Alguns dias se passaram e Olívia se sentia cada vez mais desesperada, o medo corria por suas veias a deixando paralisada e com isso passava cada vez menos tempo em companhia da família que tanto amava, evitada se aproximar de Miguel que parecia não entender que a menina queria a solidão, Santo também não entendia a atitude da filha mas respeitava seu espaço Luzia também sem saber oque fazer mantinha certa distância e sofria com o jeito que a menina andava, a vó se mantinha perto mas não a forçava a falar nada parecia saber o peso que a menina carregava mas quem não lhe dava descanso era Isabel que tentava sempre fazer a menina falar mesmo que em vão.

     Enquanto isso os sintomas continuavam, vivia com fome mas passava mal direto andava cansada e triste pela situação em que se encontrava, estava sozinha em casa a vó e a mãe tinham ido a igreja e junto fora Bel que ia na associação de rendeiras, Miguel e o pai estavam ajudando na colheita dos pequenos produtores e ela em casa sozinha olhava-se no espelho não acreditando ao ver ali marcado levemente pelo vestido uma pequena barriguinha que sinalizava oque ela tanto escondia, sentiu as lagrimas se formando e junto veio um enjoo que a levou correndo ao banheiro.

—Olívia, tu tá ai?- Disse Bel que acabara de chegar.- Maninha oxi cade você?

  Ela andou por toda casa, só restava o banheiro e quando abriu a porta levou um susto ao ver a irmã no chão do banheiro passando mal, logo se agachou ao lado dela e a ajudou a se levantar escovar os dentes e a levou de volta ao quarto a deitando na cama.

—Que tá acontecendo contigo? Tu num anda bem tem tempo.- Disse preocupada com a irmã que estava abatida.

—Deixe disso Bel, eu tó bem, foi só uma indisposição.- Olívia vinha usando tanto essa desculpa que já acreditava realmente nela, mentia pra si mesma e aos outros.

—Foi não, tem algo que tu não que me conta Olívia.-Isabel agora estava em pé com as mãos na cintura decidida a arrancar a verdade da irmã.

—Vixe para de me baldear, me deixe só por favo.- Pediu Olívia cansada, tudo que ela menos queria no momento era brigar com a irmã.

—Não, eu só quero te ajuda Olívia, visse, tu é minha irmã.- Isabel agora voltou a se sentar ao lado da irmã na cama.

    Por um momento Olívia considerou contar a irmã, estava cansada de lidar com aquilo sozinha, ela precisava de ajuda e sabia disso só não sabia como iria dizer a verdade a Isabel, como revelar oque acontecerá entre ela e Miguel? Como faze-la não repudia-la pelo pecado que havia cometido?! Olívia não sabia e tinha medo mas era hora, não poderia manter esse segredo por muito mais tempo mesmo.

—Tudo bem, mas tu tem que promete que num vai conta isso pra ninguém ouviste?- Disse Olívia olhando bem ao redor e com os ouvidos aguçados pra saber se havia mais alguém em casa.

—Tá só tu e eu Olívia pode conta.- Isabel tinha percebido a atitude da irmã e preferiu mentir pela curiosidade, sem lhe revelar que Miguel a trouxera e estava por ali na fazenda.

—Bel preciso que tu primeiro me prometa que num vai me julga por isso.-Olívia agora falou a beira das lagrimas olhando fundo nos olhos da irmã.

—Vixe Olívia tu tá me assustando, pode fala eu prometo. -Isabel segurou firme a mão da irmã.

     Com a garganta seca e sem saber como falar a irmã Olívia levou a mão de Isabel a sua barriga e a deslizou de um lado ao outro para ela sentir o volume que havia ali bem no centro como uma pequena bolinha que se erguia de seu ventre, aquilo foi o suficiente para Isabel entender o porque a irmã andava tão estranha e não pode evitar levar um susto ao constatar que a irmã estava grávida.

—Tu ta... Olívia,tu... tá grávida?-Perguntou com a voz tremula mas firme, parecia prestes a berrar.

—Fale baixo.-Disse Olívia se sentando no momento em que a irmã se levantou esbaforida e se pós a andar de um lado ao outro do quarto.

—Olívia du céu tu tá grávida, GRÁVIDA!!- Isabel perdeu o controle, aquilo era demais.

  A menina não conseguia dizer nada ao ver a reação da irmã, ela sabia que seria assim, não só com a irmã mas com toda família por isso vinha escondendo, mas Agora com a barriga aparecendo ela não podia mais mentir.

—Você já falo com Lucas, justo agora que ele tava bem com a francesinha!- Isabel não parava de andar e já pensava na amiga que iria levar um baque e com certeza preferir voltar a França.

—Não é de Lucas!!-Exclamou Olívia nervosa com a aflição da irmã, que parou no segundo seguinte depois de processar oque a irmã disserá.

     Isabel encarou Olívia, e permaneceu congelada no lugar, incapaz de se mover, sua mente foi rápida e ela entendeu aonde isso ia dar voltou calada a cama e se sentou de frente a menina agoniada e disse:

—Diz que num é oque eu to pensando, fala Olívia num fica muda agora!-Isabel pegou firme as duas mãos da irmã.-FALA OLÍVIA!!

—Esse filho é de Miguel tá bom, pronto visse, satisfeita?!- Agora era a vez de Olívia se levantar exasperada pela pressão de Bel.

  Ela ficou ali em pé olhando para a outra que continuava sentada absorvendo oque a irmã havia lhe secretado, mesmo que tivesse ouvido com todas as letras ainda não conseguia acreditar, mesmo que por um segundo tivesse suspeitado era algo que preferia não imaginar, por fim conseguiu dizer algo, a voz baixa e triste.

—Quando?-Bel só conseguiu soltar essa única palavra.

—Foi antes de nois saber que era irmão, eu juro Bel, eu num imaginava, painho conto poucos dias depois, mas já era tarde.- Olívia parecia mais controlada agora também, a voz mais baixa e tremendo.

—E ele?- Agora Isabel havia tocado em um ponto delicado.

—Num sabe, e tu tem que me promete que num vai fala nada disso cum ele ta me ouvindo? Tu tem que me prometer Isabel dos Anjos!!- Olívia agora estava de joelhos em frente a irmã que continuava sentada na cama desnorteada com a novidade.

—Tu sabe que num dá pra esconde por muito tempo num é?-Foi só oque Isabel falou.

—Sei que não, mas preciso de tempo.-Falou Olívia mais calma ainda de joelhos.

—Tá eu prometo.- Aquelas três palavras de Isabel deram um alívio a menina que agora se levantou do chão e se sentou na cama recebendo colo da irmã mais nova.

  As duas continuaram ali sem suspeitar que do lado de fora, ao lado da porta prostado no chão estava Miguel que ouviu tudo oque as irmãs disseram, sentindo-se caindo em um buraco negro ao perceber que a noticia que antes seria motivo de sua maior alegria, poderia ser a notícia que causaria um desastre em sua família. Ele se levantou e saindo silenciosamente da casa ele voltou ao carro, deu meia volta e se dirigiu a cidade, o carro a máxima velocidade, então pisou no freio e quando o carro parou bateu a cabeça no volante, e ouvia a buzina berrar embora o barulho parecia pequeno se comparado ao das vozes gritando em sua cabeça.

—Eu vo se pai, ela tá esperando um filho meu!-Era como se confirmasse isso a si mesmo.- ELA É MINHA IRMÃ E TA GRÁVIDA DE UM FILHO MEU!!!

   E junto com esse grito deixou sair toda a dor que carregava no peito e enquanto as lagrimas escorriam de seus olhos, no quarto que ele deixara pra trás uma garota chorava no colo da irmã, pensando no homem pai do seu filho que além disso era seu irmão.