Essa noite eu mal consegui dormir, a visão do homem misterioso povoou meus sonhos sempre que conseguia conciliar o sono.

       Meu Deus esse homem é muito parecido como o Alexandre, mas como pode ser, ele está morto, por que somente agora eu vejo fantasma.

       Minhas lembranças me levaram a uma época de muita alegria, mesmo com minha pouca idade eu sentia que o Ale era o homem da minha vida, que não haveria outro mesmo ele não existindo mais nesse mundo.

       Peguei no sono de novo e voltei a sonhar com fragmentos de minha juventude......

“...Tinhamos 15 anos, eu e Alexandre Mendes eramos amigos desde sempre, mas nessa época nossa amizade se transformou em algo muito maior.

         Percebemos que era impossível esconder nosso amor,então assumimos nosso namoro.

         Nossas famílias eram amigas, portanto pra eles era até esperado que ficassemos juntos.

         Pertenciamos a classe média alta, meu pai era um comerciante bem sucedido, o pai de Ale era um empresário ambicioso e influente, tinhamos amigos em comum e frequentavamos as mesmas festas e ambientes.

         Como todo adolescente tinhamos brigas por ciúmes e inseguranças, como também tinhamos muitos planos e sonhos para o futuro.

         Eu queria me tornar uma assistente social, tinha esperança de levar um pouco de alento e conforto aos mais carentes.

         O Alexandre queria cursar Direto, provavelmente se tornaria um promotor de justiça, essa caracteristica descreve um pouco ele: justiça.

         Nossas famílias passavam férias juntas, com o passar do tempo aprendemos a nos conhecer, crescemos juntos como casal e não havia nada que não conseguiamos resolver juntos.

         Os meses foram passando, mais do que natural que nosso namoro evoluisse.

         Assim aconteceu, numa noite de inverno eu me entreguei’ ao Alexandre, não só meu corpo, mas também meu coração e alma.

         Nesse momento eu estava tão plenamente feliz que pensei que nada estragaria nossa felicidade, sonhos e projetos.

         Mas ledo engano, minha ruina estava próxima...”

Nesse instante eu acordei assustada, a muito tempo eu tinha enterrado meu passado tão fundo que jamais permiti que viesse à tona.

No entanto a simples visão de um homem parecido com o Alexandre trouxe meus demônios de volta.

Com um pulo levantei da cama, imediatamente fui analisar meus projetos, era apenas mais uma desculpa para ocupar minha mente e acalmar meu coração.

Passava da 5 de manhã, minha vista e cabeça começaram a doer de tanto ler relatórios, exausta resolvi voltar para cama na esperança de conseguir dormir tranquilamente.

Acordei eram mais de 11 da manhã de um sábado muito ensolarado, me sentia satisfeita e surpresa por conseguir dormir sem sonhos perturbadores.

Tomei um banho, estava preparando uma refeição quando minha campainha tocou.

Para minha total surpresa na minha porta havia um entregador com um enorme buque de tulipas brancas e vermelhas, minhas flores preferidas.

Ele me entregou o buque e se despediu.

Fechei a porta atrás de mim, coloquei o buque na mesa e abri o cartão: “Recomeçar é dar uma nova chance a si mesma. É renovar as esperanças na vida e o mais importante, acreditar em você de novo.” Um amigo!!!

Alguém estava me pregando uma peça, o cartão não tinha remetente mas com certeza quem me mandou sabia exatamente meus gostos e também meus pesadelos.

O cartão me surpreendeu mas eu não tinha mais um por que recomeçar, não havia mais ninguém para me apegar, exceto Tatiana, eu apenas sobrevivia a cada dia fazendo o melhor que podia para os outros.