Pequeno Parafuso escrita por Piper White
Notas iniciais do capítulo
Oi pessoal, voltei!
Segue aqui mais um capítulo de Pequeno Parafuso. Vocês vão notar que andei dando uma boa pesquisada para escrever esse capítulo hahahah.
O casamento tradicional japonês que tentei reproduzir foi a cerimônia xintoísta, e vocês podem encontrar fotos e vídeos, bem como explicações em páginas como Japão em Foco, etc. Ao fim do capítulo tem as notas de rodapé!
Boa Leitura!
A rua inteira estava repleta dos sons de flautas e tambores que permeavam o ar quando o casal de noivos entrou no templo. A jovem usava branco da cabeça aos pés, o lindo kimono com detalhes de pinheiro dourados e o grande chapéu redondo, o wataboshi, cobria o cabelo ricamente adornado. O rapaz usava uma bela hakama com os símbolos da família Hyuuga e o longo cabelo escuro descia pelos ombros, preso ao meio do comprimento sem enfeites.
“Ele é a sua cara, Neji.”
Neji grunhiu ao lado de Tenten. Ela usava um kimono de festa cor de rosa-claro com um dragão dourado bordado no obi vermelho, o cabelo preso enfeitado com um lindo kanzashi florido. Neji olhou outra vez para o enfeite de cabelo e lembrou do dia em que a dera de presente, um pouco depois de noivar secretamente.
Keiko e Haruhi estavam completando o cerimonial após a purificação. Em três copos de tamanhos diferentes, tomavam sake. Céu. Terra. Homem. E foi quando eles se levantaram para trocar as alianças que Neji teve coragem de roçar sua mão na de Tenten.
“Ela, também, é a sua cara.”, murmurou Tenten, um vinco de preocupação bem pequeno surgindo em sua testa enquanto erguia um ramo de folhas sakaki para a Consagração Tamaguchi depois do juramento do noivo.
“Omiai kekkon {1}” foi a única coisa que Neji murmurou antes que o sacerdote iniciasse a oração.
“Eu não entendo, Neji. Que mal pode haver em misturar a família?”, perguntou Tenten ao sair do templo seguindo o casal, ao som de tambores e flautas.
“Provavelmente algo relacionado ao Byakugan. Acho que têm medo de que a kekkei genkai não se manifeste se a família não permanecer pura.”
“Mas óbvio que existem pessoas que não casaram com Hyuugas, a família é enorme! Há casos de primos seus que nunca manifestaram o Byakugan?”
Enquanto atravessavam a porta para os terrenos do Clã, Neji observou um dos criados mais jovens abrir as portas e dirigir um olhar vazio para o além, sem se fazer notar.
“Eu não sei dizer.”
Os olhos do menino não eram do pérola com tom de lilás dos outros Hyuuga. Era de um cinza-chumbo que se diferenciava e muito do tom original. Como pérola deitada no ébano.
“Não, acho que não, Tenten.”
E os dois entraram no grande salão o mais discretamente possível, buscando com o olhar o kimono verde de Gai em algum lugar na grande festa.
~*~
A xícara de Hinata fumegava com o cheiro de jasmin que enchia todo o quarto. Ela olhava com cuidado os detalhes pintados à mão da bela cerejeira na porcelana, o lado de dentro com uma pequena inscrição do selo Hyuuga que lembrava de ela mesma pintar tantos anos antes.
Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos, e Hinata viu o rosto de Hanabi ao abrir a porta corrediça.
“Nee-san. Sumiko-san me disse que você queria falar comigo.”
“Hana-chan. Aceita chá de jasmin?”
Hanabi fez que não com a cabeça, mas sentou-se à frente da irmã, o olhar curioso.
“Nee-san, o que exatamente você gostaria de tratar comigo em segredo?”
Hinata corou furiosamente com as palavras da irmã, mas manteve a postura o mais firme possível.
“Você já deve imaginar, Hana-chan.”
“Prossiga.”
“Quando Neji-nii estava vivo, a maior mudança que ele queria era ver a Bouke e a Souke finalmente se tornarem irmãs e perder esse grande estigma que vivemos.” ela suspirou pesadamente. “Claro que ele nunca vai chegar a realizar isso ele mesmo.”
O olhar de Hanabi se nublou, mas um vinco surgiu em sua testa quando processou a frase inteira.
“Ele mesmo?”
“Hanabi-chan, como herdeiras do Clã, acredito que podemos mudar isso.”
Hanabi apenas olhou para Hinata, sem nada dizer.
“Você está falando asneiras, Hinata-nee-san. Acho que precisa dormir um pouco agora.”
“Hana-chan…”
“Cale-se”, murmurou Hanabi, enquanto voltava o rosto para a porta, onde alguns passos se tornavam audíveis e duas pessoas conversavam baixo.
Hanabi fez os selos de um jutsu e tudo ficou em silêncio.
“Ahh, agora sim. Hinata-nee-san é completamente louca de falar isso sem algum jutsu de proteção contra ouvidos curiosos.”
“Hanabi-chan…”
“Agora vamos botar o preto no branco, Hinata-nee-san. Eu não sou herdeira. Você que é. E eu também não sou herdeira da Bouke, como nosso pai pode querer me tornar, o filho de Neji que é.”
Hinata ficou em silêncio por uns instantes. “Então você sabe.”
“Claro que sei. Nosso pai é tão burro quanto você em alguns aspectos e eu ouvi tudo. O ponto é que eu não quero nenhuma dessas posições que vocês acham que eu posso querer.”
Hanabi pegou a xícara intocada de Hinata e deu um grande gole.
“Isso está realmente bom, eu deveria ter aceitado um.”
“Mas Hanabi-chan, o que você vai fazer?”
“Eu quero ser ANBU.” o orgulho em seu olhar era claro como o dia. Hinata, pela primeira vez conseguiu observar uma plena conexão entre ela e sua irmã.
“Quando completar o próximo exame Chuunin, pretendo me tornar uma Chuunin especializada e, depois, partir para ANBU. Irei renunciar a todo e qualquer título. Para me tornar chefe, não poderia mais ser ninja e isso eu não quero.”
Hinata percebeu pela primeira vez que estava com o ar preso e o soltou. Quando seus ombros finalmente afrouxaram, ela percebeu o problema no brilhante plano de Hanabi.
“O Conselho e o papai nunca irão te deixar seguir para ANBU, Hanabi-chan. Eles ainda não confiam tanto assim em mim para me declarar herdeira.”
“Então, aqui está o plano.” E seu olhar refletia uma ferocidade que Hinata não esperava. “Vamos garantir que você será a próxima cabeça do Clã. E aí você me dá minha liberdade para ser ANBU. Entendeu?”
~*~
O sino da porta tilintou quando mais um cliente entrou.
“Seja bem-vindo!”
Ryuuji-san observava de longe a mais nova funcionária em seu horário de serviço.
Tenten passara a usar uma yukata simples todos os dias, o obi frouxo escondendo muito mal o volume que agora se formava na sua frente. Não havia mais como esconder como antes. Cada dia fora de casa tornava mais e mais visível a condição de uma das maiores ninjas de Konoha. Mas o mistério em torno daquele volume inchado continuava. Estaria ela realmente grávida? E de quem?
Tenten embrulhou o conjunto de kunais e shurikens para seu cliente com cuidado, as mãos muito calejadas continuavam manobrando como ninguém as armas.
O sino soou outra vez.
“Seja bem-vind… Kakashi-sensei!”
O jounin se aproximou do balcão, o rosto semioculto voltado para um livro em sua mão.
“Tenten-san. Um jogo de kunais e shurikens, por favor.”
Tenten voltou a embrulhar mais peças sob o olhar discreto de Kakashi. Ele conseguia captar que o chakra que ela emitia estava um pouco diferente. A diferença era tão sutil e bem controlada por ela mesma, que apenas alguém bem treinado como ele conseguiria observar as flutuações.
O que já não poderia ser dito do grande volume à sua frente.
“Tenten-san, vou querer dois desses pergaminhos de selos, por favor, também.”
Ela prontamente separou a embalagem bem-feita, com um sorriso cansado no rosto.
“Aqui está, Kakashi-sensei.”
“Hm.”
Ele lhe entregou o dinheiro e ficou lá, parado, por alguns minutos, observando fixamente a jovem ninja grávida. Tenten começou a se sentir aflita quando ouviu.
“Obrigado.”
E a porta se fechou enquanto ele saía outra vez.
~*~
Com uma batida de leve à porta da Godaime, o jovem casal entrou acompanhado do sensei mais velho. Tenten e Neji ainda vestiam as roupas do casamento, bem como Gai usava seu kimono verde-folha que tanto gostava.
“Godaime-sama, trouxemos as alianças que pediu. Precisamos que seja o mais rápido possível.”
“Eu entendo, Hyuuga-san. Agora, por favor, se aproximem. Não teremos flautas e tambores para vocês por aqui.”
Tenten arrumou o lindo obi em seu kimono rosa-claro, contente por, ao menos, conseguir vestir algo um pouco mais apropriado já que não teria direito a um vestido de noiva propriamente dito.
“Gai-san, você será a testemunha. Assine aqui quando eu pedir, por favor.”
“Hyuuga Neji-san.” disse a Godaime com os olhos voltados para o casal de mãos dadas. “Você aceita Tenten como sua legítima esposa para amá-la e respeitá-la na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias de sua vida até que a morte os separe?”
“Aceito.”
“E Tenten-san” ela voltou-se para a moça “Você aceita Hyuuga Neji como seu legítimo esposo para amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias de sua vida até que a morte os separe?”
Ela olhou profundamente nos olhos claros de Neji e sentiu seu coração bater mais forte.
“Aceito.”
A Godaime colocou sake em dois copos diferentes. Eles trocaram suas alianças.
“Agora bebam os copos.”
Juntos, eles beberam dos dois copos, sem cerimônias demoradas, sem nenhum protocolo e nenhuma pompa.
“Pelo poder investido em mim, eu os declaro marido e mulher. Agora assinem esse documento e este laço será selado pelos Registros Civis de Konoha.”
E quando Tenten assinou, pela primeira vez agora se via registrada como Hyuuga Tenten.
E Neji capturou seus lábios antes que Tsunade conseguisse falar “pode beijar a noiva”.
Ren'ai Kekkon. {2}
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
{1} - Omiai Kekkon: Casamento arranjado (prática muito comum até hoje na sociedade japonesa).
{2} - Ren'ai Kekkon: Casamento por amor. (ideal ocidental)