Back to New Orleans escrita por America Jackson Potter


Capítulo 3
III


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou! Ainda estou triste por não ter recebido nenhum comentário!
Prometo que o próximo cap. sai mais rápido!



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Quando eu tinha sete anos entrei escondida na parte de trás do caminhão e encontrei um monte de caixões. Não consegui abrir nenhum deles, mas consegui encostar em um e pude sentir os pensamentos de minha tia Rebekah.

Depois disso, minha mãe me contou sobre tudo. Desde o que minha família era até o que eu era. Na época eu não entendia muito que eu era e o que eu podia fazer. Ainda não entendo, mas consigo controlar melhor do que aquela época.

Ontem foi a primeira vez depois de onze anos que eu voltei a conversar com meus tios. Não por medo, e sim por vergonha. Vergonha te der que admitir que o ser mais poderoso do mundo não conseguiu fazer nada para salva-los. Tinha mais vergonha do que medo. O medo nunca foi tão grande em mim. Acho que nunca foi por eu já ter em mente que perdi minha família.

Lá estávamos eu e minha mãe na estrada. De novo. Mas havia algo diferente, existiam duas novas passageiras conosco: duas bruxas que seriam muito úteis. Dava para perceber que elas estavam gostando da viajem, seus olhos ficavam arregalados a cada momento que Mystic Falls ia se afastando.

— Nunca saíram da cidade? — perguntei para quebrar o silêncio. Elas demoraram a perceber a pergunta.

— Saímos, mas éramos pequenas. — Lize falou. — E você? Digo, já ficou muito tempo em uma cidade só?

— Acho que o maior tempo que fiquei em uma cidade foi sete meses. — dei ombros. — Foi numa cidade mais ao norte, perto da fronteira com o Canadá.

— Por quê? — Jô perguntou.

— Não lembro... — me virei para minha mãe. Ela sorriu para mim. — Por que ficamos tanto tempo na fronteira do Canadá.

— Acho que foi quando você tinha cinco anos, não era? — minha mãe olhou para a estrada. — Nessa época a gente ficava mais nas cidades do que apenas um ou dois dias. Ficamos lá porque Marcel tinha descoberto onde estávamos e ele já sabia onde seria nossa próxima cidade, então tivemos que atrasar a viajem. Acho que deve ter sido a única vez que a Hope ficou num lugar por muito tempo.

Lembrava-me vagamente disso. Marcel achou que minha mãe estava muito quieta e resolveu acha-la. Foi a única fez que ficamos por um longo tempo em uma casa. E a única vez que pude fazer um amigo. Ele se chamava Kile e era até bonitinho. Minha mãe contava que eu adorava de brincar de casinha com ele porque assim éramos casados. Como eu era uma criança estranha.

— Deve ter conhecido vários lugares lindos, em compensação. — Jô falou. E eu apenas balancei a cabeça em resposta.

— Só uma pergunta que não me inquieta: — me virei para poder encara-las — por que vocês estão tão bem assim, viajando conosco?

— Simples motivo: você não fez nada para nos duas. — a loira falou. — Sua família fez para a nossa família. E estamos viajando por você e não pela sua família.

— Mas aposto que o pai de vocês, Bonnie, Damon ou Caroline falou alguma coisa de não confiar muito em nós. — falei voltando a olhar para a estrada.

— Tia Bonnie e mamãe. — Jô falou. Suspirei alto. — Agora eu posso fazer outra pergunta a você? — assenti. — Você já ativou a maldição?

— Nunca matei ninguém... — respondi olhando para a estrada. — Nunca usei a minha magia em ninguém para matar ou machucar feio, para falar a verdade.

— Entendi... — Jô encostou a cabeça no vidro. Ficamos em silencio por um longo período.

...

Acabei dormindo o resto da viajem, pois quando eu acordei, já havíamos parado em outra cidade perto de Mystic Falls. Peguei o mapa e fiz um “x” na cidade. Olhei em volta do caminhão e percebi que nem minha mãe e nem as garotas estavam ali. Fui até a traseira para tentar conversar com meus tios, mas os caixões não estavam lá. Nesse momento, fiquei com um pouco de medo.

Em frente ao caminhão, havia uma casa. Como não tive outra alternativa, bati na porta para saber se tinha alguma informação.

— Ah, deve ser a Hope. — um homem, parecia um pouco mais velho do que vinte e seis anos, mas menos velho do que uns trinta e quatro. — Sua mãe e as outras garotas foram para a cidade. Pode entrar se quiser.

— Quem é você? — a única coisa que saiu da minha foi isso. — E cadê os caixões? Cadê meus tios?

— Sou Tyler Lockwood. — ele falou calmo. — Encisto que entre. Podemos conversar aqui dentro.

Já tinha ouvido falar sobre ele. Muito breve. Quais foram as palavras de minha mãe em relação a ele? Ah, sim. “Por causa do Lockwood, conheci o seu pai”. Praticamente, devia minha vida a aquele cara.

Não discute e entrei. A casa não era tão arrumada, mas nem tão bagunçada. Havia a sintonia dessas duas coisas. Ele indicou para um sofá e me sentei. Abri a boca para falar, mas um simples gesto fez com que me calasse.

— Seus tios estão bem. — ele se sentou do outro lado da mesinha de centro. — Estão no porão.

— Cadê a minha mãe? — falei com calma.

— Ela e suas amigas foram a cidade encontrar tal de Serafine. — ele deu ombros. — Sua mãe pediu que não fosse procura-la.

— Alguém disse que estávamos em Mystic Falls, não foi? — ele confirmou com a cabeça. — Então foi por isso que ela tirou os caixões no caminhão...

— Pode ficar a vontade, Hope. — ele levantou-se e caminhou até a porta de um escritório, talvez. — Preciso trabalhar.

Fiquei sozinha na sala. E minhas lembranças me fizeram companhia.

Na verdade, não sabia se era uma lembrança. Era uma pequena frase que tio Elijah falou: “Não podemos deixar que as maldades do mundo a transforme”. Foi uma promessa que ainda pode estar sendo cumprida. Talvez a promessa mais longa que eles cumprem, de acordo com a minha mãe. Era tão bom saber que eles, literalmente, fariam de tudo para me ver feliz.

Me ver feliz... Desde que me entendo por gente, nunca vi meus tios e pai, mas sei que eles já me viram. Apenas quando eu era um bebê. Dói-me muito não saber como eles são, não tenho muitas lembranças com eles.

— Tyler? — o chamo. Ouço a cadeira se arrastar no chão do escritório e logo depois a cabeça dele aparece na porta.

— Me chamou?

— Pode me mostrar onde estão meus tios? — sorrio meio sem jeito. Ele confirma e se levanta, indo em direção a uma porta trancada.

— A loira fez questão de fechar isso a sete chaves. — ele riu terminando de abrir a porta. — Estão lá em baixo.

Tyler mexe no interruptor e as luzes acendem. Desço as escadas com toda calma do mundo, quando eu vejo os caixões ia me virar para agradecê-lo, mas ele já não estava mais lá. Voltara para o trabalho.

Destranquei um dos caixões. Lá dentro estava meu tio Kol, desidratado. Sua pele estava toda acinzentada com as veias em um tom de azul. Era meio nojento de ficar encarando.

Peguei a sua mão e a segurei. Respirei fundo e fechei os olhos, tentando imaginar o que estava se passando na cabeça dele.

Não diga isso. — soou uma voz. — Não deve ter passado tanto tempo assim. — a voz continua. — Hope ainda deve ser um bebê adorável.

Mas e se tiver passado tanto tempo assim? — uma voz feminina falou. — Como você a imagina?

Talvez igual a Hayley, só que com os olhos do Klaus. — uma terceira voz falou. — E você Kol?

Tive que abrir meus olhos para ver se estava acontecendo realmente aquilo. Quando os abri fiquei surpresa: não estava mais no porão da casa e nenhum caixão. Apenas duas mulheres e dois homens, num lugar muito bonito e florido. Ao longe deles, dava-se para ver uma casa grande e igualmente bonita. Aproximei deles.

Podem-me falar onde estou? — minha voz saiu abafada, quase que não a escutei.

— Não sei, não acho que Hope venha ser igual a mãe dela. — o homem cujo o nome era Kol respondeu. — Acho talvez uma versão feminina do Nik. — as duas mulheres começaram a rir.

Aquelas pessoas ali estavam falando sobre mim. E a melhor coisa não foi isso, foi o fato deu estar com meus tios! “Que não sabem que você está ouvindo, Hope”.

Ignorei esse pensamento e dei mais um passo a frente. Queria encosta-los, conversar com eles. Queria tanto. E foi o que eu fiz, tive que fazer isso. Encostei delicadamente minha mão no ombro da loira, tia Rebekah.

Estou aqui. — sussurrei. Rebekah olhou para mim, mas não sei se realmente me via.

— O que foi, Bekah? — Elijah a chamou. Rebekah o olhou confusa.

— Eu senti algo... um toque doce. — ela falou encostando no ombro. Senti seu toque. — O mesmo toque daquela vez...

— Para de besteira, Bekah. — Kol deu ombros. — Você acha que uma garotinha que nem deve conseguir controlar a magia direito vai conseguir entrar aqui?

Não consegui cobrir o sorriso. Meus tios estavam ali, reunidos, conversando sobre mim. Para mim, aquilo estava sendo fantástico. Muito fantástico.

Hope! — alguém gritou. Não fui a única a ouvir o grito, meus tios também ouviram. — Hope!

— O que está acontecendo? — Elijah olhou para Freya.

— Não era para acontecer isso... — Freya deu um pulo do banco. — Era para só nós estarmos aqui...

— Acha que Hope conseguiu as curas? — o olhar de Rebekah se iluminou. — Ou conseguiu encontrar Nik?

— Marcel não deixaria de torturar Klaus, não sem ter uma boa proposta. — Elijah comentou. E meu mundo desabou. Minha mãe nunca me falou que o sacrifício que pai fez era ser torturado. — Freya, alguma possibilidade de você saber o que está acontecendo?

Minha tia negou. Senti algumas lágrimas escorrerem. Senti uma ferroada na barriga e o gosto de sangue veio a minha boca. Fechei os olhos com esse sabor e quando os abri, de novo, estava no porão.

E outra pontada veio. Soltei a mão de Kol e cai de joelhos no chão frio cobrindo minha barriga. A mancha de sangue aumentava na minha camiseta e o gosto ia cada vez mais para minha boca.

— O que...? — não consegui completar a frase. Olhei por cima do ombro e vi uma moça, talvez três anos mais velha do que eu, com uma adaga com sangue na mão bem atrás de mim. Meu sangue.

Antes que ela me acertasse de novo, minha mãe quebrou o pescoço dela.

— Não temos muito tempo. — Hayley veio correndo para mim. — Ela pode acordar a qualquer comento. — passou meu braço pelo seu pescoço.

— Meus tios... — falei entre um gemido de dor.

— Tyler vai nos ajudar com isso. — ela falou me ajudando a subir as escadas. — Jô e Lize também podem.

— O que ela queria... — apoiei minha cabeça no ombro de mamãe e não consegui terminar a frase. Folego me faltava.

— Ela é uma vampira de Marcel. — mamãe falou assim que me deixou no banco do caminhão. — Não podemos mata-la, se não ele vai saber onde estamos.

— A adaga, meu sangue. — falei pausada. — Podem me localizar assim.

— Sh... — minha mãe deu um beijo na minha testa e foi no porta-luvas pegar um curativo. Tirei minhas costas do banco e suspendi a blusa. — Vai demorar cicatrizar isso. — senti o curativo ser colocado sobre os dois pontos que a adaga me perfurou. — Vou chamar as meninas e já vamos.

...

Acabei adormecendo. Quando abri os olhos novamente, estava em uma cama muito confortável. “Cama marshmallow, vou afundar até o chão”, minha voz, bem criancinha, gritou na minha cabeça. Ri fraco com esse pensamento. Tentei focar no teto para me levantar, mas senti uma mão sobre o meu braço:

— Não levante. — a voz um pouco familiar falou. — Ainda não. — tornei a fechar meus olhos e sentir uma toalha molhada na minha testa.

Não me lembro de quanto tempo passou, mas senti que não foram tantos minutos assim. Depois que a voz finalmente deixou eu me levantar pude ver onde eu estava realmente: em um quarto todo de madeira.

— Está melhor querida? — a mulher se revelou para mim. Assenti. — Que bom, sua mãe está no outro quarto com as garotas. Vou chama-las para você.

— Espera, quem é você? E onde estar Tyler Lockwood? — a mulher já tinha saído do quarto. Se ela fosse uma vampira, teria me ouvido, mas duvido muito que fosse uma.


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Notas finais do capítulo

Não tenham medo de mim! Não mordo! Deixo vocês comentarem sem problemas
Preciso saber em que preciso melhorar ou se assim está bom! Adoraria falar com vocês. Vou implicar até alguém comentar continuamente!