Meu Milagre escrita por Briden
Notas iniciais do capítulo
Boa tarde, como estão?
Só não postei ontem porque eu fui visitar meus sogros e cheguei tarde em casa, mas hoje tem e está fresquinho.
Eu mudei a capa, o que acharam? Gostaram dessa ou preferem a outra?
Boa Leitura!
O dia havia amanhecido ensolarado – o céu límpido – a chuva já havia cessado a três dias e agora o sol prevalecia.
A notícia de que Beatriz tinha acordado havia de espalhado rapidamente – na cidade tudo se espalha rápido – todos estão felizes em saber que a jovem não corria mais perigo de vida.
Somente uma pessoa não estava contente com a recuperação da jovem – Robertha – desde o dia que Beatriz acordou evitava ficar a sós com a mesma, os olhos verdes assombravam sua mente.
Para Richard parecia que a vida havia voltado a ter cores e como ansiava ver o sorriso que tanto sentia falta – desde que a jovem acordara, na quinta-feira, não tinha ido visita-la – mas agora caminha rumo a sua luz.
Richard não sabia quando e nem como havia se apegado tanto a jovem, mas se sentia sem vida longe da namorada. Se sentia incompleto, seu coração doía e pesava – uma tortura – é como se sente quando está longe dela.
—Com licença. – Diz ao adentrar o quarto da namorada. – Beatriz. – Fita a namorada encontrando os olhos verdes marejados. Ambos abrem um lindo sorriso, iluminando todo o ambiente. – Minha pequena. – Corre até a jovem, abraçando-a com força.
—Ai. – Geme ao ser apertada. – Achei que não ia vir me ver. – Faz leve carícias nos fios negros do namorado. – Estou bem agora.
—Achei que ia morrer. – Desfaz o abraço e a olha. – Não quero te perder. Me senti vazio. – Finas lágrimas descem por sua face.
—Não vou te deixar. – Com as pontas dos dedos limpa a face do namorado. – Vou sempre estar com você.
—Promete? – Segura a mão da namorada e deposita um beijo na mesma.
—Prometo. – Sorri triste, por mentir para ele. – Não chore mais, agora estou bem.
—Estou feliz por ver esses lindos olhos verdes abertos. – Acaricia a bochecha rosada da namorada. – Você ilumina minha vida. – Sela os lábios nos dela, lhe roubando um selinho. – Quando você vai poder ir embora?
—Ainda não sei. – Segura a outra mão do namorado. – Cadê a Natália?
—Ela disse que hoje você é minha. – Revira os olhos. – Ela é muito folgada, isso sim. – Olha para a janela e volta a olhar para a namorada. – A Lia me disse uma coisa enquanto você estava em coma e eu achei bobagem.
—E o que ela disse? – Aproxima-se do namorado, encostando as costas no peito do mesmo.
—Que a chuva é uma forma de Deus expressar o quanto dói ver um de seus anjos sofrendo. – Passa os braços em volta da cintura da namorada. – Ela r todos falam como se Deus realmente existisse. – Apoia o queixo na cabeça da namorada. – Eu não acredito em algo que não vejo, acho que tudo isso é uma bobagem.
—Um dia irá acreditar. – Ela acaricia a mão do namorado. – Você ainda não sentiu a presença de Deus, mas irá saber como é quando seu dia chegar.
—Você é incrível. – Aperta ela contra seu corpo. – Senti falta do eu calor. – Desce o rosto até o pescoço da namorada e cheira o pescoço da mesma. – Adoro esse seu cheiro, flores do campo com morangos.
—Richard. – Repreende o namorado. – Não faz isso, dá sensações esquisitas.
—Que sensações, pequena? – Pergunta curioso, mas já com uma resposta em mente.
—Umas coisas estranhas. – Suas bochechas ganham um tom rosado. – Uma mistura de calor e frio, como se tivesse milhares de bolhas estourando.
Richard afasta-se de Beatriz, fazendo a mesma virar. Os olhares se encontram fazendo ambos se perderem – o mundo que só eles podiam estar – azuis contra verdes, oceanos contra rios, safiras contra esmeraldas, uma batalha de sentimentos confusos, mas sinceros. Ele acaricia a face da namorada, ela apoia as mãos no peito dele e se aproximam, selando os lábios em um beijo necessitado e repleto de saudades, mas sem perder a paixão que os consomem.
Arthur adentra o quarto e para ao notar o casal se beijando, encosta na porta observando a cena. Não podia negar que era contra o namoro deles, mas vendo a felicidade da irmã, esquecera que ele havia a magoado.
Ao se separarem por falta de ar, Beatriz olha por cima do ombro de Richard e nota Arthur os observando com um sorriso nos lábios – as bochechas da jovem ficam ainda mais vermelhas – o mais velho aproxima-se do casal, parando atrás do cunhado.
—Por que está tão vermelha? – Richard a olha confusa. – Fiz alguma coisa de errado?
—Fez. – Arthur coloca as mãos nos ombros de Richard, fazendo o mesmo se assustar e dar um pulo. – O que foi, cunhadinho? – Arthur diz entre risadas. – Que cara é essa? Parece que viu um fantasma.
—Imbecil. – Richard põe a mão no peito tentando controlar o coração. – Porra Arthur, isso não se faz.
—Olhe o linguajar. – Ralha o mais novo. – Minha irmã está presente. – Se inclina e deposita um beijo na testa da irmã. – Como está hoje?
—Bem, graças ao bom Deus. – Se acomoda novamente entre os travesseiros. – Achei que viria mais tarde.
—Eu vim conversar com o Dr. Silvestre. – Senta na ponta da cama e segura nas mãos da irmã. – Foi muito grave o que você teve e nós estamos preocupados com sua saúde. – Seu olhar é terno. – O Dr. Dawson ainda não voltou, então o Dr. Silvestre vai cuidar de você.
—Não Arthur. – Puxa as mãos, se encolhendo na cama. – Só quero ser atendida pelo Dr. Dawson, só por ele. Não quero nenhum outro. – Abraça as pernas, tentando ficar o mais longe possível do mais velho. – Eu quero ir embora daqui.
—Calma, pequena. – Richard aproxima da namorada e a segura pelos ombros. – Só faremos que você quiser. – Olha sério para o cunhado. – Nós vamos esperar o Dr. Dawson voltar, combinado?
—Sim. – Apoia a cabeça nos joelhos e olha para um canto qualquer do quarto. – Não quero magoar vocês, mas eu tenho medo de perder tudo isso que ganhei. – Deixa as lágrimas banharem sua face. – Não quero ficar sozinha como antes.
—Nós estamos com você. – Richard senta ao lado da namorada e a trás para perto de si. – Não importa o que aconteça nós estaremos sempre ao seu lado.
—Estaremos sempre com você. – Arthur segura a mão da irmã. – A gente não vai te abandonar. Eu te amo. – Aperta de leve a mão da irmã e sorri.
O clima dentro do quarto não é apenas afetuoso, mas também é repleto de promessas – que não serão quebradas – promessas de uma nova vida e de um novo caminho. Os dois com certeza dariam a vida por ela, se isso fosse possível.
Os sorrisos nos lábios dos três dizia muito mais que qualquer palavra – laços estão fortes – porém não serão duradouros.
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O sol já havia ido dando lugar a lua que trazia consigo uma noite agradável, com um céu límpido. Beatriz observa o céu através da janela do quarto – seu olhar perdido e vago – sua atenção não está no céu ou na lua, na verdade a jovem apenas estava perdida em pensamentos.
—Como posso ser tão má assim? – Questiona-se novamente. – Senhor, ajude-me não sei o que fazer. – Limpa as lágrimas de sua face. – Não quero magoa-los, mas também não quero perde-los. Por que é tão difícil? – Levanta-se e anda até a cama, mas para ao ver a porta abrir e por ela passar o médico responsável por sua saúde. – Boa noite, Dr. Silvestre. – Sorri minimante.
—Boa noite. – Ajuda a jovem a deitar-se na cama. – Não devia ficar andando. – Puxa a cadeira para mais perto da cama e senta-se na mesma. – Seu irmão disse que não quer que eu cuide de você. Por quê?
—Agradeço por tudo o que o Sr. fez, mas só confio em uma pessoa para cuidar da minha saúde. – Tentava soar o mais convincente. – O Dr. Dawson cuida de mim desde que nasci e não quero mudar agora.
—Mesmo você não querendo não terá outra escolha. – A voz soa firme. – Seu pai me autorizou a cuidar de sua saúde, querendo ou não terá que aceitar.
—Não, ele não tem esse direito. – Uma voz grossa e firme ao mesmo tempo surge de repente e ambo olham para porta encontrando o dono da voz, que acabara de adentrar o local. – Por lei Beatriz já é dona de si própria e só cabe a ela decidir se quer ou não.
—Dawson? – Pergunta confuso e frustrado. – Resolveu voltar ao trabalho?
—O que faço da minha vida não é da sua conta. – Responde grosseiramente. – Agora saia do quarto da minha paciente e volte para seus afazeres. – Abre a porta ainda mais. – Seus serviços já não são mais necessários.
—Rude como sempre. – Levanta da cadeira e olha para Beatriz com um sorriso amarelo nos lábios. – Melhoras. – Caminha até a porta, mas para ao chegar perto do outro médico. – Bem-vindo de volta. – Sorri cínico e sai em seguida.
—Imbecil. – Bate à porta com força. – Desculpe-me por isso, ele sempre tenta passar a perna em mim. – Aproxima-se de Beatriz e senta na cadeira que estava sentado o outro médico minutos atrás. – Já estou por dentro de tudo que ocorreu com você, mas quero que me diga o que houve antes de você desmaiar.
—Eu passei a madrugada de quinta-feira acordada por causa da febre. – Diz tentando lembrar-se do que realmente houve naquele dia. – Eu também vomitei muito sangue e manchas roxas apareceram em meu corpo.
—Esses são alguns sintomas da leucemia, mas para sabermos você precisa fazer o exame. – Olha para a jovem e vê o quanto a mesma está cansada. – Eu fui encontrar alguns médicos amigos meu para que me ajudassem a descobrir o que você tem, mas agora com esses novos sintomas não sei se encaixa na doença que pensamos.
—Dr. Dawson. – Segura a mão do médico. – Não tem cura e não quero e não quero criar falsas esperanças. – Sorri triste. – Eu só quero viver o pouco tempo que tenho em paz.
—O importante é que você já contou aos sua família e amigos. – Acolhe a outra mão da jovem, envolvendo ambas entre suas mãos. – Achei que iria mudar alguma coisa, mas parece que não mudou nada. Sinto muito por ter que partir sem ter o reconhecimento deles.
O silêncio se instala no quarto – a mente da jovem lhe acusava de mentirosa e agora só piorou, pois, o médico também havia acreditado na palavra da jovem – mas seu medo de perder todos que a cercam é maior que o desejo de contar a verdade.
A porta é aberta fazendo ambos olharem para a enfermeira que adentrara ao local. Ao perceber o olhar da enfermeira, o médico solta as mãos da jovem, levantando em seguida.
—Boa noite Dr. Dawson. – Robertha fecha a porta atrás de si. – Não sabia que havia voltado, achei que ia demorar mais.
—Boa noite, Robertha. – Caminha até a enfermeira e para ao lado da mesma. – Voltei assim que soube da Beatriz, mas o que faz aqui?
—Vim ver a paciente e medica-la. – Diz com rispidez. – Ordens do Dr. Silvestre.
—Pelo menos ele acertou em alguma coisa. – Abre a porta e olha para Beatriz por cima do ombro. – Vou preparar a sala para você fazer os exames necessários. – Seu olhar volta para Robertha. – Cuide dela, pelo menos com uma boa enfermeira. – Sai do quarto fechando a porta em seguida.
As duas se olham, dois olhares verdes – mas bem diferentes – um exala amor e luz e outro exala ódio e escuridão. Robertha sustenta o olhar, mas Beatriz desvia assim que percebe que aqueles olhos queimam muito mais que imaginou.
—Mãe? – Chama receosa. – Podemos conversar?
—Não, só estou aqui porque fui obrigada. – Segura no queixo da menor com força, fazendo a mesma encara-la. – Se eu pudesse eu mesma lhe matava, mas não posso. – Aperta o queixo da jovem com força. – Eu odeio você, odeio o fato de ainda estar viva. – Os olhos verdes trasborda ódio e amargura.
—Eu preciso contar uma coisa para a Sra. – A jovem diz com toda doçura que tem. – Mamãe, eu sei que a Sra. me odeia e entendo que sou a culpada do que houve. – Segura o pulso da matriarca, tirando-o de seu queixo. – Sei também que não sou a filha que tanto desejou, mas peço que me escute. – Os olhos verdes da jovem brilha de uma forma intensa deixando a matriarca perdida. – Por favor, mamãe.
—Eu não sei o que você tem e nem o que faz para deixar todos aos seus pés, mas isso não vai funcionar comigo. – Desvencilha da mão da jovem e se afasta. – Não quero ouvir nada. Por sua culpa minha vida é uma droga.
—Eu vou embora em breve. – Deixa seus pensamentos saírem pelos seus lábios. – Daqui a 41 dias eu não serei mais um peso na vida da Sra. – Olha para matriarca com os olhos marejados. – Vou sumir de uma vez e nunca mais voltar.
—Não precisa esperar tanto, pode ir agora. – Encara a menor. – Mas acho melhor você tentar suicídio, assim tenho certeza que não voltará mais. – Anda até a porta, abrindo a mesma. – Ninguém se importa com você, nem aquele seu namoradinho. Você é um fardo para todos. – Sai do quarto, fechando a porta atrás de si.
Beatriz permanece com os olhos no lugar que sua mãe estava segundos atrás, ainda processa as palavras da matriarca. Os olhos nublados pela dor e a magoa e sua face manchada mais uma vez por lágrimas amargas – Robertha mais uma vez havia conseguido mexer com o psicológico da jovem – deita na cama, em posição fetal e deixa toda a dor sair através das lágrimas.
O tempo de Beatriz estava acabando, mas sua dor não – o tempo fazia a dor ser maior – as palavras de Robertha fazia toda as lembranças felizes sumirem e apenas as lembranças tristes e dolorosas prevalecerem.
O fim de Beatriz estava próximo, mas a dor estava apenas começando.
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Eu dei uma "folga" para a Beatriz, mas calma o da Robertha está guardado.
Obrigada todos e nos vemos nos comentários.
Beijos.