Trinity escrita por Ignácio


Capítulo 10
Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades


Notas iniciais do capítulo

FALA GALERA
BÃO?

Então, eu sei que atrasei um dia, mas é que esse capítulo TINHA QUE SER GRANDE, ele explica muita coisa e joga umas iscas sobre os passados dos personagens.
AS NOTAS FINAIS DESSE CAP SÃO MUITO IMPORTANTES.

Espero que gostem do capítulo, me esforcei nele.



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— Jake, não é? – Coraline perguntou de forma irônica. Ela já sabia a resposta, portanto a pergunta soou como uma provocação – sinto informar, mas você não sabe muito bem como convidar alguém para uma missão suicida como essa.

    Ela esperou por alguma resposta, mas o homem só deu de ombros, o convite foi só uma tentativa fraca, Jake não imaginava que ela iria seguir com ele. Então, para seu espanto, ela prosseguiu:

     — Minha família me protege aqui, e tenho certeza de que tenho muito mais chances de sobreviver se ficar do que se eu for com você – explicou relutante – mas eu vou com você. Não me pergunte o porquê, eu também não sei. Eu só vou com você.

      Jake parou de organizar sua mochila e olhou fixamente para Cora. Ela ficou assustada, afinal, o homem que já era ameaçador por natureza se tornava ainda mais quando encarava alguém.

Aquele tapa-olho era estranho.

Enquanto olhava para ela, Jake refletiu sobre alguns pontos. A resposta dela havia sido uma surpresa; ele já havia reparado que Cora era corajosa, mas não ao ponto de ir a uma missão suicida com um mercenário que acabou de conhecer. Com o detalhe de que inicialmente o mesmo mercenário havia sido contratado para matá-la.

Ele ponderou sobre a coragem dela; Cora parecia estar exatamente em cima da linha que separava os destemidos dos insanos.

Mas isso não importava naquele momento.

 Ele precisava de alguém com informações sobre Columbia, e desconfiava que a garota soubesse muito mais do que apenas alguns podres. Para Jake o fato de realizarem lavagem cerebral em refugiados não era o único comportamento antiético daquela civilização, provavelmente havia mais, e provavelmente a garota sabia disso.

Afinal, já lhe disseram que ela sabia demais.

Além de tudo, mesmo que Cora tivesse uma personalidade um tanto quanto caótica ela estava disposta a ajudar. Realmente não lhe parecia que ela tinha algum interesse a mais, era puro altruísmo.

Ou loucura... Essa possibilidade não poderia ser descartada.

Jake relaxou os ombros e levantou um pouco as sobrancelhas, fazendo com que a encarada se tornasse um pouco menos assustadora. Então disse em uma voz suave, que provavelmente soou estranha para Cora, que se acostumou com o timbre ameaçador do ruivo:

— Você vem comigo então. É a minha nova companheira.

— Gostei disso, companheiro! – ela disse com um sotaque caipira forçado, a palavra deve ter causado estranhamento. Ao mesmo tempo deu um sorriso de canto de boca, provavelmente estava feliz com a possibilidade de fazer um novo amigo, mesmo que isso significasse partir com ele para um lugar que nem sabiam a localização.

“É” – pensou Jake – “esqueci esse detalhe”.

— Cora – disse ele em um tom mais sério, desmanchando o sorriso recém-criado da garota – Você por algum acaso sabe onde fica essa “arena”?

—Não! – ela respondeu animada e rapidamente, o que não fez jus ao tom sério da pergunta. Fez uma pausa de cinco segundos enquanto Jake a encarava, tentando entender sua reação, e logo após continuou – Mas eu conheço alguém que pode saber. Ele também tem algumas coisas que podem te ajudar.

— Como? – Jake não estava esperando descobrir que mais alguém sabia sobre o “lado negro” de Columbia, mas logo depois percebeu seu erro. Estava óbvio que muitas pessoas sabiam disso, afinal, um projeto de lavagem cerebral desse porte deveria envolver muitas pessoas.

E nem sempre as pessoas concordam com o que estão envolvidas.

— Eu pensei que as pessoas dessa cidade não soubessem de nada... – Jake deixou a frase escapar de seus pensamentos. Outro erro, por conta disso seu orgulho foi ferido pela resposta da garota à sua frente.

— Você que não sabe de nada, Jake caolho.

 

 

 

O restante da noite foi tranquilo.

Jake insistiu para que Cora fosse dormir em casa, mas ela recusou. Voltar para casa significaria ter que explicar para a família por que estava fora de casa até às duas da manhã, e ela queria evitar qualquer tipo de conflito com eles naquele momento. Só naquele momento, claro.

Afinal, sumir por alguns dias e voltar para casa dizendo que saiu com um desconhecido para lutar contra um sistema de governo falho iria soar como um enredo de história para adolescentes. Infelizmente não era o caso; as chances de se ter um final feliz com aquilo eram mínimas, e Jake não parecia pensar muito sobre isso, ele aparentava estar muito focado em encontrar seja lá quem estivesse procurando. Ele era misterioso, Cora tentou não ser invasiva nesse quesito.

“Meus pais vão entender” – pensou ela, ao mesmo tempo em que arrumava algum canto para dormir entre as caixas e pilhas de objetos espalhados pelo chão.

Antes de dormir olhou novamente o estrago feito no seu joelho. Doeu muito no momento do impacto, mas agora já estava melhor. Provavelmente seria questão de um ou dois dias para se recuperar completamente.

Ela decidiu dormir no mesmo sofá em que havia sido colocada pelo homem. Mesmo relutante Jake aceitou que ela dormisse naquela casa. Antes de partir para o único quarto da residência, mesmo sem Cora pedir, ele explicou por cima o motivo de ter as chaves daquele lugar:

— Eu morava aqui com a minha irmã... Mas nós saímos da cidade cedo. Eu achei estranho chegar aqui e não encontrar a casa invadida – sua voz transmitia certo incômodo, estava óbvio que não queria estar falando sobre aquilo, mas se forçava a fazê-lo – enfim, eu sempre mantive as chaves desse lugar comigo.

Cora entendeu que não deveria perguntar sobre o motivo de terem saído dali, mas queria manter a conversa, queria saber um pouco mais sobre o assassino que havia tentado lhe matar, e logo depois ofereceu abrigo.

— E onde está a sua irmã? – Perguntou inocentemente.

Cora viu a expressão de Jake se transformar. O rosto que transmitia um incômodo passou a exalar certa tristeza, mas durou pouco.

— Boa noite – disse ele, partindo para o quarto.

Cora não teve tempo de entender o que havia o magoado.

O sono veio.

Dormiu.

Cora pensou ter sonhado com alguém chorando.

 

Jake acordou com alguém chutando suas costas, seu raciocínio rápido fez com que levantasse rapidamente e sem pensar duas vezes partisse para cima de quem o atacou.

Cora teve sorte de não ter se machucado. O homem já pressionava seu pescoço contra a parede, usando o antebraço, quando percebeu que foi ela quem o acordou. Logo que notou isso a soltou e respirou fundo. Ele estava cansado de toda a caminhada até Columbia, além disso passou toda a tarde e boa parte da noite procurando alguém, era natural estar cansado.

Mas Cora não parecia natural, mesmo que seu joelho estivesse machucado ela parecia completamente descansada e disposta.

Jake percebeu que já era de manhã. Mesmo que a janela do quarto estivesse um tanto quanto empoeirada, era possível ver que os raios de sol já incidiam sobre ela, penetrando na casa pelas partes translúcidas do vidro.

Ele percebeu também que estava com fome. Não havia comido nada desde que começou a procurar Coraline, ou seja, cerca de quatorze horas. A garota pareceu ler seus pensamentos quando disse:

— Bom dia flor do dia! – ela acariciava o pescoço com a mão. Jake não pressionou o pescoço com força, mas é provável que ela tenha se assustado com isso – vamos com calma, você não quer matar quem vai pagar o seu café da manhã, não é?! Além disso, você precisa de mim, hoje nós vamos ver alguém que pode ter certa dificuldade com estranhos.

Jake reparou que Columbia havia crescido logo que saiu da casa.

Na noite anterior ele só havia reparado que a cidade estava diferente, os pontos de referência que ele tinha não estavam mais lá, estava difícil de se localizar. Mesmo assim era difícil se concentrar nos detalhes quando se está perseguindo alguém. Agora sua mente estava limpa, era mais fácil notar as mudanças.

No caminho para a padaria ele viu novamente o centro da cidade. O nível tecnológico daquele povo o surpreendia.

Os comércios espalhados por ali tinham uma aparência extremamente futurista com relação ao resto da cidade; a civilização de Columbia sempre foi incentivada a criar métodos que auxiliassem na sobrevivência da espécie. Alguns desses métodos davam certo e eram selecionados pela própria democracia para o uso comum, ela subsidiava tanto o inventor quanto a produção. Os métodos “errados” geralmente eram de uso individual, então, se tornavam produtos.

E Jake podia ver alguns desses produtos nas prateleiras enquanto seguia para a padaria. Robôs que realizavam serviços domésticos, skates que de alguma forma ficavam estáveis a meio metro do chão e comidas instantâneas. Via-se de tudo ali, menos armas. Armas eram proibidas.

Ele estaria bem encrencado se alguém entrasse em sua antiga casa e encontrasse um lindo rifle de assalto.

 

Depois do café da manhã, que graças a Jake demorou mais que o esperado, os dois partiram em direção ao subúrbio de Columbia.

Jake era um tanto quanto calado, mas observava tudo a sua volta. Cora tentava vez ou outra puxar alguma conversa, fazendo algum comentário ou algo do gênero, Jake apenas ignorava ou dava uma resposta curta. Depois de um tempo a garota desistiu das suas tentativas de dialogar, e passou a apenas a guiar o homem.

Eles queriam encontrar um amigo de Cora, Hyun.

Hyun também era um mistério, a começar por sua aparência. Mesmo que Columbia ficasse no planalto tibetano, que por sua vez se encontrava na Ásia, não era muito comum que os nativos asiáticos e seus descendentes vivessem ali. Pelo o que Cora sabia, a população de Columbia era formada em sua maior parte por aqueles que viviam na parte leste da Europa, como poloneses ou húngaros.

Na verdade Hyun era o único que ela conhecia que tinha esses olhos puxados.

E os mistérios sobre não acabavam por aí. Ele cresceu em Columbia, mas ninguém sabe como foi parar ali. Chegou quando bebê e foi criado por uma mulher chamada Anne, que já tinha quatro filhos.

Ela não entendeu direito quando ele explicou, e nem perguntou duas vezes, mas Hyun disse alguma coisa sobre a família ser pobre e contrabandear bebidas alcoolicas.

O pai de Coraline era um comprador. Então, sempre que ia entregar algo, geralmente aguardentes caseiras e de má qualidade, na mansão dos Manson, Hyun aproveitava para conversar escondido com a filha mais nova deles.

Vez ou outra ele chegava com um olho roxo, ou alguma cicatriz de corte e contava histórias mirabolantes de como as conseguiu; sempre envolviam discussões com a guarda da cidade ou alguma surra que levou de compradores, ou de outras crianças na rua.

Coraline só sabia que conforme foi ficando mais velho as surras diminuíram, e com certeza ele não tinha deixado de cometer delitos.

Na verdade ele tinha aprendido a lutar.

A vida de Hyun era excitante demais para a garota que ouvia suas histórias, mesmo que ele fosse pobre e viver com o risco fosse necessário para sobreviver, ela sentia que viver assim seria um tanto quanto emocionante.

Pelo menos era muito mais emocionante do que viver trancada em sua própria casa.

Cora afastou os pensamentos de sua infância e adolescência e se focou no porquê de estarem procurando justamente o Hyun para conseguir o mapa para a “arena”. Ele era a pessoa mais bem informada que ela conhecia.

Pessoas ricas têm seus vícios, e muitas vezes eles envolvem o álcool. Como um dos poucos fornecedores de bebidas da cidade, Hyun conhecia a elite de Columbia em geral. Mas muito além de conhecê-los, ele conversava com eles.

Algumas vezes essas conversas rendiam informações importantes.

A garota se perdeu tanto em seus pensamentos que mal percebeu que já havia passado da casa do amigo.

 

Hyun estava acordado deitado na parte superior de seu beliche, olhava para o teto ao mesmo tempo em que não pensava em nada. Parecia um transe, que foi quebrado pelo irmão adotivo abrindo a porta com força.

— Branquelo, alguém aqui quer te ver – disse apontando para a sala da casa com o polegar.

Hyun não se sentiu nem um pouco confortável em ter que levantar para receber as pessoas, principalmente quando sabia que provavelmente se tratava de um comprador querendo encomendar alguma coisa.

Sentou-se com preguiça, deixando os pés se pendendo no ar. Seu rosto demonstrava um claro desânimo.

— Você sabe quem é? – perguntou para o irmão, na esperança de que a visita fosse interessante.

— A garota Manson – disse ele de uma forma natural enquanto saía do quarto. Provavelmente iria tomar café.

Hyun ficou feliz. Cora era sua amiga, mas raramente o visitava, as raras vezes que isso acontecia eram ótimas. Ele nem se deu o trabalho de vestir uma camisa e correu para a sala com um sorriso no rosto.

O sorriso se desfez quando percebeu que ela estava acompanhada por um homem alto, forte e provavelmente malvado. Não tinha como alguém ser legal usando aquele lenço e aquele tapa-olho. A pele queimada pelo sol só fazia com que aquele homem parecesse mais com um bandido daqueles antigos filmes de velho oeste.

Além disso, Hyun não gostava muito de estranhos.

 

O garoto sem camisa na frente de Jake parecia tímido. O homem logo notou uma característica peculiar nele; seus olhos eram puxados, diferente da maioria das pessoas que ele havia conhecido.

Cora o cumprimentou com um abraço e disse alguma coisa em seu ouvido. Pelo que Jake percebeu os dois eram bem amigos, então isso provavelmente era comum. Logo após isso a garota fez as apresentações:

— Jake esse é Hyun – enquanto falava suas mãos se mexiam, apontando de um lado para o outro – Hyun esse é Jake.

Ambos ficaram calados. Jake não tinha nada para falar naquele momento e pelo que pareceu o rapaz também não. O silêncio incomodou Cora, que se pôs a falar novamente.

— Eu já imaginava por isso – disse dando de ombros – afinal vocês dois não são os mestres da socialização.

Jake entendeu que deveria cumprimentar o rapaz em sua frente. Ele o fez sem palavras, apenas ergueu o queixo e as sobrancelhas como se dissesse “E aí”. O garoto retribuiu da mesma forma e se pôs a falar.

— Bom te ver senhorita Manson, mas por que está aqui?

— Já disse pra não me chamar assim – respondeu em um tom de voz irritado, e logo depois piscou para o rapaz – Pra você eu sou Cora!

Hyun deu um sorriso de canto de boca, Jake percebeu que chamar a garota de “senhorita Manson” foi uma provocação. Provavelmente ele escondia um lado divertido por baixo de sua aparente seriedade, já que quebrou o clima tenso com Cora brincando com ela. Ainda sorrindo ele disse:

— Mas você ainda não disse o que você precisa.

Coraline ficou séria e explicou tudo para Hyun. Ele já sabia sobre como a democracia passou a agir com relação aos refugiados que tentavam adentrar em Columbia; ele era um bom ouvinte, mas suas expressões não demonstravam surpresa nenhuma durante toda a conversa com a garota.

Jake desconfiou que ela houvesse conseguido as informações com ele.

De toda forma, quando Cora chegou ao ponto da arena ele se assustou. Não pelo fato de existir uma arena, mas sim por alguém querer adentrar ali. Era suicídio e ele sabia disso.

— Você sabe onde fica isso? – perguntou Cora, esperançosa com a resposta do rapaz – Ou ao menos tem um mapa?

— Primeiro: vocês dois são loucos! Desafiar o governo não é coragem, é loucura – ele disse com propriedade, sabia bem como era isso. Se o governo o quisesse preso por produção e distribuição de bebidas, ele estaria preso. Mas como os próprios participantes da democracia eram seus clientes, todos faziam vista grossa – Segundo: quem usa mapas atualmente, Cora?! Você vive em que ano? 2000?

— Hey! Não precisa humilhar, poxa, eu só pensei que fosse uma opção.

Hyun deu uma risadinha e Jake refletiu consigo mesmo. Achar que um mapa seria suficiente era realmente uma ideia estúpida. O garoto interrompeu seus pensamentos e voltou a falar:

— Eu acho que posso conseguir um GPS e...

— Satélite – Jake o interrompeu.

— O que? – O garoto não entendeu por que foi interrompido; Um GPS não era muito difícil de encontrar por ali.

— O GPS deve ser ligado via satélite. Qualquer outro é perigoso demais. A maioria funciona por sinais de rádio que são controlados pela própria democracia; eles achariam estranho que um grupo se movimentasse para a arena e nós provavelmente ficaríamos perdidos caso saíssemos do raio de alcance da torre de Columbia, já que existe o detalhe do mundo ter sido destruído. Por outro lado eu acho que ninguém jogou uma bomba nuclear nos satélites.

Hyun se sentiu desconfortável com a resposta do homem; sentiu que a resposta provavelmente deveria ser uma descontração ou algo do gênero, mas soou fria demais. Ele se virou para cora e disse baixinho:

—Seu amigo aí é engraçadinho?

—Na verdade não, eu acho que ele quer te matar.

Jake ouviu os comentários dos dois, mas resolveu ignorar.

“Droga! Ninguém entende quando eu tento fazer uma piada!”

 

Discutiram mais um pouco sobre como chegariam ao local. Jake disse que antigamente já havia feito algo do gênero, mas não estava se lembrando; a crítica de Hyun aos mapas que o recordou. Ele disse que precisavam apenas das coordenadas do local e do aparelho. O garoto ficou apreensivo; não sabia como conseguir as coordenadas muito menos o GPS, mas Jake o tranquilizou um pouco:

— Quando eu morava aqui cheguei a conhecer uma mulher. Ela era engenheira mecânica. Pelo o que eu sei ela conseguiria facilmente esse aparelho para nós.

“Facilmente”

A palavra fez Hyun se dar conta de que estava se arriscando ao tentar ajudar aquelas pessoas. Mesmo que Cora fosse sua amiga, ela era louca. Na verdade quem estava sendo beneficiado era o próprio homem. Assim como pelas bebidas, o rapaz tinha que cobrar o preço pelos seus trabalhos.

Hyun interrompeu a explicação do homem sobre a engenheira Rodrigues, venceu sua timidez para com ele; afinal, o clima tenso já havia passado, e perguntou determinado:

— O que eu ganho te ajudando?!

A frase do rapaz fez Cora abrir um sorriso ao mesmo tempo em que as bochechas de Jake se ergueram sobre a máscara; provavelmente ele sorriu também, e Hyun já sabia que isso era algo raro.

— Você já viu um Fuzil, rapaz?

 

Jake pediu para que Cora o levasse para determinada parte do subúrbio, onde havia uma praça; Hyun os acompanhou, dizendo que não iria fazer nada naquela manhã mesmo.

Quando chegou a tal praça o homem finalmente reconheceu onde estava, aquela parte da cidade não havia mudado.

Como que por instinto ele correu diretamente para um galpão cuja porta da frente estava entreaberta.

A fumaça e o calor que vinham daquele local contrastavam com o resto da cidade, frio e seco.

— É aqui - Disse Jake parando na porta. Era uma oficina mecânica. A fachada estava tão desbotada quanto a antiga casa do homem, mas o local ainda parecia funcionar.

Afinal algum tipo de fumaça saía pela porta.

Cora não fez nem questão de bater antes de entrar, e logo foi seguida por Jake e Hyun, que estavam com medo do que ela poderia fazer.

Logo que entraram perceberam que a fumaça tomava conta do local, mas era pouco densa, possível de respirar.

Fumaça.

Fumaça vem da queima de alguma coisa. Será que existia combustível ali?

Jake movimentou sua cabeça à procura de alguma coisa que pudesse lhe ajudar a entender o motivo daquela fumaça. Viu um veículo.

E um rapaz atrás dele.

Ele era alto, com cerca de 1,90. Assim como Jake ele era forte.

E assim como Hyun ele se destacava.

Era negro, o que também era extremamente raro naquela região. Logo que notou isso
Jake teve certeza de que ele conhecia o rapaz, mas não tinha certeza de que ele iria se lembrar.

Antes mesmo que qualquer um do trio pudesse se expressar ele disse com um tom de voz misterioso:

— Meus sentidos ninjas sentiram sua presença, invasores. Digam o que querem.

Coraline riu. Riu muito, o que incomodou um pouco o rapaz.

Hyun não entendeu nada, só observou a cena.

Jake correu em sua direção em uma velocidade incrível.

E o abraçou com lágrimas no único olho que tinha.

—Você estava menor da última vez que te vi, Nelson.

O jovem ficou assustado. Não entendeu o que aquele homem queria com um abraço, mas retribuiu.

Ele olhou atentamente para o ruivo forte que o apertava, o reconheceu e sorriu.

— E você tinha os dois olhos.

 

Nelson conversou um pouco com Jake em particular. Trataram de assuntos pessoas, especialmente sobre família. No meio tempo em que não se viram ambos sofreram algumas perdas consideráveis nesse aspecto.

Logo após isso Jake não perdeu tempo e disse:

— Eu queria a ajuda de sua mãe, mas acredito que você seja tão capaz quanto ela. O que você quer para conseguir um GPS que se orienta via satélite?

A resposta veio rápida.

—Nada.

—Como? Você não consegue fazer?

—Consigo. Só não quero nada. Jake, você é um amigo da família, e minha mãe dizia para confiar em você e em todas aquelas pessoas que ficavam aqui em casa – ele parecia dizer isso com pesar – Você mesmo disse que isso é pra ajudar aquelas pessoas.

Jake ficou feliz com a resposta. Só cabia a Hyun conseguir as coordenadas do local agora.

E Nelson ficou feliz em pode ajudar. Lembrou-se de uma frase de um filme, que dizia algo sobre ter a obrigação moral de ajudar alguém quando se tem poder para fazê-lo. A frase era...

Um grito interrompeu seus pensamentos

NELSON! — A voz era de outra amiga, Vex. Ela entrou no galpão com sua moto. Na garupa estava o corpo de um homem careca. Ele estava desmaiado — Quem são essas pessoas?! – Ela observou todos, espantada, focando o olhar no asiático por alguns segundos, mas logo se voltou para Nelson — Que se foda! Você precisa ajudar esse cara aqui!

Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.


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Notas finais do capítulo

Opa!
Espero que não tenha ficado cansativo. A imagem do capítulo foi eu que fiz a manipulação e pá. Acho que usei 6 imagens diferentes pra fazer tudo, mas também acho que valeu a pena.

HOJE TEM DECISÃO, MAS É UMAS DECISÃO BEM PESADA SABE
Eu peço pra todos, todos mesmo.
Até os fantasma
Até você que nem lê, e caiu nesse capítulo do nada
E pra todo mundo que tem personagem responder isso.
Sério, respondam que é importante pras ideias que eu to tendo, e pro próprio conceito da história, vocês vão meter o dedo na história de todo mundo.

Vou mandar um MP pra todos os que apareceram nesse capítulo e para a KIM FEMA, sobre o que vão fazer da vida... HUAHUAHUAHUAHUAHUAHAU ME AGUARDEM

É esse o novo formulário
http://goo.gl/forms/6gK6Vgd3T0WvK9h43

Muito obrigado por lerem até o décimo capítulo, vocês me acompanharam quase que um mês, hein!
Amo todos
Até!