A cor da felicidade escrita por FranHyuuga


Capítulo 2
Memorial


Notas iniciais do capítulo

Tive a alegria de passar para a segunda rodada! Agora, nesse novo capítulo, escrevi exatas 300 palavras seguindo o tema O TEMPO. Decidi dar sequência à drabble e espero, sinceramente, que vocês gostem.



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Quinze anos se passaram desde que minha mãe morreu. Àquela época, sendo apenas uma adolescente, precisei morar com meus tios até alcançar a maioridade. Apesar da acolhida, nunca realmente me senti pertencer à família deles.

Na verdade, já não lembro qual é o sentimento de pertencer a algum lugar. Será este apenas uma ilusão?

Quando me formei em jornalismo, desejava conhecer sobre quem escrevia e me aprofundar nos seus relatos ao produzir uma reportagem. O homem que devolveu dez mil reais ao dono; a mulher que agrediu seu assaltante; a criança desaparecida que reencontrou a família... Cada notícia preenchia as lacunas deixadas pela ausência dos meus pais e fazia-me não mais precisar ver a vida através de papel celofane colorido. Eu passei a vê-la através de outras pessoas.

— Helen, agora você estará responsável pelo obituário.

O desapontamento me atingiu ao ouvir o editor.

— Posso saber o motivo?

— Seu estilo narrativo não é adequado para notícias objetivas.

Entristeci-me com a crítica, mas mantive uma máscara de serenidade ao assentir. Ser realocada para uma seção pela qual poucos se interessavam em ler era como uma punição.

Uma semana foi suficiente para que o desconforto me vencesse. Descobri-me incapaz de escrever assertivamente sobre a causa mortis ou os parentes que alguém deixou. Eu precisava de mais informações; dar àqueles nomes um significado maior.

Fui às ruas, aos velórios, aos lares de quem partiu. Imaginei suas vidas, rotinas e aspirações. Então, escrevi. Dei-lhes a despedida que mereciam. Fiz do obituário seu memorial.

Numa quarta-feira nublada, no entanto, voltei a remexer aquela lembrança amassada em meu bolso.

— Ele foi alguém de quem todos sentirão falta. Quando estávamos tristes, dizia sorrindo: a felicidade é furta-cor.

Em choque, pressionei meu bloco de anotações entre dedos trêmulos. Estaria realmente prestes a desvendar quem me dissera tão marcantes palavras?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Embora não considere digna da vitória, estou feliz pela oportunidade de participar do concurso.

Agradeço o carinho de quem leu e comentou! Estou animada para voltar à ativa. :)

Reforço o convite para que leiam as histórias dos demais participantes. É muito bacana aprender com o talento uns dos outros.