The Heir - Choices escrita por Lolli


Capítulo 1
• CAPÍTULO UM - I'LL BE HERE •


Notas iniciais do capítulo

Enjoy!



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CAPÍTULO UM

EADLYN SCHREAVE

Meu pai estava destruído. Assim como meus irmãos. Assim como toda Illéa. E assim como eu.

O palácio havia sido tomado por um furacão de tristeza e orações. Todos andavam de cabeça baixa, poucas palavras eram pronunciadas, apenas o essencial. Minha mãe estava entre a vida e a morte, respirando com a ajuda de aparelhos, pálida e desacordada em seu leito.

Pelo vidro da sala de espera, podia ver o monitor marcando sua frequência cardíaca, as linhas movimentavam-se lentamente, mostrando que tudo estava indo bem. Seu peito subia lentamente, mas sua pele estava pálida como gelo. América havia ganhado um quarto exclusivo para hospedar-se temporariamente, todos os membros da família real ficavam em quartos individuais quando adoeciam, nunca dividíamos uma sala com outros doentes.

Funguei alto, tentando conter as lágrimas. Não queria chorar na frente de todos, mesmo em uma situação como aquela, não permitiria que os outros me julgassem como fraca. Pedi licença ao meu pai, alegando que minha presença não traria nenhuma melhora para a saúde da minha mãe e me retirei.

Quando já estava longe do olhar de todos, ergui a cauda do meu vestido e corri. Um nó se formou em minha garganta e em questão de segundos meu rosto foi inundado pelas lágrimas. Mesmo com os saltos, acelerei a velocidade, logo estava subindo as escadas. As fotos pregadas nas paredes do palácio só faziam meu coração doer ainda mais. Ahren estava presente na maioria delas. Senti um aperto no peito ao lembrar-me do meu gêmeo. Ele havia me abandonado justo quando mais preciso dele. Havia me abandonado para viver com Camille na França.

Olhei em volta, procurando por algum lugar onde pudesse chorar à vontade, sem o receio de ser flagrada ou interrompida. Meu quarto estava fora de cogitação, o jardim era muito perigoso durante a noite, principalmente depois da volta dos ataques rebeldes. Chorar na cozinha não seria muito discreto. Passei a mão pelo rosto, enxugando as lágrimas e então me lembrei de um lugar onde poderia ir.

Podia ser um pouco sujo e bagunçado, mas seria um ótimo refúgio.

O velho quarto de Kile.

Eu tinha certeza que ele não estava em seus velhos aposentos, e com essa certeza em minha mente, ergui a cauda do meu vestido mais uma vez e corri livremente pelos corredores. Subi um lance de escadas e logo estava parada em frente à porta do seu quarto. Empurrei-a, fazendo com que a mesma se abrisse e adentrei o quarto.

A mesma bagunça de sempre!

Roupas espalhadas pelo chão, cama desfeita e papéis espalhados pelo carpete.

Felizmente, ele havia se livrado dos pratos sujos e o odor havia melhorado minimamente. Porém, tudo continuava uma bagunça, e de certo modo, aquilo era um alivio.

Se não fosse bagunçado, não seria Kile. E era bom saber que ele continuava o mesmo Kile de antes, por mais que agora fosse um Selecionado.

Fechei a porta atrás de mim, mas não ascendi as luzes. As portas da pequena varanda estavam abertas, assim como as cortinas. Eu nunca havia percebido a vista incrível que Kile tinha de seu quarto.

Sentei-me à cama de Kile, e toquei as cobertas com a ponta dos meus dedos. Estar em seu quarto era uma sensação reconfortante.

Por um momento, esqueci-me de todas as catástrofes que aconteciam ao meu redor. Senti como se um peso tivesse saído das minhas costas, mas essa sensação não durou muito. A realidade logo me atingiu como um soco no estômago e não demorei a desabar em lágrimas.

A tristeza transbordou por meus olhos em forma de lágrimas, e pela primeira vez em minha vida, eu me permiti chorar.

Chorei não somente por minha mãe e pela partida de Ahren. Chorei por tudo que não havia chorado nos últimos anos, deixei com que toda a tristeza que vivia aprisionada dentro de mim fosse libertada. Acabei escorregando da cama e caindo no chão, mas aquilo não me impediu de continuar chorando.

Abracei minhas próprias pernas e enterrei o rosto entre meus joelhos. A cauda do meu vestido se esparramou pelo chão, assim como minhas lágrimas.

A angústia me consumia, eu queria gritar com todas as minhas forças, mas apenas trinquei meus dentes e tentei conter os sons estridentes e desesperados que escapavam por minha garganta.

Foi então que a porta do quarto foi aberta, mas não me dei o trabalho de ver quem era. Apenas encolhi-me e abracei minhas pernas com um pouco mais de força. Continuei de cabeça baixa, fazendo com que as lágrimas corressem com mais facilidade pelo meu rosto. A porta foi fechada, mas pude ouvir passos se aproximando.

Passos leves e ao mesmo tempo decididos.

Senti alguém sentar-se ao meu lado e tocar meu ombro descoberto, devido ao vestido tomara que caia. As mãos estavam gélidas, mas eram firmes e fortes. Nem precisei olhar para me certificar de quem era.

Kile Woodwork.

Ele não se atreveu a falar, apenas afagou meu ombro e antes que eu percebesse, já estava em seus braços, sendo abraçada e acalentada por ele. Nós estávamos lado a lado, minhas pernas curtas estiradas sobre as suas pernas compridas, e minha cabeça apoiada em seu ombro, meu nariz quase tocava a curva do seu pescoço. Ele afagou meu cabelo com uma mão e rodeou minha cintura com seu braço livre.

— Pode chorar. — sussurrou próximo ao meu ouvido e um soluço escapou por minha garganta. Apertei meu corpo no seu com um pouco mais de força e me permiti chorar novamente. Eu precisava disso. Precisava de alguém que me visse além do título de Princesa, precisava de um ombro para chorar.

Sabia que não podia fazer isso com outra pessoa, e nem mesmo me permitiria, mas Kile era diferente. Com ele, eu me sentia diferente. Com ele, eu não era Eadlyn Schreave, a Herdeira de Illéa, eu era apenas a Eady.

— Ela vai ficar bem, Eady. Você sabe disso. — sussurrou próximo ao meu ouvido novamente, me fazendo arrepiar. — Ela é América Schreave, a rainha. Ela não se permitiria ir tão facilmente. Ela é forte.

Ele continuou comigo em seus braços, por um longo tempo, até que minhas lágrimas cessaram. Tirei minha cabeça de seu ombro e fitei seu rosto. Ele me olhava com intensidade, seus olhos azuis brilhavam mais que o normal. Passei a língua por meus lábios, e continuei fitando o rapaz à minha frente. Meus olhos desceram para sua boca rosada e eu pude ver um pequeno sorriso formar-se no canto de seus lábios.

Kile e seus malditos sorrisos de canto ainda vão me matar.

Instantaneamente, sorri de volta, pois apenas o sorriso dele era capaz de me deixar melhor. Ainda não consigo entender porque demorei tanto tempo para perceber isso.  Continuei fitando sua boca, mas fui surpreendida quando Kile me ergueu do chão e me aconchegou delicadamente em seus braços, carregando-me em seu colo até a cama.

Ele me depositou em sua cama tão delicadamente que cheguei a questionar mentalmente se ele estava com medo de me quebrar. Porém, não hesitei. Aconcheguei-me em seus travesseiros e esperei que ele fizesse o mesmo, mas Kile dirigiu-se até o lado oposto da cama e tocou em meus pés delicadamente, tirando meus sapatos de salto logo em seguida e colocando os mesmo no chão. Ele retirou seu paletó e o jogou para longe, ficando apenas com a devida camisa social branca de botões. Ele também se livrou de seus sapatos e meias, e finalmente, deitou-se ao meu lado.

Fiquei imóvel, sem saber o que fazer, mas o que eu mais queria era abraça-lo e chorar em seu ombro. Kile envolveu minha cintura com seu braço esquerdo e me puxou para perto do seu corpo. Apoiei minha cabeça em seu peito, e a sua mão, que antes estava em minha cintura, subiu para o meu ombro.

Eu não me atreveria a falar. O momento estava tão bom que eu temia que qualquer tipo de diálogo entre nós, acabaria com o clima.

Depositei minha mão em seu peito e fechei os olhos, me permitindo ouvir as batidas de seu coração. Kile deslizou sua mão pelo meu ombro, fazendo um carinho em minha pele, mas logo seus dedos foram para o meu cabelo e ele afagou meus fios escuros. Abri meus olhos e fitei seu rosto. Kile fitava o teto, distraído, como se estivesse perdido em seus próprios pensamentos.

Deus, eu daria tudo para saber o que ele estava pensando.

Ele fechou os olhos e eu fiz o mesmo. Nenhum de nós dois havia falado algo, mas apenas alguns segundos depois, o silêncio foi quebrado por Kile.

— Eu estou aqui pra você, Eady. — ele afagou meus cabelos novamente, e eu me permiti aproveitar seu carinho. — Sempre!

E mais uma vez, Kile Woodwork me surpreendeu.

Seu quarto havia sido meu refúgio. Seus braços haviam sido meu abrigo durante um momento de fraqueza. E agora, eu estava deitada ao seu lado, e eu estava gostando. Eu só espero que essa não seja a última vez que deitamos lado a lado em uma cama.

Naquele momento, me permiti não pensar em nada. Parei de pensar sobre a Seleção, parei de pensar sobre a probabilidade de me casar. A preocupação com os rebeldes e o povo também se esvaíram.

Eu só queria aproveitar o momento e ouvir as batidas do coração de Kile.

— Obrigada. — foi tudo que eu disse antes de fechar os olhos e cair na inconsciência.

Essa Seleção podia ser horrível, mas se não fosse por ela, eu jamais teria me aproximado de Kile dessa maneira. Pude sentir um sentimento estranho me dominar, e naquele momento, com a cabeça apoiada sobre o peito de Kile, ouvindo as batidas de seu coração, eu me dei conta de que meu coração havia sido aberto, e Kile havia ganhado um lugar especial nele.

 

XXX 

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

E então??
O que acharam??
Se acharem algum erro, por favor avisem.
Os primeiros capítulos serão um pouco curtos, mas prometo tentar aumentar a quantidade de palavras futuramente.
Obrigada por lerem e não esqueçam de comentar =))
Love all ♥