War Angel - Sonhos escrita por Dálian Miller


Capítulo 2
Capítulo 1 – Era uma Vez


Notas iniciais do capítulo

Iniciando as causas que levaram a muitas dúvidas no prólogo (kkkk)

Boa leitura!



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~ Capítulo 1 – Era uma Vez ~

Vila das fadas, Banotown

 

Sob o embalo da melodia matinal produzida pelo sopro do vento entre as curvas do bosque, folhas acompanhavam o bailar das borboletas às margens do pequeno rio, nascido há alguns quilômetros a cima da vila, e que crescia por mais outros. A recuperar o equilíbrio natural, gnomos trabalhavam na terra com suas mãos habilidosas, que espalhavam pequenas porções de um pó mágico, enriquecendo o solo.

Por serem pequenos, muitas vezes necessitavam de ajuda. Em conjunto, os arvorosos trazidos por Lina e Witc, crescidos, podiam alcançar lugares altos, auxiliando na colheita de frutas e sementes.

Enquanto isso, Ondinas se encarregavam da limpeza e transporte de água para todas as plantações e reservas da vila.

— Como pode ver, Mestra Nímia, aos poucos estamos recuperando aquilo que a capital destruiu por aqui. Aquele recriando as casas é meu pai, Shawn. – Disse o jovem orgulhoso.

— Muito habilidoso. É algum tipo de alquimista?

— Quase isso, mestra, ele é um feiticeiro com habilidades de transformação. Aquele outro homem, o que tenta conversar com os gnomos, é seu amigo, Zenkatsu Kotaro. Ele estuda as civilizações antigas e de existência duvidosa.

— Temo que não terá tanto sucesso. Os gnomos são pouco sociáveis e... Bravos. – Comentou, ao observa-los arremessar punhados de terra sobre o professor, afugentando-o.

— Mestra, tenho uma curiosidade: Por que apenas algumas fadas conseguem assumir a forma humana? – Indagou Witc.

— Originalmente somos tão pequenas quanto uma borboleta comum, mas, ao aprendermos controlar todos os níveis básicos da magia, conseguimos mudar nossa forma e tamanho. Em outras palavras, apenas os mais fortes atingem esse estágio, pois a maioria prefere se especializar em uma área da magia, como as Ondinas e os gnomos.

— Witc, podíamos trazer a mamãe e morarmos aqui!

— Ela fala isso toda empolgada porque está trabalhando nessas engenhocas dela. Não sai do meu laboratório. – Acrescentou uma das três fadas anciãs. Engenheira e fada do fogo, Foxes amava lutar, estar na linha de frente e defender seu povo com os mais diferentes tipos de armas. Elevando a máscara sobre os curtos cabelos grisalhos e pondo as luvas em um bolso de seu macacão, ela prosseguiu em seu discurso. – Mas a garota tem talento, muito em breve poderá me substituir como engenheira militar e seu poder destrutivo será imensurável.

— Isso parece... Bem incrível, embora não me agrade... A ideia de participarmos de guerras. Mas nosso vigor foi restaurado, estou muito agradecida! Tenho uma pergunta: Como chegaram aqui? – Indagou Nímia, deixando seus longos cabelos brancos acompanharem o vento.

— Tudo começou há dez meses: – Witc iniciou enquanto a acompanhava à beira do rio.

***

Santuário da Princesa de Gelo

— Eu deveria ter ficado fora da caverna... Melhor, deveria ter ficado com meu pai e minha mãe em Déviron Garden.

— E enfrentar aqueles gigantes sozinho? Apenas com seus jatinhos de água?

— Você pegou pesado. Witc, é melhor você calar ela... É minha irmã, mas ainda posso...

— Sem discursão, meninos. – Shawn interviu. – Ainda precisamos descobrir onde estamos e como podemos sair daqui.

— A primeira pergunta é simples, papai: Estamos em algum lugar ao Norte. Nenhum outro poderia ter tanto gelo nessa estação. – Há três estações distintas no mundo da superfície. Elas mudam a cada ano, e um hemisfério é sempre atingido com mais intensidade, com exceção da primavera, que acontece de forma igualitária entre o Norte e o Sul. – Para a segunda pergunta, talvez o mapa de Witc nos ajude, ou aquelas ruínas congeladas acolá. – Apontou.

— Ela tem razão. – Zenkatsu concordou, seguindo na direção das formas, na companhia de seu amigo, mas antes, Shawn tratou de criar lenha, material essencial para uma fogueira. Os manteria aquecidos.

[...]

 Enquanto isso, o jovem feiticeiro, ao seguir para o lado oposto, à procura de mais pistas, deparou-se com um corpo caído, gélido, mas vivo. Akira estava pálida e tremia.

— Ei, você está bem? Arqueira, responda... Preciso levá-la até os outros, meu pai poderá criar um agasalho para você...

— Solte-me! Por que... Está me ajudando? – Balbuciou.

— Você salvou a minha vida quando não me deixou cair naquele poço de lava, agora estou em dívida.

 Havia uma ligação singular entre Akira e Witc. O vermelho sangue em seus olhos transparecia ferocidade e força, contudo, naquele momento ele apenas gritava por ajuda, um pedido sufocado pelo sofrimento vivido e receio de uma repetição. Em contrapartida, o negro nos olhos do jovem Ryser absorvia toda forma de ceticismo difundido a sua volta, assim como o preto absorve todo comprimento de luz.

Será ele o herdeiro da luz? Será que minha procura finalmente chegou ao fim? Será que poderei resgatar meu irmão?

— Podia dizer seu nome...? – Fez uma pausa para verificar seus arredores, notando ligeiras movimentações. Havia escutado um barulho estranho, despertando seus sentidos. – É curioso não saber como se chama a pessoa que me persegue a tanto tempo, suponho, e me salvou recentemente. – Murmurou desconsertado.

— A... Ak... Akira, Akira Madel. – As palavras surgiam com dificuldade.

— Prazer, Witc Ryser. – Sorriu ao estender a mão. – Agora preciso te levar, apoie-se em mim, meu pai e os outros não estão muito longe daqui e.... – Escutou o mesmo barulho. – Não, nada. Vamos.

Algum tempo depois, ele retornara trazendo consigo a peça desconhecida daquele quebra-cabeça. Seria sonhar alto demais adquirir mais forças para seu lado? Aos poucos o grupo aumentava e o pacto entre os herdeiros engatinhava rumo à aliança, que seria criada em alguns meses, mesmo com dificuldade.

— Witc, você sabe que ela tentou me matar quando estávamos na ilha. Ela não hesitou em nenhum momento, e por que você está abraçando ela? – Bradava inconformada ao aproximar-se dos dois.

— Calma, Mylla, vocês ainda não sabem, mas só estou aqui por conta dela, e Akira também é uma herdeira, o senhor Wechar nos falou. Temos que ficar unidos para podermos lutar contra Ádrian e aquelas outras criaturas soltas por aí.

— Eu voto por ela ficar, ela é bonitinha. – Disse Ayurik levantando a mão e sorrindo. – E você Lina?

— Por mim, tudo bem, mas se tentar fazer algo, queimarei seus cabelos! – Sua opinião era dita acompanhada de passos em volta da fogueira.

— Não quero causar...

— Sem problema, se aqueça perto do fogo. Meu pai voltará logo. Fique com isso por enquanto. – Entregou-lhe seu agasalho. – Ayurik, você ainda está com sua mochila? Tem algo para comer?

— Sim, mas só tenho biscoitos e... água congelada, não planejei ficar longe por tanto tempo.

— Já serve. – Entregou-lhe o alimento e acomodou-se ao lado de Mylla.

— Você sabe que somente a herdeira mais linda de todas, com seus belos cabelos dourados, me faz feliz. – Beijou-lhe e sorriu. – Mas todos merecem uma segunda chance, até mesmo a arqueira. E ela deve saber onde Don está.

— Encontraremos o Don, sempre estarei ao seu lado, pode contar comigo nessa procura. Mas não sei se darei uma segunda chance para ela. – Sussurrou de forma expressiva e virou-se para em oposição.

A escolha de Witc não agradara a todos, porém, era sensata naquela ocasião. Estavam em terras hostis, quanto mais ajuda, melhor seria para todos.

De onde repousavam, avistava-se a imensa planície que se estendia ao longo do vale congelado a frente. Apenas o uivo do vento ousava atravessá-lo. O silêncio foi o único ouvido por horas, quando Zenkatsu finalmente retornara ofegante e aos berros.

— Corram! Corram! Shawn... Está nos dando cobertura. – Dizia com a voz em falha. – Eles estão vindo.

— Quem está vindo? Witc, nunca mais sigo você! – Exclamou Ayurik levantando-se depressa.

Logo notaram as movimentações sob o gelo se aproximarem. Ao olharem para o vale, avistaram um grande número de pequenas criaturas com pelagem branca vindo naquela direção.

— Preparem-se para enfrenta-los, não parecem ser tão... – Witc teve o discurso interrompido pela imensa mariposa branca que brotou do solo, atrás de Akira, agarrando-a e mergulhando de volta no buraco. – Espere! – Berrou, saltando em seguida.

— Ei! Não vou deixar ela ficar sozinha com você outra vez. – Enfurecida, Mylla o seguiu.

— Eu não vou! Falei que não iria mais atrás dele, não vou!

— Você sabe que vai, Ayurik. – Lina prosseguiu, pondo os dois brotos de Arvorosos sobre o dorso de Ayurik e empurrando-o na frente.

— Garotos? Droga! Shawn vai arrancar minha pele. – Zenkatsu murmurou.

Naquela imensidão congelada não havia muitos lugares para se esconder. Sob o manto branco havia uma terra banhada por mistérios, uma história construída sobre pilares de crenças, profecias e um grande poder conhecido pelos habitantes da cidade que desapareceu em uma noite de Lua violeta, por volta de 5000 anos atrás.


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Notas finais do capítulo

Se chegou até aqui, deixe sua opinião sobre o que está achando :D

Próximo capítulo: A Cobaia

Até breve! :D