Capítulo Nove

Edward tinha obviamente contado comigo aceitando sua oferta de me levar para casa. Ele estava no estacionamento, parado ao lado da minha picape, e o brilhante volvo prateado não estava em lugar nenhum. Se eu recusasse seu pedido, como ele iria embora?, me perguntei. Era uma longa caminhada. Então eu gargalhei sozinha quando percebi que, sendo um vampiro, ele podia simplesmente correr para casa.

Ele confundiu a risada pela minha estupidez como felicidade em vê-lo. Seu rosto gélido e de aparência intocável tinha um enorme sorriso. Ele andou até mim, e eu resisti à vontade de revirar os olhos.

— Oi — ele disse, colocando sua mão na minha. — Como foi o seu dia?

— Edward, você não pode fazer isso — disse, tentando ter doçura na minha voz para não magoá-lo. Sorri de canto de boca, embaraçada. Jacob, Jacob, Jacob, eu pensei quando o toque gelado fez com que uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo. Seu olhar era menos radiante quando Edward soltou minha mão.

— Desculpe — ele murmurou.

Entrei na picape e lhe entreguei as chaves. Ele sorriu e a girou na ignição. A volta para casa foi silenciosa, mas não ruim. Era um silêncio compreensivo. Edward tinha entendido que eu estava com Jacob e apenas queria ser meu amigo. Não era? Eu sinceramente esperava que fosse isso, mas não tinha idéia do que ele podia estar pensando. Ou tramando.

Pouco antes de virar a esquina que levava à minha rua, Edward enrijeceu. Olhei pela janela, tentando ver o que ele acabara de ver.

— O quê? O que foi? — Eu perguntei.

Ele sorriu para mim, porém.

— Você é incrivelmente perceptiva, Bella — ele disse. — Eu não acho que me movi tanto.

— Ah — disse simplesmente. Como eu podia responder algo assim? Principalmente quando ele me encara com olhos de topázio. Deus, eu pensei, isso é tão embaraçoso. Meu rosto corou e eu esperei que Edward não tivesse uma opinião errada sobre isso.

— No que você está pensando? — ele sussurrou. Amizade. É, talvez fosse uma boa. Talvez a volta para casa talvez não fosse uma má idéia.

— Estou pensado em como eu espero que meu coração batendo rápido e minhas bochechas da cor de tomates não lhe dêem uma opinião errada — eu disse. Teria de ser sincera com ele.

— Oh — foi sua única resposta. Ele começou a franzir as sobrancelhas, no entanto, quando chegamos à minha casa, e depois me encarou. Eu tive que sair do carro. Precisa de ar fresco. Estava muito perto dele agora.

Eu saí do carro, rápida, e me recostei na picape. Ele saiu também, mais rápido que eu e duas vezes mais gracioso. Ele sorriu de lado e meus joelhos quase cederam. Onde estavam minhas defesas? Ele certamente não podia abalar tanto o meu auto-controle. Não é?

— Bella — ele sussurrou, quase em um gemido. Eu estava fitando o chão, chutando pequenas pedras cinzas. Se olhasse para cima, iria perder a compostura. Eu não ia olhar para cima. Mas ele pegou meu queixo e me forçou a olhar nos seus olhos. Não, não, não, eu pensava. Jacob, lembre-se de Jacob. — Bella, por favor, dê-me mais uma chance.

Seus lábios caíram nos meus. Eu coloquei minhas mãos no seu rosto, tentando afastá-lo, mas não me movi nem um centímetro. Ele em apertou mais forte. NÃO!, eu gritava dentro de mim. Não, Edward!

Então eu ouvi um rosnado profundo, que não parecia de Edward. E nem era. Era de outra pessoa; era de quem eu mais amava.

— Jake! — eu gritei impotente, quando Edward finalmente me libertou, e esperei por sua resposta. Não, isso não podia estar acontecendo. Porque Edward sempre tinha que estragar tudo? Edward correu para o outro lado do quintal, e um enorme lobo avermelhado o atacou, rosnando. Eu fiquei apavora com a expressão sanguinária do vampiro que há pouco estava ao meu lado.

— Jake, Jake, Jake; por favor, apenas se acalme. Olhe para mim, Jacob, se acalme! Charlie vai chegar aqui a qualquer minuto, Jake. Por favor. — Eu lhe implorei, desesperada. Edward e o enorme lobo ficaram parados, e logo Jacob voltara a sua forma humana. Respirei profunda e lentamente; Jacob era decididamente algo para se olhar. Quando Jacob se vestiu, ele sorria, e Edward estava rosnando.

— O que diabos há errado com vocês dois? — Eu gritei. — Edward, seu estúpido, por que você fez isso. Você sabia que ele estava aqui! Você podia sentir o cheiro dele e ouvir seus pensamentos, mas mesmo que não pudesse, isso não te justifica. Vampiro estúpido.

— Você precisava ver isso, Bella — ele falou, como se não tivesse feito nada de errado. — Apenas precisava. Precisava ver quão perigoso e assustador ele pode ser.

Eu rolei os olhos e bufei. Jacob rosnou para Edward.

— Eu já vi ele na forma de lobo, Edward. Ele não me assusta. Mas você quer saber o que me assusta? Você, Edward, você! Eu fiquei apavorada! — continuei a gritar. — Se alguma coisa... qualquer coisa tivesse acontecido com ele, Edward, aí sim eu iria te odiar para sempre. Você não percebe isso? Se você tivesse machucado ele, eu te seguiria até o fim dos tempos, não importando no que eu teria que me transformar para fazer isso!

Jacob sorriu quando percebeu que Edward tinha feito o primeiro passo.

— Bella, por favor, é para sua própria segurança. Lobisomens não são seguros.

Eu me enfureci com isso, meu rosto estava contorcido pela raiva. Então Jacob, o meu Jacob, não era seguro? Avancei até Edward e dei um forte tapa no seu rosto.

Depois, soltei um grito horripilante.