Virei para ver quem era e me assustei ao ver León ali parado me olhando como se não acreditasse no que estava vendo.

Nenhum de nós teve a coragem de dizer uma palavra sequer. Ficamos parados nos encarando sem saber o que dizer ou fazer.

A expressão dele era séria.

— L-León – minha vós saiu tremula.

— Você voltou? – ele disse em um tom tão baixo que eu quase não ouvi.

Eu não consegui responder. Não sabia o que dizer a ele.

— Pra que voltar depois de tanto tempo. – ele estava com raiva. Eu conseguia ver o ódio nos olhos dele.

Tentei dizer algo, mas não consegui.

Peguei minha bolsa e sai dali sem dizer nada.

— É só isso que você sabe fazer? Fugir sem dizer nada. – ele disse enquanto eu ia embora sem ter a coragem de olhar para trás.

Voltei pra casa praticamente correndo. Quando cheguei Olga já estava preparando o café. Não falei com ela. Fui direto para o quarto. Durante o caminho eu consegui reprimir o choro, mas quando cheguei ao meu quarto não consegui mais segurar as lagrimas que saíram sem controle.

...

Fiquei ali deitada e chorando por um bom tempo até que ouço batidas na porta.

— Pode entrar. – limpei meu rosto e esperei alguém entrar.

Surpreendi-me ao ver Francesca entrar em meu quarto.

— Oi, Vilu. – ela se aproximou, me olhou nos olhos e me abraçou. Eu não precisava dizer nada, porque ela sabia que eu estava sofrendo.

Francesca era uma das minhas melhores amigas. Nos conhecíamos desde muito pequenas. Éramos praticamente irmãs. E tínhamos a capacidade de nos comunicar apenas com o olhar.

— Eu senti tanta saudade. – ela disse ainda abraçada a mim.

— Eu também. – nos separamos do abraço e sentamos na cama.

Eu sabia que ela não perguntaria nada. Que ela iria apenas tentar me animar e isso me fazia bem. Saber que ela não me jugaria, não faria perguntas que me deixem desconfortável e que para ela não guardava magoa por eu ter “desaparecido” por três anos.

— Hoje, mais cedo, eu sai pra caminhar e acabei encontrando o León. – comecei a falar e ela apenas ouviu atentamente – Acho que ele não gostou de me ver.

— Não fala isso. Ele só deve ter ficado... surpreso. – ela tentou me animar.

— Parecia que ele estava com raiva de mim, entende?

— Mas você tem que tentar entender ele também. Depois que você sumiu ele ficou muito mau, só queria saber de você, saber o que tinha acontecido. Mas ai o tempo foi passando e ele foi desistindo de tentar entender o que aconteceu e depois de mais um tempo ele resolveu esquecer tudo.

— E parece que minha presença não vai ajudar ele a continuar esquecendo que eu existo. – fiquei chateada com a conclusão a que cheguei. – Mas talvez seja melhor assim. – tentei parecer melhor, mesmo sabendo que não conseguiria enganar minha melhor amiga. – Eu não sou mais a mesma e parece que ele também mudou muito. Então é melhor que as coisas fiquem como estão.

— Tem certeza? – ela me perguntou preocupada e eu apenas assenti com a cabeça e sorri fraco.

...

Narradora POV

Rever sua ex-namorada deixou León confuso. Todos os sentimentos que ele reprimia de repente estavam ali de novo. Ele não sabia como lidar com o amor que ainda sentia por Violetta.

Sozinho em seu quarto, pegou uma caixa onde guardava tudo relacionado à Violetta. Olhou as fotos que estavam guardadas e esquecidas há algum tempo.

Estava completamente envolvido com aquelas lembranças, mas foi interrompido pelo celular que começou a tocar.

Lara estava ligando. Mas ele não quis atender. E isso irritava muito sua atual namorada que era muito ciumenta e possessiva.

Desligou o celular e continuou conversando com as lembranças, mas novamente fora interrompido, desta vez por seu amigo Federico que bateu a porta de seu quarto.

— Entra! – León disse depois de guardar a caixa.

— Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa? – Federico perguntou assim que entrou no quarto.

— A Violetta voltou. – León esperou a reação do amigo que não ficou surpreso. – E parece que você já sabia.

— A Ludmila me contou, eu ia te contar, mas...

— Mas eu descobri sozinho.

— Um dia ela ia ter que voltar, né?

— Ela não escolheu uma boa hora pra isso. Porque ela não ficou onde estava. Assim todo mundo ficava feliz, concorda?

— Ela é minha amiga há muito tempo. E eu fico feliz que ela tenha voltado.

— Quer saber? Eu não ligo mais pra nada que esteja relacionado a ela. – León saiu do quarto com raiva e foi seguido por Federico.

— Não é o que parece. – Federico disse enquanto León saia de casa, contrariado.

...

— Que surpresa boa. – Lara abraçou e beijou o namorado que permaneceu parado na porta da casa dela. – Entra. – ela puxou-o para dentro.

— Não tinha nada pra fazer em casa então vim te ver. – ele forçou um sorriso.

— Aconteceu alguma coisa? Você está estranho. – Lara era extremamente esperta e observadora e também conhecia León muito bem.

— Não começa com essas paranoias. – León nunca contou a ela sobre Violetta, mas Lara sempre desconfiou que algo o perturbava. Ela sempre perguntava sobre o passado dele, mas ele sempre achava um jeito de fugir do assunto. – Acho que é melhor eu ir embora.

— Não! Fica aqui comigo. – ela o beijou e ele correspondeu.

...

No dia seguinte...

Violetta acordou cedo mais uma vez. Ela precisava ir a um lugar.

Levantou da cama e foi até o banheiro. Encarou por alguns segundos seu reflexo no espelho. Entrou no box e ligou o chuveiro, a agua estava morna, ela deixou a agua escorrer por todo o corpo, aquela sensação a agradava e a ajudava a preparar-se para mais um dia, que não seria fácil, como nunca era.

Depois de um banho relaxante ela voltou ao quarto procurou uma roupa confortável e vestiu-se. Fez a maquiagem simples que usava no seu dia-a-dia.

Tomou café com Angie e Julieta e depois saiu sozinha.

Ela estava indo ao cemitério, visitar o tumulo de seu pai. Só havia ido lá uma única vez no dia do enterro dele.

 Estava nervosa. No caminho passou em uma floricultura e comprou duas rosas brancas.

Chegou ao cemitério e foi direto para o tumulo de seu pai.

Ajoelhou-se e logo sua mente foi tomada por lembranças e uma lagrima escorreu por seu rosto.