23:42 escrita por M Moraes, Iasmym Martins, MrDarcy


Capítulo 4
Primeiro Encontro




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Quando as luzes voltaram ao seu normal e o auditório estava novamente iluminado, os alunos e professores começaram a sair do local. Cometários sobre o dia espetacular do Observatório Real de Greenwich foi a trilha sonora da ambiente.

Alicia se apressou para se encontrar com seus amigos já fora do auditório, mas viu uma multidão no seu caminho e na sua visão e, quando conseguiu um espaço, esbarrou em Darwin.

— Sorry*. – Pediu e tentou se desviar dele, para continuar sua jornada.

Darwin nem se deu o trabalho de olhar para a menina e continuou no celular, pois falava com sua esposa, Carrie.

— É isso que estou te dizendo, o professor Benjamin foi incrível na palestra e eu tentei ao máximo me aproximar de sua grandeza. Sei que não consegui, mas cheguei bem perto. – Deu uma pausa, provavelmente recebendo um elogio de Carrie e depois sorriu, continuando: – Falar sobre o Universo para tantas pessoas foi como compartilhar um segredo com as estrelas.

Como Alicia acabou parando, pois outra remessa de pessoas atrapalhava o caminho, ouviu a conversa de Darwin.

— Gostei de ser comparada a uma estrela. – Ela sorriu, falando sozinha.

— Excuse me*? – Darwin se virou para ela e franziu a testa – Você falou comigo? – Deu mais uma pausa – Honey*, posso te ligar daqui a pouco? – Esperou pela resposta de Carrie – Okay... I love you*. – E desligou o celular, guardando-o no bolso da calça.

— Eu não queria me intrometer na sua conversa pelo celular, mas eu adorei a frase que usou sobre o segredo e a plateia sendo as estrelas.

— Isso foi falta de educação. – Darwin deu um meio sorriso – Assim como esbarrar em mim.

— Look*, eu elogiei o que disse, não precisa ligar para alguns detalhes a parte. – Alicia acabou se aproximando do rapaz, pois algumas pessoas estavam querendo passar por onde ela estava – Está vendo como esse lugar está cheio? Acontece.  – Acabou sendo empurrada por um garoto – Hey! Stupid*! Por que não olha por onde olha?

Darwin riu, mas colocou a mão sobre a boca para disfarçar.

— Acho que você deveria seguir o seu conselho – Ele riu de novo – e não ligar para alguns detalhes a parte. – Encolheu os ombros – Acontece.

— Wow... Very funny*. – Alicia revirou os olhos – Por falar em detalhes... – Ela resolveu implicar – Faltou falar mais sobre as estrelas.

— Mas falamos. – Darwin suspirou, estava querendo sair da presença de Alicia do que começar outro assunto – Por acaso dormiu ao explicarmos sobre as Supernovas?

— Eu estava acordada, sim, para o seu governo.

— Então não me venha com exigências.

— Só estou comentando por alto que os organizadores da palestra não fundamentaram muito a Astrologia.  – Alicia cruzou os braços.

— Vai ver não foi muito importante.

— Excuse me?! What you said *?! – A mulher quase avançou em Darwin – Listen me*: nunca mais diga que astrologia não é “muito importante”, all right*?!

— All right*... – Darwin deu uns passos para trás e esbarrou em Joseph – Sorry, man*.

— Okay. – Sem dar atenção, Joe continuou esticando o pescoço a procura de alguém. Coçou a sobrancelha sem um motivo aparente e voltou a andar, ou tentou, pois um novo grupo de alunos resolveu parar bem a sua frente para comentarem da palestra.

Joseph bufou.

— Anyway*, não ficarei aqui falando com uma garota que eu nem conheço. – Darwin sentenciou o assunto, mas nem saiu do lugar, pois, o mesmo grupo que parou a frente de Joe, estava a sua frente.

Alicia ficou sendo a única da fileira do trio a ter saída, mas continuou parada.

— Com certeza o seu horóscopo disse que você seria um ser mal humorado e inconveniente no dia de hoje, sabia?

— Eu não quero discutir com você sobre meu horóscopo ou qualquer coisa relacionado a isso. – Darwin sentiu seu celular vibrar e fez “um” com o indicador, como se pedisse um minuto, provavelmente, de silêncio por parte de Alicia – Oi? – Esperou a pessoa do outro lado da linha falar e finalizou – Eu não vi o professor Dylan nem o professor Benjamin, Lewis, mas acho que ele deve ter ido para a sala dos professores. I don’t know*. Talvez ele até esteja com o professor Benjamin, sim... Deve ter tido um lanche para eles feito pela organização, eu não sei! Você já entregou o... – O celular foi desligado na outra linha e Darwin suspirou.

— Excuse me*? Você disse Professor Dylan? Dylan McLane? – Joe esperou que Darwin desligasse o aparelho e o guardasse.

Antes de Darwin responder, Alicia provocou:

— Acho que não sou a única a ficar ouvindo as suas conversas pelo celular. – E riu ao terminar.

Darwin a ignorou.

— Sim, é esse mesmo, por quê? – Cavendish se dirigiu a Joseph.

— Ele é meu amigo e professor de Astrologia daqui.

— É, ele é o meu professor de Astrologia. – Alicia participou da conversa – Uma matéria muito importante, diga-se de passagem.

— Creio que sim, mas não quero saber disso, queria saber se por um acaso sabem me dizer onde aquele idiota está? – Perguntou Joe, impaciente.

— Você não é daqui, não é? – Darwin identificou pelo sotaque.

— Não, eu sou de Nova Iorque. – Joe respirou fundo e olhou para a hora – Estou precisando muito falar com o Dylan.

— Sorry, dude*, mas eu não faço ideia. Como disse ao meu amigo pelo celular, acho que ele deve ter ido se encontrar com os outros professores.

— Sério, a astrologia tem o objetivo de estimular a evolução e transformação da sociedade e do planeta, mas parece algo impossível vendo pessoas tão rudes como vocês dois.

Joseph e Darwin se olharam e depois olharam para Alicia.

— Quer saber? Deixa pra lá, vou procurar meus amigos antes que eu seja ignorada mais uma vez. – E, sem esperar quaisquer palavras dos rapazes, Alicia se retirou, pois agora já havia menos pessoas no corredor e passagem de sobra para ela.

— O que deu nela? – Perguntou Joseph.

— I don’t know*... – Darwin sentiu seu celular novamente vibrar.

— Well*... Thank you*. – Joe se virou e tentou pedir informação para as meninas que estavam na portaria do auditório.

Darwin atendeu o celular e era Carrie, ele continuou contando da palestra e do recente acontecimento.

*

Joseph conseguiu avistar Dylan e apressou-se ao seu encontro. Ao ver que seu amigo estava com o pessoal da palestra, recuou.

— Aonde vai, rapaz? Pode ficar aqui conosco. – Riu o Dr. Professor Benjamin, ao sentir Joe tímido – Se aconchegue nesses banquinhos. – O professor se virou e apontou – Estamos terminando de resolver umas coisas e daremos a ti a oportunidade de falar.

Joseph deu um suspiro pesado, como se cada partícula de oxigênio fosse o último a sair de sua boca.

— Não, não, por favor, não quero falar. Queria apenas me despedir de meu amigo. – Riu sem graça.

Dylan colocava a mão na boca, dando risadas do amigo. Joe, ao olha-lo, reprovou o amigo.

— O que um matemático poderia explicar sobre o Universo? – Questionou o Dr. Langhi, ao estender sua mão em comprimento – Eu tive a resposta hoje e ela foi bastante explicativa, parabéns!

—Também foi uma surpresa para mim. – Joe demonstrava se sentir mais a vontade ao falar daquilo que lhe interessava – A matemática em si não explica o Universo, mas, sim, o seu conteúdo. E, assim, ligamo-nos uns aos outros. Acho que a matemática é o impulso exato de se descobrir o que é misterioso ainda. Como achar os valores de X e Y, só que no Universo.

Os professores concordaram impressionados.

— Se você não fosse matemático, poderia entrar para o nosso ramo com essas palavras. – Acrescentou o Professor brasileiro Dr. Canalle.

— Não, não. – Joe riu, mas foi breve. Parecia que o comentário não fora bem recebido por ele – Fico com meus números infinitos, no qual eu consiga compreender quais são primos, seus logaritmos, suas frações, a geometria, constâncias e variedades...

O grupo, composto por cinco doutores e professores, degustou-se em risadas.

Dylan, então, se aproximou de Joe, despedindo-se dos demais que ficaram.

— Parece que passou no teste, dude*! – Brinco o Astrólogo.

— Dr. Geller? – Chamou Benjamin, fazendo ele e Dylan pararem a alguns metros de distância; ambos se viraram – Algo me chamou a atenção em suas explicações.

Joe permitiu que o professor, de poucos cabelos brancos, continuasse.

— Você disse, lá na apresentação, que não ficaria ao lado de Galileu, usando a sua afirmação de que “a matemática é o alfabeto com qual Deus escreveu o universo”. Mesmo tendo usado explicações dele. Tem alguma teoria em particular?

Dylan olhou para Joseph, conhecia a história do amigo e a sua ideologia quanto a isso. Esperou, no entanto, que Joe não respondesse, mas se surpreendeu.

— “Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade, porque não desejam que as suas ilusões sejam destruídas¹”, disse um dia um grande homem o qual o Doutor deve conhecer, e eu afirmo com todas as letras que essa ilusão é a ideia de um Deus que nos criou. Pra quê? Viemos sem razão e crescemos para começarmos a criar esta razão em nossa vida. O morrer é um detalhe de quem se frustrou, mas para aquele que conseguiu deixar seu legado, a morte só fisicamente, mas sua alma vive por gerações. É nisso que acredito.

— Por que escolheu a matemática ao invés de seguir a filosofia que tanto acredita? Eu lhe daria uma ótima nota no TCC se terminasse com essa sua frase.

Joe riu cético e olhou para o Professor Benjamin.

— “A Matemática é a chave do portão e as ciências. A falta de atenção às obras matemáticas prejudica todos os conhecimentos, uma vez que ele é ignorante de não poder conhecer as outras ciências ou as coisas deste mundo.”.

— Bacon... – Sussurrou o professor brasileiro – Roger Bacon. Você gosta mesmo de citações, rapaz.

O matemático assentiu orgulhoso.

— Foi um prazer conhece-lo, Dr. Geller. – Estendeu a mão o professor Benjamin.

— Um grande prazer, Dr. Edward. – Apertou-lhe a mão.

— Espero vê-lo mais vezes. – Olhou-o simpaticamente e de forma intrigante.

*

Darwin viu seu amigo, Lewis, conversando com um gupo de meninas. Caminhou até ele.

— Hey! – Chamou, com um pigarrear de garganta.

— Ah! Darwin! – Puxou o amigo para mais perto do grupo – Conheçam meu amigo Darwin Cavendish, ele foi um dos palestrantes – Exaltou-o, fazendo o astrônomo se aborrecer – por ser o melhor da turma.

— Adoro caras inteligentes... – Soltou uma das meninas, olhando para Darwin, que desviou o olhar para o amigo, repreendendo-o.

— Mas ele é casado, okay? O solteiro aqui sou eu.

As meninas riram num tom de decepção.

— Posso falar contigo? – Cavendish o puxou sem esperar pela resposta, afastando-se das meninas – Já entregou o seu trabalho?

Lewis levou a mão até sua testa.

— Eu esqueci!

— Então corre! – Darwin olhou para a porta de entrada do Observatório – Olha lá o Professor! Go, go*! – Novamente empurrou o rapaz, mas, desta vez, foi atrás dele para se certificar que entregaria.

Lewis chamou o professor e acenou para que fosse visto. O Dr. Benjamin parou junto com o professor brasileiro.

— Diga, meu jovem. – Falou quando Lewis parou a sua frente.

Darwin vinha atrás.

— Entrega logo, antes que você perca esse ponto para sempre. – Reclamou o astrônomo.

O amigo riu e tirou uma pasta de sua mochila.

— O trabalho, professor. – E deu ao Dr. Benjamin, que franziu a testa.

— Que trabalho é esse?

— É aquele... Que fala de umas paradas... You know*? Aquele, lembra?

O Dr. Canalle riu.

— Esse menino me lembra muitos alunos meus.

— Essa cena embra-me também meu filho e o amigo dele. – Foi a vez do Professor Benjamin soltar uma breve gargalhada.

Darwin deu um tapa na cabeça de seu amigo e tomou a palavra:

— É o trabalho de umas semanas atrás, sabe... – Suspirou o astrônomo – Fenômenos de Transporte: teoria cinética, fenômenos de transporte e plasma; da matéria avançada.

— Ah sim... Faz tanto tempo que passei. – O Professor foleou algumas páginas – Diga-me, rapaz, o que entendeu sobre o trabalho para me entregar com grande atraso?

Um silêncio de quase um minuto pairou.

— Posso ser filosófico?

Os professores assentiram.

— “Só sei que nada sei.” – Respondeu decepcionado e tentando motivar o professor.

— Citar Sócrates não aumentará sua nota. – Disse Dr. Edward.

Agora, Dawrin riu.

— E Shakespeare? – Lewis quase implorou.

O trieto riu, com direito a mais uma repreensão do astrônomo.

— Lerei com calma, rapaz, e lhe entregarei daqui a uma semana na Universidade.

— Agradeço, professor Benjamin, e peço que leia com carinho, necessito da nota. – Pediu Lewis.

O professor assentiu humorado e se despediu dos dois.

— Que vergonha! Que palhaçada na frente de um homem espetacular como o Dr. Professor Benjamin, você é um cabeção mesmo! “Só sei que nada sei”, really*? – Darwin colocou a mão no rosto.

— Pelo menos demonstrei cultura filosófica de Sócrates... Mas confesso que pensei que fosse uma frase daquele carinha... – Tentou recordar – Hamlet, de Shakespeare.

— Hamlet disse: “Ser ou não ser, eis a questão”. – Darwin balançou a cabeça negativamente e suspirou – É melhor eu ir embora me encontrar com Carrie, antes que eu tenha um ataque intelectual nessas conversas.

— Eu sei que você não vive sem mim, Cavendish. – Brincou Lewis.

Darwin começou a andar, rindo da situação.

— Manda um beijão para Carrie, fala para ela que se ela enjoar de você, eu estarei aqui.

— Never, idiot*!

Lewis caiu na gargalhada e pessoas ao seu redor olhavam-o estranhamente.

*

O celular de Joe tocou. Emy avisava que estava terminando de arrumar as malas para viajar no dia seguinte. Sua terra natal era o Reino Unido e estava contente por seu marido ter aceitado passar as férias naquele lugar.

Joe pediu para falar com Anne, mas a pequena ainda estava na creche. Dylan ainda estava com o amigo e despediram-se no estacionamento. Dylan lhe entregou um documento antes de ir embora.

— Vê se guarda. Pode ser importante para você.

— Thanks, dude*.

Joe abraçou o amigo. Como  já havia levado o carro que alugara para o Observatório, colocou o documento no carro, no banco do carona. Sentiu sua barriga estremecer. Novamente a fome. Lembrou-se do aeroporto e riu, ligou o GPS do carro alugado para encontrar um lugar para lanchar, pois a noite já anunciava sua chegada.

O Observatório Real de Greenwich ainda estava cheio, decorrente de exposições e suas atrações notótias, então custou para sair com o carro.

*

Alicia estava tirando fotos com as suas amigas, inclusive Emilly.

— Chegou a entregar seu trabalho ao professor?

— Entreguei sim, daqui a alguns dias você o verá exposto como o melhor trabalho já feito! – Disse Alicia, entusiasmada.

— Convencida. – Riu a amiga – Estamos indo comer algo numa lanchonete, quer ir?

Alicia olhou para a hora.

— Sei não... Ainda preciso fazer o relatório do que foi palestrado hoje... Preciso desses pontos extras...

— Deixa isso para amanhã! Vamos curtir um pouco! Qualquer coisa eu chamo uns meninos... – Emilly sorriu – O Luís... – Cutucou a amiga.

— Para! Deixa isso quieto!

O grupo que estava tirando foto chamou as duas para se aproximarem e irem para a tal lanchonete.

Alicia relutou um pouco, mas acabou cedendo e foi com o pessoal de sua turma. Com as decorrentes brincadeiras, Alicia e mais duas meninas iam atravessando a rua sem prestar atenção justamente quando Joseph estava pegando velocidade para sair do Observatório.

Buzinou e só deu tempo de Alicia olhar o carro, pois era a que mais estava adiantada.

Por sorte, um dos meninos que estava junto, a puxou pelo braço, fazendo-a cair na calçada.

— Are you crazy*?! – Emilly falou preocupada.


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Notas finais do capítulo

*Sorry - Desculpa
*Excuse me? - Desculpe-me? Com licença?
*Honey - Querida, amor.
*I love you - Eu te amo
*Look - Olha
*Hey! Stupid! - Ei! Estúpido/Idiota!
*Very funny - Muito engraçado (sarcasmo)
*What you said?! - O que você disse?!
*Listen me - Ouça-me/Escute-me
*All right? - Certo?
*Sorry, man - Desculpa, cara
*Anyway - Enfim, de qualquer forma
*I don't know - Eu não sei
*Sorry, dude - Desculpa, cara
*Well... Thank you - Bem... Agradeço/Obrigado
*Dude - Cara
*Go, go! - Vai, vai!
*You know? - Sabe?
*Really? - Sério?
*Never, idiot! - Nunca, idiota!
*Thanks, dude - Obrigado, cara
*Are you crazy?! - Você está louca?!
¹ - Citação de Friedrich Nietzsche



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