Um Presente de Vida escrita por Park Jaeeun


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

hellow? rsrs espero que gostem.



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Olhando distraidamente para fora da janela de vidro, via a correria nas calçadas, os carros disputando espaço na rua de mão dupla, e ainda era dez manhã,  ela sabia porque olhou para o relógio digital acima da janela, ela trabalhava ali desde a faculdade,  entrou como estagiária e agora, após cinco anos, era praticamente a melhor da área e dona da empresa, os computadores, seus hardwares e softwares não lhe eram estranhos. Não havia um vírus que não pudesse deter, alguns criados por ela mesma era uma lástima para o governo. NetCastle era sua vida quando nada mais fazia sentido.

O telefone ao seu lado tocou, com um suspiro resignado ela o levou até a orelha, nunca gostava de atender ao maldito telefone, mas hoje era exceção, estava configurando um novo sistema. Assim que juntou forças para falar, sua visão ficou nublada, seu corpo enfraquecido, sem aviso desmaiou.

Algumas pessoas ao redor foram ver o que causara tanto barulho, alguns ao ver a chefe caída foram logo ligando para emergência, porque todos ali a respeitava e gostavam dela.

Ela acordou sentindo-se exausta, as paredes brancas faziam sua cabeça doer, o barulho irritante do monitor de batimentos cardíacos fazia seu conhecido bip constante. Ela tentou se acostumar com a claridade, percebeu que não havia ninguém por perto. Estava sozinha,  o que não era muito estranho. Desde que brigara com sua mãe, fazia anos que não ouvia falar da família. Como era costumeiro seu isolamento, ninguém a procurou e o mesmo aconteceu com ela. As irmãs haviam ficado raivosas quando ela discutiu com a mãe sobre seus relacionamentos destrutivos, assim esteve sozinha por longos três anos. Quis chorar pelo abandono, mas não podia. Em parte era sua culpa também.

Procurou pelo seu celular, mas não o encontrou. Suspirou frustrada e esperou alguém atravessar a porta. Mas com as drogas que lhe deram antes, acabou adormecendo.

— Jenna? - lentamente ela abriu os olhos. O estágio de pânico, foi substituído por surpresa. Ela o encarou - Como se sente?

Sem se deixar abalar, Jenna sentiu a boca seca, queria água.

— Eu gostaria de beber um pouco de água? - talvez estivesse alucinando? Era quem ela pensava que era bem ali na sua frente?

— Posso providenciar... - ele se afastou do leito e saiu pela porta. Em instantes ele voltou com um copo descartável, entregou a ela.

— Obrigado! - ela tomou um pouco da água e sentiu a garganta arder.

— Claro, sempre que precisar. - ele a tratava como uma desconhecida? Porque? - Então... lembra-se de mim?!

Jenna olhou para o sorriso, totalmente branco e os olhos verdes com a água calma de um lago. Sentiu a dor no coração que a tanto tempo tinha esquecido. E ele ainda vestia o jaleco branco com seu nome bordado de preto Dr. Reid Lawrence. Uma zombaria com o coração de Jenna. Jamais esqueceria dele. Nunca.

— Então você se formou em medicina...

— Sim, e você não se formou em psicologia?

Um sorriso de zombaria apareceu no rosto pálido dela. Ninguém nunca soube que ela queria mesmo era ser psicóloga, só ele sabia.

— Suponho que não era meu destino.

— Sempre recorrendo a coisas inexplicáveis para justificar suas escolhas. - ele colocou a mão dentro do bolso para não acariciar a bochecha dela.

— Não mais...

Desde que Leon, melhor amigo de Reid, fora chamado do refeitório para atender uma emergência,  Reid o acompanhou, e para sua surpresa dera de cara com alguém de seu passado, alguém que ele sempre quis por perto e nunca entendeu o afastamento dela. No momento em que colocará os olhos nela, inconsciente, com a pele tão branca quanto uma vela, ele tremeu as pernas com medo de ter acontecido o pior. Jenna foi uma parte boa de sua fase quase adulto.

— Leon? - Leon ao perceber o tom de voz do amigo, o olhou imediatamente. - O que aconteceu com ela?

— Alguém que conheça? - apontou para o maca. - Uma ex-namorada? Ela é bonita!

— Quem dera! É apenas uma amiga. - ele voltou a olhar para a maca. - Posso acompanhar você nos exames? Quem a trouxe?  O que será que ela tem?

— Tem certeza de que ela é só uma amiga? - Leon deu um sorrisinho debochado. - Porque você não se entusiasma tanto quando Gabe vem visitá-lo.

— Jenna é uma amiga especial...

Reid não quis comentar mais nada, deixou que Leon fizesse os exames, Leon o observava através do vidro e, pela primeira vez viu Reid encher os olhos de lágrimas e beijar a testa da paciente. Quem quer que fosse a garota, Leon sabia que Reid tinha fortes sentimentos por ela.

— Quando posso ir para casa? - Jenna pediu, trazendo-o ao presente.

— Isso só quem pode lhe dizer é o Dr. Leon, ele que te atendeu. - Reid lhe disse simplesmente. - Ele esteve aqui antes de você acordar...

— Ah, eu tenho alguma coisa? - Jenna inclinou a cabeça. Como fazia quando era mais jovem, Reid quis sorrir.

— Bem, aparentemente você não anda comendo regularmente, e com isso você fica sem nutrientes o suficiente para se manter de pé. - ele a advertiu.

— Mas...

— Nada de 'mas', você ainda come apenas uma barra de cereais no café da manhã com um Toddynho?

Jenna sentiu seu rosto ficar quente, ela nunca parara com a alimentação de uma adolescente, mesmo que agora já tivesse 26. Mas não havia graça em fazer comida para ela mesma.

— Você me conhece tão bem! - ele se aproximou mais do leito, retirou a mão do jaleco e inclinou-se para tocar o rosto, ela fechou os olhos ansiando pelo contato.

Leon entrou no quarto. Reid recolheu a mão se afastando, e ela abriu os olhos desconfortável, focando-os nos de Reid.

— Jenna Valkov? - ela olhou para o Dr.

— Sou eu, Dr....?

— Dr. Leon McQueen, a seu dispor - ele estendeu a mão com um sorriso amigável, ela o cumprimentou. - Bem, srta. Valkov fizemos alguns exames e está tudo normal,  tiramos um raio-x da sua cabeça porque você bateu quando caIu, mas é apenas por rotina, ao que tudo indica é a falta de alimentação adequada, em duas semanas poderá vir aqui e pegar os resultados dos exames e confirmar por si só.

— Obrigado Doutor. - ela agradeceu gentilmente. - Quando poderei ir pra casa?

— Bem, se me prometer que irá se cuidar poderei liberá-la agora! - Leon sorriu para ela. Reid foi esquecido por dos segundos. Quando ela por gentileza trocou outro sorriso.

— Muito obrigado, Doutor, e quando poderei trabalhar?

— Depois de amanhã já poderá retomar suas atividades normais, claro que terá que mudar a falta de alimentação, agora vou assinar sua alta. Reid pode se mexer por favor, esta me dando gastura você aí paradão... - assinou a folha e olhou para Jenna. - Conhece esse cara? Ele costuma ter algumas manias esquisitas.

— Costumava conhecer, agora eu não tenho tanta certeza. Mas obrigado pelo aviso. - ela forçou uma risada. - Mudarei minha alimentação, obrigado!

— Você agradasse demais... até uma próxima vez, e espero que não seja na condição de paciente! - laçou-lhe um sorriso sedutor. E Reid rangeu os dentes.

Leon saiu do quarto, deixando-os sozinhos de novo. Reid sabia que muito provavelmente Jenna voltaria para uma emergência, ela nunca tinha sido uma pessoa que se preocupasse com comida. Sempre comendo uma coisa aqui outra ali. Ele sorriu com a lembrança. Ela simplesmente se esquecia, ou ignorava a comida quando estava nervosa. A conhecia muito bem.

— Porque você sumiu? - ele arrependeu-se de perguntar, porque começava a ver Jenna erguer um muro de proteção em volta de si, pelo olhar indeciso.

— Fui roubada, perdi contato com muitas pessoas. - ela deu de ombros sem importância.

A história deles deu-se por volta de quando ela tinha dezesseis anos, e ele vinte, se conheceram no dia de  uma entrevista de trabalho, iriam trabalhar juntos por um ano, mas no meio do caminho de um ano ela se apaixonou e ele queria apenas sua amizade, devido a uma conversa inventada por uma amiga dele, ofendendo o amigo dela eles se separam por causa de uma briga horrível, e não voltaram a se falar, quando quase no fim do ano, ela cedeu do seu orgulho, era tarde demais para eles, ele havia mudado. Ela fez o que fazia de melhor, se isolou.

— Ninguém sabia onde encontrar você, nem mesmo as meninas. - ele se referiu as duas amigas dela, que trabalhava com eles. - Então me dei conta de que eu nunca soube nada sobre você.

— Uma ou duas pessoas sabem sobre mim. - ela estava começando a ficar desconfortável com o assunto.

— Gabe tentou achar você pra mim, mas ela dizia que você tinha sumido da face da terra. - Reid passou as mãos no cabelo, impaciente.

— Ah pelo amor de Deus, aposto que disse mesmo. Quando poderei ir embora? - Reid tinha esquecido o quanto Jenna era mestre em se esquivar de assunto, fazendo rodeios sem chegar a lugar nenhum.

— Quando alguém chegar para levá-la. - ele irritou-se.

— Não, não, não. - Reid assistiu o pânico brilhar nos olhos castanhos claros. - Eu não preciso disso, sei cuidar de mim mesma, e ninguém vai vir, de qualquer forma.

— Sabe mesmo cuidar de si mesma? - ele retrucou irônico. - Imagino se não soubesse, onde estaria agora hah?

— Cale a boca Reid. - ambos riram.

A batida na porta fez Jenna se contrair inteira. A enfermeira baixinha corpulenta entrou, com as bochechas coradas.

— Senhorita Valkov seu noivo está aqui para buscá-la!

Noivo? Reid se perguntou. Jenna estaria a caminho de um casamento? Só então se deu conta de que a  havia perdido. O tempo havia passado e mal conhecia a mulher a sua frente.

— Meu noivo? - ela riu alto. - Mande-o entrar...

Reid ficou em silêncio, ele sentia náuseas de pensar em Jenna com um homem, e ficava irritado em se importar tanto. Nem gostava dela afinal. Mas começava a sentir inveja do noivo desgraçado.

A porta voltou a se abrir, e para a surpresa de Reid, J.P. entrou esbanjando felicidade e sensualidade. Estava ali de pé o motivo da briga deles. Reid o odiava, fechou os punhos irritado.

— Como você está meu amor? - ele beijou os lábios dela, uma onda de ódio fez Reid afastar.

— Melhor, como estão as coisas em NetCastle?

— O pessoal ficou meio tenso, não é todo dia que eles veem a chefe maníaca por controle cair. - ele riu com vontade. - Olá Reid.

Reid apenas lançou um olhar de desgosto em direção a J.P.

— Continua um amor de pessoa. - J.P. fez zombaria. - Está pronta Jen?

— Sim, só preciso de roupas!

— E você acha que eu não trouxe?, aliás aquele seu guarda roupas está uma bagunça. E sua gaveta de calcinhas tem M&M's livre-se daquilo é nojento! - Reid sentiu um incômodo irritante ao ver que J.P. havia entrado na casa dela, e mexido nas roupas íntimas, mesmo sendo noivos!

— Desde quando são namorados? - J.P. e Jenna o olharam, depois se entreolharam.

— Desde sempre. - J.P. respondeu com um sorriso largo. - Enfim... Vamos amor?!

J.P. ajudou ela a se levantar e entregou a ela uma bolsa, assim que ela sumiu para dentro do banheiro,  J.P. encarou Reid. J.P. sempre soube da paixão que a melhor amiga tinha por Reid, e ele assistiu de primeira mão a dor e o sofrimento de Jenna. Odiava Reid por fazer Jenna se isolar da companhia masculina. E ambos sabiam que o ódio era recíproco.

Reid queria sair dali, não suportava saber que J.P. tinha ficado com Jenna, que todo aquele teatrinho, era na verdade um jogo para roubar sua amiga, se ele não tivesse brigado com ela por causa dele, talvez hoje eles fossem mais que amigos. Sem vontade alguma de falar, engoliu em seco e disse:

— Cuide dela, ela precisa comer direito, caso contrário acabara em uma emergência de novo. - Reid começou a sair.

— Claro que cuidarei, é minha melhor amiga e também minha chefe. - gesticulou J.P. óbvio.

— Amiga?! - Reid sentiu um alívio que não sabia explicar de onde veio. Jenna não era noiva afinal.

— Você é um tolo! Me recuso a fazer isso de novo, quando vai entender que sou gay e não estou afim de você muito menos de Jenna. - J.P. cruzou os braços irritado.

Reid nada respondeu.

— John Pietro quando vai entender que não gosto dessas roupas! - ao sair do banheiro Jenna trajava um vestido verde escuro de seda, a boca de Reid ficou seca. - Podemos ir?

J.P. estendeu-lhe o braço, sorriu e a beijou no rosto.

— Não me assuste mais dessa maneira, como vou explicar a Grace que deixei você adoecer?! - ele a encarou sério. E ela sorriu. - Certo, é só não dizermos a ela.

Reid sentiu que a estava perdendo mais uma vez, não podia deixar que Jenna desaparecesse assim, gostava dela e queria vê-la mais uma vez. Tinham assuntos inacabados.

— Jenna? - Reid a chamou, ela se virou surpresa por vê-lo ainda ali. - Eu gostaria de saber se...

— Não. Ela já tem compromisso! - J.P. interrompeu com raiva, chega de ver Jenna sofrer, ele pensou.

— J.P.?! - ela o advertiu. E virou-se para Reid - Me dê seu cartão, tudo bem, eu te ligo.

Reid tirou o cartão do jaleco e entregou a ela, a mão dele formigou com o contato, por instinto acariciou a pele fria da bochecha. E ela se afastou.

— Foi bom revê-la,  cuide-se!  - sem mais nada a dizer Reid saiu, deixando os dois sozinhos.

— Me leve pra casa! - disse ela, amansando o cartão na palma da mão.


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