“– Você tem certeza disso? Ela pode ficar brava se descobrir... – Plagg alertou.

— Estou levando queijo extra para você, vai dar tudo certo, nada vai nos atrapalhar. ”

Esse diálogo voltou à minha mente sorrateiramente enquanto seguia minha misteriosa Ladybug pelos telhados de Paris, estava confiante ao alvorecer quando precisei correr até a torre Eiffel para derrotar mais um Akuma controlado por Hawk Moth.

Espreitando pelas sombras suspirei pesadamente, logo voltaria ao normal, pelo menos Ladybug tinha usado seu poder logo depois de mim, então logo ela também voltaria ao normal e eu descobriria de uma vez por todas, quem era realmente a dona do meu coração.

Passados alguns telhados pude ver de longe ela aterrissar numa varanda conhecida, atônito esperei o próximo movimento da garota, ela tinha parado lá para pegar mais um impulso? Ou era lá que queria chegar? Borboletas dançaram em meu estomago, o coração começou a dar saltos decido a sair pela garganta, mais alguns segundos de espera...

No momento seguinte Marinette, minha colega de sala, estava conversando com algo vermelho que voava ao redor dela e eu pude soltar o ar que havia segurado sem nem mesmo perceber, não poderia ser ninguém melhor.

Plagg não aguentando mais manter a transformação voltou ao normal e começou a reclamar da minha falta de noção sobre como era difícil se manter assim após usar o cataclysm, não que estivesse prestando atenção, ainda estava extasiado com a novidade.

Naquela noite mal consegui dormir, rolava tanto de um lado para o outro que me surpreendia como Plagg dormia com tanta agitação, eu tinha planejado tudo para descobrir quem era Ladybug, mas não pensei nem um instante no depois, não poderia dizer simplesmente que a seguira já que deliberadamente tinha traído a sua confiança fazendo isso.

Dizer que era uma intuição também não seria o suficiente para convencê-la... talvez me transformar na sua frente fosse uma opção viável, mas isso causaria estranheza, de repente, sem motivo aparente me transformar na frente dela quando não o fiz em outras ocasiões... talvez fosse melhor descansar e deixar esse segredo guardado no momento, quando chegasse a hora seria mais fácil decidir o que fazer.

Na manhã seguinte acordei em cima da hora, com muito sono, mesmo assim segui para a escola feliz por poder encontrar a dona dos olhos azuis mais profundos de Paris.

— Bom dia Nino, Alya.

Fazia algum tempo que eles tinham se tornado um casal e quase sempre estavam juntos, isso era muito bom visto que Alya era a melhor amiga de Marinette e não pude deixar de procurar a garota discretamente.

Apesar de ter descoberto a identidade secreta de Ladybug o dia correu como qualquer outro, saber ou não simplesmente não mudou nada, nem mesmo consegui agir mais confiante como Plagg havia sugerido antes de pegar no sono, tudo parecia perdido.

Os dias passaram sem muitos progressos, na verdade houve um regresso, mesmo como Chat Noir não conseguia mais ser tão confiante quanto era antes de descobrir quem era minha Lady e tudo que sentia era frustração.

— Pensei que você conquistaria a sua amada se descobrisse quem ela era – Plagg falou enquanto devorava seu Camembert fedido.

— Eu realmente estava convencido disso Plagg, mas agora não sei o que fazer...

— Aquele seu amigo Nino não namora a melhor amiga dessa Marinette? Ele poderia conseguir mais informações para você.

Pela primeira vez Plagg havia dado uma boa ideia, sem pensar duas vezes liguei para meu melhor amigo.

— Oi Adrien, que raro você me ligar...

— Nino, preciso te encontrar, posso ir até sua casa?

— Claro, achei que você nunca viria, vou te passar o endereço por mensagem, estou te esperando!

Eu nunca o tinha visto tão feliz, como sempre precisava recusar seus convites era compreensível sua animação, sem mais demoras corri para o carro e meu motorista, que eu chamo carinhosamente de gorila me levou ao local indicado.

Respirei fundo e toquei a campainha, Nino parecia estar me esperando do outro lado, pois a porta abriu rapidamente, nos cumprimentamos e fomos direto para seu quarto, que era bem menor que o meu, sentei na cama bagunçada rindo da desordem do quarto, na mansão nunca deixariam que o meu fosse assim.

— O que te trás aqui tão repentinamente?

— Bom... Eu acho que é melhor ser direto...

— Pelo visto é algo muito sério mesmo.

— Sim, mas é só pra mim... – respirei fundo antes de finalmente colocar para fora – você sabe se a Marinette esta interessada em alguém?

Fiquei um pouco constrangido com a forma como ele me analisou nos minutos seguintes, já era constrangedor o suficiente sem isso.

— Lembra quando você me arranjou um encontro com ela, mas por causa da fuga dos bichos eu acabei descobrindo que na verdade era apaixonado pela Alya?

Para ser sincero mal lembrava desse dia e agradeci internamente por esse encontro ter sido um verdadeiro desastre.

— Claro que lembro, tive que te acompanhar...

— E você viu o quanto ela perguntou e insistiu em te esperar não é?

— É normal, visto que você não abriu a boca para convidá-la e eu tive que fazer isso no seu lugar.

— Não, ela esta um tanto obcecada por você, acredite no que digo, até porque, isso é tudo que eu posso te contar...

— Alya te contou de quem ela gosta então!

— Sim, mas ela me fez prometer que não contaria pra ninguém, principalmente pra você, entendeu?

— Nino, você é o melhor!

Ele não precisava dizer mais nada, eu tinha pego a deixa, estava tão feliz que simplesmente não conseguia parar de sorrir, quando fui embora no começo da noite meu sorriso ainda denunciava a alegria que eu estava sentindo.

Uma freada brusca me chamou de volta a terra, no banco de motorista o gorila estava inconsciente, um carro havia sido arremessado em nós, mas mesmo assim era arriscado me transformar dentro do carro, mas assim que saltei para rua fui surpreendido.

— Cuidado!

Ladybug aterrissou do meu lado e me pegou pela cintura pronta para lançar seu ioiô e nos tirar de lá, mas algo nos encobriu ainda mais rápido, uma caixa de papelão gigante.

— Droga! Onde está aquele Chat Noir quando preciso dele? – Ladybug chutou a caixa que parecia ter paredes bem grossas.

— O que esta acontecendo? – perguntei confuso.

— Um entregador foi humilhado por Chloe e pego por um Akuma! Essa garota viu!

Ela jogou o ioiô de joaninha contra várias partes da caixa, mas infelizmente não parecia estar fazendo efeito, irritada ela se sentou pensou no que poderia fazer para nos tirar de lá.

— Tenho certeza que Chat logo estará aqui – disse para animá-la enquanto eu mesmo tentava bolar um plano.

— Desculpe, eu tentei te tirar da confusão, mas acho que na verdade só te encrenquei mais.

Ela esta vermelha como sua roupa e isso foi extremamente gracioso me deixando completamente sem reação.

— Adrien, essa pode ser a sua oportunidade – Plagg sussurrou do meu bolso.

Sentei ao seu lado, eu estava tão envergonhado quanto ela, porém decidido a resolver essa situação o quanto antes.

Se o que faltava era uma razão para me transformar na sua frente, agora não tinha mais motivos para adiar meus planos, essa era a ocasião perfeita, Chat Noir precisava aparecer de qualquer jeito, com esse pensamento disse o mais calmo que consegui:

— My Lady, lembra daquela garota que você pediu pra eu proteger quando o Ilustrador do Mal apareceu? Aquela que ele exigiu um encontro?

— Claro que lembro, é a Marinette, por quê?

— Eu só estava pensando, vocês são amigas?

— Como eu posso dizer, eu apenas a conheço...

— Então você não deve saber o que ela acha de mim, ou saberia, por acaso?

Ela engasgou com a pergunta antes de responder:

— Não, ela nunca me falou nada, só sei que vocês estudam juntos.

Eu me levantei, nervoso com o que faria em seguida, respirei fundo algumas vezes antes de me virar para ela sorrindo.

— Eu posso te pedir pra guardar um segredo?

Seus olhos estavam colados em mim impressionada com minhas palavras, ela apenas balançou a cabeça positivamente esperando a minha revelação e eu me ajoelhei a sua frente pegando sua mão exatamente como faria se estivesse de Chat Noir.

— My Lady, eu confio plenamente em ti e peço que não conte o que ver aqui para ninguém, muito menos para Marinette...

Dizendo isso voltei a levantar virei de costas, estava com medo da reação dela, respirei fundo mais uma vez para me acalmar e me dar tempo, mesmo sabendo que não tinha mais volta.

— Plagg, me transforme!!

Sem demora Plagg saltou do meu bolso e entrou no anel, cobri os olhos com a mascara e coloquei as orelhas, minha roupa ficou preta e meu rabo apareceu, me virei sorrindo, precisava demonstrar minha confiança.

Ela estava tão branca que por um instante achei que ela fosse desmaiar.

— Tudo bem?

— E-eu não fazia ideia! Adrien?

— Sim e não, atualmente eu sou apenas Chat Noir, mas temos coisas mais importantes para pensar agora, CATACLYSM!!

Usei meus poderes para pulverizar a caixa que nos prendia, mas assim que as paredes se dissolveram eu pude ouvir passos vindos à nossa direção e puxei Ladybug para perto de mim rodando o bastão rapidamente.

— O que houve Chat?

Não precisei responder o vilão havia aparecido, provavelmente para pegar o Miraculous Stone em forma de brinco.

— Ora, eu não vi que tinha pegado os dois, adaptando o ditado popular “dois animais com uma armadilha só”.

— Não pense que vai conseguir nos derrotar! – disse empolgado.

Rebati as caixas que ele mandava contra nós, elas estavam pesadas, se nos acertasse com certeza machucaria.

— Conto com você, My Lady!

— Oras gatinho, com quem pensa que está falando?

Era exatamente isso que esperava, que ela me tratasse como sempre e se focasse na luta, tudo foi como sempre, ela usou o seu Lucky Charm para derrotar o Akuma e ganhamos facilmente.

— Chat... – ela me chamou após a vitória.

— Em que posso ajudar My Lady?

— Eu... eu preciso falar com você...

— Faço tudo que desejar – disse a acompanhando pelos telhados.

Quando paramos num telhado encoberto por sombras ela finalmente parou se virando para mim.

— Foi muita coragem sua ter revelado sua identidade para mim...

— My Lady... eu sei que você jamais contaria para alguém sobre o meu segredo, eu confio em você.

Desfiz a transformação, voltei ao normal, agora eu era somente Adrien Agreste.

— Ladybug, você já me protegeu inúmeras vezes, então eu não posso acreditar que logo você não poderia saber disso...

— Eu estou confusa! Eu sempre te tratei mal...

— Não pense isso nem por um momento, você sempre se esforçou para me ajudar quando eu estava enrascado, inclusive, até mesmo me beijou quando fui atingido pela flecha do Dark Cupid...

— Eu pensei que você não se lembrasse do que tinha acontecido!

Não pude deixar de rir da sua reação exagerada, ela era simplesmente encantadora.

— Eu não lembro disso, mas li no blog da Alya...

O brinco começou a apitar, logo ela também voltaria ao normal.

— Isso não importa agora, eu só quero dizer que é compreensível você rejeitar tão veemente as minhas investidas, eu sempre fui um insensível que nunca pensou que você já pudesse ter alguém especial, me desculpe, eu quero deixar claro que isso não vai voltar a acontecer porque eu também encontrei alguém... e eu pretendo conquistar o coração dela.

Eu disse tudo de uma única vez, se parasse na metade não teria coragem de continuar.

— Você gosta de alguém?

— Bem... eu comecei a prestar cada vez mais atenção nela desde que eu tive que salvá-la algumas vezes...

— Por um acaso é a...

— Sim, Marinette, a garota da minha...

E antes que eu pudesse terminar a frase eu senti o seu corpo contra o meu num abraço apertado, suas mãos passeavam pelo meu cabelo, seu rosto escondido na curva do meu pescoço.

— Você não precisa conquistar o coração dela... você já o tem há muito tempo... – ela disse baixo.

Reparei que suas roupas tinham voltado ao normal, o seu Kwami voava animada ao nosso redor, afaguei seus cabelos pretos extasiado com seu perfume e depois de algum tempo ela finalmente me soltou o suficiente para que pudéssemos nos olhar.

— Nós já estávamos predestinados – disse enquanto acariciava sua bochecha.

Ela fechou os olhos ao meu toque e com o coração batendo tão forte que eu poderia jurar que ela estava ouvindo juntei nossos lábios em um tímido beijo.