Pequeno Parafuso escrita por Piper White


Capítulo 9
Kyuu


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, voltei!

Segue aqui mais um capítulo de Pequeno Parafuso. Vocês vão notar que andei dando uma boa pesquisada para escrever esse capítulo hahahah.

O casamento tradicional japonês que tentei reproduzir foi a cerimônia xintoísta, e vocês podem encontrar fotos e vídeos, bem como explicações em páginas como Japão em Foco, etc. Ao fim do capítulo tem as notas de rodapé!

Boa Leitura!



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A rua inteira estava repleta dos sons de flautas e tambores que permeavam o ar quando o casal de noivos entrou no templo. A jovem usava branco da cabeça aos pés, o lindo kimono com detalhes de pinheiro dourados e o grande chapéu redondo, o wataboshi, cobria o cabelo ricamente adornado. O rapaz usava uma bela hakama com os símbolos da família Hyuuga e o longo cabelo escuro descia pelos ombros, preso ao meio do comprimento sem enfeites.

“Ele é a sua cara, Neji.”

Neji grunhiu ao lado de Tenten. Ela usava um kimono de festa cor de rosa-claro com um dragão dourado bordado no obi vermelho, o cabelo preso enfeitado com um lindo kanzashi florido. Neji olhou outra vez para o enfeite de cabelo e lembrou do dia em que a dera de presente, um pouco depois de noivar secretamente.

Keiko e Haruhi estavam completando o cerimonial após a purificação. Em três copos de tamanhos diferentes, tomavam sake. Céu. Terra. Homem. E foi quando eles se levantaram para trocar as alianças que Neji teve coragem de roçar sua mão na de Tenten.

“Ela, também, é a sua cara.”, murmurou Tenten, um vinco de preocupação bem pequeno surgindo em sua testa enquanto erguia um ramo de folhas sakaki para a Consagração Tamaguchi depois do juramento do noivo.

Omiai kekkon {1}” foi a única coisa que Neji murmurou antes que o sacerdote iniciasse a oração.

“Eu não entendo, Neji. Que mal pode haver em misturar a família?”, perguntou Tenten ao sair do templo seguindo o casal, ao som de tambores e flautas.

“Provavelmente algo relacionado ao Byakugan. Acho que têm medo de que a kekkei genkai não se manifeste se a família não permanecer pura.”

“Mas óbvio que existem pessoas que não casaram com Hyuugas, a família é enorme! Há casos de primos seus que nunca manifestaram o Byakugan?”

Enquanto atravessavam a porta para os terrenos do Clã, Neji observou um dos criados mais jovens abrir as portas e dirigir um olhar vazio para o além, sem se fazer notar.

“Eu não sei dizer.”

Os olhos do menino não eram do pérola com tom de lilás dos outros Hyuuga. Era de um cinza-chumbo que se diferenciava e muito do tom original. Como pérola deitada no ébano.

“Não, acho que não, Tenten.”

E os dois entraram no grande salão o mais discretamente possível, buscando com o olhar o kimono verde de Gai em algum lugar na grande festa.

~*~

A xícara de Hinata fumegava com o cheiro de jasmin que enchia todo o quarto. Ela olhava com cuidado os detalhes pintados à mão da bela cerejeira na porcelana, o lado de dentro com uma pequena inscrição do selo Hyuuga que lembrava de ela mesma pintar tantos anos antes.

Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos, e Hinata viu o rosto de Hanabi ao abrir a porta corrediça.

Nee-san. Sumiko-san me disse que você queria falar comigo.”

“Hana-chan. Aceita chá de jasmin?”

Hanabi fez que não com a cabeça, mas sentou-se à frente da irmã, o olhar curioso.

“Nee-san, o que exatamente você gostaria de tratar comigo em segredo?”

Hinata corou furiosamente com as palavras da irmã, mas manteve a postura o mais firme possível.

“Você já deve imaginar, Hana-chan.”

“Prossiga.”

“Quando Neji-nii estava vivo, a maior mudança que ele queria era ver a Bouke e a Souke finalmente se tornarem irmãs e perder esse grande estigma que vivemos.” ela suspirou pesadamente. “Claro que ele nunca vai chegar a realizar isso ele mesmo.”

O olhar de Hanabi se nublou, mas um vinco surgiu em sua testa quando processou a frase inteira.

“Ele mesmo?”

“Hanabi-chan, como herdeiras do Clã, acredito que podemos mudar isso.”

Hanabi apenas olhou para Hinata, sem nada dizer.

“Você está falando asneiras, Hinata-nee-san. Acho que precisa dormir um pouco agora.”

“Hana-chan…”

Cale-se”, murmurou Hanabi, enquanto voltava o rosto para a porta, onde alguns passos se tornavam audíveis e duas pessoas conversavam baixo.

Hanabi fez os selos de um jutsu e tudo ficou em silêncio.

“Ahh, agora sim. Hinata-nee-san é completamente louca de falar isso sem algum jutsu de proteção contra ouvidos curiosos.”

“Hanabi-chan…”

“Agora vamos botar o preto no branco, Hinata-nee-san. Eu não sou herdeira. Você que é. E eu também não sou herdeira da Bouke, como nosso pai pode querer me tornar, o filho de Neji que é.”

Hinata ficou em silêncio por uns instantes. “Então você sabe.”

“Claro que sei. Nosso pai é tão burro quanto você em alguns aspectos e eu ouvi tudo. O ponto é que eu não quero nenhuma dessas posições que vocês acham que eu posso querer.”

Hanabi pegou a xícara intocada de Hinata e deu um grande gole.

“Isso está realmente bom, eu deveria ter aceitado um.”

“Mas Hanabi-chan, o que você vai fazer?”

“Eu quero ser ANBU.” o orgulho em seu olhar era claro como o dia. Hinata, pela primeira vez conseguiu observar uma plena conexão entre ela e sua irmã.

“Quando completar o próximo exame Chuunin, pretendo me tornar uma Chuunin especializada e, depois, partir para ANBU. Irei renunciar a todo e qualquer título. Para me tornar chefe, não poderia mais ser ninja e isso eu não quero.”

Hinata percebeu pela primeira vez que estava com o ar preso e o soltou. Quando seus ombros finalmente afrouxaram, ela percebeu o problema no brilhante plano de Hanabi.

“O Conselho e o papai nunca irão te deixar seguir para ANBU, Hanabi-chan. Eles ainda não confiam tanto assim em mim para me declarar herdeira.”

“Então, aqui está o plano.” E seu olhar refletia uma ferocidade que Hinata não esperava. “Vamos garantir que você será a próxima cabeça do Clã. E aí você me dá minha liberdade para ser ANBU. Entendeu?”

~*~

O sino da porta tilintou quando mais um cliente entrou.

“Seja bem-vindo!”

Ryuuji-san observava de longe a mais nova funcionária em seu horário de serviço.

Tenten passara a usar uma yukata simples todos os dias, o obi frouxo escondendo muito mal o volume que agora se formava na sua frente. Não havia mais como esconder como antes. Cada dia fora de casa tornava mais e mais visível a condição de uma das maiores ninjas de Konoha. Mas o mistério em torno daquele volume inchado continuava. Estaria ela realmente grávida? E de quem?

Tenten embrulhou o conjunto de kunais e shurikens para seu cliente com cuidado, as mãos muito calejadas continuavam manobrando como ninguém as armas.

O sino soou outra vez.

“Seja bem-vind… Kakashi-sensei!”

O jounin se aproximou do balcão, o rosto semioculto voltado para um livro em sua mão.

“Tenten-san. Um jogo de kunais e shurikens, por favor.”

Tenten voltou a embrulhar mais peças sob o olhar discreto de Kakashi. Ele conseguia captar que o chakra que ela emitia estava um pouco diferente. A diferença era tão sutil e bem controlada por ela mesma, que apenas alguém bem treinado como ele conseguiria observar as flutuações.

O que já não poderia ser dito do grande volume à sua frente.

“Tenten-san, vou querer dois desses pergaminhos de selos, por favor, também.”

Ela prontamente separou a embalagem bem-feita, com um sorriso cansado no rosto.

“Aqui está, Kakashi-sensei.”

“Hm.”

Ele lhe entregou o dinheiro e ficou lá, parado, por alguns minutos, observando fixamente a jovem ninja grávida. Tenten começou a se sentir aflita quando ouviu.

“Obrigado.”

E a porta se fechou enquanto ele saía outra vez.

~*~

Com uma batida de leve à porta da Godaime, o jovem casal entrou acompanhado do sensei mais velho. Tenten e Neji ainda vestiam as roupas do casamento, bem como Gai usava seu kimono verde-folha que tanto gostava.

“Godaime-sama, trouxemos as alianças que pediu. Precisamos que seja o mais rápido possível.”

“Eu entendo, Hyuuga-san. Agora, por favor, se aproximem. Não teremos flautas e tambores para vocês por aqui.”

Tenten arrumou o lindo obi em seu kimono rosa-claro, contente por, ao menos, conseguir vestir algo um pouco mais apropriado já que não teria direito a um vestido de noiva propriamente dito.

“Gai-san, você será a testemunha. Assine aqui quando eu pedir, por favor.”

“Hyuuga Neji-san.” disse a Godaime com os olhos voltados para o casal de mãos dadas. “Você aceita Tenten como sua legítima esposa para amá-la e respeitá-la na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias de sua vida até que a morte os separe?”

“Aceito.”

“E Tenten-san” ela voltou-se para a moça “Você aceita Hyuuga Neji como seu legítimo esposo para amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias de sua vida até que a morte os separe?”

Ela olhou profundamente nos olhos claros de Neji e sentiu seu coração bater mais forte.

“Aceito.”

A Godaime colocou sake em dois copos diferentes. Eles trocaram suas alianças.

“Agora bebam os copos.”

Juntos, eles beberam dos dois copos, sem cerimônias demoradas, sem nenhum protocolo e nenhuma pompa.

“Pelo poder investido em mim, eu os declaro marido e mulher. Agora assinem esse documento e este laço será selado pelos Registros Civis de Konoha.”

E quando Tenten assinou, pela primeira vez agora se via registrada como Hyuuga Tenten.

E Neji capturou seus lábios antes que Tsunade conseguisse falar “pode beijar a noiva”.

Ren'ai Kekkon. {2}


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Notas finais do capítulo

{1} - Omiai Kekkon: Casamento arranjado (prática muito comum até hoje na sociedade japonesa).
{2} - Ren'ai Kekkon: Casamento por amor. (ideal ocidental)



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