Run away. escrita por Maria Helena


Capítulo 1
One-shot.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, comentem, por favor!

Música para acompanhar, caso queiram: https://www.youtube.com/watch?v=ga94wVeFBac



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Eu olhei o mar mais uma vez -Me lembrando de você, me lembrando de nós— antes de me virar e começar a caminhar, adentrando a floresta que você tanto conhecia.


   O mar sempre me lembrou você, sempre me lembrou o nosso amor, sempre me lembrou seus olhos, que eram tão vívidos e brilhantes, agora eram nada mais que pálpebras fechadas em um descanso eterno.


   Por que você se foi? 


   Por que me deixou só?


   Por quê?


    Essas eram as principais perguntas incessantes que pairavam a minha mente, nunca descobri as respostas dessas perguntas, e temo descobrir, temo saber o que realmente aconteceu naquela noite pálida e fria de inverno.


    O que realmente aconteceu? Não, essa não é a pergunta certa, eu definitivamente sei o que aconteceu naquela noite, porém temo admitir, temo reviver tudo.


    Graças a todos os meus medos eu sempre vivi em um local fechado, sem convivência com o mundo exterior, tinha curiosidade? Sim, muita. Porém eu também temia isso, assim como temia quase tudo.


  Porém, naquele dia, naquele fatídico dia, no qual por pressão dos meus pais para me casar com um completo desconhecido, eu fugi, fugi do castelo real no qual vivi minha vida inteira temendo tudo e todos, fugi de tudo, de todos, com medo. Temendo minhas escolhas, temendo meus próprios passos, que naquele dia marcavam a neve. Eu corria, corria, porém nem mais sabia se realmente havia alguém atrás de mim, eu não parei. Hoje eu não sei ao certo se foi um erro ou um acerto, se eu tivesse parado, certamente teria sido capturada, porém você ainda estaria aqui, mesmo que eu não chegasse a te conhecer, eu saberia, no fundo do meu coração que você estaria bem, estaria vivo, algo que por minha culpa não está mais.


   Eu sei, eu fui egoísta, naquela época eu estava no fundo de um poço escuro, me escondendo dos guardas reais que nem ao menos sabia se ainda estavam me perseguindo, estava com medo e sem esperanças, mas por coincidência do destino, você um reles plebeu caçador foi pegar água naquele poço e me encontrou encolhida, com frio e fugindo de um futuro no qual não queria, um futuro no qual temia


    Eu nunca havia visto uma preocupação tão verdadeira com uma pessoa completamente desconhecida, na primeira vez que te vi, eu pela primeira vez não temi, pelo contrário, eu amei, sim eu amei. Pode-se chamar de amor à primeira vista, algo tão clichê e surreal. Dentre todas as coisas que poderiam ter acontecido, em meio aquele intenso inverno, eu amei pela primeira vez. Estendi minha mão confiante em lhe alcançar, e você estendeu a sua para alcançar a minha, o toque de nossas mãos fez meu coração palpitar, algo que eu achava que ele nem ao menos podia fazer novamente. Você me puxou para si e me acolheu, me levou a sua casa e ficamos apenas alguns dias convivendo, porém foi o suficiente para nós admitirmos esse sentimento tão lindo, que ambos abrigávamos em nossos corações repletos de curativos e cicatrizes. Foi o suficiente para em uma noite tão fria quanto as outras nós sentirmos calor, um calor incomum que nos alcançou quando menos esperávamos, e foi o suficiente para em uma noite fazermos juras de amor, fazermos o ser que hoje está crescendo dentro de mim.


   Porém, nossa felicidade não durou nem mais de alguns minutos, nossa casa foi invadida, nos encontraram nus em nossa cama trocando carícias, carícias repletas de amor que foram interrompidas com horror. Você me defendeu mesmo sem saber o que estava acontecendo, me mandou fugir e com apenas um fino lençol me cobrindo eu fui em direção a janela. Correndo em desespero, abri-la foi um obstáculo, porém logo o venci, mas o que eu vi, duvido conseguir vencer tão cedo. 

Assim que eu me virei para lhe chamar, eu vi seu corpo com diversas armas atravessadas, ainda em pé impedindo dos guardas passarem, naquele momento eu vi seus lábios se mexerem em desespero, enquanto seu corpo despencava em uma cascata de sangue que me atingiu em boa parte do rosto. Seus lábios tentaram emitir um som enquanto caia, porém não conseguiu. Eu entendi, o que você disse é o que até hoje me atormenta:

Fuja


    Essa simples palavra foi capaz de me destruir, temendo, eu fugi, com lágrimas nos olhos eu pulei aquela janela. Sem me importar que havia deixado o lençol para trás, corri com todas as forças que eu tinha, o que quase causou a morte do ser que hoje carrego com amor. O ser que irá crescer sem um pai ao seu lado, que irá crescer sem você.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, até a próxima!



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