Na manhã de domingo acordei muito sensível,não só pelas emoções dos últimos dias mas também por ser o aniversário de dez anos de morte do Alexandre.

       A lembrança da última vez que o vi nunca mais saiu da minha mente.

       “...Havia passado três meses desde o aborto nós estavamos voltando a normalidade, o Ale nunca saiu do meu lado, sempre me incentivando ou me animando, as vezes ele dormia na minha casa.

         Um dia antes ele me disse que iria viajar com seus pais, estava aborrecido de me deixar sozinha, mas era importante acompanhá-los.

         Seriam dois dias, fiquei triste mas tudo bem, passamos aquele dia todo juntos, à noite ele dormiu na minha casa, de manhã me acordou com o café na cama e também um presente uma gargantilha com um pingente em forma de coração, dentro dele havia um foto nossa e uma declaração “Aline eu te amo.”

         Fiquei muito emocionada e disse que também o amava muito, ele me beijou apaixonadamente declarando seu amor mais e mais, o acompanhei ao aeroporto nos despedimos com lágrimas nos olhos, minha última lembraça dele foi me dizendo que iria me amar pelo resto da vida.

         Voltei para minha casa e três horas depois recebi um telefonema dizendo que o avião do Ale sumiu do radar e provavelmente havia caido.....”

         Estava completando dez anos que eu morri junto do Alexandre, eu era apenas uma casca, uma sombra do que fui um dia.

       Me formei em assistente social pois era a única coisa para me consolar, ninguém nunca chegou perto do meu coração, me fechei à todos e ao mundo.

       Tomei um banho e fui visitar o tumulo do Ale, como fazia todos os anos e mais uma vez chorei pela sua vida, pelo bebê e pela minha vida.

       Sai do cemitério e fui até sua antiga casa, meu Deus ela continuava igualzinha, os donos mantiveram-na intacta, ela só estava vazia e sem vida.

       Voltei para casa e me joguei no trabalho prometendo guardar meus sentimentos e não me permiti chorar mais.