Motivos para mudar escrita por Sofia Kiryuu


Capítulo 5
Capítulo 5 - Coincidência


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas estava sem tempo para acabar o capítulo! ^_^'



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Depois de se certificar que o lituano já tinha passado pelo portão de embarque, Feliks, que já tinha feito o check-in e entregue as bagagens, juntamente com o amigo, sentou-se num banco do aeroporto, à espera do seu próprio voo.

Ainda nem há 2 minutos se tinha sentado quando o seu telemóvel começou a tocar, sinal que alguém lhe estava a ligar. Tirou o aparelho do bolso e olhou para o ecrã. Um pouco surpreendido, atendeu:

— Liet? Não devias já estar, tipo, a voar para fora daqui? – o loiro ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Bem, sim, mas o avião ainda não levantou voo e eu lembrei agora que me esqueci de te pedir para ficares com o Petras até eu regressar. – já estava sentado no seu lugar do avião.

— Ah, e, tipo, só agora é que te lembraste dele? Isso, tipo, nem parece teu, Liet! – disse o polaco, indignado pela falha do amigo.

— Eu sei, desculpa… É que eu empolguei-me tanto em preparar tudo para ir para Lisboa hoje que nem me lembrei do pobre do gato…— disse o moreno, um toque de culpa podia ser notado na sua voz.

— O que me aborrece nem é, tipo, ter que ir buscar o gato… – suspirou – É mais porque, tipo, eu já fiz o check-in para o meu voo para Varsóvia e, tipo, já que as estradas na fronteira com a Lituânia estão interditas devido a obras, vou ter que, tipo, passar pelo território daquela certa pessoa… – o loiro semicerrou os olhos ao pronunciar estas últimas palavras. Detestava a bielorrussa com todas as suas forças.

— Oh, vá lá, Feliks... Sei que é o país dela, mas qual é a probabilidade de te encontrares com ela?— disse o lituano com uma voz suplicante.

— Ai, Liet, o que é que eu não faço por ti? Pronto! Eu vou buscar o Petras… – suspirou, conformado com a ideia de que teria que pisar as terras daquela eslava mal-humorada.

 - Ah, obrigado, Feliks!— exclamou com um sorriso alegre no rosto.

Desculpe, senhor, mas estamos prestes a descolar. Por favor, desligue o telemóvel.— pediu uma hospedeira, educadamente.

— Oh, s-sim, claro! Vou desligá-lo agora mesmo!— desculpou-se à jovem e, de seguida, dirigiu-se ao polaco para terminar a chamada – Bom, eu vou ter que desligar, mas, assim que chegar a Portugal, eu ligo-te. Até logo!

— Até logo… – a chamada terminou.

O loiro suspirou, mais uma vez. Voltou a guardar o telemóvel no bolso e ficou à espera mais alguns minutos, até que ouviu a voz de uma mulher no altifalante que pedia para que os passageiros do voo para a capital polaca se dirigissem para o portão de embarque. Feliks colocou-se de pé e seguiu caminho até lá.

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Toris desligou a chamada, aliviado por ter conseguido avisar o amigo do seu esquecimento. Após colocar o telemóvel em modo avião, guardou-o no bolso do casaco. Tentou arranjar uma posição mais confortável no seu assento para tentar dormir um pouco, pois ainda teria quase 4 horas de viagem até chegar a Lisboa.

Depois de já ter as malas consigo, chamou um táxi para ir para a casa da portuguesa. Pelo facto de Luísa morar no centro da cidade, Toris pôde ver, de relance, alguns dos seus pontos turísticos, tais como o Elevador de Santa Justa e o Arco da Victória, durante o seu percurso de carro. Definitivamente, iria pedir para visitar Lisboa de uma ponta à outra antes de voltar para casa.

Em menos de 10 minutos, tinha chegado ao seu destino. Pagou ao motorista, que o ajudou a tirar as malas do porta-bagagens, e saiu do táxi. Já com tudo em mãos, dirigiu-se para a porta da casa e tinha acabado de tocar à campainha, quando se lembrou que ainda não tinha ligado a Feliks para o informar que já tinha chegado, como lhe tinha prometido. Os seus pensamentos sobre esse assunto foram interrompidos pela lusa, que acabara de abrir-lhe a porta.

— Ah, Toris! Finalmente chegaste! – exclamou Luísa, recebendo-o com um grande sorriso nos lábios – Por favor, entra. – desviou-se da frente da porta para permitir que o moreno passasse.

— Oh, sim, com licença! – passou pela porta, puxando as malas, e a mulher fechou-a logo a seguir.

— Bem, chegaste mesmo na hora certa. Ia agora mesmo começar a almoçar. Queres juntar-te a mim?

— Bom, se não te incomodar muito, eu aceito! Não como nada desde o pequeno-almoço.

— Não incomodas nada. Até é bom ter alguém com quem comer, de vez em quando! – piscou o olho ao lituano – Então, deixa as tuas coisas aqui, na entrada, que, depois do almoço, tratamos de te instalar, está bem?

— Sim, senhora! – sorriu para ela – Ah, antes que me esqueça… Toma, trouxe para ti! – estendeu-lhe o saco com o bacalhau que tinha comprado naquela manhã.

— Não pode ser! A sério que me trouxeste bacalhau? – gargalhou um pouco ao espreitar para dentro do saco.

— Bem, é que ontem, ao telefone, queixaste-te que o que tinhas já tinha acabado… Então, achei que te podia trazer algum, até para te agradecer a ajuda que me estás a dar! – coçou a nuca e sorriu, com o rosto um pouco vermelho.

— Ah, muito obrigada! – sorriu, sincera – Sendo assim, acho que já temos o que jantar. Isto é, se não te importares de comer bacalhau, claro!

— Óbvio que não! Afinal, estou em Portugal. Nada mais lógico do que provar uma das tuas especialidades! – sorriu o moreno.

— Assim é que se fala! Agora, vamos mas é almoçar que eu estou esfomeada. – Luísa empurrou Toris levemente para a frente, enquanto seguiam para a cozinha.

Após a portuguesa ter colocado o peixe no frigorífico, para mais tarde o cozinhar, foi buscar um prato e talheres para o lituano e sentou-se à mesa com ele. Enquanto almoçavam, falaram de assuntos triviais e discutiram um pouco da política económica que estava a ser exercida pela União Europeia.

Terminada a refeição, Luísa mostrou a Toris o quarto de hóspedes que ele iria ocupar durante a sua visita e ajudou-o a levar a sua bagagem para lá.

— Bom, eu vou arrumar a cozinha e trocar de roupa, para iniciarmos o treino. Fica à vontade, sim? – disse a lusa ao dirigir-se para a porta do quarto.

— Sim! Vou só organizar as coisas aqui e já vou ter contigo.

— Okay, então, encontramo-nos lá embaixo! – sorriu e fechou a porta quando saiu.

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Depois de uma viagem de 2 horas, e após ter recebido a sua bagagem de volta, o polaco entrou num táxi, estacionado perto da entrada do aeroporto, que o levou até casa. Quando o carro parou à sua porta, Feliks pediu ao taxista que esperasse um pouco para poder ir deixar as malas a casa, agarrar na chave da casa de Toris e voltar, para que o senhor o levasse o mais perto que pudesse de Vilnius. Entre uma viagem de comboio, duas de táxi e algum tempo a caminhar, o polaco conseguiu chegar a casa do amigo.

Assim que abriu a porta da frente, Petras, um gato castanho claro com a pelagem branca na zona do peito e da barriga e uns olhos azuis iguais aos do lituano, veio dar-lhe as boas vindas.

Hey, como estás, amiguinho? – o loiro baixou-se para cumprimentá-lo, acariciando-lhe a cabeça – O teu dono é, tipo, um irresponsável por se esquecer de ti, não achas?

Petras não parecia estar muito incomodado com o facto de ter sido deixado para trás. Até ronronava por causa do carinho que Feliks lhe fazia. No entanto, o polaco teve de o interromper para ir buscar a caixa de transporte do gato.

— Hum… Onde será que… Ah, encontrei! – agarrou no que procurava, que estava na dispensa, e voltou para a entrada – Anda, Petras! O Oton sente, tipo, imenso a tua falta! Que tal, tipo, ficares lá em casa até o Toris, tipo, voltar? – propôs ao pousar a caixa de transporte no chão e abrir a porta desta.

O gato, que se tinha sentado no chão da entrada, à espera que o loiro voltasse, miou em resposta, como quem diz que concorda com a ideia, e foi para dentro da caixa. Feliks fechou-lhe a porta, pegou na caixa e saiu da casa.

Depois de trancar a porta à chave, chamou um táxi que o deixou algures na fronteira entre a Lituânia e a Bielorrússia. Dirigia-se à estação de comboios mais próxima, quando notou que Petras estava a remexer-se demasiado dentro da caixa.

— Que se passa, Petras? – levantou a caixa ao nível da cabeça, para poder espreitar lá para dentro.

O gato fez a caixa abanar ainda mais e, com um abanão um pouco mais forte, fê-la escorregar das mãos do polaco, caindo no chão, o que fez a porta dela abrir com o impacto. Petras aproveitou a deixa e saiu a correr pela rua.

Hey, espera, Petras! Onde é que, tipo, tu vais?! – gritou Feliks enquanto pegava na caixa e começava a correr atrás do animal de estimação do seu melhor amigo.

Ainda foi obrigado a correr alguns metros até que viu Petras parar perto de uma certa eslava que levava uma gata cinzenta, que tinha um lindo lacinho rosa na cabeça, ao colo. Esta parecia olhar com desprezo para Petras, enquanto o pobre gato, alheio a isso, miava alegremente por se terem encontrado. Aquela cena era-lhe tão familiar. Talvez fosse mesmo como se dizia, que os nossos animais tinham muito em comum connosco.

Lembrou-se da conversa que tinha tido com Toris há algumas horas sobre qual seria a probabilidade de se encontrar com Natália naquele dia e chegou à conclusão que, ou essa possibilidade era maior do que imaginavam, ou aquele era, sem dúvida alguma, o seu dia de azar. E foi a pensar nisso que se aproximou da rapariga.

— Então, Natália? Que coincidência agradável, tipo, encontrar-te aqui! – dirigiu-se a ela com um sorriso sarcástico, a sua voz carregada de ironia.

— Ah, és tu. – disse, séria, só notando naquele momento a presença do outro – Por momentos, achei que o outro idiota andasse por aqui. Menos mal. – desviou o olhar, com ar de desinteresse.

— Não, ele está a caminho de Portugal neste momento. Foi passar algum tempo a casa da Luísa. – comentou enquanto tentava fazer com que Petras voltasse para dentro da caixa de transporte.

— O que é que aquele traste foi fazer a casa da Luísa? – questionou, erguendo uma sobrancelha. Aquela informação, de alguma forma que não sabia explicar, tinha mexido com ela.

— Hum… – esboçou um sorriso traquina – Não sei… O que será que um homem e uma mulher fazem quando estão a sós numa casa? – perguntou, de modo irónico. Feliks notou a súbita curiosidade por parte da loira platinada naquele assunto e aproveitou para ver onde é que aquilo iria levar.

Natália semicerrou os olhos, olhando na direção do polaco, e expirou com força.

— Por mim, eles podem fazer o que bem entenderem. – sempre séria, virou-lhe as costas e continuou o seu caminho para o veterinário, onde Alina ia ter uma consulta de rotina.

— Bem, talvez o esforço do Toris não seja em vão… – murmurou, sorrindo de lado. Por Natália já estar a uma distância considerável, não foi capaz de o ouvir. Pegou na caixa de transporte, já com Petras lá dentro, e retomou o seu caminho para a estação de comboios.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Não se esqueçam de comentar, sim? ;)