Pokemon Esmeralda – Jornada Por Outros Olhos escrita por Eterno Ronin


Capítulo 4
Capítulo IV: Brawly POV


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Ficou maior do que o esperado. Brawly não é um dos líderes de ginásio mais marcantes, mas tem seu carisma.

"As pessoas não deviam viver o passado. É suficiente fazer o possível no presente." — Aya, Um litro de lágrimas.



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Brawly POV

Todas as manhãs quando acordo vou a praia observar o mar. Enquanto observava as ondas, uma pequena pétala de rosa amarela caiu do céu lentamente em minha direção. A agarrei e sorrir.

Olhando a pétala em minha mão, não pude deixar de lembrar-me de Greta. Sei que era impossível, mas quis acreditar que ela quem havia a mandando junto a um beijo. Enquanto minha mente e coração viajavam em memórias antigas, escutei alguém cantando:

— Cinco Zigzagoons foram passear, além das montanhas para brincar. Então encontraram o malvado caçador, e nenhum Zigzagoon voltou vivo de lá. A mamãe Zigzagoon foi os procurar e acabou morrendo também. – Me virei e encontrei uma jovem mulher de longos cabelos verdes e vestido azul marinho. Ela usava uma bandana azul estampada com o símbolo da equipe Aqua. Era realmente muito bela.

— Cançãozinha meio macabra essa – disse para a desconhecida de cabelos verdes.

— Verdade. Prefiro essa outra: Bidoof, Bidoof, grande família Bidoof... – começou a cantar e parou.

— Já escutei essa musica da família Bidoof em algum lugar, não lembro onde. Veio me desafiar para uma batalha? – Perguntei, já que não conseguia imagina outra razão para a presença dela.

— Não. Só quero conversar. Te chamam de Brawly punhos de veludo, por quê? – Era uma pergunta bem indiscreta e direta, mesmo assim não tinha motivos para não responder.

— Não gosto de ser chamado assim. Fui discípulo de Bruno, um dos membros da elite dos quatro de Kanto. Nunca nos dermos muito bem. Como forma de chacota, ele me deu esse codinome – respondi com sinceridade.

— Dizem que você não evolui seus pokémons, algo raro entre os líderes de ginásio.

— Se eu os evoluísse ficaria muito fácil vencer e perderia a graça – dessa vez não fui tão sincero.

— Não gosto muito de batalhas. Uso meus pokemons em combate apenas quando é inevitável. Não entendo bem qual a graça disso tudo.

— Só me sinto vivo quando estou batalhando ou surfando. – Somente quando eu fazia uma dessas coisas conseguia esquecer do passado.

— Acho que necessitamos lembrar constantemente que estamos vivos, por isso temos sonhos. Afinal, para que serve um sonho, além de provar que estamos vivos? – Aquelas palavras possuíam uma estranha lógica.

— O que você falou até faz sentido. Quando um sonho morre, uma parte do coração morre junto. – As lembranças de Greta umedeciam meus olhos.

— Quando amamos alguém nosso coração sempre se desgasta. As vezes ser amado também machuca, não que eu esteja habituada a isso. Pois bem, caso encontre algum membro da equipe Magma ou até mesmo outro da equipe Aqua como eu, não se envolva com eles. Você logo será desafiado por um garoto chamado Brendan, a batalha com ele deve entretê-lo o suficiente para sentir-se vivo – me alertou e foi embora, me deixando sozinho com minhas lágrimas e memórias. As palavras daquela mulher pesaram em meu coração.

Levei a pétala de rosa que tinha pego até os lábios beijando-a, depois a sobrei ao vento. "Leve esse beijo até Greta", murmurei em meu coração.

Peguei minha prancha e me joguei no mar. Talvez ame tanto surfar, pois quando estou no mar minhas lágrimas se confundem com a água salgada, digo a mim mesmo que não estou chorando e tento acreditar.

Depois de pegar umas ondas voltei para a escuridão do meu ginásio. Não era eu quem merecia ser GymLeader de Dewford, por isso tirei a iluminação interna do meu ginásio. Não mereço holofotes. Quero apenas batalhar, sem nunca ter a glória de um verdadeiro GymLeader. Como desculpa sempre disse que a escuridão era um desafio extra de meu ginásio. O que eu mais gostava era que cada desafiante era anunciado junto a um vislumbre de luz, além disso, no escuro ninguém consegue vê as minhas lágrimas.

— Que lugar escuro. Esqueceu de pagar a conta de luz? – Um desafiante apareceu. Era um garotinho baixo de cabelos negros em forma de cuia, deveria ter por volta de 10 anos. Ao seu lado estava um Mudkip.

— Por acaso você é o Brendan de quem ouvi fala? – Ele balançou a cabeça em negativo. – Logo vi que não era. Se considera apto a me desafiar?

— Já nasci pronto para batalhar – respondeu confiante.

Aproximei-me do garoto e o soquei levemente no rosto. Ele caiu no chão chorando e seu Mudkip fugiu assustado.

— Ainda considera-se apto a me desafiar? – Talvez eu tivesse usado força demais. Ele tampava o olho roxo com uma mão e parecia ter lascado um dente. Por um momento quis me desculpar com ele e ajudá-lo a levanta-se.

— Po... Por que fez isso? – perguntou com a voz tremula.

— Se não é capaz de suportar um soco meu, não merece batalhar comigo. A dor que seu pokémon sentira será centenas de vezes maior que essa, os golpes que o mundo lhe dará em sua jornada serão milhares de vezes piores que esse, quando perder alguém que ama a dor será infinitamente maior do a que sente agora. Só volte a esse ginásio no dia em que puder aguentar um soco como o que dei-lhe. – Chorando aquele menino deixou meu ginásio. Torci para que ele crescesse forte e um dia retornasse para me desafiar novamente.

— Espero que levar um soco na cara não seja um requisito para consegui sua insígnia. – Olhei para trás e vi no centro da arena de batalha um garoto de bandana verde. Estava tão concentrado que sequer havia notado a entrada deste outro desafiante.

— E se for? – perguntei ansioso pela resposta.

— Nesse caso levarei quantos for preciso, mas te devolverei dez vezes cada soco que me der. – Aquelas palavras soaram quase como um desafio. Fiquei tentado a deixar os pokémons de lado e resolver com ele no mano a mano, infelizmente existem regras que não permitem isso.

— Você deve ser o Brendan. Quero que conceda-me uma batalha memorável. – Ergui minha pokebola. Não fui capaz de controlar minhas expectativas.

— Como me conhece? Tanto faz. Quero apenas sua insígnia. Ainda tenho dar uma de carteiro e entregar uma correspondência a alguém. – Brendan ergueu e apontou uma pokebola em minha direção.

— Faremos uma batalha de dois contra dois. O entregarei a insígnia de articulação se vencer. Agora é hora de me sentir vivo!

No momento em que a batalha começaria, Cedric, filho de um pesquisador que morava na ilha, apareceu correndo em meu ginásio. Foi bastante inconveniente. Não tivemos tempo nem de arremessamos as pokebolas.

— Brawly! Socorro! Uns caras maus entraram na minha casa e levaram o papai embora – gritou desesperado. Cedric era um bom rapaz, educado e sempre pareceu ter admiração por mim. Apesar deu sempre tentar parecer durão, não consegui deixar de demonstra simpatia para com ele.

— Sabe quem eram ou para onde foram? – perguntei preocupado.

— Eles usavam capuzes vermelhos e acho que falaram algo sobre a Granite Cave. Por favor, não deixe eles machucarem meu pai!

Ficou claro que se tratava da equipe Magma. Aquela mulher aconselhou-me para não me envolver com aqueles malucos. Se não dei ouvidos ao Bruno quando ele disse para me distância de Greta, porque faria o que aquela mulher mandou?

— Espere aqui no ginásio. Irei atrás de seu pai e...

— Hey – interrompeu Brendan. – Não está esquecendo de nada? Achei que teríamos uma batalha – a forma como ele falava não demonstrava nenhuma preocupação com Cedric e seu pai.

— Precisam da minha ajuda. Não pedirei que me acompanhe, só não espere que eu ignore um pedido de ajuda. Certa vez uma garota me ensinou que só há sentido ser forte quando se tem alguém para proteger. – Greta quem ensinou-me isso.

— Será que todos os GymLeaders são tão diferentes do meu pai? – murmurou Brendan com uma expressão triste, quase irritada. – Vá salvá-lo.

— Você pareceu-me um bom treinador. Não quer vim junto? Usar a força de seus pokémons para proteger um inocente?

— Não sou um herói. Já disse que quero apenas sua insígnia. Apenas trate de volta vivo para batalhamos. – A resposta dele desapontou-me.

Deixei Cedric e Brendan e seguir rumo a Granite Cave. Conhecia aquela caverna como a palma da minha mão. Ao escutar algumas vozes me escondi atrás de uma rocha.

— Diga tudo o que sabe sobre a jóia dos milagres, ou minhas meninas vão fazer picadinho de você – Ergui minha cabeça por cima da rocha e vi uma mulher segurando três Mightyenas com correntes. Ela usava uma mini blusa vermelha com capuz que encobria parte dos cabelos roxos, a saia era tão curta que deixava parte da virilha e a calcinha (vermelha por sinal) à mostra.

— A pedra dos milagres é um conto de fadas para crianças! Quantas vezes terei que dizer? – era a voz do Dr. Cide, pai de Cedric.

— Conto de fadas ou não, diga logo o que sabe! Quer tanto assim virá almoço das minhas meninas? Não me importarei em conceder seu desejo – ameaçou a mulher.

— Já disse que é um conto de fadas e que não sei nada! Não conseguem entender isso seus malucos? Vocês são todos loucos! Não vem o quanto o plano de vocês é idiota? O que esperam conseguir secando toda água do mundo? – gritou Dr. Cide em desespero e fúria. Ergui novamente minha cabeça e vi que dois capangas da equipe Magma o seguravam, fora eles e a mulher das Mightyenas, havia um homem de cabelos grisalhos que iam até seus ombros, usando um longo jaleco vermelho e negro, com o símbolo da equipe Magma.

— Eu te admiro Cide, não apenas por seu trabalho como pesquisador – disse o homem de cabelos grisalhos. – Após a morte de sua mulher você abriu mão de suas pesquisas para dedica-se ao seu filho. Não seria uma pena caso algo aconteça com ele?

— Deixe Cedric fora disso! – gritou e parecia está a ponto de chorar.

— A equipe Magma possui alguns membros muito maus. Eles adorariam arrancar os dedinhos do seu filho e depois fazê-lo os engolir. E isso seria apenas o começo. O que é mais importante para você, manter alguns segredos guardados ou seu filho? – Cide começou a chorar como uma criança.

— Não faça mal ao Cedric. Eu conto tudo. Só o deixem fora disso, eu imploro! – suplicou. Os guardas que o seguravam e a mulher de saia começaram a rir.

— Olha como ele chora. Aposto que ele também dá de mama para o filho. Fracote – zombou a mulher de cabelos roxos.

Era minha hora de agir. Peguei uma pokebola e preparei-me para atacá-los de supressa.

— Uau! Olha só o quanto aquela mulher é bonita! Principalmente com esse uniforme – disse Brendan em voz alta, acabando com todo efeito supressa. Não sei se ficava feliz por ele ter vindo me ajudar ou irritado por ele ter me atrapalhado.

— Idiota! Eles te ouviram! – gritei e arremessei a pokebola de meu Machop.

— Devorem esses dois meninas! – A mulher soltou as correntes e as Mightyenas correram em nossa direção.

— Vamos arrasar Combusken. É hora das chamas dançarem! – Brendan lançou a pokebola e seu Combusken surgiu ao lado do meu Machop.

— Machop use Mega Soco! – ordenei o ataque.

A Mightyenas mordeu com selvageria o punho de meu pokémon enquanto as outras duas pularam em cima dele o mordendo pelas costas. Elas atacavam de forma selvagem e implacável, pareciam literalmente quererem devorar meu Machop. Tenho até medo de imaginar que tipo de treinamento elas tiveram. Estava prestes a retornar meu Machop quando o Combusken de Brendan usou Duplo Chute jogando duas das Mightyenas para longe, possibilitando que meu Machop se defendesse da outra com Mega Soco. Mesmo após vários ataques a Mightyena não o soltava. Então mais uma vez Combusken foi ao socorro de meu pokémon chutando a Mightyena nas costelas e assim libertando meu Machop de suas presas.

— Imprestáveis! Levantem! – a mulher da equipe Magma cuspiu em cima de uma das Mightyena caídas depois a chutou. As três então se levantaram todas rosnando furiosas.

— Pelo visto você é linda só por fora – disse Brendan ironizando.

— Beleza interior é só um consolo para mulheres feias. Despedacem esse pinto de fogo e o treinador dele! – As três Mightyenas encurralaram Brendan e seu Combusken. Os outros membros da equipe Magma fugiram para o fundo da caverna levando Dr. Cide com eles.

— Hey Brawly. Poderia nos deixar a sós um momento? Quero ensinar umas coisinhas para essa Bad Girl. Enquanto isso que tal você ir regatar o pai daquele garoto? – propôs Brendan.

— Boa sorte com ela. Seja um cavalheiro. Quem sabe isso não torne ela uma dama. – Corri junto com meu Machop para o fundo da caverna escura.

O fim da caverna era iluminado pelo fogo de duas torças. Os dois capangas da equipe Magma passaram correndo por mim assustados. Dr. Cide estava amarado no chão com um olhar perplexo, o homem de cabelos grisalhos olhava maravilhado para a imagem entalhada na parede da caverna. Parecia ser o lendário pokémon dragão Rayquaza enrolando o planeta inteiro com seu corpo e devorando a lua. Notei mais uma pessoa na escuridão. Usando um longo manto esfarrapado cinza. Quando ele aproximou-se da luz das chamas vi seu rosto. Um incontrolável medo aprosou-se de mim e quis desesperadamente fugir, mas meus pés não se moveram. O homem naquele manto cinza era Steven, o Desalmado, antigo Campeão de Hoenn.

— Por favor, saiam da caverna. Quero ficar sozinho. – Aquela expressão indiferente, seus olhos cinza e vazios, até os cabelos prateados, a própria presença daquele homem era intimidadora. Seu tom de voz foi suave, mesmo assim sentir que cada uma de suas palavras eram como trovões.

Apenas treinadores muito corajosos ou muito idiotas atreviam-se à enfrentar Steven. Quando ele era Campeão, todos que passaram pela elite dos quatro e o desafiaram tiveram seus pokémons feitos em pedaços. A cada nova batalha o salão do Campeão era tingido por sangue. Sua personalidade fria como aço e a completa indiferença pela vida de seus oponentes, lhe renderam a alcunha de desalmado. Embora Wallace esteja longe de ser um treinador honrado, todos ficaram aliviados ao saberem da renúncia de Steven. Agora estou diante dele, aquele que tem uma pedra no lugar do coração e existe um abismo de diferença entre nossas forças.

— É um prazer conhecê-lo, Steven Stone – disse o homem de cabelos grisalhos. – Permita apresentar-me. Sou Magnus, cientista da equipe magma e braço direito do líder Maxie. – Magnus curvou-se em sinal de referência.

— Deixem-me sozinho – as palavras de Steven eram cortantes como uma espada.

— Dizem que a jóia dos milagres foi selada nesta caverna. Também está a procura dela Steven-kun? – perguntou Magnus ignorando o perigo.

— A jóia dos milagres é a história de um livro infantil, não existe. É a última vez que pedirei para irem embora, ou farei vocês em pedaços. – Diante daquela ameaça, retornei meu Machop para a pokebola, coloquei o Dr. Cide nas costas e me preparei para correr. Foi quando Magnus arremessou uma pokebola e um Machamp imenso com braços grotescos e desiguais cheios de músculos, apareceu.

— Utilizo pokémons geneticamente modificados. Nem mesmo você é páreo para o poder da ciência, Desalmado-kun. Use Mega Soco. Agora espécime 0642. – Os punhos do imenso Machamp começaram a brilhar e o imenso pokémon jogou-se na direção de Steven. O Antigo Campeão de Hoenn lançou uma pokebola e a morte saiu de dentro dela, a morte na forma de um Skarmory. As asas de metal dele brilhavam iluminadas pela luz das chamas, essas asas de metal cortaram o corpo do Machamp como se fosse feito de sabão. Magnus observou boquiaberto seu pokémon desfazer-se em vários pedaços.

— I... Incrível! – gritou Magnus eufórico. – Todo esse poder! É a própria definição de perfeição. Por favor, deixe-me examiná-lo. Desalmado-kun, você é ainda mais poderoso que nas histórias. Quero examinar seus pokémons. Quero recriar essa mesma perfeição! – Aquele cientista maluco tinha enlouquecido de vez.

— Morram – disse Steven e seu Skarmory lançou centenas de penas de metal em nossa direção.

— Greta... – Foi esse nome que veio em minha cabeça quando todas aquelas laminas vieram em nossa direção. Greta... Nunca deixei de amá-la.

Nasci na região de Kanto. Meus pais eram ricos empresários, que sempre deram-me tudo que os pedia, menos amor. Devido a ausência dos meus pais, me envolvi com más companhias, deixei de frequentar a escola, entrava em brigas por qualquer motivo etc... Chegou num ponto que meus pais já não conseguiam mais lidar comigo e mandara-me para ser disciplinado por um amigo da família, Bruno, membro da elite dos quarto e especialista em pokémons lutadores.

Nunca esquecerei o momento que conheci Bruno. Fui recebido com o soco mais forte que já levei na vida. Foi a primeira e última vez que ele me bateu. Enquanto eu cuspia sangue Bruno disse que se eu não fosse capaz de suportar aquela dor não merecia ser um treinador. "Isso não é nada comparado ao que um pokémon sente, não se esqueça disso" estas foram as palavras Bruno. Após isso recebi das mãos dele meu Machop. Além de mim Bruno tinha outra aprendiz, uma garota loira chamada Greta.

Meus primeiros dias de treinamento consistiram basicamente em lavra louça, roupas, pokémons, a casa e o carro de Bruno. E ele não gostava que eu esfregasse, sempre dizia: "círculos com a mão esquerda, círculos com a mão direita". Como ele falava que Greta andava meio estabanada, sobrava para mim todas as atividades domesticas. Não me sair tão mal para alguém que nunca antes havia lavado um prato na vida. Bruno exigia que treinássemos junto aos nossos pokémons. "Um pokémon tem a força do seu treinador. Se quer um pokémon forte você também precisa ser". Todos os dias após fazer o serviço de casa, Greta e eu lutávamos, melhor dizendo, Greta me dava uma surra. Nunca imaginei que uma garota pudesse ter tanta força. Com o passar dos dias, cada vez eu apanhava menos de Greta, até o dia que conseguir lutar de igual para igual com ela, depois disso paramos de trocar golpes e começamos a trocar beijos e carícias. Aquela foi a época mais feliz da minha vida. Nunca precisei de varias coisas, uma casa grande e muito mais dinheiro do que seria capaz de gastar. O que eu sempre busquei foi alguém que gostasse de mim e não se importasse de passar seu tempo comigo, Greta era esse alguém.

— Por que está aqui treinado com o Bruno? – indaguei Greta certa vez.

— Quero melhorar minhas habilidades como treinadora e torna-me GymLeader. Meu pai já foi líder de ginásio, mas uma garota usando alguns truques psíquicos derrotou ele e seus discípulos, depois fundou seu próprio ginásio e roubou o título de GymLeader de saffron do meu pai. Meu sonho e derrotar essa tal garota e recuperar a honra de minha família. – Infelizmente Greta nunca teve a chance de realizar seu sonho.

— Você será a maior GymLeader do mundo inteiro, tenho certeza disso, querida. – Dei um beijo na testa dela e a abracei. Se soubesse quão curto nosso tempo juntos era, teria a abraçado e beijado muito mais.

Com o passar dos dias Greta parecia ainda mais estabanada que o de costume. Tropeçando por ai, deixando objetos caírem, sua coordenação motora também diminuiu. Após uma queda um pouco mais grave, Greta foi hospitalizada e recebeu a pior notícia de toda sua vida, ela havia sido diagnosticada com Atrofia Espinocerebelar, uma doença degenerativa e progressiva, que não tem cura. Prometi a mim mesmo que não a abandonaria neste momento tão difícil. Tentei ser forte por nós dois. Nunca chorei na frente de Greta ou de qualquer outra pessoa. Mesmo sabendo que sua doença era incurável, eu dizia a mim mesmo que ela ficaria bem e tentava acreditar.

Uma GymLeader da região de sinnoh chamada Gardenia, certa vez disse que somos todos como flores, nascermos, crescemos e florescermos, acreditamos que os dias de glória e beleza duraram para sempre, mas então murchamos. Foi exatamente isso que aconteceu com Greta. Movimentar seu corpo ficou mais difícil a cada dia. Sempre que saiamos juntos as pessoas olhavam para o jeito dela andar e cochichavam entre si. Os olharem sem coração das pessoas em volta deixaram Greta ainda mais retraída. Ela levava bastante tempo para tarefas simples como vesti-se ou escovar os dentes. Com o tempo ela não conseguia mais usar talheres, eu tinha que corta sua comida e alimentá-la. Peguei dinheiro emprestado dos meus pais para comprar uma cadeira de rodas elétrica para Greta. Fiz tudo que podia para que ela não se sentisse tão mal, ainda assim, sinto que não fiz o suficiente. Inevitavelmente Greta deve que ser internada. Todos os dias eu ia visitá-la com um sorriso no rosto, todos os dias eu chorava ao voltar para casa. Ela não merecia passar por aquilo. Uma garota com tanto pela frente...

No hospital havia um médico novato que falava com a Greta como se fosse um retardado. Quando tive a chance disse o seguinte para ele:

— Você deveria estudar mais. Greta pode está doente e não consegui falar nem movimentar o corpo direito, mas a mente dela é igual a nossa. Não a trate como se fosse uma criança de 2 anos. Se machucar o coração de Greta com uma palavra sequer, vou machucar a sua cara com meus punhos. – Ensinei uma bela lição aquele médico.

Os dias voavam. Grete esforçava-se na fisioterapia e eu continuava com meus treinos junto do Machop. Foi quando após muito tempo Bruno veio nos ver. Nosso último encontro ficou gravado para sempre em mim.

— É melhor que você distancie-se de Greta – alertou-me Bruno, na última vez que nos encontramos cara a cara.

— Nunca – respondi sem pensar duas vezes.

— Precisam de um bom treinador para comandar o ginásio de Dewford em Hoenn, te indiquei para assumir o posto. É uma oportunidade rara, talvez não haja outra.

— Quem sempre sonhou em ser GymLeader foi Greta, não eu. Agora esse sonho é inalcançável para ela. Não a abandonaria. Tenha certeza disso Bruno.

— Você é um bom garoto que tenta dar uma de durão, por isso te chamo de punhos de veludo. Eu sabia desde o começo que não aceitaria separasse de Greta, mas preste atenção. Você ainda é jovem e não conhece seus limites. Esteja ciente das dificuldades que estão por vim. Permaneça ao lado de Greta e cuide bem dela – Bruno tirou uma caixinha do bolso e jogou para mim, a abrir e haviam duas alianças nela. – Faça Greta feliz e não esqueça de me convidar para o casamento, só não quero ser padrinho, essas alianças já me custaram muito, não vou dar mais presente caro. – Abracei Bruno com todas as minhas forças.

Corri eufórico para o quarto de Greta. Iria a pedir em casamento naquele mesmo momento. Chegando onde ela estava a encontrei no chão, preocupado me aproximei, então ela gritou mandando que eu fosse embora.

— Não chegue perto de mim! Vá embora! Por favor... Não me veja assim. – Ela começou a chorar e notei que o chão embaixo dela estava molhado.

Por sorte uma enfermeira chegou e conduziu-me a saída. Não soube como reagir naquele momento, mas não deixaria aquilo abalar minha convicção. Após uma hora voltei para ver Greta, as alianças estavam no meu bolso.

— Olá. Como se sentir hoje? – perguntei assim que a vi.

— Como acha que estou? – respondeu ranzinza.

— Desculpe. Bem, tenho um pedido à te fazer hoje, acho que vai animá-la.

— Eu também tenho um pedido para te fazer... Pare de vim me visitar – essas palavras doeram mais que qualquer golpe que já levei.

— Gosto de vim te visitar e não é nenhum incomodo para mim...

— Sua presença incomoda a mim – interrompeu-me. – Sempre sorrindo como um idiota, agindo como se tudo fosse ficar bem, mas não vai ficar!

— Mas... Greta... Eu te amo, por isso tento te animar e venho te visitar. – Ela riu forçadamente ao me ouvi.

— Seu idiota. Eu não consigo nem ir mais ao banheiro sozinha! Como pode amar alguém assim? Não preciso que tenha pena de mim!

— Não tenho pena de você, eu realmente gosto de você!

— Deveria ter sido você... Essa doença... Deveria ter sido você a tê-la não eu. Você é só um mauricinho idiota que acha que entende a dor dos outros. Eu te odeio. Nunca mais venha me ver. Me sinto mal a cada visita sua. Eu te odeio! Vá embora e nunca mais volte! – Greta chorava, quando as lagrimas começaram a fluir em meus olhos, eu partir.

Daquele dia em diante minha entrada no hospital foi barrada. Nunca mais vi Greta. Tudo que restou foi aceitar a oferta de vim para Hoenn e ser GymLeader. Ainda guardo as alianças que Bruno me deu. Todos os dias pergunto-me sobre as palavras de Greta, ela realmente sentia aquilo ou só não queria que eu ficasse preso a ela? Acho que levarei essa duvida para o túmulo já que estou prestes a virá picadinho.

As plumas de metal vieram em nossa direção como fechas, mas era como se uma parede invisível nos protegesse. Nenhuma lâmina nos acertou, nem mesmo Magnus foi ferido. No começo achei que fosse um milagre, então aquela mulher de cabelo verde apareceu ao lado de um Milotic.

— Quem diria que Proteção seria uma ataque útil um dia. Tenho que parar de ficar salvando as pessoas, se não me engano sou da equipe dos vilões – brincou ela.

— Que caverna agitada, não? – disse Brendan que tinha acabado de aparecer.

— Como derrotou a garota das Mightyenas? – perguntei-o.

— Quem disse que derrotei... – Uma das Mightyena pulou em mim me derrubando no chão em cima do Dr.Cide. A selvagem pokémon canina enfincou os dentes em meu braço, por sorte mais uma vez a Aqua Girl salvou-me ordenando que seu Milotic usasse Jato d'água jogando a Mightyena para longe.

— Arranquem pedaço por pedaço desses idiotas, começando pelo garoto de bandana verde! – Ordenou a Magma Girl as suas pobres Mightyenas.

— Não se preocupe Brawly. Eu tenho um plano! – Brendan arremessou uma pokebola e um Poochyena saiu dela. – Vento Cinzento use Atração! – O Poochyena piscou e deu um rosnadinho para as Mightyenas... Não foi muito efetivo e nos restou sair correndo, até o Dr. Cide nos seguiu pulando, já que ele ainda estava amarrado. – É impossível! Como o Atração não funcionou? Elas são fêmeas, deveriam está apaixonadas pelo Vento Cinzento! – gritou Brendan enquanto corríamos.

— Acho que ele não faz o tipo delas!

Do nada as Mightyenas pararam de nos seguir e fugiram. O alívio durou pouco, elas estavam fugindo de Stevan que vinha em disparada na nossa direção com seu Skarmory. Agora nos quem estávamos correndo atrás das Mightyenas.

— Por que esse cara está perseguindo agente?! – Brendan perguntou enquanto corríamos a uns 300km por hora.

— Não estou os perseguindo, estou fugindo dele – o próprio Steven respondeu, atrás dele vinha Magnus.

— Desalmado-kun, deixe eu examiná-lo e ao seu pokémon! Prometo que serei gentil. – Magnus perseguia Steven como se ele fosse um cheque de um milhão de pokedólares.

— Estão apostando corrida numa hora dessas?! – A Aqua Girl de cabelos verdes falou indignada. Não a culpo, realmente parecia que estávamos apostando corrida. Era do Dr. Cide que eu mais sentia pena, mesmo amarrado ele conseguia nos acompanhar.

— Minhas meninas estão na frente! Isso faz de mim a vencedora – A Magma Girl vangloriou-se.

— Vou acabar com essa loucura. Milotic use Raio de Gelo no chão da caverna! – A esverdeada colocou moral.

De repente o chão sobre nossos pés ficou escorregadio e não conseguimos manter o equilíbrio. Escorregamos e caímos uns por cima dos outros, exceto Steven e seu Skarmory que aparentemente sabiam patina.

— Desalmado-kun a cada momento você fica mais incrível! Poderia ser um patinador profissional! – Até por baixo de três Mightyenas, com a testa sangrando e possivelmente com ferimentos internos, Magnus continuava obcecado por Steven. Em contraparte Steven tratou de patinar para bem longe dele.

— Estão todos bem? – perguntei.

— Sim essa coisa macia amorteceu minha queda e a dos meus pokemons. – A coisa macia que Brendan se referia era o Dr. Cide.

— Suas inúteis! Levantem-se e arranquem membro por membro desses idiotas! – Magma Girl ordenou a suas Mightyenas.

— Tenho pena dessas suas Mightyenas. Nenhum pokémon merece ter uma treinadora tão cruel e ruim – a esverdeada botou moral mais uma vez.

— Sua invejosa! Meninas, arranquem os peitos dela a denteadas! Aposto que nem naturais são! – Magma Girl mandou irritada suas Mightyenas atacarem.

As três pokémons caninas aproximaram-se prestes a atacar. A misteriosa garota de cabelos verdes simplesmente olhou em silêncio para as Mightyenas e elas voltaram-se contra sua mestre. As três atacaram a Magma Girl arrancando-lhe tiras de carne e cortado todo seu corpo com suas presas. Virei meu rosto, para não ver tal cena, o que não impediu que eu escutasse os gritos de dor, agonia e desespero. Deixaram-a irreconhecível.

— Esse poder... Impossível... Não... Não, não, não! – O que Magnus sentiu pela Aqua Girl foi totalmente o oposto do que pelo Steven. Ele fugiu desesperado para fora da caverna.

— Chamem uma ambulância, ou essa garota vai morrer – disse Steven, ele até parecia preocupado com a garota que foi atacada pelas próprias Mightyenas.

— Não era você quem até pouco tempo queria matar todos nós? – perguntei-o. Era no mínimo irônico.

— Não queria machucar ninguém, só ficar sozinho – respondeu ingenuamente.

— Terá o que quer. Vamos embora daqui. – Aqua Girl disse e caminho para a saída, mas caiu como se estivesse sem forças para caminhar. Brendan correu na direção dela e a ajudou a levanta-se.

— Você me lembra alguém garoto – Steven disse para Brendan.

— Seria Norman, o GymLeader de Petalburg?

— Não. – Steven montou em seu Skarmory e partiu voando para fora da caverna.

Desamarei o Dr. Cide e olhei em volta da caverna.

— Nunca mais volto aqui enquanto viver...

Saímos todos de lá. Deixamos a Magma Girl no pronto socorro, as Mightyenas dela fugiram por ai. Cedric recebeu o pai com um grande abraço e os dois nos agradeceram muito. A garota de cabelos verdes deu o fora antes que pudéssemos a agradecer por tudo. Restou apenas Brendan e a mim. Ficamos juntos sentados na areia da praia observando o sol se pôr.

— Festinha louca aquela na caverna. Me chame quando for fazer de novo.

— Isso será nunca. E você nem queria ir comigo no começo.

— Eu iria de um jeito ou de outro. O presidente das indústrias Stone pediu-me para entregar uma carta a seu filho. Ele disse que o filho estaria naquela caverna pesquisando sobre rochas. Uma pena que não o encontrei. Provavelmente ele fugiu ao ver aqueles criminosos.

— Si...sim, ele deve ter fugido de la. – Não quis revelar que o filho do presidente Stone era Steven.

— Ainda quero a minha batalha, mas se quiser pode só entregar a insígnia que eu vou embora. Aposto que está tão cansado quanto eu.

— Você mostrou certa habilidade na caverna, mas isso não é o suficiente. Vamos batalhar! – Lanchei a pokebola de meu Makuhita, aquele pokémon havia pertencido a Greta.

— Conquistaremos nossa segunda insígnia de frente ao mar Combusken! Hora da dança! – Brendan lançou sua pokebola e sem perder tempo Makuhita e Combusken começaram a lutar e a tocar ataques.

— Vamos acabar logo com isso. Mega Soco Makuhita! – Meu pokémon correu em direção de Combusken.

— Seja forte e inabalável como um rochedo! – Gritou Brendan ao seu pokémon.

Para minha supressa Combusken ficou parado e suportou o ataque, em seguida usou Duplo Chute, acertando o primeiro na barriga de Makuhita e o segundo em sua cabeça o nocauteando.

— Mesmo perdendo você fez um bom trabalho Makuhita, Greta de orgulharia de você – o retornei para a pokebola.

— Quem é essa Greta? – perguntou Brendan.

— Ela quem realmente merecia ser líder de ginásio. Esse Makuhita originalmente pertenceu a ela. Não evoluir ele nem meu Machop, por me lembrarem da época em que conheci Greta – Respondi com sinceridade.

— Você é apegado demais ao passado. Olhe para o amanhã, não para o ontem. Nada vai mudar o que passou. O rumo de nosso futuro é traçado no presente, por isso não tenha medo de mudanças ou de falhar. A vida é assim.

— Quem diria que você fosse capaz de dizer coisas tão profundas. – Rimos os dois.

— E que estou cansado de apenas esperar que as coisas mudem, por isso sair em jornada, bem... O principal motivo foi para conhecer garotas. – Como esperado de Brendan.

— Está destinado a alcançar o topo, mas saiba que para chegar lá haverá perdas. – Joguei até ele a Insígnia de Articulação. Brendan a aparou no ar e sorriu.

— Não almejo chegar ao topo e mesmo que eu perca coisas e pessoas preciosas, isso é inevitável. O importante é aproveitar cada momento como se fosse o último, pois pode muito bem ser. Se eu fosse você parava de lamentar o passado e viveria o agora. – Brendan foi embora ao lado de seu Combusken, nenhum dos dois olharam para trás.

Recuperei meus pokémons peguei minha prancha de surf e juntos fomos formos para o mar. O céu estava banhado por incontáveis estrelas. Não importa em qual lugar do mundo estejamos, a luz das estrelas é a mesma. Todos os dias pergunto-me sobre as últimas palavras de Greta para mim. Quero encontrá-la de novo e fazer aquele pedido que não tive chance, nem me importarei de chorar na frente dela.

— Greta! Vamos nos reencontrar, eu prometo! – gritei para as estrelas do céu, sentir que Greta também estava as observando.

"Estarei de esperando, Brawly"

Por um momento pensei ter ouvido a voz de Greta.


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Notas finais do capítulo

Greta é originalmente um membro da batalha da fronteira em Pokémon Emerald e no anime também. Na fic ela possui uma doença real. O drama e também o livro Um Litro de Lágrimas contam a história real de Aya, uma garota diagnosticada com essa mesma doença, recomendo a todos.

Fica à interpretação pessoal o que acontecerá com Brawly e Greta, e se as palavras que ela disse a ao Brawly eram sinceras ou não. Caso eu faça mais para frente na fic o arco da batalha da fronteira, o que é pouco provável, a Greta pode ou não aparecer, tudo depende da opinião dos leitores.

No próximo capítulo teremos uma nova aparição de um personagem muito querido, ao menos por mim rs

Ps: A musica Grande Família Bidoof é uma paródia de Grande Família Dango feita pelo Dark Zoroark. Créditos aos autores da música original e a ele.



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