Depois de três anos vivendo em Barcelona estou voltando para Buenos Aires, minha cidade natal.

Mudei-me para Espanha há três anos, após a morte do meu pai. Nesses últimos anos eu estava morando sozinha em um pequeno apartamento perto da faculdade onde eu estudo arquitetura, estou na metade do curso.

Neste exato momento estou em um avião com destino a Buenos Aires. Vou reencontrar minha família, minha tia Angie, minha irmãzinha Julieta e minha avó Angélica.

Minha mãe morreu quando eu era criança, então meu pai cuidou de mim com a ajuda da Angie e da minha avó. Essa convivência entre meu pai e a Angie fez nascer um sentimento que nenhum deles conseguiu controlar.

Eles até tentaram se afastar, mas o amor foi mais forte e depois de várias idas e vindas eles finalmente assumiram o que sentiam e se casaram.

Desse casamento nasceu minha irmãzinha Julieta. Faz muito tempo que não a vejo. Hoje ela já está com quatro anos.

Meu pai morreu há três anos em um “acidente” de carro.

Foi muito difícil perder o meu pai. Ainda mais tendo que me afastar de todos os meus amigos, minha família e principalmente dele, León.

Tive que ir embora porque estava correndo perigo em Buenos Aires. Fui ameaçada logo depois da morte dele.

Perdi o contato com todos os meus amigos. Quando me mudei não tive mais coragem de falar com ninguém, nem mesmo com minhas melhores amigas. Sei que Francesca, Camila e Ludmila me apoiariam, mas eu não quis e não pude contar nada a elas.

Agora tenho medo de reencontrá-los. Não sei como irão reagir à minha visita à cidade.

E não sei como eu irei reagir ao reencontrá-los.

Eu não pude nem me despedir deles. Tudo aconteceu muito rápido. Em poucas horas fiz minhas malas e embarquei em um voo com destino à Madrid, fiquei em um hotel por duas semanas e então fui para Barcelona e lá minha nova vida começou.

Várias lembranças vinham à minha mente e algumas lágrimas escorreram em meu rosto. Sequei-as rapidamente respirei fundo e logo adormeci.

As horas passaram muito rápido quando acordei o avião já estava pousando. Desembarquei, fiquei um tempo esperando a minha mala. Logo ouço uma voz conhecida.

— Violetta?! – Era Angie.

Não tive reação, só esperei ela vir e me abraçar. E foi exatamente isso que ela fez.

— Eu estava morrendo de saudade. – ela disse, com lagrimas nos olhos.

— Eu também. – foi a única coisa que consegui dizer.