— O que? Seguidos? Como assim? – Meu coração começou a bater mais forte
— Fique tranquila, enquanto tivermos em movimento nada vai acontecer. Eles não perceberam que eu os vi. – Disse
— Eles quem? Como você sabe que eles estão atrás da gente?
— Intuição de cão de guarda – ele manteve uma tranquilidade insuportável na voz – Fique tranquila, nada vai acontecer com você
— Você me diz que estou sendo seguida e me pede pra ficar tranquila? – Minha voz saía algumas oitavas acima do normal
— Sim, o melhor que temos a fazer agora é manter a calma e pensar. Um lugar movimentado mas não muito fechado?
— Tem um restaurante a três quadras daqui – respondi – Não acho uma boa ideia, envolver outras pessoas nisso
— Não sabemos o que “isso” é... Ninguém agirá no meio da multidão – ele disse - prefere ficar rodando no carro? – Ele perguntou
— Não. Eu não sei o que eu prefiro, faça o que você quiser – respondi, minha voz saia num desespero só – Podemos ir para o shopping... – sugeri
— Ótima ideia – ele disse - A senhorita podia parar de gritar – completou
— Eu não estou gritando – respondi
— Imagina – ele rebateu
— Dirige. – Respondi olhando pelo retrovisor – estamos sendo seguidos?
— Não posso te dar certeza
— Isso não é legal – eu dizia mais pra mim do que pra ele – nada legal, nada legal.
—Senhorita, eu digo sério quando não há com o que se preocupar
— Como não? Tem alguém me ameaçando, e agora me seguindo e eu vou ficar como?
— Tranquila. Ninguém vai agir assim, a luz do dia, em local público. Sei o que estou falando.
— Desculpe se não confio em você - provoquei
— Pois deveria - rebateu
— Mas não vou - conclui
— Você não é nada fácil, né? – Ele sorriu
— Você ainda não viu nada. – Respondi, e tentei não sorrir também.