caminhar, quando sua situação se agravar, ele não será capaz de andar ou se manter em pé. Além de não conseguir falar e movimentar outros membros.”

Eu iria virar um vegetal.

Mas doutora, ele pode se curar, não pode?” Foi meu pai que se pronunciou dessas vez.

“Você tem que ajuda-lo, por favor!”  BaekHyun gritava rente ao ouvido da doutora.

“A causa dessa doença ainda é desconhecida meus caros, sendo assim, não existe uma cura. Mas sua condição não irá piorar de um dia para o outro, mas por ChanYeol ser jovem também não vai tardar a acontecer.

Num primeiro momento, pensei que a minha vida tinha acabado ali, eu só pensava nas dificuldades, não conseguia ver as possibilidades.

✧*:・゚*

18 de Maio de 2016

Faziam exatamente três meses que eu tinha tomado conhecimento sobre a doença, três meses que estavam sendo muito difíceis para mim, eu fui muito negativo, chorei muito, e todos os dias ouvia uma voz na minha cabeça me dizendo“Sua vida acabou aqui, Chanyeol.”

Eu estava piorando. Minhas pernas estavam tão fracas, que para conseguir me locomover eu precisava estar acompanhado de alguém, caso contrário, não conseguiria ir a lugar algum ... Precisaria de uma cadeira de rodas em breve.

Também estava sendo difícil para minha família. Eu ouvia meus pais chorando todas as noites e via no olhar de BaekHyun a tristeza e as nossas promessas sendo desfeitas, além da certeza do futuro que não teríamos juntos.

*:・゚*

6 de Agosto de 2016

Mais três meses se passaram, e nesses meses eu pude observar a minha própria queda, uma queda triste, uma queda sem fim.

A cada dia eu perdia os movimentos de algum membro e as vítimas desse mês foram minhas mãos, eu já não conseguia movimenta-las como antes, não conseguia escrever com firmeza ou muito menos apoia-las no andador.

Eu me olhava no espelho e não conseguia me reconhecer, via apenas um fantasma do que já fui um dia, mas o que me movia a lutar o quanto eu conseguisse, era o amor: Dos meus pais e de BaekHyun ... Se não fosse por eles eu não conseguiria lutar nessa batalha.

Mesmo sabendo que o fim da guerra seria trágico e só traria corações partidos.

✧*:・゚*

30 de Outubro de 2016

Mais 2 meses passaram. Dezembro estava chegando e com ele o grande espetáculo de Natal da Seoul Arts, o primeiro espetáculo natalino que eu não iria participar desde que me matriculei nessa escola, o primeiro espetáculo de muitos onde eu estaria ausente.

Não queria que o natal fosse um dia triste para mim e nem para as pessoas a minha volta. Não queria dar de presente a elas meu corpo limitado, acompanhado de uma doença como embrulho, queria lhes oferecer uma alma jovem e viva, queria lhes trazer alegria.

Minhas pernas já não se moviam mais, já estava usando uma cadeira de rodas elétrica, que com muito custo meus pais conseguiram comprar para mim ... De vez em quando eu ia ver como estavam os ensaios para a peça, sempre com alguém por perto pois como sou muito desleixado, esquecia de carregar a bateria da cadeira com frequência.

Eu tentava animar Baekhyun, mas sabia a razão de seu descontentamento ... Não poderíamos mais dividir o mesmo palco esse ano e nem nos próximos, mas talvez em uma próxima vida pudéssemos faze-lo, mas nessa, ele infelizmente teria que brilhar sozinho.

✧*:・゚*

27 de Novembro de 2016

Hoje eu completava 18 anos. Meus pais e Baekhyun preparam uma festa surpresa para mim, uma festa linda.

Eu queria lhes agradecer com as palavras mais bonitas que minha boca poderia transmitir, mas esqueci-me que nesses casos, a fala é o recurso principal ...

E eu já não podia utiliza-la como antes.

As palavras saíam com dificuldade e emboladas, com difícil compreensão.

Mas eu me esforcei, aquela poderia ser a última vez que eu realmente teria uma oportunidade para falar.

“Meu amor por vocês é como uma estrela, vocês não poderão mais me ver, mas saberão que eu sempre estarei lá... Brilhando para vocês.” Consegui dizer, e mesmo com dor, eu me sentia feliz.

Eu nunca soube o que era estar sozinho, pois sempre tive meus pais comigo e depois da chegada de Baekhyun, eu não quis saber como era estar. Eles estiveram lá por mim, mas agora eu tenho que ir para casa.

E não poderei leva-los comigo.

✧*:・゚*

25 de Dezembro de 2016

P.O.V Byun Baekhyun

Estou sentindo um frio na barriga. Lembro-me de tudo que passei até chegar aqui, os obstáculos e principalmente as lutas ... Mas de todas as que eu já batalhei, a luta que mais me fez feliz foi a de conquistar o amor de Chanyeol.

Mesmo me proporcionando a tristeza de um dia vê-lo partir, Chanyeol conseguiu me fazer imensamente feliz. Tarde demais o conheci e mesmo sendo cedo demais sem conhece-lo, o amei profundamente.

O espetáculo de natal  que planejamos o ano inteiro aconteceria em poucos minutos, Chanyeol estava na plateia e mesmo que já não pudesse mais falar, eu sei que ele torcia por todos nós e principalmente por mim.

Ele conseguia sorrir e naquele momento nada mais importava, não sei lhes dizer quantas peças ele conseguiria assistir, mas se essa fosse a última peça de sua vida, então que fosse a melhor e a mais memorável.

Eu atuaria e cantaria por nós dois.

✧*:・゚*

A peça chegou ao seu fim. Tudo ocorreu da melhor forma possível e eu sabia disso pois Chanyeol chorava e seus olhos me diziam o quanto tudo tinha sido lindo.

Mas antes que as cortinas se fechassem, cantamos uma música que havíamos escolhido homenagear Chanyeol e de todas as músicas que eu já cantei, aquela seria a mais sincera e a mais bonita.

Nal annaehaejwo

Me leve

Yeah geudaega salgo inneun gose nado hamkke deryeogajwo

Sim, para o lugar em que vive, me leve com você

Oh sesangui kkeuchirado dwittaragal teni

Oh, eu vou te seguir, mesmo que seja no fim do mundo

Budi nae siyaeseo beoseonaji marajwo achimi wado sarajiji marajwo oh

Por favor, não fuja da minha visão, não desapareça mesmo quando a manhã vier, oh

Kkumeul kkuneun georeum geudaen namanui areumdaun nabi

Eu sonho com o caminho, você é minha primeira e única linda borboleta

*:・゚*

Chanyeol desistiu de viver às 20:00 de uma Quarta de janeiro de 2017.

De todas as certezas que eu possuía na vida, uma delas era de que o natal nunca mais seria o mesmo. Chanyeol seria marcado como a própria  magia do Natal. Ele seria a estrela em cima da nossa árvore.

Eu sinto falta do rosto dele sorrindo para mim, então fecho meus olhos para ver, sinto falta de sua alma graciosa e de seus beijos desajeitados.

Quando ele fechou seus olhos pela última vez, eu pedi que tomasse cuidado ao ir para o céu e disse que mesmo que tenha ido embora, ele continuaria sendo o mundo para mim ...

Mesmo que eu renascesse mil vezes, conhecesse Chanyeol em outras vidas e já soubesse que nosso futuro juntos estava destinado as ruínas, eu me apaixonaria novamente.

*:・゚*

” Quero dizer que vou viver cada dia

Até eu morrer

E saber que eu tinha algo

Na vida de alguém

Os corações que toquei

Serão a prova que deixo

De que fiz a diferença

E este mundo vai ver”

Park Chanyeol.

 


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Notas finais do capítulo

Olá, espero que a leitura tenha sido agradável. Bem, essa doença realmente existe, mas algumas informações eu modifiquei para se encaixar com a one-shot. Caso algo não tenha ficado claro, por favor, me comuniquem. Agradeço imensamente por quem leu até aqui ♥
O trecho final da fanfic é de uma música da Beyonce, mas coloquei como se fosse um pensamento de Chanyeol.



Música do capítulo: Dont Go, do EXO : https://www.youtube.com/watch?v=6hcj1UvLyak



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