As Vantagens de Ser Um Garoto escrita por Gynger


Capítulo 5
Resultado


Notas iniciais do capítulo

oioi, galerinha.
Desculpem a demora, me faltou tempo pra escrever. Mas aqui estou com um capítulo fresquinho espero que gostem!



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 Passando a carta de Kelly por entre os dedos, me imaginei em seu porão. O que estaríamos fazendo agora? Quem seríamos? Por que será que ela não me correspondia? Será porque eu ainda não havia enviado a carta? Ou será porque ela descobrira o que eu havia escondido em seu porão?

A porta rangeu, tirando-me completamente dos meus pensamentos.

Rowley deteu-se quando seus olhos encontraram os meus. Fngindo total indiferença, voltei-me para os livros e para a carta.

Seus passos se aproximando e o barulho da porta se fechando fizeram meu corpo estremecer levemente.

— Suzy voltou aqui? – perguntou ele.

Foda-se, pensei.

— Sim.

— O que estou fazendo é pelo bem dela...

— Ah, sim. – assenti. – Espanca ela pelo seu próprio... – a mão forte de Rowley na minha nuca me calou na hora.

— É bom ninguém ficar sabendo disso, entendeu, garotinha? – murmurou ele no meu ouvido enquanto apertava minha nuca com mais força.

— Entendi. – arquejei.

— Ótimo. – ele me soltou com um empurrão que quase fez minha testa bater na escrivaninha. – Vou tirar uma soneca. – disse, jogando-se na sua cama. – Só me acorde quando seu titio chamar a gente.

Com os olhos marejados de lágrimas desejei que ele tivesse um infarto e morresse bem ali. Mas eu não era tão sortuda assim.

Bagunçando o cabelo e enfiando a carta no bolso, saí do quarto. O corredor estava vazio, já deveria ser umas sete horas da noite. Eu não poderia dizer que outono era minha estação favorita. No entanto, aquele friozinho aconchegante não era tão ruim assim.

A biblioteca estava silenciosa, apenas os mais nerds presentes. Isso me fez lembrar de Matt. Ah, como eu queria que Matt estivesse ali. Com ele, pelo menos eu não estava sozinha.

— Crayon? – ouvi alguém chamar.

Meu instinto imediato era me esconder. Agachada atrás de uma estante, rezei silenciosamente para que ninguém me encontrasse. Mas por algum motivo, o cara lá de cima não parecia gostar muito de mim.

— Te encontrei! – sorriu Twist. Seus olhos azuis piscina brilhando de excitação. – Por que está se escondendo?

Frederick Twist era o novo garoto. Ele era incrívelmente lindo e gentil, diplomata exatamente como seu pai, David Twist. No entanto, David Twist era corrupto. E as maçãs não caem longe da árvore, não é mesmo? 

Twist era tão deturpado quanto Rowley. Mas ao contrário de Rowley, que não gostava de distribuir sorrisos, Twist fingia ser amigo de todo mundo. Ele era tão mau e astuto quanto uma cobra. Eu podia até jurar ouvi-lo sibilar enquanto falava.

— Não estou. – limpei a garganta. – Estou procurando um... um.. livro. – passei a mão pelos livros. – História de Avalon. – sorri debilmente. – A historia de Arthur é a minha favorita. – levantei-me ainda sorrindo.

— Ah, ok. – Twist sorriu de volta. Não era de se admirar que ele tinha assumido o lugar de Rowley tão ráido. Também, dada as circunstâncias... – Seu tio está te procurando, algo sobre resultado...

Ele mal terminara de falar quando soquei o livro contra seu peito e saí correndo.

Rowley já estava na sala da diretoria.

— E aí? Quem foi? – ele esfregava as mãos, nervoso.

A tensão na sala era palpável e o meu tio evitava contato visual comigo.

A advogada sentou-se ao meu lado enquanto o advogado de Rowley estava ao lado dele.

— Deixa comigo. – disse o detetive Evans. Seus olhos alternando de Rowley para mim. – O DNA encontrado na vítima, Celina Johnson, é seu. – ele virou-se para mim. – Larry Crayon.

— Eu já disse que não é possível! – a voz do meu tio saiu esganiçada.

Meus olhos esbugalhados encontraram os revoltados de Rowley. Em um segundo revivi toda a cena na delegacia, seu grito de “eu sabia, sua puta desgraçada.” enquanto ele pulava do sofá em minha direção. Um borbulho de murmúrios explodiu pela sala.

O detetive que estava no caminho, deu um passo ao lado, como um silencioso consentimento. No entanto, meu tio se prostrou entre mim e o monstro estuprador.

— Para! – gritou, e todos ficaram em silêncio. – Ninguém encosta na Larry. E se você encostar na minha sobrinha de novo – meu tio apontava agora para Rowley. – Quem vai te arrebentar sou eu.

Minha advogada segurou em minha mão e o detetive ficou me observando curioso.

— Agora isso é interessante. – disse ele. – Querem explicar?

— Vocês mantêm uma garota em uma escola para meninos? – perguntou o sr. Rowley transtornado.

— Assim como um suspeito de estupro e tentativa de assassinato. – retrucou a minha advogada.

O sr. Rowley abriu a boca mas ficou em silencio.

Ok, agora meu segredo havia sido revelado. Mas, por incrível que pareça, a expressão no rosto de Rowley foi inacreditavelmente engraçada. Ele ficou tão pálido quanto um defunto e depois foi ficando  roxo lentamente.

— Nate? – o sr. Rowley pegou no braço do filho, mas este se curvou e cambaleou até a lata de lixo ao lado da porta, vomitando todo o caldo de galinha que hava jantado.

Com cara de nojo, agradeci silenciosamente por ter perdido o horário da janta.

Em uma tentativa de ajuda-lo, o pai e o advogado de Rowley foram empurrado pelo próprio enquanto este vomitava sem parar.

O detetive Evans parecia indeciso quanto a se aproximar de mim ou não, por fim ele se aproximou.

— Gray, temos um aluno passando mal na diretoria. – dizia o diretor no telefone. – Gentileza vir correndo.

— Então, senhor Crayon... – o detetive Evans me analisava minuciosamente. – Senhorita Evans... Mas se não foi ele... ela, quem foi? E como que seu DNA foi parar no corpo de Johnson? – ele limpou a garganta. – De um jeito ou de outro, vou precisar leva-lo...la... – ele limpou a garganta de novo, tentando disfarçar a confusão. – Vou precisar que a senhorita me acompanhe, senhorita Crayon.

Rowley me encarou por um segundo e então voltou a vomitar na lixeira.

— Será que pode não leva-la algemada? – pediu o diretor em tom de súplica.

— Pois é, precisamos manter as aparências não é mesmo, diretor? – sr. Rowley era muito parecido com seu filho. Os olhos cheios de cólera gratuita e a atitude agressiva.

— Bem, normalmente eu não faria isso, mas... – o detetive Evans guardou as algemas. – Mas, se Crayon realmente não é o culpado, devemos assumir que é alguém com influencia o suficiente para alterar o banco de DNA’s do laboratório. – Evans inconscientemente passou a mão no meu braço, enquanto encarava o sr. Rowley. – O que nos leva de volta aos senhores Rowley e O’Lakes. Aguardem minha visita, Rowley. – ele dizia exatamente aos dois. – Vem, Crayon.

Sua mão me puxou suavemente através da porta da diretoria. Meu tio e a advogada nos acompanharam pelo corredor até o quintal da escola, e finalmente até a viatura.

— Se eu não posso ser mais a culpada, por que estão me levando? – indaguei.

— Precisamos de provas que você realmente é do sexo feminino. – respondeu o detetive.

— Eles vão analisar você. – explicou-me a advogada Lorrain.

— Quer dizer que vão des-des-despi.. – meu tio gaguejou.

Eu já havia entendido tudo, então simplesmente fechei os olhos e parei de ouvi-los. O que me assustava mesmo era o que Rowley iria fazer com a nova informação dele. Minha mão acariciou meu pescoço até a nuca, onde as lembranças de Rowley ainda eram vividas.

Mas no fundo no fundo, havia algo que me incomodava ainda mais que isso. A imagem do porão de Kelly não saía da minha cabeça. E isso me dava um pressentimento muito ruim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, se sim. Gentileza comentar.
Pessoal, eu estava quase desistindo da história mas graças a alguns comentários e mensagens, eu criei mais confiança. Então muito obrigada a todos que comentaram, significa muito pra mim ♥