Número 5 escrita por Contos de Jhosnney


Capítulo 1
Anarlian




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  Fevereiro, 2012

Está noite, foi quando tudo mudou.

Acordei assustado de noite quando ouvi passos na cozinha, na minha inocência, fui até lá.

De repente ouço um grande barulho, seguido de outros, ambos vindo do quarto dos meus pais. Ao entrar no quarto vejo meu pai e minha mãe no chão, os lençóis sujos e o quarto todo destruído. Me ajoelhei ao lado dos corpos dos meus pais e comecei a chorar.

Quando me levanto um homem aparece na porta, fico paralisado, pensando que seria o próximo corpo no chão. No momento que ele sacava a arma ouço outro grande barulho, e então um buraco aparece em sua testa, caindo no chão já sem vida. Um outro homem aparece, este bem diferente do outro. Saio correndo, mas ele me segura e diz para mim me acalmar e acompanha-lo.

Não me lembro exatamente qual caminho fiz, e quanto tempo levou para mim chegar a um apartamento. Logo que entrei em um quarto, dormi.

Ao acordar vejo que não estou no mesmo apartamento, este é menor, sem decoração, com paredes brancas. Os únicos móveis do quarto são uma cama, uma mesa, um armário e um relógio. Na mesa tinha um bilhete escrito:

  Maio, 2012

Bem-vindo ao Anarlian,

Seu nome será 5 até você escolher um de seu agrado.

Caro Número 5, seus pais foram mortos por um grupo rebelde e lhe trouxemos aqui para superar seu trauma. Durante o projeto iremos realizar diversos testes e exames, nada difícil, apenas para estudos futuros.

Boa Sorte e melhoras.

Minha primeira surpresa foi descobrir que fiquei inconsciente durante 3 meses, a segunda foi que havia ganhado uma tatuagem nas costas com o número 5, e a terceira que meu nome seria 5.

Os primeiros dias foram fáceis, alguns exercícios, exames e diversão. Após o primeiro mês as coisas foram mudando, comida uma vez por dia, diversão quase inexistente e exercícios mais e mais difíceis.

Uma vez me neguei a fazer os desafios, foi a primeira e última vez que fiz isso... Chamavam de Jaula de Ratos, me colocaram deitado em uma mesa metálica revestida com chumbo derretido, minha pele ardia como se estivesse sendo arrancada. Após eu ficar parado colocavam uma gaiola com alguns ratos no meu abdômen, começavam a esquenta-la aos poucos, os ratos iam começando a fazer cócegas na minha, depois de pouco tempo estavam rasgando ela, eu vi parte das minhas tripas saindo e meu sangue escorrendo pelas bordas, no final acabei desmaiando. 

Tudo mudou, eu comia raramente, tinha esquecido o que era diversão e os exames eram muito mais frequentes, fui transferido de quarto, se posso chamar aquilo de quarto, tinha que sobreviver comendo os ratos da minha sela e bebendo a água do esgoto que corria perto da janela. O que nunca vou esquecer eram as torturas para “testar a minha resistência”, como:

*A Banheira: Eu ficava com o corpo em um barril com a cabeça de fora, nela passavam leite e mel, então virava uma moradia para moscas),

*Tortura do pescoço: Um aparato feito de ferro que era esquentando e colocado no meu pescoço,

*Colírio: Chumbo derretido, alcatrão, água e óleo fervente, derramados de gota a gota em meus olhos,

*A Donzela de ferro: Um caixão de ferro em forma de uma mulher que do lado de dentro possuía espinhos.

*Martelo do Thor: esse era o mais dolorido, eles colocavam minha mão em uma tábua metálica, pegavam sempre um prego a mais que o dia anterior, colocavam sobre a uma mão, e martelavam com uma batida só.

Cresci fazendo isso.

  Outubro, 2023

Foi somente em outubro de 2023 que descobri o que era o Anarlian, o porquê de tantos exercícios, o porquê de tão pouca comida, o porquê de tanto sofrimento. Meu sangue, e de outras pessoas, estavam sendo usados para criar um super soldado. Cada pessoa contribuía em algo.  Estavam criando o soldado perfeito, seguia todas as ordens, não tinha família, era rápido, forte e resistente. Era um projeto ambicioso, e muito perigoso.

A partir desse momento minha prioridade era sair de Anarlian. Comecei a elaborar um plano, um plano que tinha tudo para dar certo...

Consegui uma planta do local através de Fox, um funcionário que também não concordava com aquilo. Analisei todas as saídas, todas as salas, tudo, do chão ao teto. Meu sangue não era examinado corretamente, Dilan, meu médico, resolveu me ajudar se eu prometesse tirar ele de lá.

Fox e Dilan foram essenciais para que tudo fosse planejado corretamente. Agradeço aos dois profundamente.

  Janeiro, 2024

Três meses de planejamento, tudo podia dar certo, como também dar errado. Logo no meu exame diário já tínhamos tudo pronto, Dilan e eu nos arrumamos, logo ao sair da sala haviam dois guardas, não tiveram tempo de reagir, estávamos armados, eu com um revolver e Dilan com uma machete. Nos vestimos como os guardas e fomos guiados por Fox até a sala de manutenção. Esperamos exatamente quinze minutos, foi quando o sinal de volta aos quartos tocou, usamos ele para cobrir o som o portão elétrico abrindo. Descemos até o encanamento por uma escada do elevador. Entramos em um canal de esgoto principal e fomos até o fim, preparamos uma bomba improvisada, o som da bomba explodindo ecoou pelo esgoto inteiro. Pulamos para fora do esgoto, o sol batia em nossos rostos, já havia me esquecido daquela sensação. Outro alarme toca, os guardas já tinham sido avisados.

Corremos até a praia onde pegamos um velho bote, já estávamos comemorando quanto Fox para de falar, cospe sangue, e quando percebemos, ele havia levado um tiro nas costas, carregamos seu corpo até o bote. Dilan disse que o tiro era profundo, e possivelmente não sobreviveria, remamos até chegar em um litoral de uma cidade. No caminho Fox falava dos seus sonhos, de como queria encontrar sua filha Hingridy, de quatro anos, e nos fez prometer que cuidaríamos dela. Quando chegamos encostamos o bote e logo enterramos Fox. Dilan disse que tentaria arrumar a vida, ver a família e tomar um rumo diferente. Eu estava livre, poderia ter uma família, um emprego e uma vida normal.

  Agosto, 2025

Um ano e meio depois de minha fuga, surge uma notícia sobre o Anarlian. Sabia que um dia ou outro a notícia ia se espalhar. O local foi fechado e muitos foram presos. Finalmente ninguém iria mais sofrer o que sofri.

  Dezembro, 2025

Surgi uma doença, nada muito grave, uma simples derivação da gripe. Logo essa doença virou uma epidemia, os infectados pareciam alterados a maior parte do tempo. Foi quando eles perderam totalmente o senso racional e começaram a atacar as outras pessoas. Era quase impossível detê-los, mesmo depois de estarem feridos gravemente continuavam "vivos". A decisão do governo foi de isolar a cidade e impedir a saída de qualquer um. Poucos sobreviveram, boa parte destes, morreram por falta de mantimentos. Gangues, bandidos, estupradores e psicopatas surgiram, não havia o que fazer, sobreviver era a regra.


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