Capítulo Sete

Sentei em silêncio no sofá, vestindo os gigantescos moletons de Jacob, com uma fatia de pizza de pepperoni fria em minhas mãos. Eu dei uma mordida, mastiguei e engoli. Foi nojento. Comer me fez sentir náuseas agora. Eu suspirei, levantando do sofá. Joguei o resto da minha fatia de pizza no lixo com um baque surdo. Voltando ao sofá, minha cabeça explodiu com as lembranças da noite passada.

“Bella, por favor, me desculpe”.

“Não, Jake, não é por isso. Eu só estou realmente cansada”.

“Durma na cama, então. Por favor”.

“Não, não, eu fico no sofá, ele é pequeno demais para você.”

“Bell-”

“Eu estou bem, Jake.”

O som de uma porta se fechando me tirou de meus devaneios. Me virei, instintivamente, e vi Jacob descendo as escadas. O rosto inchado de sono e os olhos piscando pela luz um pouco forte demais que entrava pelas janelas.

— Bom dia — disse, atravessando a sala e indo para seus braços. Minha voz era um pouco melodiosa demais, e eu sorri delicada.

— Ah, bom dia — murmurou, sonolento. — É, eu quero dizer, você quer conversar sobre... — eu o cortei antes que ele pudesse continuar.

— Não, por favor. Vamos apenas seguir em frente com isso. — eu demorei em soltar as mãos dele, querendo ter ele ali, comigo, mas por fim soltei-as e fui de volta para o sofá.

— Ok — sussurrou. Ele foi para a cozinha, e eu podia escutar alguns ruídos; parecia que ele estava preparando uma tigela de cereais. Quando ele finalmente veio para a sala, tinha uma enorme tigela nas mãos. Achei que podia ter meio galão de leite lá dentro, junto com uma caixa inteira de cereais.

— Quer um pouco? — perguntou, zombeteiro, quando viu que eu encarava a tigela.

— Ah, não, obrigada. Você é um porquinho — sibilei provocando-o.

— Ei, ei, eu sou um garoto em crescimento — Nós dois rimos. Fiquei feliz por ainda poder me sentir confortável com ele, apesar da noite passada.

“Então, Bella, há algo que eu realmente queria te perguntar — ele começou hesitante, depois, quando estava sentado ao meu lado. Eu me virei e o encarei, incentivando-o.

“Bem, eu estava pensando... — Ele limpou a garganta, obviamente nervoso. Eu sorri. — Você é minha namorada agora? Quero dizer, eu só estou perguntando por que, você sabe, nós nos beijamos, e noite passada foi como, uau... quero dizer, antes de tudo aquilo, você sabe, uma coisa... — Ele não parava de tropeçar em suas palavras. Eu ri, e coloquei meu dedo indicados em seus lábios.

— Jacob, se você me quiser, eu vou ser para sempre sua — disse eu sorrindo. Ele relaxou e me puxou para seu peito, me segurando contra ele. Notei que ele já tinha terminado o cereal, a tigela vazia estava no braço do sofá. Ele pegou o controle remoto e ligou a televisão, mas, honestamente, eu não poderia te dizer o que estava passando. Eu estava muito ocupada tentando manter a compostura, enquanto ele passava os dedos no meu cabelo e beijava o topo da minha cabeça. Até o som da respiração dele pareceu encantadora para mim. Mesmo sem sono, senti que sonhava acordada.

Mais tarde, Jacob me pediu para ir com ele na casa de Sam, onde estava havendo um churrasco de confraternização. Eu acho que Quil, Embry e Jared estavam indo para lá, também. Liguei para Charlie para perguntar se estava tudo bem, e ele disse que sim.

— Então, Bella, você é a namorada de Jacob ou alguma coisa assim agora? — Embry brincou; Jacob engasgou com seu cachorro-quente.

Eu ri. Estava bastante sorridente hoje.

— Na verdade, sim — respondi. Agora foi a vez de Embry engasgar com comida. Quil virou a cabeça para mim tão rapidamente que eu achei que ele poderia voar. E Sam deu um largo sorriso por trás do seu enorme prato de comida. Sua reação foi enervante, como se ele tivesse um grande segredo que não iria compartilhar comigo. Eu ia lhe perguntar o porquê desse sorriso tão estranho, mas, antes que eu pudesse abrir a boca, Sam e Jacob se levantaram, ao mesmo instante e virando a cabeça na mesma direção: leste.

— Quê? — Eu murmurei, confusa. Emily me lançou um olhar silencioso que me confundiu ainda mais.

— Quil, vá buscar Paul. Vamos correr para a casa de Charlie. Embry, Jared, vão para as fronteiras do norte. Jacob, nós vamos checar as fronteiras orientais. — Quil assentiu e sumiu pela floresta atrás da casa de Sam. Pisquei e procurei por Embry, mas ele e Jared já tinham ido embora. Minhas mãos começaram a tremer.

— O-o quê está acontecendo? — Perguntei. Minha garganta estava de repente seca; falar foi como engolir areia.

— Shh, Bella — Jake disse calmamente, acariciando minha cabeça. — Fique aqui com Emily, e, por favor, fique muito, muito quieta. Não deixe a casa. Por favor, pelo amor de Deus, Bella, não deixe a casa. — Algo em sua voz me assustou, e eu simplesmente assenti. Ele me beijou suave e foi embora.

Eu estava no sofá de Emily, vestindo um pijama de lã quente dela. Ela estava no sofá comigo, vestindo moletons. Tinha feito chá, mas mal o tocamos.

— Emy, o que está acontecendo? Eles se foram há quase uma hora — eu sussurrei. Ela apenas balançou a cabeça.

— Não se preocupe, Bella, eles vão estar em casa logo. — Emily sorriu, mas o sorriso não chegou aos seus olhos. Ela estava tão assustada quanto eu.

Uma hora se passou. E outra. Finalmente, três horas e quarenta e sete minutos depois, Sam e Jared entraram pela porta da frente. Eles pareciam estar sem fôlego. Eu soltei a minha respiração quando Sam falou.

— Está acabado, Bella. Victoria está morta — eu me joguei no sofá, aliviada. Mas não tão aliviada.

— Sam? — eu perguntei, olhando para ele. “Sim?”, ele me incentivou a continuar. — Onde está Jacob? Ele não estava com você?

— Bella — ele disse, calmo demais, como sempre, e se sentou ao meu lado no sofá. Eu prendia a respiração. NÃO! Não, não, não, não! Jacob esta bem, por favor, oh, por favor, que ele esteja bem!, gritei repetidas vezes em minha mente. Emily chegou ao sofá, também ao meu lado, e passou os braços ao meu redor. — Jacob vai ficar bem. Ele só precisa de algum tempo para se curar.

— Se curar? — as palavras pareciam estar presas na minha garganta. — O que aconteceu com ele, Sam?

— Victoria era... realmente boa. Mas não é nada de mais. Não se preocupe, ele vai ficar bem em alguns dias.

— Alguns dias? — eu disse exasperada. — Ah, droga, Sam, onde é que ele está? Eu preciso ver ele, Sam, por favor, me fale onde ele está!

— Na casa de Billy.

Eu corri para a porta da frente e pulei na minha picape. Minhas mãos tremiam demais para ligar o carro. Frustrada, soltei o grito que há horas vinha crescendo dentro de mim. Bati com a cabeça no volante, soluçando e confidenciando a ele meus segredos.

Porque Jacob? O que ele tinha feito para merecer isso? Ele tinha sido ferido, gravemente, e era minha culpa. Apenas minha. Eu queria voltar no tempo e nunca ter vindo à Forks.

Mas esse último pensamento partiu meu coração em mil pedaços. Mas, eu sussurrei ao meu volante, se eu nunca tivesse vindo à Forks, nunca teria conhecido Edward, Alice ou o resto dos Cullen. Nunca teria conhecido Jacob. Ou o resto do bando, ou Emily, Billy e Sue. Antes de vir para cá, eu não soubera nunca que podia amar tantas pessoas de tantas maneiras diferentes.

Quando fui capaz de me recompor, quando minhas mãos tremiam menos, eu girei a chave na ignição. O motor gemeu em protesto, mas pisei fundo no acelerador, querendo ver Jacob o mais rápido possível.